Nau da Liberdade: travessia nômade entre teatro e saúde mental em desinstitucionalização / Nau of Freedom: nomad crossing between theater and mental health institutionalization (original) (raw)

Saúde mental, arte e desinstitucionalização: um relato estético-poético-teatral de uma ocupação da cidade

Ciencia & Saude Coletiva, 2022

<jats:p>Resumo Objetivou-se relatar a experiência de uma produção estética, poética e teatral de ocupação da cidade a partir de um dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial, com vistas a oferecer espaço de sociabilidade, produção e intervenção cultural. Trata-se de um relato de experiência a partir do Centro de Convivência e Cultura (CECCO) de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, dentro do campo da desinstitucionalização da loucura e da saúde mental. A intervenção urbana "O Pequeno Príncipe ocupa a Ribeira" foi inspirada na obra do escritor Saint-Exupéry. Os atos artísticos e criativos relatados aconteceram em dezembro de 2019. Experimentamos nessa intervenção os alcances de uma clínica-estética que, ao se abrir para a rua e para a arte, se amplia e se tece no território, instrumentalizado pelo teatro, dança, poesia, percussão, artesanato e ocupação da cidade. O movimento gerou no coletivo um "descer do palco" em direção à rua e se conecta com a desconstrução do modelo manicomial e produção da clínica dos afetos que buscamos sustentar no cotidiano do serviço.</jats:p>

Ruínas e identidades migrantes em Teatro, de Bernardo Carvalho, e Harmada, de Gilberto Noll

Migração e diversidade cultural na narrativa brasileira contemporânea, 2021

Este ensaio se concentra na ambivalência espacial como um reflexo da interação entre o global e o local em dois romances brasileiros dos anos 1990: Teatro (1998), de Bernardo Carvalho, e Harmada (1993), de Gilberto Noll. As duas obras apresentam cenários que são nacionalmente indefinidos e fictícios: a cidade de Harmada, no romance de Noll, e o país das maravilhas e suas terras limítrofes em Teatro, de Carvalho. O que vem à tona na interpretação dos dois romances é um profundo senso de ambivalência, uma tensão inquieta que une pertencimento e deslocamento, passado e presente, universal e particular. Esses romances refletem sua linha temporal na América Latina durante os anos 1990: uma década na qual a região seria cada vez mais confrontada com os males do neoliberalismo, à medida que foi sendo impulsionada para o mercado global.

Desinstitucionalização Psiquiátrica: Produção Cultural Na Diversidade

Revista Prâksis, 2019

O artigo centra-se sobre a produção cultural e estética de usuários de saúde mental em contextos psicossociais e sua relação com a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Trata-se de uma etnografia realizada na cidade de Novo Hamburgo que estuda a relação da criação visual e o sofrimento mental, e sua contribuição crítica para a pesquisa etnográfica em saúde mental e da arte na diversidade.

A PSIQUIATRIA E OS REFUGIADOS DO NAZISMO A QUESTÃO DA ARTE DEGENERADA

Conference: 19º Seminário Nacional da Ciência e da Tecnologia - Caderno de Resumoi, 2024

A comunicação visa discutir a noção de arte degenerada nos anos de 1930 e 1940. O trabalho se apoia nas discussões lombrosianas sobre os homens geniais e sobre a psiquiatria comparativa do final do XIX e sua oposição à arte moderna para, em seguida, discutir a trajetória de artista que buscaram exilio no Brasil.

Nós por nós ou nos editar: o Teatro das Oprimidas em mares descolonizadores

Revista Philos, 2019

Teatro das Oprimidas é um processo estético investigativo que valoriza, sob perspectiva subjetiva, os problemas vivenciados por mulheres para explicitar a complexidade das personagens e das situações vividas por elas. Ao mesmo tempo, esta estética prioriza a contextualização dos problemas para revelar os mecanismos de opressão. Um Teatro que nasce como resultado da urgência em desenvolver processos de representação teatral que não culpabilizem e penalizem as mulheres, nem individualize a encenação dos conflitos que as desafiam.

Contra a institucionalização da loucura: O papel do Teatro do Oprimido no resgate da cidadania do usuário da saúde mental

2018

Este trabalho de conclusão de curso é resultado de pesquisa bibliográfica,baseada em literaturasobre a saúde mental, em livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais, bem como no conhecimento empírico da autora sobre o uso do Teatro do Oprimido contra a institucionalização no campo da saúde mental. Objetiva-se conhecer a evolução histórica da política de saúde mental noBrasil, abordar alguns elementos inerentes da sociedade capitalista que contribuem para o adoecimento mental, bem como apreender a relevância da arte como prática terapêutica e ferramenta potencializadora no resgate da cidadania do usuário da saúde mental. Vimos que o teatro do oprimido tem caráter pedagógico, sua base teórica é a pedagogia do oprimido de Paulo Freire, na qual a premissa principal é o aprendizado do sujeito a partir da sua realidade, estimulando a sua reflexão crítica que possibilita uma ação transformadora, e por esse motivo é um elemento importante contra a instit...

Utopia e distopia na obra cinematográfica Nha Fala

Paragrafo Revista Cientifica De Comunicacao Social Da Fiam Faam, 2013

O presente artigo apresenta uma análise da comédia musical Nha Fala (2001), do cineasta guineense Flora Gomes, sob a perspectiva da utopia/distopia. Objetiva-se demonstrar sua complexa presença na narrativa cinematográfica a partir de elementos verbais e não-verbais relacionados à personagem principal (a jovem Vita) e à figura do líder pró-independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral (1924-1973). Palavras-Chave: Flora Gomes; Cinema Africano; Utopia; Distopia. [A] película pode atuar como um sismógrafo sensível dos movimentos de um artista do cinema diante dos rumos da sociedade e dos intricados sentimentos daqueles que vivem as expectativas do país. As suas antenas visionárias captam as sutilezas na forma artística, por meio da qual se exprime a complexidade da experiência histórica como uma totalidade simbolicamente condensada no filme.

Utopia da realidade : contribuições da desinstitucionalização para a invenção de serviços de saude mental

2003

Nas duas ultimas decadas, o campo da atencao psiquiatrica no Brasil tem sido marcado por um processo de criticas e de propostas de transformacao denominado reforma psiquiatrica. No final dos anos 1980, a insignia ?Por uma sociedade sem manicomios?, formulada pelo Movimento dos Trabalhadores em Saude Mental, produziu uma ruptura com os marcos conceituais e as estrategias politicas e operativas ate entao delineados e abriu um novo campo de possibilidades e de desafios eticos, teoricos, sociais, institucionais e juridicos. Na decada de 1990, a afirmacao dos direitos de cidadania das pessoas com transtornos mentais e a superacao do modelo asilar foram definidas com as principais diretrizes para o processo de reforma e para a implementacao da politica nacional de saude mental, engendrando mudancas significativas nas dimensoes assistencial, legislativa e sociocultural. Atualmente, nao obstante a difusao das proposicoes da reforma e a producao de um amplo conjunto de iniciativas, o panoram...

TEATRO DAS EMOÇÕES E EMOÇÕES NO TEATRO: DIÁLOGOS ENTRE NEUROCIÊNCIA E STANISLÁVSKI Goiânia/GO Maio de 2016

This research analyzes the perspectives of Stanislavski’ system as proposed by the Russian director Constantin Stanislavski (1863 – 1938) in dialogue with recent proposals of the neurobiology of emotions. It begins with the main definitions about emotions in western history, starting with Plato and reaching conceptions posed by the Portuguese neuroscientist Antonio Damásio (1944) who investigate the production and interpretations of the human emotions. The work focuses on the proposals of the “organic” interpretation by Stanislavski, mainly on the concept and procedures of what has been called emotive memory. This discussion is based on the findings of the French psychologist Théodule-Armand Ribot (1839- 1916), and his concept of affective memory (in French, la memoire affective; In Russian, Affectivnaia pamiat’) that underpinned the concept used by Stanislavski. At the end, the thesis establishes the neurobiological construction that pervade the Stanislavski’ system Este trabalho analisa as perspectivas do sistema Stanislávski propostas pelo encenador russo Constantin Stanislávski (1863-1938), estabelecendo-se um diálogo com as recentes pesquisas da neurobiologia das emoções. Faz-se um estudo do percurso histórico sobre as emoções na história do pensamento ocidental, partindo de Platão na história antiga e culminando na compreensão das concepções do neurocientista português Antônio Damásio (1944) sobre a produção e interpretação das emoções humanas. Em seguida, investiga-se as propostas de interpretação “orgânica” de Stanislávski, focando principalmente no conceito e procedimentos da chamada memória emotiva. Realiza-se um estudo das concepções do psicólogo francês Théodule-Armand Ribot (1839-1916) sobre o conceito de memória afetiva (em francês, la memoire affective; em russo, Affectivnaia pamiat’) que dá suporte ao conceito utilizado por Stanislávski. Ao final, traça-se um diálogo dos conhecimentos apresentados onde se compreendem as construções biológicas que permeiam o sistema.

Histórias, visibilidades e princípios operadores da desinstitucionalização em saúde mental: narrativas do possível

Saúde e Sociedade, 2020

Resumo Este escrito toma por objeto memórias de um percurso de trabalho que construiu processos de desinstitucionalização que visam não apenas o fim do manicômio, mas o desmonte da lógica manicomial. Para tanto, elegemos como método o compartilhamento de narrativas do vivido, acolhendo a convocação benjaminiana à responsabilização pela precariedade de uma posição discursiva, contra o tecnicismo e a generalização. Por um lado, as narrativas do cotidiano do fazer da desinstitucionalização evidenciam as cumplicidades entre os modelos jurídico-institucional e biopolítico do poder, apontados por Giorgio Agamben, na produção de vidas abandonáveis e matáveis, incluídas no ordenamento jurídico como exceção à lei, por referência à norma. Por outro lado, possibilitam recolhermos, como efeitos da experiência no narrar, alguns princípios que operaram na produção das condições de retorno à vida no território, de pessoas institucionalizadas sob os argumentos da incapacidade, da periculosidade e d...