“Passar a Visão”: Reflexões Sobre Acolhimento Pelo Ensino Do Português Do Brasil a Refugiados (original) (raw)

Ensino De Português Como Língua De Acolhimento a Imigrantes e Refugiados Em São Paulo

2017

Por motivos de guerra, perseguicao, intolerância e procura de melhores condicoes de vida, milhares de pessoas sao forcadas a deixarem suas casas. O Brasil tem recebido imigrantes e refugiados de varias partes do mundo e a aquisicao do portugues e um fator imprescindivel para integracao a nova sociedade. O presente trabalho tem como objetivo contextualizar o cenario em que se encontram as teorias e praticas sobre PLAc (Portugues Lingua de Acolhimento) apresentando as especificidades desse tipo de aquisicao e sua relacao com a pratica a partir das observacoes coletadas em um curso ministrado em Sao Paulo para alunos de 23 nacionalidades. A aplicacao de um questionario aos professores voluntarios do projeto norteou reflexoes com o intuito de melhorar a qualidade da formacao dos alunos, bem como propiciar algumas diretrizes para professores e instituicoes que pretendam incluir imigrantes e pessoas em condicao de refugio nos seus cursos.

Ensino De Português Como Língua De Acolhimento: Experiência Em Um Curso De Português Para Imigrantes e Refugiados(As) No Brasil

2018

RESUMO: O Brasil tem recebido um número considerável de imigrantes de diferentes nacionalidades vindos da América do Sul, da África e de países como Bangladesh e Paquistão, mas principalmente haitianos, sírios. No entanto, o Brasil não conta, ainda, com políticas públicas explícitas para o ensino de português para essas pessoas. A sociedade civil e algumas universidades têm realizado essa tarefa com o objetivo de tentar minimizar obstáculos para integração das/os imigrantes relacionadas à dificuldade de comunicação. Ainda assim, existe a necessidade da ampliação e discussão do conceito de língua de acolhimento e de pesquisas que promovam ações efetivas de integração social, por meio do ensino da língua em contexto de acolhimento. Abordaremos neste artigo a (des)(re)construção do conceito de língua de acolhimento e apresentaremos a experiência do curso de português como língua de acolhimento, como parte do Projeto de Pesquisa: PROACOLHER: Português como Língua de Acolhimento, oferecido no NEPPE (Núcleo de Ensino e Pesquisa em Português como Língua Estrangeira) da Universidade de Brasília. A pesquisa-ação nos trouxe dados que consideramos relevantes para afirmar que o ensino de português em contexto de acolhimento tem características específicas importantes que devem ser levadas em consideração, pois influenciam a abordagem embasadora do curso, o material e o papel do/a professor/a.

Pode Entrar: Português do Brasil para Refugiadas e Refugiados - ACNUR

No posto da Polícia Federal, Alice aguarda atendimento para solicitar a emissão de seu RNE (Registro Natural de Estrangeiros). A atendente chama sua senha: Joana (A) Senha 247. Olá, tudo bem com a senhora? Qual seu nome? Alice (B) Tudo bem. E com você? Meu nome é Alice. Tenho o número do Formulário de solicitação do meu RNE. (A) Comigo está tudo bem também! Para iniciar a solicitação de seu RNE, qual seu nome completo? (B) Meu nome completo é Alice Schaim. (A) Como se escreve seu sobrenome? (B) Meu sobrenome se escreve S-C-H-A-I-M. (A) Qual é a data e o local de seu nascimento? (B) Eu nasci em 27 de janeiro de 1968, na cidade de Homs, na Síria. (A) Quantos anos você tem? (B) Eu tenho 47 anos de idade. (A) Qual nome da sua mãe? (B) O nome da minha mãe é Kamila Schaim. (A) Agora eu preciso de informações sobre o local em que a senhora mora. Qual CEP de sua residência e endereço? (B) O CEP de minha residência é 01348-050. Rua São Judas Tadeu, número 31, apartamento 122, no bairro Vila das Primaveras, São Paulo. (A) Para finalizar, preciso do número de seu telefone residencial e telefone celular. (B) Meu telefone residencial é 2356-8956 e meu celular é 95869-4587. (A) Pronto! A senhora deve retirar o seu RNE aqui mesmo neste posto em 10 dias úteis. (B) Muito obrigada, Joana.

A Língua Que Acolhe Pode Silenciar? Reflexões Sobre O Conceito De “Português Como Língua De Acolhimento”

2018

Considerando a relacao intrinseca entre poder, lingua(gem) e identidade, o objetivo deste artigo e focalizar o conceito lingua de acolhimento (ANCA, 2008; CABETE, 2010; GROSSO, 2010), discutindo quais politicas e praticas de ensino podem estar a ele vinculadas, levando em conta os posicionamentos teorico-ideologicos subjacentes. A partir da analise do programa Portugal Acolhe – Portugues para Todos, realizada por Cabete (2010), e de dados de interacao em sala de aula do projeto de extensao Portugues Brasileiro para Migracao Humanitaria, da Universidade Federal do Parana, apresento uma discussao sobre como algumas politicas linguisticas para migracao e refugio pautadas em ideologias homogeneizantes podem reforcar praticas assimilacionistas e de silenciamento de agencias, apesar de serem justificadas por pressupostos liberais de inclusao e de igualdade.

Reflexões sobre o ensino de Português como Língua de Acolhimento pelo viés da pedagogia translanguaging

Revista EntreLinguas

Este trabalho busca refletir acerca do ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc), que se configura como ensino de Português como Língua Adicional (PLA) para pessoas em contextos de migração e refúgio. Buscamos como foco o ensino de PLAc em contextos de sala de aula multilíngue. Para tanto, levantamos alguns aspectos a serem pensados dentro desse contexto e relatamos uma prática realizada com alunos imigrantes haitianos inseridos em uma turma de EJA. A prática que relatamos está de acordo com a pedagogia translanguaging, tal como concebemos o ensino de PLAc de modo que proporcione a conscientização linguística, a interculturalidade e o empoderamento dos alunos dentro e fora de sala de aula.

Por Políticas Educacionais Para Atender Imigrantes/Refugiados No Brasil: Análise Preliminar Das a Partir Da Realidade Acreana

Cadernos de Educação Básica, 2021

Resumo O presente artigo busca, diante dos fluxos migratórios que envolve o Acre, analisar as políticas públicas educacionais. Parte da questão: Quem educará o imigrante e o refugiado no Brasil? A abordagem dedica-se, a partir da compreensão específica da inexistência e/ou ausência, a indicação de elementos presentes em dimensões políticas sociais mais amplas (CF 88 e legislações correlatas) e pela perspectiva filosóficoepistemológica (Marxismo e multiculturalismo), os caminhos e possibilidades para a sua efetivação. Para tanto, foi realizado metodologicamente, análise bibliográfica com mapeamento das produções acadêmicas e a análise de conteúdo de Bardin. Os achados preliminares indicam que a compreensão do fenômeno assume dimensões específicas conforme a condição da imigração, o que também se distingue da situação dos refugiados. Assim, a discussão sobre a inclusão do imigrante e refugiado nas políticas educacionais, a partir da análise da imigração no Acre, nos leva a refletir sobre a educação do imigrante e do refugiado, o que tem se mostrado como incipiente, ainda que existam fundamentos legais para a sua edificação. Nas considerações finais destaca-se o papel do Estado na proposição de políticas públicas que para além do viés de assistência social, valorize e legitime as dimensões sociais e culturais dos envolvidos nos fluxos migratórios no contexto de cidadania que se deve efetivar.

Práticas Translíngues Como Recurso No Acolhimento De Migrantes Venezuelanos Em Sala De Aula De Língua Portuguesa

Revista X

O presente artigo resgata uma das primeiras ações promovidas pelo Grupo de Estudos em Linguagem e Transculturalidade (GELT-CNPq) e pelo Programa de Educação Tutorial (PET-Letras-UFGD) para o acolhimento de crianças venezuelanas que se encontram em situação de migração forçada no Brasil, estudantes em escolas públicas na cidade de Dourados-MS. Provenientes de uma pesquisa-ação, os dados discutidos são resultados de um projeto piloto em que integrantes dos dois grupos elaboraram ações de intervenção escolar por meio de práticas translíngues em aulas de Língua Portuguesa na educação básica. Destaca-se um momento significativo da intervenção em que uma estudante (filha de migrantes venezuelanos) desloca-se do lugar de quem não sabe para o lugar daquela que tem o conhecimento importante para a situação construída pedagogicamente. Inspiradas na proposta de uma educação linguística ampliada, desenvolvida por Marilda Calvalcanti, problematizamos na prática o conceito de translinguagem/práti...

Sejam bem-vindos: reflexões sobre a preparação de materiais de ensino de língua portuguesa para refugiados e solicitantes de refúgio

Veredas - Revista de Estudos Linguísticos

O presente artigo tem como objetivo descrever as atividades de ensino de Língua Portuguesa para refugiados e solicitantes de refúgio realizadas por um projeto desenvolvido na Universidade do Rio de Janeiro. Tomada como uma língua de acolhimento para os diferentes sujeitos que buscam aprendê-la no espaço de enunciação (GUIMARÃES, 2002) brasileiro, as suas práticas de ensino passam a ser revistas e repensadas. Em uma perspectiva discursiva, compreendemos que esse (re)fazer e (re)pensar estão atrelados a formas distintas de produzir significação e, principalmente, como essa língua passa a ser (re)significada para sujeitos refugiados, em suas condições materiais de existência, afetados por deslocamentos forçados, que buscam novas formas de semantizar as novas relações sociais impostas. Em decorrências de tais condições de produção, foram produzidas algumas unidades didáticas sobre trabalho e emprego. Esse material foi produzindo em conformidade à noção de arquivo pedagógico (INDURSKY, 2...