Quem é o ingênuo, afinal? (original) (raw)
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De quando ser ingênuo é sublime
Trabalho apresentado no 12º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Estética (ABRE), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em outubro de 2015 e posteriormente publicado no volume 3 de "O trágico, o sublime e a melancolia". Resumo O presente trabalho procura analisar como se dá a relação entre os conceitos de ingênuo e sublime no pensamento de Friedrich Schiller. Para tal, passaremos pela breve exposição acerca do ingênuo dada por Kant na terceira Crítica, ressaltando a influência que essa concepção e essa obra como um todo exerceram na filosofia schilleriana. Isto feito, analisaremos o entendimento próprio de Schiller do conceito do ingênuo, presente no momento inicial de Sobre poesia ingênua e sentimental (1795/1796). Nossa hipótese é a de que os conceitos centrais da obra supracitada – ingênuo e sentimental – não devem ser entendidos de uma maneira estanque e antitética, ou seja, numa rápida associação entre o ingênuo e a teoria da beleza e a natureza, e o sentimental e a teoria do sublime e o suprassensível. Nesse sentido, seria possível pensar em uma sublimidade no próprio conceito de ingênuo, a qual surgiria em especial por conta do sentimento misto – presente tanto no sublime, quanto no ingênuo – que nos faz sentir, após um desconforto inicial, um momento posterior capaz de gerar prazer. Acreditamos que essa pode ser uma maneira de matizar melhor as interrelações entre os dois conceitos que Schiller usou para caracterizar os poetas antigos e modernos. Palavras-chave: ingênuo; sublime; moralidade.
estes dias de progresso velocíssimo, ninguém tem mais tempo para nada, e não é justo exigir, de pessoas atarefadas como os intelectuais brasileiros, que leiam este volumoso livro só para depois redigirem quinze ou vinte linhas que todo mundo já sabe de antemão o que vão dizer. Por esta razão, forneço aqui este formulário, onde essas amáveis criaturas poderão escolher, conforme o estado de seus respectivos fígados, as frases mais apropriadas a descrever o que sentem da obra e do autor. -O. de C.
Quem É Esse Tal De Terceiro, Afinal?
Revista de Letras
Este artigo tem por objetivo propor uma discussão sobre o conceito de terceiro/Terceiro a partir de diferentes abordagens. Nesse sentido, partindo de um empreendimento teórico em campos de estudos diversos (linguística textual, estudos do discurso, argumentação, retórica, filosofia, entre outros.) sugerimos um debate que busca compreender, ao menos sumariamente, o sentido de terceiro. Para tal, dividimos este trabalho em três momentos: a) a perspectiva dialética, que enxerga o terceiro como um alocutário indireto, como um mediador e como um papel de atuação; b) a perspectiva retórica, que o percebe como uma auditório transcendental, como uma espécie de seta direcionada a um alvo, como um tropo comunicacional e, ainda, como um árbitro-juiz; e, por fim, c) a perspectiva lógica, que trata meramente do terceiro excluído. A conclusão a que se chega é que muito há ainda a trilhar para que compreendamos quem é e que papéis exerce esse terceiro, esfinge devoradora fundamental. Palavras-cha...
Édipo Filósofo, Inocente Responsável
2021
In his two Oedipian tragedies (Oedipus Tyrannus and Oedipus Colonneus) Sophocles presents a complex portrait of human and political condition where we can think responsibility, will and guilt in their legal, philosophical and religious meanings. This article first contextualizes the tragic document and the history of the individual and Athenian law, then it analyzes of the case of Oedipus, especially by commenting his defense, as published in Oedipus Colonneus. Finally, both the pious attitude of the author, Sophocles, as well as the ambivalences of the human condition mimetized in the dramas, are pointed out. Key words: Oedipus, individual, responsibility, will, classical law.Sófocles apresenta em duas tragédias (Édipo Tirano e Édipo em Colono) o quadro complexo com que pensar responsabilidade, vontade e culpa em sentidos jurídico, filosófico e religioso. Este artigo contextualiza o documento trágico e a história do indivíduo e do direito ateniense, para então deter-se na análise d...
Jornal i, 2021
Os testes PCR assumiram um papel crucial no combate à pandemia de COVID-19. As discussões sobre os seus méritos e deméritos, a sua fiabilidade ou o seu valor como ferramenta de diagnóstico entraram nas conversas quotidianas, no mundo virtual das redes sociais e no espaço noticioso. Genericamente, os testes PCR são capazes de amplificar vestígios de material genético de diferentes origens, constituindo uma metodologia poderosíssima nos mais diferentes âmbitos. Um dos elementos centrais dos testes PCRs é uma proteína termorresistente de nome polimerase. A história da sua descoberta constitui uma demonstração eloquente de que por vezes linhas de investigação fundamental relativamente obscuras e motivadas pela curiosidade científica de alguns investigadores podem originar aplicações inesperadas e impactos enormes.
Incerto Miguilim: do impensado ao inventado
2017
Este artigo procura refletir acerca de uma nocao de indeterminacao que se da na materialidade da linguagem atuante na novela “Campo Geral” (1956), de Guimaraes Rosa. Os silencios e as dificuldades de pensar e de dizer presentes na narrativa sugerem uma atencao as experiencias vividas, de modo que aberturas possam surgir de formas de vida aparentemente estaveis. A partir do olhar do menino Miguilim, busca-se observar como a escrita de Rosa cria experiencias de passagem, fazendo transbordar uma linguagem que nao se insere na logica racional e utilitaria. O trabalho analisa a estranheza da sintaxe do texto como tentativa de materializar a perplexidade e a inquietude que tornariam viva a lingua escrita. No ato de fabulacao de Rosa e do personagem Miguilim, nota-se que a linguagem pode acessar outros mundos. Assim, pensar, lembrar e inventar sao meios de expor enigmas. Ao dar concretude ao que nao pode ser explicado, sao produzidas novas formas de vida, mais dispostas a vulnerabilidade; ...
Cadernos Cenpec | Nova série, 2006
Em dezembro de 2005, depois de dois anos viajando como clandestinos, matriculamos nosso filho na Escola. 1 Não que estivéssemos, nesses dois anos, escondidos no porão. Não. A nau é de insensatos generosos. Viajamos no convés, junto a todos, à brisa e a um ou outro tempo ruim. O relato que se vai ler, então, tem esse caráter de quase clandestinidade também: no mesmo barco, mas por ali, sem função específica alguma, sem responsabilidade (quase) nenhuma. Portanto, é bom, desde aqui, deixar claro o que não se deve esperar deste pequeno relato: objetividade; análise crítica; isenção; imparcialidade. Um relato pessoal, somente. Mas existe outra forma de se falar de uma experiência fundante?
2021
In the first book of the novel Aethiopica, Cnemon, the prisoner of the Nile pirates, becomes the interpreter of the protagonists Theagenes and Charicleia, to whom he recounts his misfortunes. Among the stories is the account of the trial to which he, an Athenian from a distinct family, was submitted on charges of attempted parricide. In the version of Cnemon, the judges are evidently taken by the πάθος and the ἦθος of the accusers, while he, as the defendant, has his speech rights curtailed. Analysis of this secondary account, which can be considered a novel within the novel, provides fundamental elements about the notion of δίκη. If, on the one hand, the immediate context of the judgment to which Cnemon makes reference leads to the conclusion that he was, in fact, harmed by human justice (Etiop., 1.13); on the other hand, the larger context of the account implies that he is protected and avenged by Δίκη (Etiop., 1.14.4). The reflection on the performance of justice, introduced in t...