A Literatura De Viagem e O Império Das Festas: Os Coroamentos Dos Reis Congos No Brasil Meridional Oitocentista Na Visão Dos Viajantes (original) (raw)
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Escutas partilhadas: a coroação de reis Congo e “O recado do morro,” de João Guimarães Rosa
Eutomia, 2020
Este ensaio explora o princípio de aproximação entre literatura e culturas de tradição oral ao estabelecer uma analogia entre o ritual da Coroação de Reis Congo, em Minas Gerais, e a noção de "escrita de ouvido" na novela de João Guimarães Rosa "O recado do morro" (1956). A análise combina a experiência de seis anos de pesquisa de campo com os grupos de Congada nas localidades de Jequitibá, Cordisburgo, Calabouço, Lagoa Trindade, Perobas, Onça e Brejinho, com a teoria da escuta na escrita praticada pelo autor mineiro.
XIII Encontro Nacional da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia, 2019
Este texto expõe parte dos resultados de uma pesquisa de tese realizada na temática das ‘festas, patrimônios e paisagens’. A análise ora apresentada é focada nas trajetórias temporais e espaciais que os grupos de Congado do Alto da Cruz, de Ouro Preto (MG), percorreram no passado e ainda realizam na contemporaneidade pelo estado de Minas Gerais e no espaço intra-urbano daquela cidade. Este exame possibilita compreender como as festas de coroação de reis negros, ocorridas em uma das paisagens patrimoniais mais emblemáticas do país, são fruto de uma série de deslocamentos espaciais realizados ao longo do tempo e como este elemento de mobilidade se constituiu como um dos principais fundamentos da identidade dos grupos que as realizam. Neste sentido, as rupturas históricas e as mobilidades geográficas são interpretadas como uma estratégia dos grupos para se manter espacial e temporalmente ativos. Mais do que uma narrativa linear, a pesquisa pode identificar como fatores internos e externos aos congadeiros, como mudanças socioeconômicas e de projetos de vida, fez com que a festa em diferentes contextos tivesse de se reelaborar para que pudesse sustentar seu discurso de positividade da herança afro-brasileira. Migrações entre regiões, cidades e bairros e as viagens para diferentes municípios foram, por exemplo, medidas que os mantedores da festa necessitaram realizar para que ações dos grupos pudessem ter continuidade desde o período colonial. A partir de documentos iconográficos e das narrativas dos guardiões da memória foi possível identificar como a festa analisada, mais do que se constituir numa forma cristalizada, se reinventa conforme as possibilidades de cada momento. Desse modo, o estudo de caso em questão aponta para como a abertura para o contato a partir dos deslocamentos entre espaços também é um elemento fundante das festas. Conforme a análise realizada foi possível perceber como essa capacidade inventiva e recriadora dos grupos faz com que, apesar das adversidades, as festas do Congado do Alto da Cruz sejam marcadas por uma postura de abertura, sendo elas o encontro de uma multiplicidade de trajetórias e coexistências (MASSEY, 2008). Mais do que serem marcadas por limites rígidos, são as fronteiras móveis e porosas, com abertura para o contato e para o novo, que fazem com que os grupos em questão e seus lugares festivos se reestabeleçam a cada nova conjuntura (QUINN, 2005). Tudo isso nos leva a caracterizar o Congado do Alto da Cruz como uma cultura viajante, tal como a compreensão de Clifford (2000).
Há em quase todos os autores que trabalham com os textos provenientes das viagens marítimas, a afinidade de se pensar num tipo de grupo que reúna os registros entre si a partir das etiquetas ‘livros de viagem’, ‘poesia das navegações’, ‘roteiros’, ‘narrativa de viagens’, ‘literatura náutica’ etc. Com toda essa diversidade de classificações, percebe-se que tem persistido a inexistência de uma proposta mais concisa que se comprometa em trabalhar, mais detalhadamente, os registros de viagem do período colonial, possibilitando, assim, um estudo mais denso acerca das convenções discursivas e ideológicas que compõe cada relato escrito. Para tanto, neste artigo, propomos uma tentativa de reorganizar conceitualmente os estudos desse campo histórico-literário, atentando-se principalmente aos preceitos refigurativos fornecidos pelos estudos narratológicos de Paul Ricoeur.
Literatura em Debate, 2015
O presente texto faz uma analise historiografica da obra O imperio dos coroados – relato historico, de Nicolau Mendes, publicado em 1954, sob o patrocinio do Centro de Tradicoes Gauchas 35 de Porto Alegre. Parte-se da hermeneutica baseada no tripe: autor – contexto – texto. Inicialmente apresenta-se o autor a obra; a narrativa e cotejada com documentacao de historiadores, observando-se como esta obra, ficcional, alude a fatos historicos. Toma-se o conceito de Paul Ricoeur de pacto de leitura, que institui a relacao cumplice entre a voz narrativa e leitor implicado, para mostrar que a obra, embora se pretenda historica, nao tem a intencao de fazer uma narrativa veridica em relacao aos fatos narrados.
The text intends to analyze the discourse of foreign travelers, the press and writers about the religious festivities in Rio de Janeiro, in the first half of the nineteenth century. Foreign travelers, people with ideals of civilization from Europe, represented the popular religious festivals as "barbarism" or manifestations devoid of legitimacy. In other cases, the rejection of Catholic practices was explained by travelers’ affiliation to Protestant religions. In the press and among the writers, also prevailed the civilizing ideas. Nevertheless, in the mid-nineteenth century, appeared in the intellectual field defenders of popular religious customs. KEYWORDS: religious festivals in Rio de Janeiro; nineteenth century; folk customs in Court; ideas of civilization; foreign travelers: a description of manners.
REIS NEGROS NO BRASIL ESCRAVISTA História da festa de coroação de Rei Congo
Reis Negros no Brasil Escravista. , 2002
Livro resultante da tese de doutorado que analisou as cerimônias em torno de reis negros na sociedade brasileira escravista, chamados preferencialmente de reis do Congo. Defende que houve nessas celebrações a formação de uma identidade negra católica, referenciada na história do Congo cristão.