Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) No Brasil Após 60 Anos De Sua Primeira Descrição Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) No Brasil Após 60 Anos De Sua Primeira Descrição Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) No Brasil Após 60 Anos De Sua Primeira Descrição Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) No Brasil Após... (original) (raw)
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Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) No Brasil Após 60 Anos De Sua Primeira Descrição
2009
A leishmaniose cutânea difusa (LCD) é uma forma rara da leishmaniose tegumentar (LT), descrita em alguns países da América e África. No continente americano é causada pelo complexo Leishmania (Leishmania mexicana, L. pifanoi, L. amazonensis), transmitida no Brasil pelo Lutzomyia flaviscutellata. Realizou-se um estudo retrospectivo dos casos relatados de LCD no Brasil desde 1945 (1ª descrição), com o objetivo de avaliar a doença em nosso país. Foram estudados quarenta casos provenientes dos seguintes estados: Maranhão 16 (40%); Pará 8 (20%); Bahia 5 (12,5%); Mato Grosso 4 (10%); Tocantins 2 (5%); Acre 1 (2,5%); Amapá 1 (2,5%); Amazonas 1 (2,5%); Espírito Santo 1 (2,5%) e Pernambuco 1 (2,5%). A proporção entre masculino/feminino foi 2,4:1, média de idade 24 anos (6↔ ↔ ↔ ↔ ↔75 anos), a faixa etária de maior comprometimento foi de 11↔ ↔ ↔ ↔ ↔30 anos (47,5%). As apresentações clínicas mais prevalentes foram: nódulos (81%), placas infiltradas (67,6%), úlceras (40,6%), tubérculos (46%), havendo predomínio nos membros inferiores e face (67,7%), e membros superiores (61,3%). Em 14 (35%) pacientes houve comprometimento mucoso, (um caso da perfuração septal). Exames laboratoriais: esfregaço/Leishmania realizado e (+) em todos os casos, intradermorreação de Montenegro (IDRM) em 31 (77,5%) pacientes, 27 (87%) negativos, 1 (3,4%) falso positivo; 3 (9,6%) negativo/positivo. Cultivo em meios artificiais, sorologia (RIFI/ELISA), e inoculação de hamster (Cricetus auratus) em 23 (57,5%) pacientes (100% positividade). Em relação aos esquemas terapêuticos utilizados, tivemos: antimonials trivalente (tártaro emético, fuadina, neostibosan, reprodal); anfotericina B, anfotericina B lipossomal, pentamidina (isotionato), aminosidina (sulfato), antimoniais pentavalentes (Glucantime ®), imunoterapia, imunoterapia + antimonial pentavalente. Como conclusão: Observou-se refratariedade a todos os esquemas terapêuticos utilizados; a L. amazonensis é a responsável pela doença no Brasil; o tratamento permanece um desafio. Palavras-chave: leishmaniose cutânea difusa (LCD), Leishmania amazonensis, Lutzomyia flaviscutellata, Brasil. Diffuse cutaneous leishmaniasis (DCL) is a rare form of cutaneous leishmaniasis (CL), being scattered in some countries in America and Africa. In our continent it is caused by the Leishmania complex (Leishmania mexicana, L. pifanoi, L. amazonensis) transmitted in Brazil by the bite of Lutzomyia flaviscutellata sandflies. We performed a retrospective review of all cases related in Brazil since 1945 with the aim to study the reality of DCL. Fourty cases described in our country were evaluated, proceeding from the following states: Maranhão 16 (40%); Pará 8 (20%); Bahia 5 (12.5%); Mato Grosso 4 (10%); Tocantins 2 (5%); Acre 1 (2.5%); Amapa 1 (2.5%); Amazonas 1 (2.5%); Espirito Santo 1 (2.5%) and Pernambuco 1 (2.5%). The male/ female ratio was 2.4:1, mean of age 24 years (range 6-75 years) the age of most affected patients ranged from 11 to 30 years (47.5%). The most prevalent clinical presentations were nodes (81%), plaques (67.6%), ulcers (40.6%), tubercles (46%). The lesions were predominantly localized on anterior aspect of legs and face (67.7%) and upper limbs (61.3%). Fourteen mucosal lesions were related, with only one case of septal perforation. For laboratorial, scraping was performed in all cases, Montenegro skin test in 31 patients (77.5%), 27 (87%) negative, 1 (3.4%) false positive; 3 (9.6%) positive-negative. Culture, serology, hamster inoculation (Cricetus auratus) were also performed (23 patients each) with 100% positivity. The therapeutic approaches included trivalent antimonials (potassium tartarate, fuadina, neostibosan, reprodal) amphotericin B, lipossomal amphotericin B, pentamidine (isethionate), aminosidine (sulphate), pentavalent antimonials (Glucantime ®), immunotherapy, immunotherapy+pentavalent antimonials. The follow up of the patients was refractory to all the therapeutic approaches. Thus, it was demonstrated that L. amazonensis is the responsible for the disease and the treatment remains a challenge.
2009
Leishmaniose cutânea difusa (LCD) é uma forma rara da leishmaniose tegumentar (LT), encontrada em alguns países das Américas e África. No nosso continente é causada pelo complexo Leishmania (espécies -Leishmania mexicana, L. pifanoi e L. amazonensis) transmitida no Brasil pela picada do inseto Lutzomyia flaviscutellata, sendo caracterizada por lesões cutâneas, múltiplas e progressivas em extensa área do corpo. O tratamento medicamentoso produz remissão transitória, os freqüentes fracassos no tratamento são observados com reflexos na ausência de parâmetros de cura. Objetivo: Descrever a ocorrência da cura clínica em 4 (40%) pacientes de um total de 10 pacientes com LCD acompanhados no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. Material e Métodos: Foram analisadas, variáveis relacionadas ao tempo de doença, tipo e distribuição de lesões, esquemas terapêuticos que os pacientes foram submetidos, e o tempo de evolução de cura clínica. Resultados: Observou-se diferenças quanto ao gênero, havendo predomínio do masculino no grupo do curados. Em relação à diferença entre a idade do começo da doença e a idade de inclusão do estudo, a maior média foi observada no grupo de pacientes curados. As hipóteses foram discutidas quanto às peculiaridades clínicas, tratamentos específicos instituídos e a possível correlação de ocorrência de cura. Conclusões: Os autores enfatizam a importância de futuros estudos visando definir os critérios de cura na LCD, e as dificuldades no manejo clínico que permanece como um desafio da prática médica. Palavras-chave: leishmaniose cutânea difusa, Leishmania (Leishmania) amazonensis, cura clínica, estado do Maranhão, Brasil.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 1992
Os Autores fazem um estudo retrospectivo e prospectivo de 6 pacientes portadores de leishmaniose cutânea difusa, observados no Estado do Maranhão a partir de 1974. Os casos abordados são oriundos de diversas regiões do estado, observando-se em todos eles o envolvimento da leishmania (Leishmania) amazonensis, sendo que 5 (84%) dos pacientes apresentaram início de doença na 1ª década de vida. Em todos os pacientes envolvidos no estudo, houve relato de lesão inicial nodular única, que, posteriormente, em período variável de tempo, disseminou-se adquirindo outros aspectos. Evolutivamente apresentaram múltiplas lesões nodulares e ulceradas, intradermorreação de Montenegro(-) e refratariedade aos esquemas terapêuticos utilizados até ao presente momento.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 1993
Os autores relatam o caso de um paciente procedente do Município de Barreirinhas, MA, portador de leishmaniose cutânea disseminada, que apresentava 58 lesões distribuídas pelo corpo, sob os mais variados aspectos com predominância da lesão ulcerada. Discutem a dificuldade do diagnóstico laboratorial na fase inicial da investigação e suas implicações com a terapêutica. O parasita isolado e caracterizado pela técnica de anticorpos monoclonais foi a Leishmania viannia braziliensis. Esta forma da doença é diferente da leishmaniose cutânea difusa, encontrada no Maranhão, cujo agente etiológico é a Leishmania (Leishmania) amazonensis, responsável pela grande maioria dos casos de leishmaniose tegumentar naquele Estado. Os possíveis mecanismos de disseminação das lesões são também discutidos neste trabalho.
Aspectos Fundamentais Da Leishmaniose Cutânea No Brasil
Ações de Saúde e Geração de Conhecimento nas Ciências Médicas 3, 2020
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2019
Resumo Casos pioneiros de leishmaniose cutânea e mucocutânea nas Américas foram descritos em São Paulo, em 1909; somente em 1934, um patologista do Serviço de Febre Amarela encontrou a leishmaniose visceral no Brasil. Processos históricos concernentes a essas formas ganharam mais vigor institucional nos anos 1930. Se a Comissão para o Estudo da Leishmaniose consolidou o conceito de leishmaniose tegumentar americana, a Comissão Encarregada do Estudo da Leishmaniose Visceral Americana, chefiada por Evandro Chagas, deu origem ao Instituto de Patologia Experimental do Norte (1936) e ao Serviço de Estudo das Grandes Endemias (1938). A leishmaniose visceral ganhou crescente relevância no Nordeste brasileiro, nos anos 1950. Medidas de controle dos vetores por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) ocorreram a reboque da campanha contra a malária, direcionadas também a cães, sacrificados massivamente, e humanos, tratados com drogas antimoniais. Grandes empreendimentos no interior do Brasil apó...
A Leishmaniose Cutânea e a População Brasileira Nas Últimas Décadas
2023
INTRODUÇÃO: A Leishmaniose é uma doença parasitária relacionada a pobreza e, portanto, negligenciada, responsável por acometer cerca de 100 países endêmicos. Suas apresentações mais comuns são a leishmaniose visceral e a leishmaniose cutânea (LC). A LC é uma doença tropical que aumentou significativamente o número de afetados nas últimas décadas, com um aumento na prevalência global de 1990 a 2013 de 174,2%. OBJETIVO: Descrever a incidência de internamentos por LC de acordo com as diferentes regiões do Brasil entre 2007 e 2021, analisando os grupos mais afetados, bem como as políticas de saúde implementadas para controle da doença neste período. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional descritivo, cujo os dados foram coletados pela plataforma do DataSUS, bem como boletins epidemiológicos da Organização Pan-Americana de Saúde. A coleta foi iniciada a partir do Sistema de Informação Hospitalar (SIH), através dos dados de morbidade hospitalar por local de residência entre janeiro de 2007 a dezembro de 2021. RESULTADOS: A Leishmaniose cutânea é uma doença ainda presente e negligenciada na sociedade brasileira. Entre os anos de 2007 e 2021, foram registrados 6.489 casos de internamento no país. A região com maior número de casos foi a Sudeste com 2.360 pacientes que representam 36,4% de todos os casos. A segunda região com mais casos foi o Nordeste com 2.187, seguido do Norte, Centro-Oeste e Sul, respectivamente. LC é caracterizada por acometer mais homens do que mulheres em uma taxa de 1,9:1, respectivamente. Ademais, o pico de casos por faixa etária acometida situa-se de forma geral entre 50 e 69, com uma peculiaridade para o Nordeste que apresenta outro pico em crianças de 1 a 4 anos. O custo médio de internamento de um paciente com LC é de R$ 428,33, custando anualmente cerca de R$200,000 aos cofres públicos. Embora não seja fatal, a LC é tratada para acelerar a cura, reduzir cicatrizes, especialmente em locais estéticos, e prevenir a disseminação do parasita ou recidiva. CONCLUSÃO: A LC permanece como uma doença negligenciada, acometendo a população mais vulnerável do país, acometendo regiões com pouco acesso saúde e conscientização sobre a gravidade da doença.
Mimetismo apoptótico como possível mecanismo imunopatogênico da Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD)
2009
Diffuse Cutaneous Leishmaniasis (DCL) is a rare clinical manifestation of Leishmaniasis, characterized by a number of macrophages heavily parasitized. It has been suggested that DCL results from a lack of cell-mediated immunity to leishmanial antigen, leading to uncontrolled parasite growth. In Brazil, Leishmania (Leishmania) amazonensis is the main specie involved in DCL cases. In this review we approached the role of programmed cell death by apoptosis as a possible immunopathogenic mechanism in the L. amazonensis infection. Similarly to the exposure and recognition of apoptotic cells, L. amazonensis amastigotes expose PS on its surface, in a mechanism called “Apoptotic Mimicry” which drives macrophage deactivation and allows the infection establishment and maintenance. In this context, the study of PS exposure in the isolates of L. amazonensis of patients with DCL may contribute in the elucidation of suppressor mechanisms in this pathology.