Contributo para a Interpretação do Fundamentalismo Islâmico (original) (raw)

Fundamentalismo Religioso Cristão e Islâmico: Tendências Sociopolíticas

PARALELLUS Revista de Estudos de Religião - UNICAP, 2019

Nas últimas décadas se observa o retorno da religião sob forma de fundamentalismo religioso, utilizando a mídia e instrumentos de pressão política para fazer valer suas crenças, pois diante do receio ao questionamento, os fundamentalistas veem no "outro", no diferente, uma ameaça a ser combatida e, em alguns casos, extirpada para preservar suas convicções. O presente estudo tem por objetivo discutir as tendências sócio-políticas do fundamentalismo religioso cristão. Para tanto, com método bibliográfico narrativo, visitamos alguns autores em nível nacional e internacional, que abordam as condições que fizeram emergir o fenômeno social do fundamentalismo religioso, sua estruturação e atuação, até suas demandas sócio-políticas. Os resultados apontam que quando se identifica e transfere qualquer responsabilidade pessoal e histórica para as forças externas, o "outro", entendido como pessoa e/ou instituição, * Doutor em Filosofia pela Universidade Nacional Autónoma do México (2000). No Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da UCDB, do qual foi coordenador de 2014-2017, colabora transversalmente, desde a Filosofia, com a discussão e o aprofundamento dos temas relativos às condições epistemológicas e fenomenológicas para a construção do conhecimento científico na pesquisa no campo da Psicologia. Coordena o Grupo de Pesquisa Modelos Histórico-epistemológicos e Produção de Saúde, com registro no CNPQ e Certificação da UCDB. Integrou e presidiu o CEP da UCDB por dois mandatos consecutivos, de 2013 a 2018. Colabora como Professor convidado na disciplina de Epistemologia no Doutorado em Educação da UCDB.

Nomear e estigmatizar: inferências sobre as implicações do uso do termo fundamentalismo como categorizador de identidade dos seguidores do Islã

Revista Reflexão, 2017

A proposta deste artigo é apresentar os resultados da pesquisa realizada entre os anos de 2011-2012 no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tendo como ponto de partida o questionamento se o uso do termo “fundamentalismo” aplicado ao Islã estigmatizaria e fixaria a identidade performativa de seus seguidores, procurou-se compreender as nomeações e categorizações aplicadas a esses e as implicações na construção identitária dos mesmos. O interesse encontrava-se na ideia de que essas categorias e nomeações interferem na imagem e nas relações sociais entre nomeados e nomeadores gerando reações distintas. Em O Mundo Nos Nomeia: O fundamentalismo religioso no Islã e a categorização de uma identidade performativa, título da pesquisa em questão, utilizou-se tanto de referencial teórico como de empírico. Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas com muçulmanos da vertente xiita residentes nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu. As perguntas foram norteadas a partir de três eixos temáticos, a saber: a religião, o uso do termo fundamentalismo e as implicações que esse termo causa aos seguidores do Islã. Percebeu-se, neste estudo, que a identidade, a nomeação ou categorização de determinados grupos ou pessoas é um processo contextual, no qual intenções e ideologias distintas encontram-se interligadas em movimentos que ora tendem para a resistência ora para a radicalização. Concluiu-se que os muçulmanos se identificam como fundamentalistas, porém, desde que este termo passou a ser vinculado ao terrorismo, acreditam que não deve ser utilizado para nomeá-los.

O poder das palavras e das idéias: o caso do fundamentalismo islâmico

Revista FAMECOS

Este é um estudo sobre o debate teórico que se estabeleceu em torno da tese do choque civilizacional. Explora o argumento de que a cultura tem sido uma variável desconsiderada e desprezada no exame dos temas sociais e políticos contemporâneos. Explora também a temática do fundamentalismo islâmico desde a perspectiva cognitiva. Mostra as correntes teológicas e a crise interna ao Islã em torno da interpretação de suas fontes sagradas. Por fim, contempla a relevância política do papel que as idéias e a doutrinação têm na formação dos mapas mentais dos indivíduos, dos grupos humanos e das nações.

O Papel das Profecias Apocalípticas na Consolidação da Identidade do Estado Islâmico

CEIRI Newspaper, 2016

O Estado Islâmico, que tem se autoconstruído a partir de uma vertente religiosa radical, adotou desde o princípio o propósito de se verem cumpridas as profecias [1] , tornando real o Armagedão [2]. Os seus combatentes, futuros mártires, se vêem no centro da batalha final entre o bem e o mal, na qual eles se assumem como as forças do bem. Estrategicamente, Abu Bakr al-Baghdadi definiu o seu raio de ação desde o Iraque até à Síria seguindo as orientações proféticas, o que, de certo modo, tomou corpo entre os seus jihadistas e se assumiu, também, como arma de propaganda. A própria revista do grupo, intitulada Dabiq [3] , faz a alusão a uma pequena aldeia síria, nas proximidades de Aleppo, a aproximadamente 10 Km da fronteira com a Turquia, onde deverá se cumprir a profecia islâmica do confronto apocalíptico entre cristãos e muçulmanos. Dabiq não é uma localidade com riquezas naturais ou arquitetônicas, mas é simbólica, pois é reportada no hadith, a tradição oral islâmica, que afirma citar o profeta Maomé. Abu Huraia, companheiro do Profeta, considerado um dos melhores narradores do hadith, declarou: " A Última Hora não virá até que os Romanos tenham chegado a al-A'maq ou em Dabiq. Um exército composto pelos melhores (soldados) dos povos da terra virá de

Programa de Disciplina ministrada no semestre 1/2015 (UFMG) : "Introdução aos Estudos Islâmicos"

Ementa: A disciplina propõe a familiarização dos alunos com determinados problemas e discussões relativas à religião islâmica e às sociedades a ela associadas. Tais problemas e princípios remeter-se-ão sobretudo à relação política/religião, partindo-se do pressuposto de que são pontos nodais e devem ser sempre considerados quando do estudo de qualquer aspecto da dita " civilização islâmica ". Nesse sentido, o curso não pretende apresentar uma cronologia do desenvolvimento das sociedades sob o Islam, de seu surgimento até os dias de hoje, e sim privilegiar as discussões que cerceam o seu pensamento político-teológico. Contudo, o foco temporal da disciplina estará nos primeiros momentos do Islam – séculos VII, VIII e IX – mas serão abordadas problemáticas contemporâneas na medida do possível.

Uma perspectiva existencialista do fundamentalismo

Malala

Este artigo busca oferecer outra perspectiva para se compreender o fundamentalismo islâmico, especialmente sua corrente mais ativa e politicamente engajada, o jihadismo. Nesse caso, a filosofia existencialista foi usada como suporte para fomentar reflexões sobre uma possível face niilista do fundamentalismo islâmico. A narrativa mais clássica do niilismo sobre a invenção de “consolos” – como a própria religião, o apego a uma falsa realidade que suprime a noção de finitude da vida a partir da criação de “outros mundos” e sem o qual a vida se torna insuportável – é de certa forma subvertida pelo fundamentalismo mais extremista. Assim, é a religião que dota os indivíduos de sentido, nem que para isso esse mundo aparente tenha que ser destruído, aniquilado (annihilate). A modernidade e suas próteses tecnológicas têm afastado o homem de Deus. Por isso é necessário, dentro dessa concepção, que ela seja negada e combatida, mesmo que seja com a própria vida, em muitos casos.

O “Mundo Do Texto” e a Construção da Identidade Religiosa no Islamismo

Teocomunicacao, 2010

Este ensaio procura mostrar como a identidade pessoal e coletiva, construída a partir da tradição islâmica, é sempre uma identidade que encontra no Alcorão o instrumental linguístico que a eleva à linguagem e, portanto, ao sentido. Além disso, busca explicitar como a possibilidade de uma nova interpretação do Alcorão, para além da literalidade do texto, parece ser fundamental para uma melhor compreensão da construção de uma identidade religiosa que é profundamente dependente do texto sagrado, compreensão que pode abrir novos horizontes no diálogo com o mundo islâmico. Esses novos horizontes podem ser vislumbrados desde a reflexão hermenêutica desenvolvida por Paul Ricoeur, notadamente a partir de sua noção de "mundo do texto". Palavras-chave: Hermenêutica. Identidade. Religião. Texto.  * Trabalho do projeto de pesquisa Identidade narrativa e linguagem religiosa. A ontologia hermenêutica de Paul Ricoeur como princípio de análise do pluralismo religioso. O presente trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida no programa de Iniciação Científica da PUC-Campinas como parte das atividades do Grupo de pesquisa "Teologia contemporânea" que possui como linha de pesquisa "Questões contemporâneas de hermenêutica em Teologia fundamental". Esta observação inicial se faz necessária para prevenir o leitor quanto às pretensões de um trabalho que deseja ser de iniciação, de iniciar alguém na aventura da pesquisa científica. **