Entrevista com José do Nascimento Junior (original) (raw)
Entrevista Com José Do Nascimento Júnior, 17 De Setembro De 2014
2014
A entrevista com o antropologo Jose do Nascimento Junior, que atuou na criacao do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), do qual foi presidente de 2009 ate 2013, elencou, como aspecto principal o depoimento sobre a implantacao da Politica Nacional de Museus, de 2003 a 2013. A intensa experiencia de Jose do Nascimento com a politica para os museus no Brasil confunde-se com a propria trajetoria desta e traca um panorama no qual a presenca deste segmento cultural apresenta-se com seus contornos particulares. Alem da sua atuacao, Jose do Nascimento relata o papel que o Rio Grande do Sul exerceu neste periodo, os fatos que marcaram um momento de grandes investimentos na formacao de museologos e expoe seu pensamento sobre os museus universitarios.
Entrevista com José Luiz Braga
José Luiz Braga; Mozahir Salomão; Eduardo de Jesus. Revista Dispositiva, v. 1, n. 1, 2012
Em entrevista aos editores da Dispositiva – Mozahir Salomão e Eduardo de Jesus –, o pesquisador José Luiz Braga fala sobre Dispositivos Interacionais (DI), tema que abordou na XX Compós, em 2011. De natureza pragmática e heurística, os DI, segundo o pesquisador, podem ser entendidos como um lugar de observação, a partir dos quais se pode “reunir alguma variedade de aspectos estudados e conhecidos que permita estudar os sistemas de relações – que podem variar conforme circunstâncias e demais singularidades do processo em ocorrência”. Braga afirma que os dispositivos interacionais seriam um lugar possível para se estudar os fenômenos comunicacionais, tornando possível um diálogo produtivo com a diversidade de enfoques e abordagens observáveis no campo comunicacional.
Entrevista com José Augusto Pádua
2019
Motivado pelos debates sobre questoes ambientais nos anos 1970, Jose Augusto Padua percebeu logo que poderia contribuir para a discussao a partir de uma dimensao historica do meio ambiente. Mas advertiu logo: a Historia Ambiental, que entao comecava a se constituir naquele momento, nao pretende ser um novo reducionismo, a moda do que havia se praticado no seculo XIX. A proposta e ser uma ampliacao da analise historica. A exemplo de Gilberto Freyre, que reivindicava uma ecologia mais humana e inclusive poetica, ainda na decada de 1930, o historiador ambiental nao le apenas documentos mas tambem paisagens. Esta e, na opiniao de Padua, uma das dimensoes mais bonitas da Historia Ambiental e garante, “Quando a gente aprende a ler a paisagem, o entendimento historico se amplia”. Professor da UFRJ, Jose Augusto Padua gentilmente recebeu a Revista Cantareira na centenaria edificacao que abriga o Instituto de Filosofia e Ciencias Sociais.(...)
Entrevista com Ulpiano Nascimento
Vertice Iia Serie No25 Pp 85 93, 1990
Entrevista com Ulpiano Nascimento Após a entrevista com Armando Castro publicada no nº 4 da Vértice reproduz-se aqui uma outra entrevista com um outro intelectual da mesma geração, com um semelhante posicionamento político, com uma igual área de interesse científico-a economia-mas oriundo de diverso meio universitário e seguindo um outro perfil profissional. Na sequência que vai de uma licenciatura no ISCEF a um lugar no aparelho administrativo/económico do Estado, ao engajamento na luta sindical e política antifascista, ao exílio e ao regresso a Portugal no pós-25 de Abril, desenha-se a vida de Ulpiano Nascimento, mas também a de uma geração de intelectuais/economistas portugueses dos anos do pós-guera, facto que confere ao percurso aqui desenhado uma certa representatividade e tipicidade relativamente ao que foi a vivência concreta de um reduzido, mas importante, grupo social/profissional. P-O que o levou a interessar-se pela economia e a tornar-se economista profissional? R-Foram os fados que me levaram à economia. Factores de ordem circunstancial, em que o exíguo orçamento familiar foi determinante, obrigando-me a frequentar escolas comerciais (Veiga Beirão e Rodrigues Sampaio) e, depois, na sequência lógica, em 1933, o Instituto Comercial de Lisboa. Aí me apercebi pela primeira vez e tomei consciência do fenómeno político. Entretanto, as necessidades forçaram-me a trabalhar, o que implicava ter de estudar à noite. Estimulado pelas relações, a necessidade de melhorar as condições de vida e uma certa ambição, arrisquei preparar-me para submeter-me ao exame de admissão ao Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. E fiquei. Isto ocorreu, se estou certo, em 1937. Aí, continuei atraído por aqueles que comigo comungavam ideias progressistas. Por amizade, simpatia e afinidades com alguns colegas encontrei-me envolvido, ainda que de forma imprecisa, na corrente de ideias contrárias à política oficial-aqui, «contrárias» é ser comunista-, e P-O que era, nessa época, a formação académica de um economista? R-No Instituto, o curso de Economia era francamente modesto; não tanto pelos programas adoptados, mas mais pelos professores, dos quais um ou outro se distinguia pelo saber e dignidade, como Bento de Jesus Caraça, Mira Fernandes, Vitorino Magalhães, Dias Ferreira e poucos mais. Esta mediocridade acontecia por duas razões: a primeira, porque, com o tempo, o pessoal docente do Instituto, assim como das outras Faculdades, vinha a identificar-se ou era constrangido a coexistir com a ordem corporativa vigente; a segunda, causa e efeito da primeira, porque a sociedade portuguesa, nesse tempo de ditadura, estava fechada sobre si mesma, não havia mobilidade de ideias, era proibido pensar. O ensino de economia, refiro-me apenas ao curso de Economia, era por isso mais histórico do que real. Divagava-se em termos convencionais e de preferência sobre os economistas clássicos: Say, Adam Smith, Malthus e poucos mais; dos neoclássicos, uns pozinhos apenas, onde Marx e Schumpeter eram colocados à distância e reduzidos na história da economia; dos humanistas, estruturalistas, terceiro-mundistas e dos modernos em geral, não se dava notícia deles nas aulas, duvido mesmo que os professores os conhecessem. Cá fora, no entanto, lia-se Marx, Schumpeter, Perroux, Keynes, Bettelheim, Kuznets, Samuelson, Prebisch, Myrdal, Sweezy, Baran, Galbraith, etc, etc, tudo o que vinha à mão. A «sebenta» dominava o material didáctico universitário; era ainda uma instituição, resultado dos condicionalismos redutores referidos antes, reflectindo atraso relativo na Europa de então. Eram instituições e mentalidades conservadoras e fascistas que preponderavam nesse tempo na nossa sociedade, em termos políticos, económicos, sociais e culturais. Nestas condições, a formação do economista não podia ser indiferente à acção castradora que a Organização Corporativa, o Equilíbrio Orçamental, o Estatuto do Trabalho Nacional, o Condicionamento Industrial, a União Nacional e, sobretudo, como um punhal apontado ao coração do cidadão, a Censura Prévia e a PIDE. Salazar, durante perto de 40 anos, foi senhor todo poderoso, que tinha nas mãos o destino do País e, portanto, o grande responsável por tudo o que aconteceu nesse odioso período, responsável pela estagnação económica, a qual se projectou implacavelmente até aos nossos dias, nas injustiças, na incultura, nas assimetrias regionais, nos níveis de vida de subsistências, em que os trabalhadores para fugir à pobreza e ao medo acabavam por emigrar em massa. A média e a pequena burguesia, envergonhadas, sofriam em silêncio a falta de perspectivas. A mão-de-obra barata e a legião de desempregados, por outro lado, contribuíram para impedir a modernização da economia, porque dispensavam a introdução de novas tecnologias na agricultura e indústria que, por essa razão, não se equiparam oportuna e adequadamente as empresas, nem se melhoraram as infra-estruturas. Estas irresponsabilidades aconteciam na época em que lá fora a tecnologia e a inovação prosperavam surpreendentemente, distanciando cada vez mais o avanço
Entrevista com José Rodrigues Coura do Instituto Oswaldo Cruz
Cadernos de Tradução, 2016
O Prof. Dr. Jose Coura é, atualmente, um dos mais importantes experts em doença de Chagas. É professor emérito da Faculdade de Medicina da UFRJ, membro da Academia Nacional de Ciência, da Academia Nacional de Medicina, da Royal Society of Hygiene and Tropical Medicine, da American Society of Tropical Medicine and Hygiene etc. Cumpriu dois mandatos como diretor do Instituto Oswaldo Cruz (1979-1985, 1997-2001) e dois mandatos como editor-chefe das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, uma das revistas científicas mais importantes e longevas da América Latina. Considerando que as Memórias publicaram artigos em um total de cinco línguas diferentes desde o seu princípio, em 1909, culminando em um formato exclusivamente em língua inglesa logo após passarem a ser publicadas online, em 1996, a tradução e o multilinguismo certamente são componentes cruciais desta que é a mais antiga instituição científica do Brasil. Levando em conta que a literatura científica é uma área pouco explorada nos Estudos da Tradução, apesar de sua superioridade com relação às ciências humanas em volume de produção, há muito a ser aprendido por meio das decisões editoriais dessa revista e dos efeitos das mesmas. https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-7968.2016v36n2p330