Ynari e O Poder Evocativo Das Palavras: A Guerra Civil Em Angola No Conto De Ondjaki (original) (raw)

Ynari e a política da palabre na brincadeira das palavras

Interfaces da Filosofia Africana, 2019

Este artigo propõe uma conversa entre a filosofia africana e a literatura infantil. Se África nos discursos coloniais foi associada à infância, então fazer uma investigação que se fundamenta em uma criança africana propõe repensar aquilo que legitimamos como filosofia. A conversa acontecerá entre a personagem Ynari, do livro Ynari-a menina de cinco tranças, de Ondjaki, e o conceito de Palabre, elaborado pelo filósofo Jean Godefroy Bidima. Assim, o artigo parte da palavra como eixo principal da investigação, pois ela aparece tanto para Ondjaki quanto para Bidima como uma forma de interação com o mundo, seja na criação, seja na destruição. Por fim, questionar o ideal de "neutralidade de conhecimento" que pretende estabelecer um cânone, relegando a multiplicidade de saberes em prol de uma unidade epistêmica.

MAYOMBE E A GERAÇÃO DA UTOPIA: um olhar literário sobre as marcas da guerra e do colonialismo em Angola

Este estudo tem como objetivo fazer uma proposição teórica e reflexiva a partir das vertentes social e literária nas obras Mayombe e A Geração da Utopia, do escritor angolano Arthur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido como Pepetela. O enfoque consiste nas marcas literárias que identificam o colonialismo, a guerra e a resistência do povo angolano, no qual representam um ensaio engajado de libertação política e cultural. Como referencial teórico-metodológico, buscaremos analisar a literatura a partir das lentes teóricas de Mata (2001), Paiva (2012), Pimenta (2012), dentre outros, que buscam evidenciar os entrelaçamentos sociais e literários a partir da realidade vivida por quem escreve e conhece sobre a importância dos locais de produção. Assim, diante da desigualdade social, regime totalitário e corrupto, mostraremos uma perspectiva sobre o vasto processo de desilusão que quase não deu exílio ao povo Angolano.

O espaço fronteiriço angolano como casa:corpo e arquivo decolonial em Os Transparentes de Ondjaki

Itamar Cossi, 2024

Este texto propõe uma reflexão a partir da análise da obra de Os Transparentes de Ondjaki (2013) como espaço fronteiriço de casa/corpo com base na teoria de Gaston Bachelard (1978) e arquivo decolonial, conceito baseado na teoria de Walter Mignolo (2009), cujo um dos objetivos é trazer um novo viés sobre o território angolano pós guerra e se desprender do conhecimento baseado no ocidente. Como opção decolonial, a obra de Ondjaki estabelece novos parâmetros de se pensar, fazer e viver Angola contemporânea, não os impondo como verdade universal, senão como fonte de denúncia e resgate os sujeitos negligenciados, enterrados e descartados pela História e que agora, pela literatura decolonial angolana ressurgem, re-existem e tentam se desvincular do colonialismo que ainda perdura no país.

Entre palavras e armas literatura e guerra civil em Moçambique

2017

"Guerra de agressão", "guerra de desestabilização", "guerra civil", "guerra dos dezasseis anos": o conflito bélico que se alastrou por Moçambique entre 1976 e 1992 recebeu diversos nomes e abordagens. Nesta obra, a crítica literária é o princípio investigativo sobre o qual a linguagem estética e tal conflito podem ser analisados como experiências sociais distintas, mas intrinsecamente entrelaçadas. Por isso, este não é um trabalho de verificação de como existe um conteúdo histórico que é ficcionalizado em maior ou menor grau por uma literatura mais ou menos comprometida, mas antes objetiva, sim, perceber como certas estruturas estéticas apresentam composições específicas que, se analisadas literariamente, e posteriormente interpretadas historicamente, expõem visões críticas e manifestações sociais que se colocam em articulação com hegemonias que disputam o poder sobre uma sociedade. Assim sendo, como obras literárias que elegeram a guerra como tema podem contribuir para uma abordagem contemporânea do conflito que considere a compreensão e adesão das populações afetadas? Entre palavras e armas: literatura e guerra civil em Moçambique é totalmente baseado nesta primeira inquietação. Por isso se compõe como uma crítica comparada e histórica de dois romances que tratam da guerra pós-independência: Os sobreviventes da noite (2008), do escritor Ungulani Ba Ka Khosa, e Neighbours (1995), da escritora Lilia Momplé. O trabalho é dividido em dois movimentos: no primeiro, a crítica se desenvolve através da análise literária das configurações estéticas dos romances, de modo que seja possível delinear hipóteses comuns e diferenciais de leitura para ambos; o segundo movimento trata de tomar as hipóteses de leitura e buscar interpretá-las historicamente, com o apoio de um diálogo interdisciplinar entre os estudos literários e a historiografia, a sociologia, a antropologia, a economia e a ciência política de Moçambique.

PREDADORES: quando a literatura narra as relações de poder em Angola

Este artigo esquadrinha as relações de poder, em Angola, emergentes em Predadores, romance escrito por Pepetela, um dos mais instigantes intelectuais angolanos da atualidade. Ao delinear como o autor narra o “outro”, em especial, a apropriação do público pelo privado, assim como o oportunismo político, detectamos os contornos de seu posicionamento político. As principais temáticas sobre as relações de poder, recortadas nessa obra, comprovam que a sua literatura estrutura uma crítica sócio-política, extremamente perspicaz, da sociedade e dos Estados angolanos contemporâneos.

A formação do Estado Nacional em África e a retórica da etnicidade : uma releitura da Guerra Civil Angolana

2019

Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Relações Internacionais, Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, 2019.O presente trabalho se propõe a uma releitura da Guerra Civil Angolana no sentido de analisar o evento para além da variável étnica que aparece como argumento central na literatura ocidental. Pretende-se, a partir deste episódio, um dos mais marcantes da História contemporânea de Angola, elucidar a existência de uma retórica negativa que tende a reduzir o conflito a componente da etnicidade. A escolha do evento se dá pela importância que tem no processo de constituição de um Estado Nacional angolano. Para tal, parte-se da premissa de que existe uma relação de semelhança nos processos de formação dos Estados Nacionais em África e na Europa, baseada nos seguintes aspectos: formação territorial com base em guerras de conquista, pluralidade linguística e multietnicidade.The present dissertation aims to produce a re-reading of the Angolan Civil...

“Angola” como conceito: uma análise da obra História geral das guerras angolanas de Oliveira de Cadornega (século XVII)

2018

This PhD thesis analyse the writing of the manuscripts Historia Geral das Guerras Angolanas (HGGA) by the exiled Portuguese, new-Christian Antonio Oliveira de Cadornega. Thus, we assay Cadornega's work between text and context, exploring his many and ambiguous "Angolas", that are at the same time Portuguese, Bragantine, Flemish, exiled, enslaved and sobas. In the first part of the thesis we highlight the author's experience as a writer since his departure from Lisbon until his arrival in Angola, his participation in the slave markets and the building of his networks with the local elites. The second part assesses the many different manuscripts of the HGGA in which the authorship was attributed to Cadornega and that form the current collection of some Institutions such as the National Library of France, the British Library, the Lisbon Science Academy, National Library of Portugal and the Public Library of Évora. In the last part we analyse the writing itself of Cadornega's work: its ambiguities, keywords, concepts, repetitions, and style. The three parts of the thesis are composed by seventeen chapters and as a general perception considers that the Cadornega's work was dedicated to the king Pedro II of Portugal given the author's links with the dynastic house of Braganza, but mainly given the fact the Cadornega, being a new-Christian, was constantly in need to keep himself away from the Portuguese Inquisition in a time of political and administrative changes in the Portuguese African colonies. For him, staying in "Angola" was a matter of survival.