"Noções de minha precariedade" (original) (raw)
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A precariedade como modo de vida? Recensão crítica do livro
2012
E provavel que, quando Nuno de Almeida Alves e a equipa do Observatorio das Desigualdades iniciaram a investigacao que veio dar origem a este livro, nao imaginassem a centralidade que o tema da precariedade juvenil iria assumir no espaco publico no ano de 2011. E certo que a problematica das transformacoes no mundo do trabalho, das transicoes dificeis dos jovens, dos processos de precarizacao do emprego, de prolongamento da dependencia e de adiamento da emancipacao da juventude nao so estavam latentes como tinham dado origem, em anos anteriores, a alguns fenomenos de mobilizacao coletiva – de que sao exemplo movimentos como o MayDay, o FERVE, os Precarios Inflexiveis, entre outros. Mas seria a “Geracao a Rasca” e a expressiva manifestacao do 12 de marco de 2011 que trariam esse assunto, diretamente, para o centro do debate publico, mediatico e politico no nosso pais. De resto, nao foi apenas em Portugal que estes problemas – uma condicao juvenil marcada pelo desemprego, pela precari...
Algumas considerações sobre 'comida' em contextos de precariedade
Fui convidada a participar de uma reunião com os membros do Conselho de Segurança Alimentar e nutricional de São Paulo, cuja sede localiza-se em um prédio anexo ao Mercado Municipal, no centro da cidade, próximo à Rua 25 de Março, conhecida como a maior rua de comércio da América Latina.
Precariedade: a nova batalha de quem trabalha
Introdução: André Gorz lançara já o alerta, a produção ideológica acompanha sempre o passo rápido das transformações produtivas. No campo do poder, a conhecida missiva social-democrata construída em oposição à tese da emancipação pelo trabalho «não importa o trabalho que faças, desde que sejas pago no final», transmutou-se em justificativa austeritária «não importa quanto ganhas, desde que tenhas um emprego». Esta apresentação do trabalho como bem raro, alvo de disputa e contenda social, não se opera pela deslocação da sua centralidade na estruturação das relações sociais, pelo contrário, a mensagem reforça a relação salarial como fim único para a reprodução do indivíduo – quem perde o emprego, perde tudo.
“A dor ensina a gemer”: a banalização da precariedade no trabalho
Estudos de Psicologia
A Psicodinâmica do Trabalho afirma que o trabalho é fonte de prazer e de sofrimento entre os trabalhadores(as) e que as estratégias defensivas são essenciais para a manutenção da saúde mental. O presente estudo tem o intuito de analisar as estratégias defensivas utilizadas pelos executivos das indústrias de alimentos na região do Vale do Caí. Com delineamento qualitativo, a pesquisa contou com oito entrevistados. Utilizaram-se entrevistas focalizadas e questionários. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo. Concluiu-se que as estratégias defensivas utilizadas com maior frequência entre esses profissionais são a racionalização da relação trabalhista, a negação dos próprios sentimentos, a banalização frente à precariedade imposta pela organização, o silêncio e a fuga frente a esses aspectos. Reflete-se sobre a necessidade de promoção de movimentos de prevenção da saúde mental, reduzindo assim, a necessidade do(a) trabalhador(a) em utilizar meios próprios para a manutenção da própria saúde psíquica. Palavras-chave: psicologia; saúde do(a) trabalhador(a); fatores de risco.
Arte contemporânea e precariedade
2017
O termo precario vem abrindo caminho lentamente e convertendo-se em uma chave de compreensao da situacao presente. Embora nao seja incomum no campo das artes visuais, a precariedade apos 2008, emerge como uma caracteristica distintiva de parte das praticas artisticas e das obras, tanto do ponto de vista de sua ontologia como de sua recepcao. Este texto busca analisar o conceito de precariedade no auxilio da compreensao de propostas artisticas desenvolvidas nos ultimos anos. Para isso, serao analisados trabalhos artisticos como uma potente expressao da precariedade, e que ao mesmo tempo impulsionam reflexoes sobre a mesma.
Perfis de transição para o mundo do trabalho e precariedade entre os jovens
2016
XVI Encontro Nacional de Sociologia Industrial, das Organizações e do Trabalho «Futuros do Trabalho: Políticas, Estratégias e Prospetiva», FCSH-UNL, 27 e 28 de Novembro de 2015.Nesta comunicação analisa-se a transição escola-trabalho dos jovens açorianos, salientando-se as marcas de precariedade no emprego e no acesso ao emprego. Num contexto de flexibilização das relações laborais, torna-se pertinente questionar os impactos deste fenómeno nos processos de inserção profissional dos jovens, algo que se tem vindo a configurar como um dos mais complexos problemas sociais nas sociedades atuais. As investigações desenvolvidas na confluência entre a sociologia da juventude e do trabalho têm procurado perceber em que medida as transformações económicas e sociais influenciam os processos de integração social dos jovens, analisando, mais especificamente, as múltiplas repercussões da precariedade no processo de autonomização e de transição dos jovens da escola para o mundo do trabalho, situaç...
A precariedade como modo de vida?
É provável que, quando Nuno de Almeida Alves e a equipa do Observatório das Desigualdades iniciaram a investigação que veio dar origem a este livro, não imaginassem a centralidade que o tema da precariedade juvenil iria assumir no espaço público no ano de 2011. É certo que a problemática das transformações no mundo do trabalho, das transições difíceis dos jovens, dos processos de precarização do emprego, de prolongamento da dependência e de adiamento da emancipação da juventude não só estavam latentes como tinham dado origem, em anos anteriores, a alguns fenómenos de mobilização coletiva-de que são exemplo movimentos como o MayDay, o FERVE, os Precários Inflexíveis, entre outros. Mas seria a "Geração à Rasca" e a expressiva manifestação do 12 de março de 2011 que trariam esse assunto, diretamente, para o centro do debate público, mediático e político no nosso país. De resto, não foi apenas em Portugal que estes problemas-uma condição juvenil marcada pelo desemprego, pela p...
O discurso sobre a precariedade em Luiz Ruffato e Arlindo Gonçalves
est. lit. bras. contemp., Brasília, n. 41, p. 47-59, jan./jun. 2013, 2013
Este trabalho visa analisar a maneira como os dispositivos paisagísticos contribuem nos romances Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato, e Desonrados e outros contos, de Arlindo Gonçalves, à emergência de um discurso sobre o precário. Se a paisagem ocupa, nesses textos, um lugar fulcral na reflexão sobre a degradação social, ela não se limita ao registro nostálgico de um mundo em ruínas. Em ambos os romances, ela constitue tanto o elemento desencadeador do processo de criação artística como o do seu fracasso. À imagem de nossa percepção retalhada do universo urbano degradado, a paisagem assinala aqui a nossa relação defasada com o território do alter. xxx This study aims to analyze how, in the novels Eles eram muitos cavalos by Luiz Ruffato and Desonrados e outros contos by Arlindo Gonçalves, the literary device of landscape contributes to the emergence of a discourse about precariousness. If the landscape occupies, in these texts, a central place in thinking about social degradation, it is not limited to a nostalgic record of a world in ruins. In both novels, the device of landcape contibutes both to the triggering element of artistic creation as much as its failure. Like our fragmented perception of a degraded urban universe, here the landscape indicates our relationship with the alter territory
Limites e desafios de um mundo sob o signo da precariedade
43, 2017
A resenha se pauta pela leitura e interpretação do livro, buscando captar noções presentes no mesmo tais como desigualdade, conflito, precariedade, indagando como estas dimensões e representações ensejam ideologias e práticas políticas de exclusão de atores sociais considerados indesejados nas sociedades ocidentais.
Sobre precarização e ressentimento
Revista de Educação Popular, 2023
O objetivo deste ensaio é discutir os ataques sofridos pelos professores de escolas públicas por parte de outros trabalhadores durante a pandemia de Covid-19, de forma a relacionar essa situação ao processo de precarização do trabalho que, neste período particular do capitalismo, potencializa a constituição subjetiva do ressentimento. Para alcançá-lo, realiza-se um estudo qualitativo e bibliográfico, com referenciais que incluem Dardot e Laval (2016), Antunes (2000; 2009; 2018; 2020), Alves (2007) e Kehl (2020). Composta de duas seções centrais, a escrita elucida o processo de precarização que atinge os trabalhadores no capitalismo e relaciona-o à constituição do ressentimento, o que fomenta embates entre trabalhadores. A partir da discussão, invoca-se o papel da educação no reconhecimento e no fortalecimento de lutas contra a subordinação dos sujeitos a um formato de trabalho que os objetifica, estando na humanização a oportunidade de mudança. Palavras-chave Precarização do trabalho. Trabalho docente. Pandemia de Covid-19. Ressentimento.