Kubai nos encanta: uma história indígena em Comunicação Aumentativa e Alternativa (original) (raw)
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Boletim Do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 12(3), 765–787., 2017
Ethnomuseology is an approach to museum science that seeks to put indigenous people in dialog with their own heritage, whether it is already part of museum collections or in the process of being converted into cultural heritage. This article reflects on collaborative research carried out with Mebêngôkre-Kayapó and Baniwa consultants who visited the Goeldi Museum to carry out collaborative research on their own cultural heritage preserved in important collections of each respected group from the early twentieth century. In addition to noting differences between museological or scientific and indigenous concepts about museum objects, we also noticed a number of cultural differences in the way the two different indigenous groups related to the objects from their past. While both cultural groups attributed subjective characteristics to museum objects, for the Mebêngôkre-Kayapó this subjectivity expressed itself mostly in terms of possible threats to visitors of the museum collections. Mebêngôkre-Kayapó interlocutors were somewhat hesitant in handling museum objects, either because they were associated with dead individuals, or because they were assumed to be war trophies captured in the past from dangerous enemies. The Baniwa, by contrast, expressed great affection for 'grandpa's things', and they felt they had a right to handle objects that represent the heritage of patrilineal clans. This experience in ethnomuseology highlights the diversity of indigenous concepts, attitudes and expectations about museum collections and cultural heritage more generally. Resumo: A etnomuseologia é uma abordagem que visa engajar os povos indígenas em um diálogo com a sua cultura material, seja ela já musealizada ou em processo de patrimonialização. Este artigo reflete sobre uma experiência efetuada no acervo etnográfico do Museu Paraense Emílio Goeldi, quando interlocutores Mebêngôkre-Kayapó e Baniwa visitaram o Museu para realizar pesquisas colaborativas sobre importantes coleções de seus respectivos povos, as quais datam do início do século XX. Além de perceber diferenças entre conceitos museológicos, ou científicos, e indígenas sobre as peças e os processos de musealização, também foi possível observar uma série de diferenças culturais entre interlocutores Mebêngôkre-Kayapó e Baniwa no que concerne à maneira de se relacionar com os objetos (e sujeitos) de seu passado. Ambos os grupos atribuíram características subjetivas aos objetos no acervo, mas, no caso dos Mebêngôkre-Kayapó, a subjetividade das peças antigas representava uma ameaça aos visitantes do acervo. Os interlocutores 2 2 Mebêngôkre-Kayapó mostraram certo receio em manusear as peças, seja pela associação com pessoas mortas, seja pela percepção de que eram troféus de guerra capturados de inimigos perigosos. Os Baniwa, ao contrário, expressavam grande carinho com os 'objetos do vovô' e sentiam-se no direito de manusear as peças que representam o patrimônio de clãs patrilineais. Esta experiência em etnomuseologia comparada ressalta a diversidade de conceitos, atitudes e expectativas dos povos indígenas perante às coleções museológicas conservadas fora dos seus territórios e, de forma geral, em relação ao patrimônio cultural. Palavras-chave: Etnomuseologia. Coleções etnográficas. Povos indígenas. Mebêngôkre-Kayapó. Baniwa. Vídeo.
Birthing, corporality and care among the Guarani-Mbyá of southern Brazil
Vibrant, 2021
The continuous examination of the formation and development of the social sciences is part of the intellectual tradition of Brazilian anthropology. The inaugural landmark in the institutionalization of anthropological science in the country is usually taken to be the advent of higher education courses in social sciences in the 1930s. This article looks to contribute to the debate on the history of Brazilian anthropology by analysing the creation and functioning of the Institute of Anthropology at the Federal University of Santa Catarina in the 1960s. This analysis seeks to problematize the idea that the anthropology produced far from the major centres was ‘provincial,’ demonstrating the dynamics assumed in this context in the academic training and the research produced at this institute.
The "Ketu Nation" of Brazilian Candomblé in Historical Context
History in Africa, 2021
The Afro-Brazilian religion of Candomblé arose during the Atlantic slave trade and has unmistakable Yorùbá influences. In the city of Salvador, the term nação ketu [Ketu nation] is used among the oldest temples in describing Yorùbá heritage. This has led some scholars to assume that the founders came from the Yorùbá kingdom by that name. This paper critically examines the idea of Kétu origins, taking as a case study the temple Ilê Axé Iyá Nassô Oká, a national historic heritage site in Brazil that is recognized by UNESCO as a site of diasporic memory. The paper shows that the first generations of leadership were dominated by people from Ọ̀yo ̣́and that the term ketu emerged not as an allusion to ethnic origins but perhaps as a metaphor for a heterogeneous cultural context in which Yorùbá speakers from disparate regions lived in close coexistence. Résumé: La religion afro-brésilienne du Candomblé est née pendant la traite des esclaves de l'Atlantique et connait des influences yoruba indéniables. Dans la ville de Salvador, le terme nação ketu [nation Ketu] est utilisé parmi les plus anciens temples pour décrire l'héritage Yorùbá. Cela a conduit certains chercheurs à supposer que les fondateurs venaient du royaume Yorùbá de ce nom. Cet article examine de manière critique l'idée des origines de Kétu, en prenant comme étude de cas le temple Ilê Axé Iyá Nassô Oká, un site du patrimoine historique national du Brésil reconnu par l'Unesco comme site de mémoire diasporique. L'article montre que les premières générations de dirigeants de ce temple étaient dominées par des personnes d'Ọỳo ̣́et que le terme « ketu » n'est pas apparu comme une allusion aux origines ethniques, mais comme la métaphore d'un contexte culturel hétérogène dans lequel les locuteurs de yorùbá de régions disparates vivaient en étroite coexistence.
Ciência & Saúde Coletiva
Resumo Este artigo explora um dos aspectos mais interessantes e menos estudados no Brasil: as consequências das experiências complexas e contraditórias da substituição total de bebidas tradicionais indígenas pela cachaça, introduzida pelo contato interétnico. Contribui com a carência de ampliação de estudos na temática, analisando as consequências negativas do uso de álcool Maxakali. Enquanto estudos antropológicos enfatizam funções do beber tradicional e contemporâneo como “lubrificantes” sociais, as percepções sociais Maxakali ressaltam consequências negativas do uso da cachaça vendida ou trocada no contato interétnico. Interpretou-se no cotidiano, símbolos e significados dessas consequências, narradas por 21 lideranças em grupos focais. Com a substituição da Kaxmuk pelos Maxakali, ocorreram adaptações surgidas pelo contato interétnico, com relações negativas para quem bebe, suas família, aldeia e comunidade. No mundo-da-vida, as consequências negativas apresentaram-se em forma de...
Esta comunicação insere-se em um projeto maior que busca desenvolver uma etnografia comparativa dos contextos comunicativos das promessas e das bravatas no domínio da ação política. Meu foco neste momento é a noção de bravata e sua negociação ao longo do processo de cassação do deputado federal Sérgio Naya − sendo a concepção de promessa a referência comparativa, embora muitas vezes não explicitada. A promessa, sendo um ato de compromisso público firmado na anunciação de atos futuros, ou seja, na contração de uma dívida, realiza-se em uma temporalidade distinta da bravata. Esta, a bravata, é um ato de fala que confirmaria realizações passadas, afirmando compromissos cumpridos e, por tal procedimento, reforçando o "saber fazer" do político e seu potencial de renovar alianças e fazer novas promessas. Em que consiste o discurso da bravata, quais são os mecanismos internos que o estruturam e as circunstâncias que propiciam o seu surgimento, são algumas das indagações que orientarão a análise aqui desenvolvida 1 .
Corpo e Ancestralidade: Tradição e Criação nas Artes Cênicas
2017
Esta comunicacao expoe experiencias relacionadas a tradicao africano-brasileira de ascendencia nago/ioruba entrelacadas as bases de processos criativos na danca-arteeducacao. Trata-se de uma proposta pluricultural no campo das artes cenicas, aplicada ao longo dos anos, intitulada Corpo e Ancestralidade, a qual articula historias individuais com mitologia, memoria, dancas, cantos, gestos e ritmos tradicionais. A finalidade e enfatizar expressoes cenicas africano-brasileira contemporânea, que ressaltam linguagens esteticas enriquecidas por meio de exercicios tecnicos corporais criativos, experimentacoes e subjetividades. O objetivo e propor metodologias para o ensino das artes da cena, atraves do dialogo entre: o corpo e a criatividade, matrizes corporeo-vocais vivenciadas no cotidiano tradicional e a arte do movimento. O que reverbera uma comunicacao que se consolida na contemporaneidade, com identidade corporificada de valores e principios inaugurais da tradicao africano-brasileira.
Fazer história, escrever a história: sobre as figurações do historiador no Brasil oitocentista
Revista Brasileira de História, 2010
No Brasil oitocentista, a constituição de um regime historiográfico com pretensões científicas tornaria incontornável a questão das condições para a escrita da história nacional. Uma indagação não menos premente sobre como deveria ser o historiador também perpassava o debate. O objetivo do artigo é analisar as figurações que definiam qualidades e competências específicas para o estudo e a escrita da história, notadamente nas biografias de alguns "homens de letras", publicadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao longo do século XIX.
Tradução e alteridade: um projeto de tradução estrangeirizante da contística de Yvonne Vera
2016
Para cumprir o objetivo de traduzir a coletânea de contos Why Don’t You Carve Other Animals (1992), obra inaugural da laureada contista e romancista zimbabuense Yvonne Vera, e assim introduzi-la no sistema literario brasileiro, construimos um projeto de traducao, cujas linhas gerais apresentamos neste texto. A obra e composta por quinze contos4, escritos em elevado registro do ingles, idioma imposto pelo colonizador britânico e que permanece como lingua franca no pais, em que sao impressas referencias culturais do povo colonizado e, dentro desse grupo, da minoria feminina, duplamente oprimida, pelo colonizador, que vem de fora, e pelo sistema patriarcal tribal, predominante e tradicional na estrutura social do Zimbabue. O “universo do discurso” (LEFEVERE, 2007) representado e, principalmente, o autoctone, com vocabulos, crencas, habitos e situacoes proprios dos grupos etnicos, shona e ndebele. Existem ainda elementos da hibridizacao cultural entre colonos e colonizados, forjada na c...