Entre as Antropologias do Brasil e de Angola (original) (raw)
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A Antropologia na Africa e o Lobolo no Sul de Mocambique
eduzido pelas questões, marcadamente teóricas, ligadas à articulação dos sistemas de parentesco com estruturas desiguais de reprodução social, notadamente à produção social de lugares assimétricos de gênero em contextos pós-coloniais, tenho estado engajado em investigação sobre o chamado "preço da noiva", conhecido em Moçambique como lobolo.
África, Acre, Chicago: visões da antropologia por Manuela Carneiro da Cunha
Revista de Antropologia - Universidade de Sao Paulo, 2007
nasceu em Portugal -seus pais, húngaros e judeus, foram para lá pouco antes da guerra -e veio para São Paulo aos 11 anos. Entrou na USP no curso de Física, mas foi no mesmo ano para Paris, onde acabou fazendo a graduação em Matemática. Na década de 1960, freqüentou os seminários de Claude Lévi-Strauss, o que a inspirou a realizar pesquisa entre os índios Krahó do Brasil Central. Os Mortos e os Outros: uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó 2 marcou o cenário etnológico brasileiro e é, até hoje, ponto de partida fundamental para investigações sobre os povos indígenas no Brasil, trazendo para discussão tanto a contribuição do estruturalismo quanto da psicologia histórica francesa. Em 1975, acompanhando seu primeiro marido, Marianno Carneiro da Cunha, em viagem à Nigéria, 3 Manuela inicia uma nova etapa de pesquisa, pautada pelas questões de identidade étnica. Seus estudos na África lhe renderam a tese de livre-docência, defendida na USP em 1984, sob o título
Um Jogo Entre Capoeira Angola e Antropologia Teatral
2020
A Antropologia Teatral, um campo de estudo da presença física e mental do ser humano em situação de representação, conforme definição de Eugenio Barba, analisa um conjunto de princípios que dilatam a presença. Nesse artigo, esse campo, consolidado no teatro, é explorado como possibilidade de interpretação da prática da capoeira angola, uma manifestação cultural criada por africanos e seus descendentes no Brasil. Em uma provocação lúdica, com a utilização de uma personagem ficcional, construímos um jogo analítico com o propósito de extrapolar as noções de pré-expressividade e energia para além do corpo, levando em conta elementos da cultura, especialmente, da cultura negra.
A antropologia e o Brasil, hoje
2008
While celebrating the thirtieth anniversary of Anpocs, the author recalls the starting time of Anpocs, particularly the vicissitudes surrounding the election of its first president coming from a non-political sciences background. The relation between anthropology and the country is considered, emphasizing the historical role of the discipline in the endeavor of conceiving the nation as well as the necessity today of reviewing such role in order to face the challenge of modernizing the relation between anthropology and the country. The author also accentuates the importance of fronting the questions posed by both the internal colonialism and the presupposition of the unit in detriment of the complete recognition of alterities and collective actors.
Antropologia no Brasil (Curso oferecido para graduação em Ciências Sociais)
Ementa: Curso que visa familiarizar os estudantes com as tradições da disciplina no Brasil, no contexto mais amplo da história da antropologia. A bibliografia incluirá análises dos aspectos institucionais-museus, centros e faculdades onde os antropólogos desenvolveram seus trabalhos de pesquisa e ensino metodológicos e teóricos dessa história. Objetivos: O propósito deste curso é discutir algumas vertentes da produção antropológica brasileira enfatizando, a um só tempo, a formação do campo disciplinar no país e a consolidação de temas que parecem fundamentais para pensar as transformações da antropologia feita no Brasil. Tomando a primeira metade do século XX como referência temporal, o primeiro bloco do curso está dedicado a discutir as narrativas sobre a alteridade em face aos dilemas da nação. A partir de obras de Nina Rodrigues, Roger Bastide, Gilberto Freyre e Florestan Fernandes, a proposta é acompanhar os desdobramentos do debate sobre relações étnico-raciais e nação, colocando-o em paralelo com o próprio processo de institucionalização da antropologia enquanto disciplina no Brasil. O segundo bloco está centrado em temas que auxiliam a caracterização dos debates que ocuparam o pensamento antropológico brasileiro, sobretudo, entre os anos de 1960 e 1990. A produção antropológica desse período, marcado institucionalmente pela multiplicação dos programas de pós-graduação em antropologia e pela diversificação temática das pesquisas realizadas no país, também serve para explicitar as possíveis conexões entre a " antropologia no Brasil " e perspectivas analíticas tributárias das matrizes disciplinares francesa, inglesa e estadunidense. Ao explicitar essas conexões, busca-se demarcar o momento de pluralização da antropologia no Brasil sem incorrer num paroquialismo. A última aula desse bloco será dedicada a leitura comparativa de balanços históricos da antropologia praticada no Brasil. A proposta é colocar esses textos em perspectiva e identificar modos de narrar e caracterizar a disciplina no Brasil. Por fim, no terceiro bloco, três temas serão privilegiados para indicar a progressiva diversificação temática e teórica da antropologia no país, ressaltando, ao mesmo tempo, como essa produção recente dialoga com diferentes tendências da antropologia mundial. O conjunto dos textos debatidos no bloco apontará alguns delineamentos da antropologia contemporânea no Brasil e embasará o trabalho final do curso. Para realizá-lo, cada estudante deverá elaborar uma resenha crítica sobre algum livro da antropologia feita no Brasil a partir da década de 1990, relacionando-o com debates realizados ao longo do semestre. Metodologia: Os conteúdos programados serão abordados por meio de aulas expositivas e seminários, com base nos textos indicados abaixo (leitura prévia obrigatória), com estímulo ao debate coletivo; em algumas sessões, haverá atividades com base em material textual e audiovisual.
Olhares da antropologia brasileira sobre África
Ayé: Revista de Antropologia, 2024
Este dossiê pretende discutir os principais desafios para pesquisar África no Brasil, especialmente em relação às temáticas de pesquisa que aqui se consolidaram, à visão do Brasil sobre o continente africano, às condições financeiras para a realização das pesquisas e aos tensionamentos) envolvidos no exercício de “estar aqui e estar lá” (Geertz, 1998). A ideia de realizar este dossiê decorreu de observações feitas ao longo dos últimos anos acerca da produção sobre África no Brasil, a qual continua profundamente atrelada àquela estabelecida desde as origens dos estudos africanos no Brasil. Isto é, nomeadamente, a agenda afro-brasileira voltada para a compreensão dos processos sócio-históricos e culturais brasileiros a partir de uma África, sobretudo, pré-colonial e colonial. Outro fator que motivou a elaboração deste dossiê foi a pouca interlocução entre pesquisadores do sudeste e do nordeste do país, que têm pesquisado contextos africanos, cuja dinâmica reproduz a lógica de centro e periferia que marca a geopolítica nacional de produção.
Entendo as questões tratadas pelos antropólogos, suas preocupações teóricas, contribuições para o conhecimento, dilemas e erros, assim como as capacidades heurísticas e epistemológicas da disciplina, como inseridos em dinâmicas sociais, culturais e políticas que se desdobram em contextos historicamente estruturados, de diferentes maneiras, por relações de poder variáveis. As principais forças sociológicas e históricas que atravessam o campo político e epistemológico da antropologia são conectadas às dinâmicas do sistema mundial e àquelas dos Estados-nações, principalmente às que dizem respeito aos diversos papéis que os "outros" ou a "alteridade" podem ter em cenários internacionais e nacionais.