Os processos de (re)tradicionalização e patrimonialização no carnaval dos blocos de rua no Rio de Janeiro (original) (raw)
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A construção e ocupação do lugar carnavalesco pelos blocos de rua da cidade do Rio de Janeiro
IV Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades, 2015
O objetivo do artigo é pontuar a discussão dos processos de produção de hegemonias e estratégias de construção de relações de poder dentro do campo do carnaval carioca, tendo como foco a construção e a ocupação do lugar carnavalesco da folia carioca pelos blocos de rua. Para este debate, inicialmente serão promovidas considerações sobre os processos hegemônicos de representação identitária do carnaval carioca edificados a partir dos blocos de rua e da subalternização de outras manifestações carnavalescas que tem a rua como lugar, enquanto espaço socialmente construído. Posteriormente, serão estabelecidos os fluxos de subalternização estabelecidos pelos poderes públicos e pelas classes dominantes com relação aos blocos de rua, considerando que os mesmos, apesar de apresentarem um discurso de resistência ao carnaval hierarquizado das escolas de samba, também empreendem processos de negociações no intuito de legitimarem a ocupação das ruas da cidade no período carnavalesco.
Revista Lusófona de Estudos Culturais, 2019
A partir da proposta da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro de criar uma arena para desfile de blocos carnavalescos, para o carnaval de 2018, projeto que ficou conhecido como “Blocódromo”, visamos identificar que aspectos deste empreendimento – que não saiu do papel – ganharam vida no carnaval de 2019. Para tanto, abordaremos esta manifestação carnavalesca como objeto de ressignificações na sociedade contemporânea, o que se revela de modo evidente nos variados estágios de reformulação do projeto Arena Carnaval Rio, tanto em 2018 (o que inclui mudanças estruturais e de data) como em 2019, quando recebeu um outro formato, cuja implementação esbarrou em novos processos de negociação. A partir daí, utilizando alguns blocos de carnaval, analisaremos a ideia de apropriação destes grupos como produtos de interesse mercadológico, tanto por empresas privadas quanto pelo poder público, destacando questões como a perda de controle sobre práticas culturais assim como os efeitos da mercantili...
2016
Resumo: Este artigo tem como objeto de estudo investigar a producao dos territorios culturais atraves dos festejos carnavalescos na Paris dos tropicos, a cidade do Rio de Janeiro, durante o periodo compreendido entre idos dos anos de 1840 ate 1855, quando houve como fenomeno recorrente uma mudanca de concepcao e assim, oposicao no uso do espaco produzido da cidade durante o periodo momesco. Justifica- se esse recorte temporal como a primeira producao de diferentes territorios pela folia na capital do imperio, o embate entre entrudo e os bailes de mascara, desta forma observa-se a construcao da identidade pelos festejos durante os referidos embates. Este periodo foi marcado por uma intensa disputa de como festejar e legitimar o verdadeiro carnaval. A elite trocou os limoes de cheiro e passou a ocupar o espaco com o uso das mascaras decoradas dos bailes nos teatros, importados a moda francesa. Enquanto que as demais camadas da sociedade ainda se divertiam em suas molhadelas caracteri...
Gestão e Sociedade, 2013
O presente artigo tem como objetivo analisar o uso da ferramenta de marketing social e suas limitações em transformar práticas institucionalizadas junto à sociedade. Os autores utilizam como objeto de estudo a problemática da urina nas ruas durante o carnaval na cidade do Rio de Janeiro. A campanha desenvolvida pela prefeitura da cidade desde a concepção do marketing social é analisada a partir da perspectiva institucionalista de forma a promover uma reflexão sobre a centralidade de valores, práticas e recursividade. Nesse sentido, o artigo realiza uma revisão da noção de marketing social e da perspectiva institucionalista. Utilizamos no estudo uma abordagem qualitativa que, primeiro, lançou mão do método historiográfico por meio de um levantamento documental, em reportagens veiculadas em jornais de grande circulação e poemas para discorrer sobre a institucionalização da prática. Em um segundo momento nós empreendemos uma pesquisa de campo ao aplicar um questionário formulado a part...
Repertório, 2012
ABSTRACT: The carnival of Recife distinguishes itself from the others biggest carnivals of Brazil by the number of forms and practices of local popular culture. It distinguishes itself also by its cultural diversity, styles and genres on which insists the Institution of the Carnival of Recife, which has called its super-event “Multicultural Carnival”. By this way, it promises to the publics a democratic and singular experience, definitively impossible anywhere else. Emphasizing the uniqueness and exclusiveness of some of its traditional forms, or brincadeiras, the institution takes advantage of the singularity of the cultural productions of Pernambuco’s State to exalt its identity, yet in the history, it condemned them because of their aesthetics codes and sociocultural identifications. The technological devices intented for all and for the Recifense carnival’s world visibility, like the hyper spectacularization and the ambitioned return to the “street carnival”, don’t seem like contradict its sociocultural polarities, historically established. However, performers and publics show they are not completely dispossessed of their traditions using others technologies, that are corporals and aesthetics, and thus reinvesting their real participation, guarantying a certain kind of social inversion. From a path in the city divided by “poles” for carnival, we will observe the articulation between local and global, tradition and modernity, prohibitions and possibilities, through the local forms of expression, in the center of which we find technological tensions with which collectivities negotiate, and resist to its polarizations. The discourse of the carnival institution, its practices of traditionalizing carnival and elaborating multiculturality, will be here apprehended from the aesthetic investment of the different agents necessarily networking to realize the event.
Cadernos De Pesquisa Do Cdhis, 2012
Resumo: O artigo tem como objetivo discutir as tentativas das autoridades do Rio de Janeiro em regrar os festejos carnavalescos e disciplinar os foliões. As formas de se fazer isso em fins do século XIX e início do XX serão no sentido de proibir o entrudo e o uso de algumas fantasias utilizadas por mascarados avulsos, como as de índio e diabinho, que serão associadas ao atraso e à barbárie, a um período da história e da feição urbana que parte da intelectualidade do Rio de Janeiro queria esquecer. Tais manifestações estavam em desacordo com as transformações políticas, sociais, culturais e com a imagem de modernidade que a cidade do Rio de Janeiro pretendia consolidar nesse período.
PATRIMONIALIZAÇÃO DO CARNAVAL EM MARAGOGIPE-BA: dinâmicas e ambiguidades da cultura
REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - POLÍTICA & TRABALHO
No ano de 2009 o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural (IPAC), órgão do Governo do Estado da Bahia, oficializou o registro do carnaval de Maragojipe como patrimônio cultural imaterial/intangível. Desde então observam-se algumas transformações da festa local, além do surgimento de eventos fora do período carnavalesco, realizados tanto pela gestão municipal quanto por entidades não-governamentais, intensificando e ressignificando a circulação de elementos daquela festa, especialmente os “mascarados” (ou “caretas”, na designação nativa), para novos contextos. Neste artigo buscamos compreender duas questões que nos parecem importantes: 1) entender como se deu o processo de patrimonialização do carnaval de Maragojipe; e 2) identificar alguns dilemas e reconfigurações subsequentes a esse processo, em busca de compreender como a figura do “mascarado”, que é o símbolo principal do carnaval, se projeta para além da festa e invade outros setores da vida e da concepção de tempo local.