Autonomia versus heteronomia: o princípio da moral em Kant e Levinas (original) (raw)

Autonomia versus heteronomia: o princípio da moral em Kant e Levinas // Autonomy versus heteronomy: the principle of morality in Kant and Levinas

CONJECTURA: filosofia e educação, 2013

Não apenas distantes no tempo, Kant e Levinas são distantes em suas respectivas propostas de ética. Este trabalho visa a analisar reflexivamente os princípios morais dos dois autores com o intuito de introduzir o acadêmico aos conceitos fundamentais em dois grandes expoentes da ética. Dessa forma, Kant propõe uma moral baseada na razão (pura prática), livre de toda inclinação sensível. Nada alheio à razão pode fundar uma lei. Por conseguinte, o único princípio da determinação da vontade é a lei moral, de forma que ser moral é ser racional. Logo, na medida em que as máximas do agir concordarem com a lei moral expressa no imperativo categórico, tem-se uma ação com valor moral. Levinas, por sua vez, faz uma crítica a toda a tradição ética pelo fato de ter subjugado o outro ao eu. Na tradição, o outro foi reduzido a "objeto", a conceito. Por isso, para Levinas, a ética é filosofia primeira, na qual afirma que o outro interpela e causa irrecusavelmente responsabilidade por ele. Tal responsabilidade é fundada antes mesmo do sujeito se constituir como eu consciente. Logo, o rosto do outro é um mandamento que exige minha responsabilidade.

Autonomia e Dignidade Em Kant e a Eutanásia Voluntária

2014

A discussao envolvendo a eutanasia levanta atualmente importantes questoes no campo da Bioetica. Alguns a enxergam como um instrumento de alivio para os que perderam a dignidade de viver; outros a veem como algo similar ao suicidio assistido. O termo "eutanasia" deriva do grego euthanasia e significa "boa morte", ou seja, uma morte sem sofrimento – mais precisamente, uma morte a fim de evitar um sofrimento desnecessario. Atualmente utilizam-se varias classificacoes para a eutanasia: eutanasia ativa e passiva; eutanasia voluntaria, nao-voluntaria e involuntaria. Muitos autores se referem ainda aos termos distanasia, mistanasia e ortotanasia. Entretanto, o presente trabalho tem por objetivo fixar o olhar apenas sobre a eutanasia voluntaria (que em alguns casos tambem e ativa), ja que esta enfrenta – talvez injustamente – uma situacao de muita controversia e polemica. Uma das razoes para a nao-aceitacao da eutanasia voluntaria reside no dogmatismo religioso. Outra r...

A ética existencialista de Luís de Araújo: da heteronomia à autonomia moral

2017

Resumo: O ser humano procura inteligibilidade e sentido para o absurdo do mal. A etica significa uma reflexao sobre a acao humana para construir projetos vitais de autenticidade e coerencia entre pensar, conhecer e agir, com o objetivo do bem comum e da felicidade. O autor propoe uma etica do bem e nao do dever, fundada na autonomia da razao pessoal e historica e nao na razao formal abstrata. Uma etica fundada na autonomia da vontade e da intersubjetividade, e nao na heteronomia de instâncias exteriores a consciencia livre e responsavel. Palavras Chave: Etica; Felicidade; Autonomia moral; Heteronomia moral; Valores

A responsabilidade anterior à liberdade em Levinas

Esse artigo objetiva explorar a tentativa de inversão no estatuto prioritário da liberdade em relação à responsabilidade proposta pelo filósofo franco-lituano Emmanuel Levinas, partindo da constatação da preeminência da liberdade como pressuposto do pensamento filosófico gerando um enfraquecimento da responsabilidade a ela inerente. Com o intuito de acentuar a dimensão de responsabilidade e salvaguardar as relações humanas da eminência da violência a que a supervalorização da liberdade pode conduzir é que Levinas, buscando inspiração na tradição hebraica, oferece uma alternativa onde a responsabilidade seja eticamente anterior à liberdade fruto de um pensamento orientado pela preeminência da alteridade sobre a subjetividade.

Autonomia, heteronomia: Observação sobre a relação entre corpo e estrutura na obra de Jacques Lacan

Resumo:Os anos de 1954 e 1955 correspondem a um momento da obra de Jacques Lacan que pode ser apontado como o auge do recurso mais direto à estrutura que, conformada pelos significantes, responde pela total determinação do sujeito. Neles, o "efeito de sujeito", a partir de sua própria definição, chega a dispensar explicitamente associações com o ser humano, em termos do que essa expressão pudesse indicar como suporte vital, qualquer que fosse. Com a construção do grafo do desejo (1957), o problema passa a receber uma nova configuração. Assiste-se, então, a uma insistente recuperação do papel do corpo na constituição do desejo a partir do modo como é pensada a relação deste com a necessidade e com a demanda. Este artigo aborda os termos dessa reinserção e procura indicar em que sentido ela começa a circunscrever um dos vetores da ultrapassagem da racionalidade estruturalista.

Liberdade e Virtude Na Filosofia Moral De Kant

Este artigo se propõe apresentar as feições que adquire a virtude na filosofia moral de Kant, para quem o fundamento da moralidade é a liberdade. Esta se qualifica para tanto uma vez que a moralidade diz respeito a um bem incondicionado, e, somente ela, que significa uma possibilidade de escapar ao determinismo do mundo empírico (condicionado) e se determinar pela própria resolução, é capaz de tornar possível tal espécie de bem, o bem moral. O que, por sua vez, faz da liberdade uma realidade e não uma quimera é a possibilidade de determinação da vontade humana de um modo puro, para além do encadeamento dos instintos, apetites e emoções humanos, o que só é possível por uma determinação puramente racional da vontade. Como o ser humano não é um ser puramente racional, a virtude assim vem a ser para ele um esforço que sempre tem que se reiniciar para fazer vencer o que há de superior nele, a autonomia da vontade possibilitada pelo uso puro e prático da razão.