Sobre a Humilhação no Cotidiano do Emprego Doméstico (original) (raw)

As Representações Cotidianas do Trabalho Doméstico

O tema de nosso artigo, As Representações Cotidianas do Trabalho Doméstico apresenta uma interface entre sociologia do trabalho e sociologia da cultura, já que aborda representações cotidianas, que fica na esfera da sociologia da cultura, e trabalho doméstico, pertencente ao ramo da sociologia do trabalho. Assim, o trabalho aparece como sendo o trabalho doméstico, a atividade efetuada pelas "empregadas domésticas". Contudo, o objeto de estudo não é o trabalho doméstico em si, e sim as representações produzidas sobre ele, ou seja, as formas de consciência produzida sobre o trabalho doméstico, e delimitamos não a forma de consciência de todos os indivíduos na sociedade ou de todos os envolvidos com esta forma de atividade, mas apenas as representações dos empregadores, isto é, aqueles que utilizam os serviços domésticos. Neste sentido, o trabalho pode ser considerado da área de sociologia da cultura, mas também da sociologia do trabalho. A fronteira entre as sociologias especiais é bastante tênue e isso é visível neste caso, no qual a temática envolve elementos tanto da sociologia do trabalho quanto da sociologia da cultura. A sociologia do trabalho é uma das sociologias especiais mais desenvolvidas e esteve presente nas obras dos clássicos da sociologia (Marx, Weber, Durkheim). Os estudos mais especializados em sociologia do trabalho surgem na Europa e Estados Unidos. Também chamada "Sociologia da indústria", a sociologia do trabalho teve um grande desenvolvimento na França com as obras de Georges Friedmann, Pierre Naville, Alain Touraine, entre outros. Na Itália, os estudos de Bologna, Lazzaratto, entre outros, entram nesta linha. No Brasil, a sociologia do trabalho obteve a contribuição de Leôncio Martins Rodrigues, Azis Simão, Troyano, Luiz Pereira, entre outros. Já os estudos sobre representações são mais recentes. Inicialmente houve os estudos sobre consciência e cultura popular, senso comum. Posteriormente, ocorreram os estudos das representações sociais, a partir da concepção inaugurada por Moscovici (1977). Depois disso, vários pesquisadores apresentaram estudos sobre representações sociais na área da psicologia e, em menor grau, na sociologia. Um número menor de estudos foi dedicado às representações sociais do trabalho Sato, 1995).

A Degradância No Trabalho Doméstico Escravizado

Diké - Revista Jurídica

Este artigo tem como objetivo analisar se as condições de trabalho das trabalhadoras domésticas no estado de Sergipe (Brasil) podem ser consideradas como escravidão na modalidade degradante. Pesquisa bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e observação participante no Sindicato das Trabalhadoras domésticas de Sergipe foram as técnicas utilizadas ao longo da pesquisa. Além disso, um roteiro foi usado durante as entrevistas com onze mulheres para coleta de dados. As perguntas se concentraram em descobrir suas condições de trabalho e se os fatores de gênero e raça estavam ligados à exploração dessas mulheres. O estudo parte do debate jurídico sobre a escravidão no Brasil e a Teoria da Reprodução Social, essencial para entender a conexão entre trabalho produtivo e reprodutivo (doméstico) e as especificidades que afetam a dignidade do trabalho doméstico remunerado. Ao longo da pesquisa, encontramos relações de trabalho humilhantes como naturalizadas: as trabalhadores não podiam comer...

Diaristas: “Novas Domésticas” em Tempos de Trabalho Precário?

Serviço Social em Revista, 2013

O presente artigo visa discorrer acerca das transformações ocorridas no mundo do trabalho, que alteraram as relações profissionais e a dinâmica de vida das diaristas. Aborda a temática a partir de três eixos analíticos centrais, quais sejam: informalidade, gênero e direitos trabalhistas. Tal discussão está embasada em estudos sobre o mundo do trabalho, o trabalho feminino na esfera doméstica e em pesquisa com trabalhadoras deste universo profissional. Com isso, apresentaremos a precarização e a ausência de direitos inerentes ao trabalho das diaristas, revelando as expressões da questão social a que estão submetidas. Deste modo, a ocupação diarista é aqui compreendida como uma mutação do emprego doméstico, com alterações advindas das transformações ocorridas no mundo do trabalho.

Desigualdade De Gênero e Raça/Etnia Nas Particularidades Do Trabalho Doméstico

Revista Direitos, Trabalho e Política Social

Resumo: O artigo analisa a configuração do trabalho doméstico sob a ótica das relações raciais, de classe e de gênero. De natureza qualitativa, a pesquisa se baseou em investigação bibliográfica e documental sobre o trabalho doméstico, marcado predominantemente pela reprodução e sustentação das desigualdades de raça/etnia, gênero, classe e geração e na realização de entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras domésticas negras do Distrito Federal. O trabalho doméstico remunerado, historicamente desvalorizado, compõe o cotidiano de mulheres que conciliam as jornadas laborais com atividades não remuneradas na esfera da reprodução social, como os afazeres domésticos, os cuidados com filhos e entes familiares, o que implica em extenuantes sobrecargas de trabalho e precarização existencial de suas vidas.

Notas Psicanalíticas Sobre O Tema Da Humilhação Social Na Contemporaneidade

2011

Resumo: Com este artigo, trazemos contribuicoes sobre o tema da humilhacao social a partir do referencial teorico da psicanalise. Re'etir sobre a humilhacao como uma dor do sujeito e, ainda, de muitos sujeitos, e pensar a humilhacao enquanto fenomeno social decorrente das tensoes e contradicoes da relacao inseparavel entre sujeito e sociedade. Com essa analise, buscamos afastar uma vitimizacao do humilhado e apontar processos subjetivos, sociais e politicos envolvidos, que contribuem para que o ser humano ocupe esse lugar de sofrimento extremo, inviabilizando seu deslocamento da posicao de objeto de gozo do Outro para a posicao de sujeito desejante. Palavras-chave: humilhacao; capitalismo; sociedade contemporânea; psicanalise.

As Trabalhadores Domésticas e a Dupla Face da Violência Doméstica em Tempos de Pandemia

Direito Público

Este artigo tem como objeto o trabalho doméstico em tempos de pandemia, tendo como objetivos: entender como o racismo operou no plano legislativo do trabalho doméstico no Brasil; demostrar a dupla violência doméstica que essa profissão está submetida, nos termos da Lei Maria da Penha, e indicar a essencialidade desse trabalho para a saída e a manutenção de outras mulheres no mercado de trabalho. Para isso foi realizado um levantamento da legislação que trata do trabalho doméstico no Brasil, a revisão de literatura sobre o trabalho doméstico no Brasil e a análise de dados secundários. No campo jurídico poucos são os estudos que versam sobre o trabalho doméstico (remunerado ou não) e a paridade de gêneros, que apesar de tão debatida no plano dessas carreiras não enfrenta os problemas das mulheres que exercem o trabalho doméstico remunerado nas suas diversas formas de cuidados exercidos por essas mulheres e invisibilizados através da categoria generalizante do trabalho doméstico.

A Oferta De Trabalho Como Um Produto Doméstico

2008

A oferta de trabalho é usualmente explicada pelo que sobra do tempo do agente econômico em decorrência das escolhas de bens e lazer. Uma forma alternativa de modelar a oferta de trabalho é definir atividades de consumo que usam, como insumos, bens comprados no mercado e o tempo do próprio agente. Apesar disso, a oferta de trabalho ainda é modelada exatamente da mesma forma: do tempo total disponível, subtrai-se o tempo destinado às atividades domésticas para chegar-se ao tempo vendido no mercado. Há pelo menos duas questões a serem levantadas sobre essa modelagem: a falta de uma função de produção específica para trabalho e a definição de trabalho pelo tempo destinado a ele.