Confissão e Desaparecimento, Literatura e Memória - contra o estado de exceção (original) (raw)
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Literatura, Memória e Resistência
Diadorim, 2017
Este artigo, articulando princípios estéticos e políticos, tem por objeto o estudo da forma como a literatura publicada após a Revolução dos Cravos promoveu uma releitura da sociedade moldada pelo salazarismo em Portugal. O corpus literário será analisado a partir de estudos que privilegiam uma base transdisciplinar, relacionando literatura, história, memória, geografia humana e política, e que darão destaque às interseções entre literatura e sociedade, aos enfrentamentos de modelos discursivos autoritários e/ou colonialistas e às interpelações intertextuais promovidas por essa produção.
2014
O objetivo deste artigo e analisar o funcionamento da censura ao teatro em Portugal a partir da analise de tres obras teatrais: La Casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca (apresentada em 1947); Las Quinas de Portugal, de Tirso de Molina (apresentada em 1968) e El Triciclo, de Fernando Arrabal (apresentada em 1968). O estudo esta centrado em dois momentos distintos do Estado Novo: o final dos anos 40, altura em que a organizacao censoria entra num processo de reestruturacao; e o periodo dos anos 60, durante o qual se verificou um recrudescimento dos processos censorios, muito em funcao de um fechamento do regime de Salazar. Este trabalho, baseado num estudo de fontes, pretende dar a conhecer a representacao dos processos censorios e os seus efeitos na sociedade e na cultura portuguesas.
Memória, ditadura e desaparecimento
Revista Limiar, 2021
O artigo tem como objetivo problematizar a conceituação dos processos de subjetivação por meio da análise das políticas públicas de memória. Argumentar-se-á que tais políticas, como têm sido praticadas nas democracias contemporâneas herdeiras de regimes autoritários, a saber, por meio de uma lógica de cálculos e estratégias utilizadas para conduzir a ação dos indivíduos, configuram regimes de congelamento do agir. Utilizar-se-á como objeto central do caso da Vala Clandestina de Perus. A proposição central é a de que, ao mesmo passo em que trazem alguma diminuição para o sofrimento dos atingidos, essas políticas produzem um regime de rarefação da criação de novos processos de subjetivação.
O Livro Perdido: Narração e Esquecimento Em Quatro-Olhos
Revista de Letras Norte@mentos
O presente artigo trata do romance Quatro-Olhos, de Renato Pompeu, publicado em 1976, a partir de uma perspectiva de análise da narrativa. O objetivo é delimitar recursos estéticos usados pelo peculiar foco narrativo da obra, que alterna primeira e terceira pessoas, registros formais e informais da língua, enredos lineares e não-lineares. Observou-se que a dicotomia memória e esquecimento assume papel central no livro, pois é a partir das lacunas da lembrança que a linguagem fragmenta-se, tornando a narração, em especial do primeiro capítulo, em um mosaico de informações que desafiam o leitor a tentar compor alguma linearidade de enredo.
Memória e verdade nas distopias literárias
As distopias literárias são obras que tratam de um futuro hipotético onde o controle exercido sobre os indivíduos é total e irrestrito. Tal controle tenta se estender inclusive sobre a memória dos sujeitos, como forma de controlar seu passado e por conseguinte, seu futuro. Em Admirável Mundo Novo, 1984 e Fahrenheit 451, a questão da memória é retomada constantemente por Huxley, Orwell e Bradbury, respectivamente. Em comum a estes autores está a função da memória de dotar a vida dos personagens de sentido, oferecer-lhes explicações e potencial crítico que acabam por culminar no confronto direto com os regimes que os oprimem. As memórias dos personagens se entrecruzam com o discurso oficial dos regimes distópicos, discurso este que insiste em suas próprias verdades e nega o factual em nome delas. Nos regimes distópicos evidencia-se a necessidade de haver um controle da verdade pelo grupo que detém o poder, com isso, todo saber não-oficial ou que seja desinteressante para os detentores do poder é sistematicamente abolido. Neste processo a história é modificada de modo que não existam vestígios materiais para provar ou negar o que está sendo dito e para que o passado possa, no futuro, continuar a ser alterado. É neste sentido que um dos slogans do Ingsoc, partido do controla a Oceania, em 1984 é "quem controla o passado, controla o futuro", que aprendese a ter ojeriza a tudo que é antigo em Admirável Mundo Novo e que a história é apenas copiada mecanicamente pelos alunos de Fahrenheit 451, ou que os museus tenham se convertido em meros acervos virtuais e que nas três distopias aqui citadas o controle ou extinção dos livros seja símbolo do fim da memória. Como conseqüência disso os personagens centrais destas obras tentam recompor debilmente suas memórias, amarrar seus fios frágeis como forma de resistência aos regimes que os oprimem. A memória é, nesses casos, expressão não dos fatos decorridos, já que não é possível provar os fatos lembrados, mas modo de expressão da subjetividade dos protagonistas e da sua afirmação enquanto indivíduos num meio que lhes é hostil e que exige um comportamento de massa.
Esquecimento" e Consagração De Mario Quintana Para Uma Outra História Da Literatura Brasileira
RESUMO: O presente estudo, de natureza bibliográfica, apresenta um levantamento de diversas histórias da literatura brasileira ou materiais relacionados ao tema, bem como de obras para-historiográficas, que apresentem visadas biobibliográficas ao poeta, a fim de analisar a postura da historiografia-literária brasileira em relação à figura de Mario Quintana. Procurou-se situar a história editorial do poeta gaúcho e também verificar qual é o tratamento ele que recebe na história literária nacional, a partir da hipótese de que as suas composições poéticas não recebem o devido registro em histórias da literatura ou em materiais contíguos. Ao longo do estudo, a premissa hipotética foi confirmada e, no intuito de apresentar novos olhares ao cânone nacional, este estudo tem por fun-ção primeira propor uma revisitação às considerações acerca da obra do poeta sul-rio-grandense, principalmente, àquelas relacionadas ao parâmetro crítico modernista, visando contribuir também para que os quintan...
2014
RESUMO: As reflexoes aqui suscitadas e fruto do esforco e desejo de debater as aproximacoes entre literatura e historia como possiveis territorios de interseccao. Na esteira desse fio condutor empreender um dialogo com O livro do riso e do esquecimento do escritor tcheco Milan Kundera, por meio da tematica da memoria e do esquecimento. O dialogo sera conduzido em duas frentes. A primeira relacionada as estrategias totalitarias dos usos e abusos do esquecimento e sua correspondente imediata, a memoria. A segunda frente esta relacionada aos mesmos aspectos, mas numa perspectiva inversa, a das subjetividades, tendo, o individuo como o pano de fundo. Um exercicio que oportuniza cruzar indagacoes literarias que atravessam problematizacoes da historiografia. Da mesma forma, situar a obra num contexto marcado por uma rachadura na episteme e na paisagem do seculo XX, onde os grandes temas da memoria se insurgiriam sobre o debate da historia.
Memória coletiva, escrita e Estado
Em Tese, 2022
Este artigo analisa o uso estratégico atual da memória coletiva – entendida como filosofia e ensino dos idosos e das idosas – como prática decolonial para recuperar, fortalecer, reposicionar e reconstruir a existência como direito ancestral. Como mostrado pelos autores, tal prática esforça-se para devolver a palavra, questionar a ordem atual imposta desde o Estado e agir na contramão da desterritorialização e a dispersão ancestral e sociocultural que ameaçam a existência como vida.
Literatura, memória, resistência (Breves apontamentos em tempo de crises)
Resumo: Nos tempos actuais de crises, ainda mais políticas do que financeiras, a literatura oferece possibilidades de resistência ao ativar processos de reavaliação do passado. Embora a memória cultural seja ainda insuficientemente explorada, a literatura atual lança possibilidades de questionar e trabalhar a memória. Uma perspetiva crítica transnacional, baseada na triangulação entre Brasil, Portugal e África, viabiliza uma conceptualização da condição pósimperial necessária para se poder pensar um presente e futuro diferentes e imunes às armadilhas nostálgicas. Esses processos críticos são explorados de vários modos em romances recentes Abstract: Literature, in the current time of crisis, political even more than financial, offers possibilities of resistance by engaging in processes of critical reevaluation of the past. Although cultural memory is still insufficiently explored, it is deployed and problematized in many works of contemporary literature. A transnational critical view of literature, drawing on a triangulation of Brazil, Portugal and Africa enables a conceptualization of a postimperial condition necessary to think a different present and future that avoids nostalgic entrapments. These processes are variously deployed in recent novels