Todorov e sua defesa contemporânea da poesia: uma análise da conferência ‘Poderes da poesia’ (original) (raw)

Tzvetan Todorov, Antoine Compagnon e o elogio da literatura

Revista Linguasagem, n. 21, 2013

Ao abrir, em 1985, sua série de conferências como Charles Eliot Lecturer na Universidade de Harvard, Italo Calvino mirava o futuro. Sem saber que não teria tempo suficiente para concluir suas "lições americanas"o livro resultante do ciclo de conferências, Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas, seria publicado como obra póstuma e inacabada -, pensava nos quinze anos que o separavam do terceiro milênio: "por ora não me parece que a aproximação dessa data suscite alguma emoção particular. Em todo caso, não estou aqui para falar de futurologia, mas de literatura" , 1990, p. 11). Fazendo um retrospecto do milênio que findava, Italo Calvino vê nele o surgimento e a expansão das línguas e das literaturas do Ocidente, bem como o aparecimento do "objeto-livro", tal qual hoje o conhecemos. Vê também, no entanto, na chamada "era tecnológica pós-industrial", uma frequente indagação acerca do destino do livro e da literatura: um sinal do fim do milênio? É nesse contexto, em particular, que Calvino assegura sua confiança no futuro da literatura em razão das coisas que só ela, com os meios que lhe são próprios, nos pode dar (CALVINO, 1990, p. 11). Findo o milênio de Calvino e, com ele, a primeira década (2001)(2002)(2003)(2004)(2005)(2006)(2007)(2008)(2009)(2010) do "novo milênio", parece válido questionar: continua em situação de perigo a literatura? Em caso positivo, que perigo é esse? Continuamos a pensar nas contribuições específicas da literatura para a formação humana? Em outras palavras: o que ela pode, afinal, nos dar?

Poe, os limites entre o fantástico e o estranho e um debate a partir de Todorov e Roas Universidade Regional do Cariri (URCA

Entrelaces - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras-UFC, 2020

Resumo O presente artigo aborda o trabalho de dois autores importantes para o desenvolvimento do fantástico, o estudioso búlgaro Tzvetan Todorov e o estadunidense Edgar Allan Poe. Os textos de Todorov, em especial sua Introdução à literatura fantástica (2017) são fundamentais para a compreensão das diferentes conceituações do fantástico e dos seus gêneros vizinhos. Dito isso, também Poe ocupa um lugar privilegiado nos estudos fantásticos, inclusive na obra de Todorov. Dos trabalhos de Poe, dois recebem destaque nas postulações do búlgaro: "O gato preto", em razão de ser apontado pelo teórico como uma narrativa díspare na obra de Poe, e "A queda da casa de Usher", que serve de exemplo de uma obra estranha que se aproxima do fantástico. Tendo notado esse espaço privilegiado dos dois contos, eles serão analisados aqui à luz da teoria de Todorov para considerar seus critérios e as condições para a realização dos dois gêneros. No final, relacionamos a teoria de David Roas e as postulações de outros autores, como Mikhail Bakhtin, para investigar o papel de certos elementos configuradores da narrativa, como a posição do leitor e do narrador, em sua relação com as teorias do fantástico de Roas e Todorov.

O Apocalipse da Literatura: variações sobre Compagnon e Todorov

RESUMO: O presente texto utiliza as recentes discussões desenvolvidas nos livros Literatura para quê? (2009) de Antoine de Compagnon e A Literatura em Perigo (2009) de Tzvetan Todorov para revisitar o movediço debate sobre o fim do livro, da literatura e da leitura. Critica o ensino da literatura que, da educação básica à universidade, preocupa-se mais em ensinar as categorias da crítica, história e teoria literárias do que apresentar a leitura como fenômeno múltiplo e produtor de sentidos. Alinha-se à percepção compagnoniana do esvaziamento do literário na contemporaneidade, que tem perdido lugar para outras formas de conhecimento. Para discutir como o esvaziamento do literário, tanto no espaço da escola quanto socialmente, tirou da literatura a capacidade de resistir ao avanço da tecnologia a sua seara, o que pode, talvez, provocar seu desaparecimento.

E por falar em poesia: especificidades tradutórias da lírica de Maiakóvski

Tradterm, 2017

O presente artigo propõe a tradução poética de “Tetráptico”, prólogo do poema “Nuvem de Calças” (1914-1915), de Vladímir V. Maiakóvski, num esforço de proporcionar ao leitor brasileiro a experiência estética de uma poesia na qual som e sentido fundem-se de modo eloquente. A tradução integral e direta do russo para o português brasileiro é inédita no Brasil, e pretende ampliar, em nosso país, a difusão da obra lírica de um dos mais importantes poetas russos. À luz do arcabouço teórico de tradutores consagrados, tais como Boris Schnaiderman, Mário Laranjeira, Paulo Henriques Britto dentre outros, o objetivo é demonstrar como a teoria caminha lado a lado com a prática para que se obtenha um objeto poético autônomo em língua portuguesa.

Considerações sobre crítica de poesia contemporânea

Signótica, 2016

O objetivo do texto é refletir sobre um problema comum na crítica de poesia contemporânea: o uso automático e acrítico de alguns termos e conceitos vagos que não têm real poder de avaliação, nem mesmo de descrição do objeto.

Iúri Tyniánov e a palavra poética: a poesia no âmbito do Formalismo Russo | RUS v. 11 n. 16 | set.2020

Iúri Tyniánov e a palavra poética: a poesia no âmbito do Formalismo Russo, 2020

Este ensaio apresenta as principais contribuições da teoria formalista russa para o estudo da poesia. Seu foco incide nos principais achados teóricos de Iúri Tyniánov no que se refere à abordagem da linguagem poética. Também aponta analogias e “semelhanças de família” entre as teorias de Tyniánov e as poéticas de Carlos Drummond de Andrade e de Manuel Bandeira. (continua na p. 1)