Uma jornada pela confecção de um ex-libris indigenista (original) (raw)
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Um itinerário indigenista em busca da informação dos povos indígenas
Divulga-CI: Revista de Divulgação Científica em Ciência da Informação, 2023
Neste ensaio, farei breves pontuações do que têm sido reflexões e escritos intelectuais nos meus últimos anos: a produção documentária dos povos indígenas, alicerçada na formação de acervos institucionais por agências do Estado brasileiro.
Arquivo histórico e diferença indígena: repensando os outros da imaginação histórica ocidental
Revista de Teoria da História , 2019
Partindo da relação entre a história disciplinar, a prática historiográfica e a enunciação de um tipo de alteridade concebida como a-histórica, o texto pretende servir de introdução ao problema da diferença indígena a partir das lacunas existentes entre a linguagem conceitual do discurso histórico moderno e o universo existencial e cosmológico dessas sociedades "outras". Para tanto, busca-se demonstrar de que maneira a alteridade evocada pelas sociedades indígenas da Amazônia institui a exigência (e a oportunidade), para o pensamento histórico, de uma abertura para a desestabilização de seu próprio repertório conceitual. Esse movimento será efetivado a partir da comparação entre um certo ramo da moderna tradição histórico-filosófica e recentes contribuições de intelectuais indígenas e dos estudos antropológicos. Conclui-se que, se a questão da diferença indígena dificilmente pode ser suficientemente respondida no interior da perspectiva histórica tal como a concebemos (ou seja, de forma imanente à historiografia moderna), então urge a necessidade de uma abertura do pensamento histórico rumo a um desentendimento produtivo entre a identidade disciplinar e essa diferença que a tensiona. Palavras-chave: teoria da história; povos indígenas; Amazônia; modernidade; alteridade. HISTORICAL ARCHIVE AND INDIGENOUS DIFFERENCE: RETHINKING THE OTHERS OF WESTERN HISTORICAL IMAGINATION ABSTRACT: Starting from the relationship between disciplinary history, historiographical practice and the enunciation of a type of otherness conceived as ahistorical, the text intends to serve as an introduction to the problem of indigenous difference through the gaps between the conceptual language of modern historical discourse and the existential and cosmological universe of these "others". To this end, I seek to demonstrate how the alterity evoked by indigenous Amazonian societies institutes the demand (and the opportunity) for historical thinking to open up itself to the destabilization of its own conceptual repertoire. This movement will be accomplished through the comparison between a certain branch of the modern historical-philosophical tradition and recent contributions of indigenous intellectuals and anthropological studies. It is concluded that if the question of indigenous difference can hardly be sufficiently answered within the historical perspective as we conceive it (that is, immanent to modern historiography), then there is a need for an openness of historical thought towards a productive misunderstanding between the disciplinary identity and this tensioning alterity.
Editar livros com os índios: caminhos do pensamento vivo
Boitatá
Os livros produzidos e editados com os professores indígenas na Universidade Federal de Minas Gerais, com o objetivo de fortalecer o ensino das línguas originárias no Brasil, bem como a educação intercultural, têm especificidades que levam a pensar sobre a natureza tradutória do processo editorial. A materialidade da literatura indígena contemporânea, o objeto livro, tem ressignificado, para os pesquisadores do núcleo transdisciplinar de pesquisas Literaterras: escrita, leitura, traduções, o termo projeto gráfico. Para refletir sobre os processos editoriais dos livros indígenas, este ensaio relata brevemente três experiências significativas para o referido núcleo.
FÁBRICA DA FLORESTA: A edição de livros indígenas como prática orgânica
FÁBRICA DA FLORESTA: A edição de livros indígenas como prática orgânica, 2021
Fruto das lutas e conquistas políticas dos povos indígenas do final do século XX há hoje uma vasta bibliografia de autoria indígena no Brasil. Parte dela, identificada nesta tese como Literatura Indígena, tem sido publicada, desde a década de 1990, por editoras comerciais; a outra, aqui chamada de Livros da Floresta, é realizada no contexto das escolas diferenciadas indígenas desde o final dos anos 1970. A presente tese se dedica ao estudo dessa bibliografia do ponto de vista de suas características editoriais, comparando os modos de produção industrial por meio da qual a Literatura Indígena é publicada ao modo orgânico e coletivo da edição dos Livros da Floresta. Sem buscar criar hierarquias de valor entre elas, a comparação visa demonstrar como ambas são complementares do ponto de vista político. Dedicando-se ao aprofundamento das características editoriais dos Livros da Floresta, demonstra como a edição é deslocada de uma trajetória histórica do uso da escrita e do livro como ferramentas de colonização, e passa a ser um método de reflexão e revitalização de conhecimentos e línguas indígenas. Para tanto, tendo como fonte bibliográfica principalmente os paratextos editoriais presentes em tais publicações, realiza uma descrição dos processos de edição dos Livros da Floresta, dando destaque à construção da autoria – por meio do nome de autor – e ao trabalho de preparação de textos. A tese inclui dois apêndices contendo, o primeiro, a relação dos Livros da Floresta estudados ao longo dos capítulos e, o segundo, um levantamento bibliográfico das publicações indígenas contemporâneas no Brasil.
Antes o mundo não existia: imaginário das línguas e livros de autoria indígena
Raído
Ainda que permaneça demasiadamente aberta a pergunta sobre o que seja um livro indígena (seja pela presença indígena como tema, autoria, personagem, etc), tais livros ocupam cada vez mais a cena literária brasileira. É sabido que apenas a partir do final da década de 1970, a figura do autor indígena surge no mercado editorial brasileiro. A literatura de autoria indígena, registrada e transmitida por meio de livros, como ato político, tradutório e (inter)cultural por excelência, permite-nos pensar a escrita literária como índice identitário, isto é, como construção de imagem de si e como abertura ao outro, como relação? Por essa via, propomos a leitura dos livros de autorias indígenas, como ato performático que deseja dialogar de modo emancipatório com uma comunidade de leitores, em meio a diferenças culturais irredutíveis e em meio à invenção de regimes discursivos heteróclitos, verbais e visuais. No momento em que a pergunta sobre a autoria indígena parece se colocar, por fim, como...