Notas Psicanalíticas Sobre O Tema Da Humilhação Social Na Contemporaneidade (original) (raw)

Comunidade e resistência à Humilhação Social: reflexões sobre a pesquisa participante em psicologia comunitária contemporânea

Revista Colombiana de Psicología, 2016

Este artigo apresentará uma reflexão sobre as características e os desafios presentes no campo da psicologia social comunitária contemporânea. Partindo de uma análise sobre o contexto histórico de surgimento e desenvolvimento da disciplina no Brasil e tomando como referência as pesquisas sobre Humilhação Social relacionadas às experiências de resistência política do período, discutiremos três sentidos do conceito de comunidade que podem orientar as atuais experiências de pesquisa e intervenção: como horizonte ético de convivência, como espaço coletivo de elaboração do sofrimento da humilhação social e como orientação utópica de crítica e transformação social. Concluímos argumentando que estes três sentidos de comunidade ajudam a embasar as atuações de psicólogos comunitários junto aos movimentos sociais, em práticas de educação popular e nas políticas públicas de saúde, cultura e assistência social.

Comunidade e Resistência à Humilhação Social: Desafios para a Psicologia Social Comunitária

Este artigo apresentará uma reflexão sobre as características e os desafios presentes no campo da psicologia social comunitária contemporânea. Partindo de uma análise sobre o contexto histórico de surgimento e desenvolvimento da disciplina no Brasil e tomando como referência as pesquisas referentes à humilhação social, discutiremos 3 sentidos do conceito de comunidade que podem orientar as atuais experiências de pesquisa e intervenção: como horizonte ético de convivência, como espaço coletivo de elaboração do sofrimento da humilhação social e como orientação utópica de crítica e transformação social. Concluímos argumentando que esses 3 sentidos de comunidade ajudam a embasar as atuações de psicólogos comunitários junto aos movimentos sociais, em práticas de educação popular e nas políticas públicas de saúde, cultura e assistência social.

Juízos de pessoas surdas sobre humilhação: passado e presente

Psicologia Escolar e Educacional, 2010

Comparamos os juízos morais de pessoas surdas sobre a reação a uma humilhação vivenciada no passado e sobre a reação hipotética a uma humilhação similar no presente. Participaram 11 surdos, entre 15-25 e 35-45 anos. Utilizamos o método clínico piagetiano em língua de sinais, com uma entrevista semiestruturada. Quanto ao passado, as principais respostas indicaram "nenhuma reação" e "fugir ou sair do local". Em relação ao presente, a resposta "nenhuma reação" manteve-se, porém "tentar conversar" foi destaque, acompanhada por novo tipo de reação: "desprezar". As justificativas sobre as reações no passado são "ausência ou rompimento de vínculo" em relação ao agressor e "defesa da integridade física". Quanto ao presente, as principais justificativas tratam de "ausência ou rompimento de vínculo" e "solução de um conflito". A humilhação é tema reconhecido pelos participantes e a diferença temporal influenciou os seus juízos sobre a reação.

Ônibus 174 - Imagimagens Da Humilhação Social

Psicologia USP, 2009

Resumo: Este artigo procura debater a psicologia social no cinema através de um conceito específico: a humilhação social como problema político. Para tanto foi tomado como objeto de análise o filme Ônibus 174, documentário realizado pelo cineasta José Padilha em 2002. Os comentários elaborados aqui visam compreender as estratégias narrativas utilizadas pelo diretor, que incluem aspectos estéticos e a participação do público, que transformam sua obra em um objeto de estudo da humilhação social que ocorre no âmbito da esfera pública, onde a ação define as relações sociais entre os indivíduos.

PIROLI, Diana. Uma análise sobre o conceito de humilhação

Resumo: em A Theory of Justice John Rawls, ao eleger como bem primário mais importante as bases sociais do autorrespeito (autoestima), aponta que a capacidade do indivíduo de reconhecer seu próprio valor moral e a legitimidade do seu plano de vida também é objeto de justiça social. Martha Nussbaum, Axel Honneth e Avishai Margalit defendem que a humilhação privaria os indivíduos de respeitarem (ou estimarem) a si mesmos. Neste artigo será salientado como cada autor, à sua maneira, salienta pontos sobre a humilhação: a humilhação institucional (Avishai Margalit), a humilhação como a face pública da vergonha social (Martha Nussbaum), e, por fim, a humilhação como rompimento de expectativas normativas de reconhecimento (Axel Honneth).

Sobre a Humilhação no Cotidiano do Emprego Doméstico

Dados, 2014

las estão com a bola toda". Isto é o que assegura o título da principal reportagem da revista Veja São Paulo, publicada em 11 de maio de 2011. "Elas" não são, todavia, profissionais liberais bem-sucedidas, políticas em cargo de alto escalão ou acadêmicas altamente conceituadas nos quadros da produção científica nacional. Sendo assim, não se dirigem, em seu cotidiano, para espaços sociais como escritórios, reuniões políticas ou congressos científicos. Na verdade, seu local de trabalho se dá, em muitos dos casos, nas residências de pessoas que costumam se dedicar a ocupações semelhantes àquelas. "Elas" são as empregadas domésticas. O título da reportagem pode parecer, em princípio, despretensioso, ou até cômico. Longe disso. Ele sumariza uma interpretação cada vez mais difundida na cidade de São Paulo no que concerne às atuais dinâmicas do emprego doméstico que ali se configuram 1. Conseguiu-se, para os fins da reportagem, captar a ideia sustentáculo dessa interpretação a partir de um comentário feito por uma empregada doméstica entrevistada: "Não tenho medo de ser demitida. Se quiser, arranjo ou-199 * Agradeço à pesquisadora Flávia Rios pelas sugestões feitas a partir da leitura de uma versão preliminar deste texto. Agradeço igualmente aos pareceristas anônimos de Dados, cujos apontamentos ajudaram a enriquecer a versão final deste artigo.

A Condição Psicossocial Do Sujeito Na Pós-Modernidade

2014

O presente texto tem como objetivo construir uma compreensao sobre as determinacoes socio historicas da precarizacao do sujeito na dita pos-modernidade. O positivismo foi um paradigma que potencializou o metodo cientifico na determinacao das relacoes sociais atraves do desencantamento do sujeito em uma perspectiva alienante, reduzindo, esvaziando, subalternizando sem compreender dialeticamente as implicacoes particulares e universais tipicas do discurso pos-moderno na condicao psicossocial do sujeito na vigencia da sociabilidade do capital.

Psicopolítica e mal-estar da contemporaneidade

2021

Resumo: Em O mal-estar da civilizacao Freud buscou apresentar uma discussao sobre os ganhos e as perdas da civilizacao, e em especifico sobre o mal-estar causado por suas limitacoes. Para Elias, a civilizacao, como pratica, envolve o controle das condutas, a regulacao dos modos e a subordinacao das emocoes. O tormento trazido pela civilizacao decorre do modo pelo qual ela limita a liberdade, se sobrepondo aos impulsos, impondo tarefas culturais acima das vontades individuais. A civilizacao e a repressao social se tornando uma cobranca constante e internalizada como mal-estar. Nesse artigo busco articular sociologicamente, em contraposicao a diversos autores da teoria social, o conjunto de hipoteses levantadas por Byung-Chul Han (2018b) sobre a psicopolitica, de modo a repensar os rumos e as transformacoes do mal-estar em uma sociedade nao repressiva (fundada em negatividade), mas afirmativa (fundada em positividade).

Humilhação Social e Contextos Rurais: discussões a partir de pesquisas em três comunidades rurais

Revista Psicologia Política, 2016

Resumo: Neste trabalho temos por objetivo refletir sobre questões psicossociais relacionadas à humilhação social em diferentescontextos rurais, por meio da discussão comum a três experiências de pesquisa distintas em diferentes comunidades rurais. O primeiro trabalho apresenta relatos de humilhação social vividos pelos moradores de um quilombo no agreste de Alagoas nos atendimentos de saúde. O segundo relato traz experiências de humilhação social por jovens em um assentamento agrário no litoral do Ceará. O terceiro relato aborda a humilhação social de moradores de comunidades ribeirinhas do Amazonas ao ir à cidade em busca de serviços urbanos. As discussões dos elementos comuns a estas pesquisas contribuem para compreender como a humilhação social, enquanto fenômeno psicopolítico, manifesta-se em diferentes contextos rurais. Como conclusão, aponta-se a necessidade de romper com o fatalismo, fortalecer as lutas por direitos e refletir sobre os modos de enfrentamento político dessas comunidades frente ao sofrimento vivido. Abstract In this paper we aim to reflect on psychosocial issues related to social humiliation in different rural contexts, through a common discussion of three different research experiences in different rural communities. The first work presents reports of social humiliation experienced by the inhabitants of a quilombo in the rough of Alagoas during attendances in health services. The second report brings experiences of social humiliation by young people in an agrarian settlement off the coast of Ceará. The third report addresses the social humiliation of residents of Amazonas’ riverine communities when they go to the city in search of urban services. The discussions of the common elements to these researches contribute to understand how social humiliation, as a psycho-political phenomenon, manifests itself in different rural contexts. In conclusion, we point the necessity to break with fatalism, to strengthen the struggles for rights and to reflect on the political of these communities in face of suffering. Resumen En este artículo tenemos por objetivo reflexionar sobre cuestiones psicosociales relacionadas a la humillación social en diferentes contextos rurales, por medio de la discusión común a tres experiencias de investigación distintas en diferentes comunidades rurales. El primer trabajo presenta relatos de humillación social vividos por los habitantes de una comunidad remanente de esclavos africanos (Quilombo) en la zona árida de Alagoas en los tratamientos de salud. El según relato trae la experiencia de humillación social con jóvenes de un asentamiento agrario en el litoral de Ceará. El tercer relato aborda la humillación social de los habitantes de comunidades ribereñas del Amazonas al ir a la ciudad buscar servicios urbanos. La discusión de los elementos comunes a esas investigaciones contribuyen para comprender como la humillación social, como un fenómeno psicopolítico, se expresa en diferentes contextos rurales. Como conclusión, señalamos la necesidad de romper con el fatalismo, fortalecer las luchas por derechos y reflexionar sobre los modos de enfrentamiento político de esas comunidades delante el sufrimiento vivido.