Candomblés vistos a partir de suas contribuições político-epistêmicas (original) (raw)
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Os Candomblés vistos a partir de suas contribuições políticas-epistémicas
A identidade religiosa-assim como os saberes guardados, produzidos e atualizados no interior do Candomblé-tem sido convocada nos discursos e ações de ativistas e pesquisadoras. Há toda uma fundamentação ética e cosmogônica que orienta suas ações, agenciando toda uma rede de significados e reposicionamentos subjetivos e epistemológicos que informam a política e a produção de conhecimento de adeptas e iniciadas na religião dos Orixás. Utilizando revisão bibliográfica, consideramos, ao menos, cinco apontamentos que podem nos ajudar a compreender esse cenário: (ⅰ) Candomblés como exercício de decolonialidade; (ⅱ) Candomblés como exercício de outro modelo organizativo de família; (ⅲ) Candomblés como exercício de afetividades; (ⅳ) Candomblés como exercício de autoavaliação e autodefinição; e (ⅴ) fundamentos epistemológicos religiosos afro-brasileiros. Concluímos que os Candomblés, como espaços não formais de educação, bem como políticos, têm pressupostos que os constituem como vetores que oferecem estímulos decoloniais notáveis na formação das sujeitas, denotando a expressão e vida religiosa enquanto dimensões que podem levar a processos de subjetivação, estimulando a agência e processos de desidentificação e atuação política.
Em agradecimentos públicos incide sempre o risco dos lapsos ou a impossibilidade de falar de todas as pessoas, ainda mais quando não é pequeno o número daqueles que contribuíram para a realização do trabalho. Assim, inicio agradecendo ao professor Luis Nicolau Parés, que dedicou horas do seu tempo à orientação, leitura e releitura deste trabalho, tornando-se imprescindível para sua realização, sobretudo, pela discussão das mais diversas questões, pela amizade e respeito à liberdade de escolha dos meus próprios caminhos.
Resumo: O objetivo deste artigo é introduzir a discussão sobre a problemática da relação religião/política enfrentada pelos terreiros de Candomblé na cidade de São Paulo. A partir da análise do discurso de encerramento de um xirê, proferido pelo Babalorixá Sidney de Xangô em Osasco, querse apontar: (a) o enfrentamento histórico entre a hierarquia dos terreiros e a ação policial e políticorepressiva dos governos em diferentes instâncias e; (b) o desdobramento deste embate nas ações alternativas (afirmativas) desenvolvidas pelos líderes nas comunidades-terreiro atualmente. Com isso, espera-se auxiliar no desenvolvimento de fontes para o estudo das transformações históricas sofridas pela religião em São Paulo.
O que Nos Fazem Pensar os Candomblés
O que nos faz pensar, 2019
O presente texto é um semear de perguntas a respeito da possibilidade de pensar alguns aspectos da cultura afro-brasileira dentro do ensino de filosofia. Os candomblés nos fazem questionar, lançar ideias a respeito do “nós” que habita a cultura brasileira. Assim, “O que nos fazem pensar os candomblés quando pensamos o ensino de filosofia no Brasil atual? é uma das perguntas que movimenta e dá batuques para nossa escrita. Apresentamos os candomblés como forças de um outro pensar, uma cosmopercepção que, assim como algumas filosofias das culturas Ocidentais, também permite perguntar e pensar a realidade. Questionamos sobre o caráter pluriversal da religião negra e sua importância para a realidade que aqui vivemos, um país que tem como uma de suas bases o povo africano. Nossa pretensão é, antes de tudo, proporcionar uma abertura para diversos caminhos de questionamento sobre o que somos e como somos a partir do espaço chamado “ensino de filosofia”.
O passado composto no Candomblé da Bahia – o “ antigamente” como lugar de memória e aporte político
A temática do passado nos estudos afro-brasileiros tem estado acantonada às discussões de longue durée de pureza nagô, idioma diacrítico quer dos terreiros quer de parte da pesquisa especializada, veiculada tanta à herança científica da escola clássica de Nina Rodrigues e mais tarde de Roger Bastide, quanto ao que Castillo (2010) designa por “orgulho étnico dos nagôs”. Neste texto proponho observar o passado enquanto referencial normativo candomblecista, não mais intrincado a uma dialética pureza/degeneração expressa no binómio nagô/banto, mas antes em passado/presente, num vaivém temporal em que passado opera como ferramenta política de autenticidade. Nesse sentido, o Candomblé “de antigamente” é tanto um lieu de mémoire (Nora 1989) no sentido nostálgico, quanto um recurso político que depura o campo religioso afro-brasileiro do Candomblé.
Identidade Religiosa e Visibilidade Social Do Candomblé
2020
A pesquisa realizada com terreiros de candomble na regiao metropolitana de Vitoria / ES / Brasil (2015/2017) permitiu nao apenas o mapeamento, mas tambem uma analise sobre a (re) configuracao social e religiosa dessas comunidades tradicionais de matriz africana. Destacamos aqui as dimensoes da construcao da identidade etnico-racial baseada no pertencimento religioso e na heranca cultural e religiosa da familia-de-santo (as vezes secundaria), com a qual as conexoes sociais sao criadas e recriadas. Apontamos que, alem do crescimento do racismo religioso no estado do Espirito Santo, a mediacao do antropologo para promover a visibilidade dessas comunidades envolveu diferentes desafios e tensoes que surgiram no processo de reivindicacoes de identidades e espacos politicos. Nesse processo de ganhar visibilidade, reconhecimento cultural e simbolico interno e externo aos grupos, surgem desdobramentos que estimulam uma reflexao etico-politica na gestao da pesquisa e nas relacoes sociais nele...
Candomblé: partículas da história de resistência de uma religião em Londrina
Resumo O artigo em questão propõe analisar brevemente a história do Candomblé no Brasil e também explanar sobre a história dessa religião em Londrina que está localizado no estado do Paraná. Em particular o Candomblé nessa cidade expressa várias similaridades com Candomblé do estado de São Paulo, o presente artigo mostra algumas pistas que nos levam a entender o porquê dessa assimilação. Outro ponto para constar sobre Candomblé em Londrina é o fato dele ser divido em 3 gerações de casas de Santo, a primeira com nomes como Pai João considerado um dos primeiros a cultuar os orixás na cidade, posteriormente a segunda geração é composta por Yá Mukumby, mãe Cincochê entre outros que são fundamentais para formulação e estruturação da religião em Londrina, e por fim a terceira geração é composta por mães de santos que são filhas das casas da segunda geração. Sendo assim podemos analisar a partir das gerações do Candomblé na cidade compõem um cenário único para compreender o essa religião como prova de resistência e afirmação da identidade negra. Palavras Chaves: Candomblé; Londrina; História. O presente artigo visa traçar um panorama superficial das relações das religiões de matriz africana, mais precisamente o Candomblé e sua presença na cidade de Londrina. Contando com uma analise que faz um resgate histórico da formação da religião em questão no Brasil, e posteriormente elencando personagens que compõem o cenário complexo e com personagens resistentes dessa religião no norte pioneiro do Paraná. Em uma analise superficial sobre as questões das religiões de origem africana no Brasil podemos identificar dois segmentos importantes: o Candomblé e a Umbanda, o último surgiu em meados do século XIX tendo como premissa ser uma religião brasileira, a Umbanda mescla vários fragmentos de religiões até então conhecidas, digo isso pois, podemos detectar nessa religião fragmentos do catolicismo, do espiritismo de Alan Kardec e fragmentos dos cultos dos povos animistas de África. Sendo assim podemos encontrar em uma casa de Umbanda varias referencias aos santos do
Corporalidade do Candomblé pelo Olhar de Neves e Sousa
2021
Resumo A corporalidade dentro dos rituais da religião brasileira Candomblé possui papel fundamental na preservação de uma tradição e valorização étnica. Identificando como potente representante deste universo cosmológico, usouse como objeto de estudo as obras do pintor português Neves e Sousa, para fins de análise sócio-cultural. O corpo conta história, se faz presente. É por meio do corpo que o sagrado se manifesta no ambiente litúrgico. Buscando este espaço atemporal da arte ritual, com ênfase na expressão corporal do Candomblé, o presente artigo desenvolve um diálogo entre um olhar de fora do Candomblé com suas simbologias, meios de aprendizado e experiência mística.
Artigo Candomblé, Corpos e Poderes
O presente artigo teve como objetivo principal apreender os mecanismos sociais encontrados no candomblé – uma das várias formas de expressões religiosas de matriz africana no Brasil. Ao adentrar neste sistema religioso terapêutico, os sujeitos vão experimentar e se confrontar com uma série de inovações na sua vida cotidiana, ampliando suas visões e percepções sobre as causalidades da doença, repercutindo na consideração da relação entre “corpo/mente/orixá (divindade)”, abrindo desta maneira uma nova opção no que tange às opções terapêuticas para estes. Diante da complexidade desta religião, o grupo em questão – adeptos e clientes externos – reafirma sua solidariedade intra e extra muros através da garantia da saúde física e social de seus membros, na medida em que opõe instâncias antagônicas representadas por sua visão de mundo: saúde/doença, vida/morte. O equilíbrio entre estas instâncias se faz necessário para a afirmação daquilo que se torna elemento indispensável para o grupo: a manutenção da saúde.