Irmãos mais velhos de crianças com deficiência e de crianças com desenvolvimento típico: Cotidiano e Relacionamentos fraternos (original) (raw)

Interação fraternal quando um irmão tem síndrome de Down: Um estudo observacional

Revista Educação Especial, 2018

A qualidade da interação entre irmãos tem sido investigada há mais de três décadas, entretanto, poucos estudos focalizam a díade irmão com síndrome de Down (SD) - irmão com desenvolvimento típico (DT), especialmente, no Brasil. Este estudo objetivou descrever a interação entre nove díades de irmãos, com idades entre quatro e 13 anos, tendo um deles a SD. Foram gravadas, nas residências das díades, 27 sessões de observação do comportamento, totalizando 216 minutos. A análise das interações focalizou conteúdo e qualidade dos episódios, bem como categorias comportamentais de comando e responsividade. As díades se envolveram, principalmente, em atividades lúdicas, de forma ‘Conjunta’, com ‘Amistosidade’ e ‘Sincronia’. As interações tiveram ‘Supervisão’, ‘Liderança’ e emissão de comportamentos de comando do irmão com DT. Pode-se afirmar que, nessas famílias, a interação fraternal é caracterizada pela assimetria de papéis e positividade, não sendo prejudicada pela presença do irmão com SD.

Cotidiano e Estresse De Avós De Crianças Com Deficiência e De Avós De Crianças Com Desenvolvimento Típico

2015

O aumento da expectativa de vida e a diminuicao da natalidade tem feito com que por um periodo de tempo mais longo as geracoes possam interagir e se relacionar. Contudo, os efeitos dessa mudanca contemporânea ainda tem sido alvo de poucos estudos. O objetivo do presente estudo foi identificar a experiencia de avos de criancas com deficiencia intelectual e de criancas com desenvolvimento tipico acerca do cotidiano e das praticas de apoio exercidas no contexto familiar e sobre a percepcao do estresse dentre as participantes do estudo. O estudo qualitativo e comparativo contou com a participacao de doze avos de criancas com deficiencia intelectual ou de criancas com desenvolvimento tipico. As avos foram separadas por dois grupos e responderam a uma entrevista semiestruturada e a um instrumento de avaliacao de estresse. Os resultados apontaram que as avos sao importante fonte de ajuda as familias, conferindo diferentes tipos de auxilio. Alem disso, de acordo com o relato das avos, estas...

Transtornos globais do desenvolvimento : impacto nos irmãos

2002

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) caracterizam-se pelos comprometimentos qualitativos nas habilidades de interação social recíproca, habilidade de comunicação ou presenças de estereotipias de comportamento, interesses e atividades. A literatura tem documentado que tais características clínicas repercutem no funcionamento familiar. Percebe-se que os estudos nessa área têm privilegiado a investigação dos efeitos deste fenômeno nos pais, enquanto que aos irmãos tem sido dada pouca atenção. O presente estudo tem como objetivo investigar os diferentes sentimentos dos irmãos quanto à experiência de ter um irmão com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Participaram da pesquisa 29 crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 8 e 18 anos, irmãos de indivíduos diagnosticados com Transtornos Globais do Desenvolvimento associados ou não a causas orgânicas. Para tanto, foi utilizada uma entrevista semi-estruturada, gravada e posteriormente transcrita, submetida à análise de conteúdo. Os dados preliminares revelaram a dificuldade dos participantes em expressarem os seus sentimentos sobre o impacto do Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) na família. Tal dificuldade em relação a sentimentos negativos, expressa na forma de ambigüidade das respostas, fuga do assunto proposto ou interrupções na entrevista, parece refletir uma certa resistência. Estes dados serão discutidos à luz da Teoria de Formação e Rompimento dos Laços Afetivos proposta por Bowlby e pela Teoria de Adaptação da Família à Enfermidade Crônica desenvolvida por Bradford.

“Ele é normal”: considerações fenomenológicas da percepção da criança/adolescente do irmão com deficiência

Revista Gaúcha de Enfermagem

RESUMO Objetivo: Compreender a percepção da criança/adolescente sobre o irmão com deficiência. Método: Pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológica, desenvolvida entre 2018 e 2019,em um município ao sul do Brasil, com 20crianças/adolescentes irmãos de pessoas com deficiência, mediante entrevista fenomenológica.Respeitados os preceitos éticos, utilizou-se a hermenêutica para interpretação. Resultados: A criança/adolescente percebe seu irmão com deficiência como uma pessoa normal, diante de seu comportamento, modo de ser e capacidade intelectual. Ainda, o entende como um ser especial, que possui limitações em relação à aprendizagem, porém não o vê como diferente, desvinculando a ideia da deficiência associada à doença/anormalidade. Considerações finais: A percepção sobre o irmão com deficiência ocorre dentro da perceptiva de normalidade. A criança identifica a menor capacidade de aprendizagem do irmão ou um jeito que é só dele, fato que não o condiciona a ser visto como anormal, ...

Considerações fenomenológicas sobre a percepção de si da criança/adolescente convivendo com irmão com deficiência

Ciência & Saúde Coletiva

Resumo O objetivo deste artigo é compreender a percepção de si de crianças/adolescentes que convivem com o irmão com deficiência. Pesquisa qualitativa, com abordagem hermenêutico-fenomenológica e participação de 20 crianças e adolescentes que convivem com o irmão com deficiência em um município do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Utilizou-se entrevista fenomenológica, diário de campo e interpretação hermenêutica. Evidenciaram-se lacunas de cuidado, necessidade de atenção, compreensão por parte da família, visto a atenção ser ao irmão com deficiência. O medo e a angústia da morte dos avós, da morte do irmão com deficiência, a saudade dos avós após sua morte. Percebe-se que essas crianças/adolescentes convivem e questionam o nascimento e a existência do irmão. Desvelou-se, ao dar luz ao mundo vivido da criança/adolescente, lacunas e fragilidades na relação com os pais, na atenção à saúde e nas situações de vulnerabilidades vivenciadas pela criança/adolescente e a família. Dessa fo...

Relações familiares na perspectiva de pais, irmãos e crianças com deficiência

Revista Brasileira de Educação Especial, 2014

O desenvolvimento das crianças com deficiência é influenciado pelas relações familiares, sobretudo pelo modo como os pais lidam com a criança e a deficiência. No entanto, apesar de sua importância, pouco é conhecido sobre o funcionamento global dessas famílias. Assim, este estudo teve como objetivo investigar as características das relações familiares de crianças com deficiência (auditiva, intelectual, física, múltipla e visual) na perspectiva das mães (n=16), dos pais (n=12), dos irmãos (n=10) e das próprias crianças com deficiência (n=16), priorizando as relações nos subsistemas parental, conjugal e fraterno. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com cada um dos participantes, individualmente, em suas respectivas residências, e foi aplicado um questionário de caracterização do sistema familiar com um dos genitores. Os resultados mostram que as práticas parentais são percebidas como coercitivas, mesmo havendo harmonia, diálogo e compartilhamento nos cuidados com os filhos. A...

As relações fraternas no contexto do autismo: um estudo descritivo

2016

RESUMO – Os estudos acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no âmbito das relações familiares têm enfatizado, em sua maioria, a figura materna. Nesse contexto, investigações sobre as relações fraternas são escassas. Nessa direção, o presente estudo de cunho qualitativo e descritivo teve por objetivo caracterizar as interações sociais entre sujeitos com desenvolvimento típico (DT) e seus irmãos com TEA. Participaram do estudo duas díades de irmãos. Os instrumentos utilizados foram: Formulário de Informações sobre a Família, Formulário de Informações sobre o irmão com TEA e entrevista semiestruturada. Os resultados indicaram que as interações se constituem por sentimentos ambíguos, altruísmo, maturidade, conflitos devido às características da síndrome, companheirismo, poucas responsabilidades frente ao irmão com TEA e apoio familiar. Em suma, a relação entre os irmãos foi facilitada por amizades em comum, orientações das mães junto aos filhos com DT, relativa autonomia do irmão...

Narrativas em saúde: com a palavra, o irmão da pessoa com deficiência

DESIDADES - Revista Científica da Infância, Adolescência e Juventude

Objetivou-se compreender como episódios da vida de irmãos de pessoas com deficiência podem influenciar na relação fraterna e na repercussão dessa convivência no comportamento atual dos irmãos. O irmão da pessoa com deficiência pode vivenciar ciúmes, tristeza, isolamento e também maturidade, amadurecimento e altruísmo. A resposta à ocorrência da deficiência na família dependerá do temperamento de cada um, da idade, da proximidade entre os irmãos e das suas experiências de vida. O estudo foi qualitativo do tipo narrativa de vida. Participaram oito irmãos de pessoas com deficiência, com idade entre 19 e 29 anos. Utilizou-se um questionário sociodemográfico sobre o informante, irmão com deficiência e pais, seguido de uma entrevista narrativa. Resultados indicaram que a convivência com o irmão com deficiência traz para seu irmão maior amadurecimento, autonomia e fraternidade. Ressalta-se que a relação fraterna, quando da presença de uma pessoa com deficiência, gera amadurecimento decorre...