Guia histórica das ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento. Um projecto de investigação (original) (raw)

ORDENS Religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Dir. Bernardo Vasconcelos e Sousa [et al.]. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. 591 p

2016

É conhecido por todos os historiadores que lidam com a Idade Média o protagonismo assumido pelas diferentes ordens religiosas no âmbito dos diversos reinos do Ocidente europeu, quer ao nível religioso propriamente dito, quer em domínios mais diversos, desde a cultura à vida económica ou política. A sua íntima relação com o mundo da escrita e a importância da memória, como factor estruturante e dinamizador da identidade das distintas famílias religiosas e das respectivas casas, converteram também muitos conventos e mosteiros em guardiães e depositários de um volume inestimável de documentação. É graças a ela que nos é hoje, em grande parte, permitido o acesso à realidade mais longínqua dos homem e das mulheres das sociedades medievais. Ao contrário do que, desde o século XIX, aconteceu em muitos outros países europeus, em Portugal, esta documentação permaneceu, em larga medida, fora do âmbito do profícuo labor positivista, empenhado na edição sistemática das fontes históricas que permitiriam uma recuperação segura e rigorosa do passado. Isto apesar do caminho ter sido inaugurado por um nome da envergadura de Alexandre Herculano. As conturbadas relações entre o Estado e a Igreja que se sucederam ao advento do liberalismo (1820) e da Primeira República (1910) far-se-iam sentir, também de forma decisiva, no campo das ordens e congregações religiosas, com a extinção das casas masculinas, em 1834, e o lento definhar dos conventos femininos, proibidos, desde então, de acolherem novas candidatas. A nacionalização que sucedeu ao encerramento dos conventos e mosteiros foi particularmente atribulada no que respeita ao destino do respectivo património móvel, que incluía, não apenas o seu recheio artístico, como ainda os cartórios e as livrarias que se haviam paulatinamente constituído ao longo da sua história. As indecisões liberais face ao destino a dar a tal património, as sucessivas transferências de documentos e livros, a sua arrematação em hasta pública ou a venda em leilões com destino ao estrangeiro, a depredação que muitos cartórios e livrarias sofreram por parte de particulares ou mesmo os acidentes que os atingiram fruto de uma vigilância menos cuidada, conduziram ao desmembramento e dispersão destes acervos, quando não à perda irreparável de parte ou, nalguns casos, da totalidade dos mesmos. As tentativas perpetradas pelos diversos regimes políticos no sentido de reunir nas bibliotecas e arquivos públicos os antigos cartórios e bibliotecas conventuais conduziriam a uma sucessão de incorporações mais ou menos caóticas, com a produção, nem sempre implantada, de deficientes instrumentos de descrição do acervo resgatado.

O primeiro regimento do Colégio da Doutrina da Fé em Lisboa (1541)

Anuario de la Escuela de Archivología, 2024

Na cidade de Lisboa, desde o início do estabelecimento da Inquisição portuguesa, criou-se uma estrutura para apoiar a doutrinação dos réus condenados a cumprir penitências espirituais. Esta instituição, conhecida como Colégio da Doutrina da Fé, assegurava o isolamento dos penitentes e o adequado cumprimento das penitências que lhes tinham sido impostas. Com o intuito de auxiliar na compreensão das dinâmicas que presidiram ao funcionamento deste espaço, publicamos o regimento que acompanhou a nomeação do seu primeiro carcereiro.

A reforma das ordens religiosas em Portugal: Uma utopia no final do Antigo Regime

Lima, Madalena Costa, 2021

Resumo: A utopia que aqui consideramos expressa-se na tentativa de contrariar o devir da História ou na manifestação da convicção de que é possível resistir à marcha da mesma. Iremos apreciá-la expondo as iniciativas levadas a cabo no sentido de reformar as ordens religiosas, aproximadamente entre 1789 e 1834, atendendo aos trabalhos da Junta do Exame do Estado Atual e Melhoramento Temporal das Ordens Regulares, às iniciativas das cortes vintistas e a outras manifestações relativas à problemática das congregações, do número e da condição dos regulares e das suas casas no país, procurando compreender a falência desse projeto de restruturação das ordens que a vitória definitiva do Liberalismo obliterou. Palavras-chave: ordens religiosas; reforma; Junta do Exame do Estado Atual e Melhoramento Temporal da Ordens Regulares; Época das Luzes; Liberalismo; Antigo Regime

Notários do Tribunal da Inquisição no Arquivo da Universidade de Coimbra (1536-1755): Património e rendimentos para obtenção de ordens eclesiásticas

Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, XXXII [2019], pp. 9-38, 2019

Este trabalho é uma primeira abordagem às raízes socioeconómicas dos notários da Inquisição (ou notários do Secreto), entre os anos de 1536 e 1755. O seu principal objetivo é conhecer os níveis globais de rendimento destes agentes no momento em que se habilitaram para o Santo Ofício. Para isso, consultaram-se as suas habilitações de genere para ordenação sacerdotal, com os respetivos instrumentos de dote e património, existentes no Arquivo da Universidade de Coimbra. Pretende-se assim responder às seguintes questões: com que património receberam, os futuros notários, ordens sacras? Dependeram de outrem para constituírem os seus dotes? Poder-se-iam desenvolver redes de influência ou de sociabilidade com base nesses patrimónios? O estudo desta pequena amostra permitiu concluir que quando chegavam ao Santo Ofício estes indivíduos não eram ricos, mas viviam sem constrangimentos. This paper is an initial approach to the socioeconomic roots of the Inquisition notaries (or notaries of the "Secreto"), between 1536 and 1755. The aim of this work is to gain knowledge on the global income levels of these agents at the moment they were habilitated for the Holy Office.To achieve this goal, one has gone through their qualifications de genere for priestly ordination, along with the respective dowry and property deeds, retrieved from the Archive of the University of Coimbra. One seeks to reply to these questions: these notaries to-be received the sacred order owning what? Were they dependent on third parties to create their dowries? Were there any influence or social networks developed based on this ownership?The research lead on this corpus allowed one to conclude that, upon arrival to the Holy Office, these individuals were not wealthy but they lived with no financial struggle.

Bibliografia para a História da Igreja em Portugal (1961-2000)

2013

Esta Bibliografia publica as referências de 9950 itens bibliográficos editados entre 1960 e 2000, e que versam sobre temas de interesse para a História da Igreja em Portugal. Corresponde à continuação e revisão de um trabalho inicialmente publicado na revista "Humanística e Teologia".

As igrejas das Ordens Religioso-militares entre 1220 e 1327 [recurso eletrónico] : das inquirições régias aos documentos normativos

2017

A abordagem das igrejas das Ordens Religioso-Militares constitui um campo deinvestigacao ainda em aberto e encerra elementos fundamentais para o esclarecimento do caracterde cada uma destas instituicoes presentes em Portugal e da forma como organizavam os seusterritorios e exerciam os seus direitos jurisdicionais. Propomo-nos, assim, fazer o levantamentodas igrejas conadas as Ordens Militares a partir das inquiricoes regias feitas ao longo do seculoXIII (1220, 1258, 1284 e 1288/90) e da lista das igrejas de 1320-21. Dado que as Ordens naoforam especiais produtoras de documentacao relacionada com o tema em estudo, estas fontesregias sao essenciais a denicao da distribuicao espacial do patrimonio das Ordens Militares,incluindo das suas igrejas.