Elementos Trágicos Na Peça “A Noite Pouco Antes Da Floresta” De Bernard-Marie Koltès (original) (raw)

ELEMENTOS TRÁGICOS NA PEÇA "A NOITE POUCO ANTES DA FLORESTA" DE BERNARD-MARIE KOLTÈS 1 NOTES ON SOME TRAGIC ELEMENTS IN THE PLAY "THE NIGHT JUST BEFORE THE FORETS" OF BERNARD-MARIE KOLTÈS

Teatro: criação e construção de conhecimento, 2019

Resumo O presente trabalho objetiva compartilhar resultados do processo de montagem da peça A noite pouco antes da floresta (1977), de Bernard-Marie Koltès, realizado no Curso de Graduação em Teatro, da Universidade Federal de Uberlândia, MG. O principal desafio foi conseguir "abrir o texto", para o qual foram fundamentais dois autores: Axel Honneth e Fridriech Nietzsche. Especialmente este último desempenhou papel central ao oferecer uma visão de mundo que colapsava a leitura tradicional do texto. Para a construção da arquitetura cênica do espetáculo, princípios do Sistema, de Stanislavski, objeto de minha pesquisa e aprofundamento, foram aplicados e experimentados, incluindo a "exploração mental" e a "análise ativa". À luz da filosofia trágica de Nietzsche foi possível arriscar algumas hipóteses para a construção de sentido da peça, para além da observação da presença de certos recursos poéticos da tragédia antiga no texto do autor francês, que acabou por revelar um profícuo diálogo entre Tradição e Modernidade. Dentre estes recursos que conferem tragicidade à peça de Koltès, podemos destacar a "falha trágica", o "reconhecimento" e o "sacrifício". Palavras-Chave: teatro Contemporâneo; Bernard-Marie Koltès; tragédia; Nietzsche. Abstract The present work aims to share the results of the assembly process of the play The

Elementos metapoéticos do poema "Ave inquieta" de Afonso Duarte

Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons -Atribuição 4.0 Internacional. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ ENSAIOS http://dx.Resumo: O objetivo deste artigo é identificar alguns dos princípios teóricos que nortearam o trabalho poético do poeta português Afonso

A “Praga” do Sertão: aspectos do Gótico em Coelho Neto

Estudos do Gótico. SILVA, Alexander Meireles da; BARROS, Fernando Monteiro de; FRANÇA, Júlio; COLUCCI, Luciana (Org.) , 2017

Na Literatura Brasileira, o espaço narrativo do sertão é concebido, muitas vezes, como um interior longínquo e povoado por uma população mestiça. Nesse ambiente rural, de economia agrária, personagens boiadeiros e retirantes vivem as angústias dessa terra inóspita, de vegetação selvagem, comumente considerada um local bárbaro pelos narradores e escritores. Embora o sertão seja tematizado em romances e contos de cunho realista e documental, as presenças, por um lado, de referências a lendas, crenças e superstições, e por outro, de uma visão de mundo profundamente negativa, contribuem para aproximar tais narrativas da tradição gótica. Se a Literatura Britânica, com autores como Ann Radcliffe, Matthew Lewis, Mary Shelley e Bram Stoker, revela os horrores do passado habitando castelos seculares, com câmaras labirínticas e claustrofóbicas, a Brasileira situa seus terrores e fantasmas nas matas selvagens, nas taperas sertanejas, nos casarões das fazendas abandonadas e à beira de estradas e pântanos, onde mortos são enterrados. Um dos autores brasileiros que se utilizou desse misticismo presente no sertão foi Coelho Neto, que, em seu livro Sertão (1897), evidencia essa tendência por meio de narrativas que exploram eventos sobrenaturais, crimes e tabus culturais, produzindo, assim, o medo como prazer estético em seus leitores. O presente trabalho, fundamentando-se nas considerações de Fred Botting, em Gothic, e de Nick Groom, em The gothic: a very short introduction, propõe, pois, uma análise, sob o viés da estética gótica, da novela “Praga”, primeiro texto do livro Sertão. Busca-se também refletir como se dá a influência exercida pela literatura gótica no ambiente sertanejo de Coelho Neto e da Literatura Brasileira.

Orientalismo e discurso dramático-musical no “Notturno” de Condor, de Carlos Gomes

Revista Brasileira de Música, 2011

Resumo Condor foi estreada em 1891, no teatro Scala, de Milão. De temática oriental, a ópera não obteve sucesso duradouro, em parte devido ao libreto pouco identificado com a estética do período. Entretanto, a música de Condor representa um significativo avanço na produção de Carlos Gomes, com uma nova proposta de estruturação melódica e coesão temática. Carlos Gomes tem sido pouco discutido em termos de análise musical, um caminho necessário e essencial para revisar o mito e revelar o artista maduro e competente. Este estudo pretende investigar as relações entre o discurso musical e dramático do "Notturno" que antecede o terceiro ato de Condor, considerando as convenções das óperas exóticas bem como tendências mais amplas no tratamento dramático-musical nas últimas décadas do século XIX. Conclui-se que o trecho em questão apresenta-se como uma síntese dos eventos dramáticos dos atos anteriores e preparação do ato conclusivo. Palavras-chave análise musical-ópera-orientalismo-exotismo-Antônio Carlos Gomes-século XIX-música no Brasil. Abstract: Condor was premiered at La Scala in Milan in 1891. Based on an oriental subject, the opera had no further success due, in part, to its outmoded libretto. However, the music of Gomes shows a significant advancement towards a new approach to melodic structure and motivic cohesion. The works of Carlos Gomes have been poorly discussed in terms of musical analysis, an essential way to review the myth and to reveal the true mature and competent artist. This article aims to analyze the relations between musical and dramatic discourse of the "Notturno" that precedes the third act of Condor, considering the conventions of exoticist opera as well as broader musicodramatic approaches in late nineteenth-century opera. This study reaches the conclusion that the "Notturno" presents a summing up of the dramatic events of the precedent acts, and sets up to the final act of the opera.

Particularidades Harmônicas Nas Composições De Nailor Azevedo “Proveta” Para a Banda Mantiqueira

Anais Do Simpom, 2010

Este trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado, que tem como objeto de investigação, o lado menos conhecido do músico Nailor Azevedo "Proveta", como compositor da Banda Mantiqueira. A realização das análises musicais das composições "À Procura" e "Bixiga", dos álbuns "Aldeia" (1996) e "Bixiga" (2000), nos levou a perceber a utilização de procedimentos técnicos que parecem ser característicos da sonoridade de suas composições para a Banda Mantiqueira, e que essas particularidades na escrita musical refletem uma formação musical que passou pelo estudo de gêneros musicais diversos, num contexto histórico em que os processos de hibridização cultural são muito presentes. A partir da análise de trechos das composições, pretendemos mostrar as características mais marcantes na escrita de Nailor em relação à utilização da harmonia, mostrando como a formação de Nailor, como músico de sopro que não toca nenhum instrumento de harmonia, faz com que o pensamento harmônico presente nas composições tenha particularidades, sendo a harmonia, para Nailor, vivenciada a partir da experiência de tocar um instrumento melódico. Em resumo, é neste lado menos conhecido de Nailor, como compositor da Banda Mantiqueira, que identificamos o lado mais experimental de sua produção musical.

Intertextualidade e narratividade na Sinfonia nº 1 ("O imprevisto") de Villa-Lobos

Musica Theorica, 2021

Resumo: O propósito deste trabalho é apresentar uma análise da Sinfonia n. 1 ("O Imprevisto") de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) a partir de sua estrutura formal e narrativa. A obra foi composta em 1916 e é estruturada como se fosse um poema sinfônico, com texto programático escrito pelo próprio compositor. A narrativa literária é recoberta por outra, de caráter musical, estruturada em forma cíclica segundo o método de Vincent d'Indy (1909). A análise irá buscar pontos de aproximação e afastamento entre as narrativas literária e musical, segundo teorias da forma musical, usando terminologias de Hepokoski e Darcy (

Elementos gnósticos em "O ser e o nada"

Dissertatio (UFPel), 2022

Trata-se da exploração da hipótese da presença de elementos gnósticos em O ser e o nada, de Jean-Paul Sartre. Primeiramente, mediante reconstrução das análises de Gerd Bornheim e Joseph Fell, pretende-se enfatizar as consequências niilistas da ontologia sartreana. Em um segundo momento, será mapeada a presença de temas e de um imaginário gnóstico, tal como proposto por Hans Jonas, no existencialismo sartreano. Por fim, a hermenêutica narrativista de Ricoeur será apresentada como via por meio da qual é possível se desviar das consequências niilistas do existencialismo.

Elementos em transição em Os Meninos Crescem e a Última Tropa, de Domingos Pellegrini

Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses da UFPR

Retratando o cenário do norte pioneiro, Domingo Pellegrini criou obras representativas da literatura paranaense, como O homem vermelho (1977) e O caso da chácara chão (2000), que garantiram ao autor dois Prêmios Jabuti. Apesar do regionalismo, seus textos dialogam com o humano em busca do existencial, daquilo que permanece apesar das transformações no ambiente. Para ele, o homem luta para continuar a ser o mesmo, ainda que mais moderno. Percorrem suas histórias conflitos de transitoriedade, em dimensões sociais, familiares e pessoais. A este trabalho, portanto, cabe analisar elementos em transição presentes em duas obras do escritor londrinense, Os meninos crescem (1977) e A última tropa (1998). O primeiro livro reúne alguns contos reescritos de Os meninos (1977), e outros inéditos, situando a infância e a adolescência como temas. O segundo narra a história de um garoto de Tibagi, que parte para a última viagem tropeira do grupo do pai, com o objetivo de vender mulas em São Paulo. E...

Coisas que não existem: o papel do som do vento em À sombra do medo

Galáxia (São Paulo), 2021

Resumo O objetivo central deste artigo consiste em analisar os usos expressivos do som do vento na produção anglo-jordaniana-qatariana À sombra do medo (2016). Na maioria dos filmes, o vento possui presença discreta, apenas para dar impressão de verossimilhança e reforçar o senso de imersão do espectador na diegese. O filme estudado constitui uma exceção, na qual o sopro do vento incorpora um personagem sobrenatural e conduz o espectador, através do desenho de som, a uma experiência de tensão, desconforto e medo, além de simbolizar a repressão política no país. A análise fílmica será precedida por uma breve revisão histórica do papel do som do vento nos filmes.