O português, sua variação e seu ensino na África: exemplos de Angola, Caboverde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe (original) (raw)

OLIVEIRA, Márcia Santos Duarte de; ARAUJO, Gabriel Antunes de. O Português na África Atlântica: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. São Paulo: Humanitas, 2018. 381p

2020

OLIVEIRA, Marcia Santos Duarte; ARAUJO, Gabriel Antunes. O Portugues na Africa Atlântica: Angola, Cabo Verde, Guine-Bissau e Sao Tome e Principe. Sao Paulo: Humanitas, 2018. 381p. Resenha.

A participação das línguas africanas na formação do Português Brasileiro

O presente trabalho visa analisar a contribuição das línguas africanas no português brasileiro. Apresentam-se as questões socio-históricas do contacto entre línguas no Brasil e introduzem-se as hipóteses sobre a constituição do PB, observando, em torno desse tema, uma questão polêmica. Abordam-se os conceitos de crioulização, deriva secular e transmissão linguística irregular. São comentados os aspectos fonéticos, morfossintáticos e lexicais onde aparecem as possíveis influências das línguas africanas.

Implantação da língua portuguesa em África e formação da realidade linguística da Guiné-Bissau

Ao longo da história das Grandes Descobertas, quatro países da Europa Ocidental foram fundadores de outros impérios, no seio dos quais se criaram novos povos, hoje independentes, unidos por laços linguísticos, culturais e espirituais. Três destes impérios eram latinos e partilhavam quase em igualdade mais de um quarto do território mundial onde habita hoje mais de 16% da população do mundo. Não se pode ignorar que Portugal foi o mais pequeno e o menos povoado dos países que naquela altura chegaram a ser potências internacionais. Apesar da relativa fraqueza de meios materiais, os portugueses criaram um conjunto cem vezes mais vasto e vinte vezes mais povoado do que a Lusitânia. Desde o século XVI até ao século XVIII o português foi, em versões mais ou menos diversificadas, língua internacional no Oriente, nas costas de África, ou pelo menos na sua costa ocidental, e nas principais rotas marítimas. Aprenderam-no franceses, holandeses e ingleses para poderem penetrar nas terras portuguesas. 1 Mesmo quando outras línguas europeias começaram a predominar no ultramar, as variedades do português continuaram a ser faladas. Hoje em dia existe, como consequência, uma realidade mundial que podemos designar como a comunidade internacional dos lusófonos (TEYSSIER, 1985:45) e que se funda tanto na consciência de um passado histórico quanto na posse de certos valores de civilização dos quais os seus membros são herdeiros comuns. É de admirar que nesta realidade tão diversificada do lusomundialismo, os povos consigam manter uma relativa unidade linguística e, ao mesmo tempo, salvaguardar a personalidade de cada uma das nações, com escrupuloso respeito pela pluralidade das culturas. África constitui, no conjunto dos territórios lusófonos, um caso particular. A dispersão da língua portuguesa pelo mundo começou com a conquista de Ceuta em 1415, seguida da colonização da Madeira e logo, um século depois, da abertura da rota do Cabo para o Índico, descoberta do Brasil e povoação das ilhas atlânticas, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, 1 Cf. M. F. Valkhoff citado por Matthias Perl (1982: 7) ao fazer referência à situação da lingual portuguesa nos séculos XVI e XVII: "Practically there were three types of Portuguese in use in most of the countries. First literary or High Portuguese, which was of course the mother tongue of the Portuguese officials, soldiers, merchants and sailors. It was the written language par excellence, and even Danish Protestant missionaries (e.g. in Tranquebar) and Dutch ones (e.g. in Ceylon and at Batavia) had to translate parts of the Bible and other religious texts into that language. Between the correct usage of Portuguese officials or traders and the pure Creole of St. Thomas Island, for instance, which has become a different language, we find a gradation of varieties of more or less broken Portuguese. Accordingly, we encounter a certain number of references to Semi-Creole, a type of language intermediate between pure Creole and High Portuguese". Congo, Angola e Moçambique. Em 1441, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco, alcançando a Senegâmbia em 1445. Nesse mesmo ano, Dinis Dias explorou a costa africana até Cabo Verde. Em 1470, foram descobertas as ilhas de Ano Bom e São Tomé e Príncipe. Diogo Cão, no mesmo ano, colocou o primeiro padrão na foz do rio Zaire. Doze anos mais tarde, fundouse o Castelo da Mina na Costa do Marfim. Em 1488, João Afonso de Aveiro chegou às terras de Benim e, no mesmo ano, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo das Tormentas a que se pôs o nome de Cabo da Boa Esperança. Só em 1576 se fundou Luanda, " a mais antiga cidade de estilo europeu na África Negra" (LOURENÇO, 1992:41). Em 1587-88 construiu-se Cacheu que era um posto comercial para transacções com o interior da Guiné-Bissau. O segundo forte foi construído em Bissau só em 1766. Portugal partia da Europa rumo ao desconhecido,

Africanidades na aula de português: do livro didático à prática em sala de aula

2014

Anais do II Seminário Seminário Estadual PIBID do Paraná: tecendo saberes / organizado por Dulcyene Maria Ribeiro e Catarina Costa Fernandes — Foz do Iguaçu: Unioeste; Unila, 2014O presente trabalho tem como objetivo analisar a forma que o negro é representado o nos livros didáticos de português e como a diversidade e identidades étnico-racial e cultural está sendo trabalhada no contexto escolar, através deste instrumento, dentro das atividades do PIBID. Apresenta algumas das leituras iniciadas sobre a representação do negro no livro didático, demonstrando que a mesmo ainda permanece muito presa a estereótipos, ainda que apontem o potencial do livro didático para quebrar paradigmas. Brevemente discorremos sobre a necessidade de se observar as interações e discursos sobre a questão racial presentes na sala de aula, bem como o papel da língua/gem na construção social de identidades. Finaliza com algumas considerações sobre a necessidade de um olhar crítico sobre os materiais utilizado...

Corpus África: As Cinco Variedades Africanas Do Português

Subtipos de verbos de …

de Lisboa 1 , é constituído por cinco subcorpora orais e escritos das variedades africanas do português (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), englobando mais de 3.000.000 de palavras. Estes subcorpora são comparáveis entre si, em dimensão (cerca de 640.000 palavras cada um), cronologia (últimos 20 anos), distribuição (língua falada -língua escrita) e estrutura interna (língua falada: 4%, essencialmente constituída por discurso informal; língua escrita: 96%, distribuída por 19% de livros literários, 52% de jornais e 25% de varia).

Línguas africanas e a estrutura V+NEG no português do Brasil e d’Angola

Papia Revista Brasileira De Estudos Crioulos E Similares, 2011

Linguistic research in Brazil shows that the variety of Portuguese spoken in the state of Bahia has a type of final negation that is absent in European Portuguese. Using historical facts and comparing Brazilian Portuguese data with data from the Portuguese of Angola, in this study we attempt to prove the hypotheses that African languages have contributed to the great similarities between these two variants.

A experiência em África para as línguas de Helder e Coetzee

O presente ensaio aborda a relação que o escritor português Herberto Helder e o sul-africano J. M. Coetzee estabelecem com a linguagem, a partir de suas experiências em África. Ao comparar obras dos dois autores, objetiva-se perceber como as práticas e fatos decorrentes da permanência em África condicionam, no caso de Helder, seu método tradutório e, em Coetzee, o estatuto de indiscernibilidade e impropriedade que a língua assume em sua obra.

Um olhar para a prática do ensino de africanidades através dos gêneros textuais nas aulas de língua portuguesa

2014

Anais do II Seminário Seminário Estadual PIBID do Paraná: tecendo saberes / organizado por Dulcyene Maria Ribeiro e Catarina Costa Fernandes — Foz do Iguaçu: Unioeste; Unila, 2014O objetivo deste trabalho é identificar as africanidades (SILVA, 2005) que são abordadas nas aulas de língua portuguesa de uma escola estadual da cidade de Ponta Grossa. Este trabalho faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na subárea de Letras Português – Espanhol. O foco neste trabalho é o atendimento da Lei 10.639/03 e sua aplicabilidade a partir do ensino e aprendizagem dos gêneros textuais. O referencial teórico-metodológico está sendo construído a partir de Silva (2005), Bakhtin (1997), Marcuschi (2008), Bagno (2013), dentre outros. O trabalho está em fase inicial, assim os resultados são relativos ao levantamento bibliográfico e o estabelecido pelas diretrizes teórico-metodológica