Victor Cravo - Academia.edu (original) (raw)

Papers by Victor Cravo

Research paper thumbnail of Agencias Reguladoras e o Mito da Independencia

Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI, 2010

RESUMO O presente artigo versa sobre a independência das agências reguladoras, com o objetivo de ... more RESUMO O presente artigo versa sobre a independência das agências reguladoras, com o objetivo de demonstrar a impropriedade com que críticos do vigente sistema jurídico regulatório brasileiro acreditam no insulamento democrático de tais agências. Nessa trilha, comentam-se propostas legislativas, resumidas no Projeto de Lei nº. 3.337/2004, de devolver ao poder centralizado da Administração Pública parcela significativa da competência decisória hoje legalmente delegada às Agências Reguladoras. O artigo emprega uma perspectiva interdisciplinar, acrescentando uma visão político-econômica à análise jurídica do fenômeno da regulação setorial. De modo a restringir o objeto do estudo, o artigo contempla apenas o sistema regulatório das telecomunicações, considerando, embora com foco nos mecanismos institucionais de participação pública, as diferentes relações entre a Anatel, Poderes Legislativo e Executivo, grupos de interesse e sociedade. ABSTRACT This paper focuses on the independence of regulatory agencies, intending to demonstrate the impropriety with which critics of the Brazilian current regulatory system believe that such agencies are in democratic isolation. This study also aims to comment legislative proposals, outlined in the Bill of Law nº. 3.337/2004, which is designed to return to the centralized government's power significant portion of today's decision-making function legally delegated to regulatory agencies. The paper employs an interdisciplinary perspective, adding a political-economic vision to the legal analysis of the phenomenon of sectorial regulation. In order to restrict the object of this study, the paper considers only the telecommunications regulatory system, regarding the different relationships between the Anatel, Legislative and Executive branches, interest groups and society, though with a focus on institutional mechanisms for public participation. O Brasil conheceu em meados da década de 90 o nascimento de um fenômeno jurídico parido da mesma política que gestou o processo de privatização dos setores de serviços estatais. À medida que o Estado descasou sua confusa e improfícua atuação prestadora e ao mesmo tempo reguladora de serviços, delegando a primeira à iniciativa privada, voltaram-se então todas as atenções à missão regulatória estatal. Vieram à luz da ordem jurídica nacional, numa febre de criação (SUNDFELD, 2000), as diversas agências reguladoras incumbidas de levar aos recém libertos setores econômicos regras e diretrizes orientadas ao interesse público e à concorrência. A veloz redução da participação direta do Estado na economia, porém, não resultou em proporcional abstinência de intervenção estatal. Ao contrário, o que se descobriu chamar de nova regulação estatal brasileira caracterizou-se pela profusão de normas jurídicas pelas quais o Estado almejou intervir, agora de maneira indireta, na cadeia de produção de utilidades públicas já em mãos de particulares (MARQUES NETO, 2000). Essa intervenção por via oblíqua passou a assinalar a missão regulatória do Estado, a qual, em sua forma mais relevante, foi atribuída às agências reguladoras, surgidas sob os signos da especialidade técnica e da independência funcional. No setor de telecomunicações não foi diferente. A privatização do Sistema Telebrás foi acompanhada pela promulgação da Lei nº. 9.472, de 16 de julho de 1997, a Lei Geral das Telecomunicações-LGT, que criou a Agência Nacional de Telecomunicações-Anatel e estabeleceu o marco legal segundo o qual essa agência auferiu competência para organizar a exploração econômica do setor. Deu-se vida a uma autarquia federal em regime especial, não subordinada hierarquicamente ao Poder Executivo, e legalmente competente para expedir resoluções contendo normas, de caráter geral e abstrato, dirigidas a todos os atores cuja atividade esteja submetida à fiscalização da Agência. É a respeito da propalada independência das agências reguladoras, da Anatel em particular, que o presente ensaio pretende se deter. Tenciona-se demonstrar a impropriedade com que alguns críticos do vigente sistema jurídico regulatório brasileiro apelidam de independentes as agências reguladoras, como fossem ilhas isoladas de qualquer comunicação com o mundo a elas exterior. Da mesma forma, e seguindo essa trilha, comentar-se-ão as propostas legislativas, resumidas no Projeto de Lei nº. 3.337/2004, de devolver ao poder centralizado da Administração Pública parcela significativa da competência decisória hoje legalmente delegada às Agências Reguladoras.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of O Big Data e os desafios da modernidade: uma regulação necessária?

Resumo Propósito – Este artigo objetiva apresentar ao leitor à revolução paradigmática representa... more Resumo Propósito – Este artigo objetiva apresentar ao leitor à revolução paradigmática representada pelo Big Data, além de incentivá-lo a imaginar como o direito poderá lidar com os desafios que advirão da modernidade tecnológica. Metodologia/abordagem/design – O texto foi construído a partir de pesquisa bibliográfica destinada a explicar o fenômeno do Big Data e a problematizar, à luz da teorização de Immanuel Wallerstein sobre a modernidade, suas implicações no direito. Resultados – O artigo apresenta as principais características do fenômeno inovador do Big Data, com ênfase nas potenciais implicações danosas à participação democrática no processo regulatório, para, em seguida, relacioná-las com os conceitos de modernidade tecnológica e modernidade da libertação, elaborados por Immanuel Wallerstein. Implicações práticas – O artigo serve como convite ao pesquisador interessado nas repercussões da modernidade tecnológica nas instituições jurídicas que modulam e legitimam o processo regulatório, com especial enfoque no Big Data. Originalidade/relevância do texto – O estudo inova na pesquisa jurídica brasileira na medida em que auxilia na introdução, em língua portuguesa, da temática das implicações jurídicas do Big Data, cuja pesquisa, mesmo em língua inglesa, é ainda incipiente. Palavras-chave: Big Data, regulação algorítmica, modernidade, Wallerstein. Abstract Purpose – This article introduces the reader to the paradigmatic revolution performed by Big Data, and encourages imagining how jurisprudence and the law can deal with the challenges that will result from modernity of technology. Methodology/approach/design – It was composed from bibliographic research aimed at explaining the Big Data phenomenon and challenging its implications on the law, in light of the theory of Immanuel Wallerstein on modernity. Findings – The main features of the novel phenomenon of Big Data are presented with emphasis on the potential harmful implications for democratic participation in the regulatory process, in order to relate them to the concepts of modernity of technology and modernity of liberation developed by Immanuel Wallerstein.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Artigos Publicados Pela Escola da AGU by Victor Cravo

Research paper thumbnail of UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO CONCEITO DE RELAÇÃO DE SUJEIÇÃO ESPECIAL A PARTIR DA OBRA DE CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO A HISTORICAL ANALYSIS OF THE CONCEPT OF SPECIAL SUPREMACY BASED ON THE WORK OF CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO

Revista da AGU, ano 19, n. 03, 2020

This article intends to investigate the genealogy of the concept of special supremacy, based on t... more This article intends to investigate the genealogy of the concept of special supremacy, based on the work of Celso Antônio Bandeira de Mello. The institute of special supremacy dates back to the German administrativist Otto Mayer, whose works were strongly inf luenced by two other nineteenth-century publicists, Paul Laband and Carl Friedrich Gerber. There is a strong correlation between the commented institute and the consolidation of the science of law according to the dogmatic juspositivist method, elaborated by the last two authors cited. The special supremacy thus conceived made possible the administrative practice of disciplining various aspects of social life, while the administrative acts resulting from this state action remained safe from judicial intervention. From this investigation it was possible to analyze the incongruence of the defense of the institute of special supremacy by Celso Antonio Bandeira de Mello, who insists on the difficult task of reconciling disparate worldviews: the rule of law formulated according to the German constitutionalism of the mid-nineteenth century and the democratic rule of law stablished by the Constitution of the Federative Republic of Brazil promulgated in 1988.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Books by Victor Cravo

Research paper thumbnail of Poder Regulamentar e Legitimidade Democrática

Poder Regulamentar e Legitimidade Democrática, 2014

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of PONTOS DE PARTIDA PARA UM DIREITO ADMINISTRATIVO DO SÉCULO XXI

ANÁLISE JURÍDICA DA POLÍTICA ECONÔMICA: a efetividade dos direitos na economia global, 2018

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of Agencias Reguladoras e o Mito da Independencia

Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI, 2010

RESUMO O presente artigo versa sobre a independência das agências reguladoras, com o objetivo de ... more RESUMO O presente artigo versa sobre a independência das agências reguladoras, com o objetivo de demonstrar a impropriedade com que críticos do vigente sistema jurídico regulatório brasileiro acreditam no insulamento democrático de tais agências. Nessa trilha, comentam-se propostas legislativas, resumidas no Projeto de Lei nº. 3.337/2004, de devolver ao poder centralizado da Administração Pública parcela significativa da competência decisória hoje legalmente delegada às Agências Reguladoras. O artigo emprega uma perspectiva interdisciplinar, acrescentando uma visão político-econômica à análise jurídica do fenômeno da regulação setorial. De modo a restringir o objeto do estudo, o artigo contempla apenas o sistema regulatório das telecomunicações, considerando, embora com foco nos mecanismos institucionais de participação pública, as diferentes relações entre a Anatel, Poderes Legislativo e Executivo, grupos de interesse e sociedade. ABSTRACT This paper focuses on the independence of regulatory agencies, intending to demonstrate the impropriety with which critics of the Brazilian current regulatory system believe that such agencies are in democratic isolation. This study also aims to comment legislative proposals, outlined in the Bill of Law nº. 3.337/2004, which is designed to return to the centralized government's power significant portion of today's decision-making function legally delegated to regulatory agencies. The paper employs an interdisciplinary perspective, adding a political-economic vision to the legal analysis of the phenomenon of sectorial regulation. In order to restrict the object of this study, the paper considers only the telecommunications regulatory system, regarding the different relationships between the Anatel, Legislative and Executive branches, interest groups and society, though with a focus on institutional mechanisms for public participation. O Brasil conheceu em meados da década de 90 o nascimento de um fenômeno jurídico parido da mesma política que gestou o processo de privatização dos setores de serviços estatais. À medida que o Estado descasou sua confusa e improfícua atuação prestadora e ao mesmo tempo reguladora de serviços, delegando a primeira à iniciativa privada, voltaram-se então todas as atenções à missão regulatória estatal. Vieram à luz da ordem jurídica nacional, numa febre de criação (SUNDFELD, 2000), as diversas agências reguladoras incumbidas de levar aos recém libertos setores econômicos regras e diretrizes orientadas ao interesse público e à concorrência. A veloz redução da participação direta do Estado na economia, porém, não resultou em proporcional abstinência de intervenção estatal. Ao contrário, o que se descobriu chamar de nova regulação estatal brasileira caracterizou-se pela profusão de normas jurídicas pelas quais o Estado almejou intervir, agora de maneira indireta, na cadeia de produção de utilidades públicas já em mãos de particulares (MARQUES NETO, 2000). Essa intervenção por via oblíqua passou a assinalar a missão regulatória do Estado, a qual, em sua forma mais relevante, foi atribuída às agências reguladoras, surgidas sob os signos da especialidade técnica e da independência funcional. No setor de telecomunicações não foi diferente. A privatização do Sistema Telebrás foi acompanhada pela promulgação da Lei nº. 9.472, de 16 de julho de 1997, a Lei Geral das Telecomunicações-LGT, que criou a Agência Nacional de Telecomunicações-Anatel e estabeleceu o marco legal segundo o qual essa agência auferiu competência para organizar a exploração econômica do setor. Deu-se vida a uma autarquia federal em regime especial, não subordinada hierarquicamente ao Poder Executivo, e legalmente competente para expedir resoluções contendo normas, de caráter geral e abstrato, dirigidas a todos os atores cuja atividade esteja submetida à fiscalização da Agência. É a respeito da propalada independência das agências reguladoras, da Anatel em particular, que o presente ensaio pretende se deter. Tenciona-se demonstrar a impropriedade com que alguns críticos do vigente sistema jurídico regulatório brasileiro apelidam de independentes as agências reguladoras, como fossem ilhas isoladas de qualquer comunicação com o mundo a elas exterior. Da mesma forma, e seguindo essa trilha, comentar-se-ão as propostas legislativas, resumidas no Projeto de Lei nº. 3.337/2004, de devolver ao poder centralizado da Administração Pública parcela significativa da competência decisória hoje legalmente delegada às Agências Reguladoras.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of O Big Data e os desafios da modernidade: uma regulação necessária?

Resumo Propósito – Este artigo objetiva apresentar ao leitor à revolução paradigmática representa... more Resumo Propósito – Este artigo objetiva apresentar ao leitor à revolução paradigmática representada pelo Big Data, além de incentivá-lo a imaginar como o direito poderá lidar com os desafios que advirão da modernidade tecnológica. Metodologia/abordagem/design – O texto foi construído a partir de pesquisa bibliográfica destinada a explicar o fenômeno do Big Data e a problematizar, à luz da teorização de Immanuel Wallerstein sobre a modernidade, suas implicações no direito. Resultados – O artigo apresenta as principais características do fenômeno inovador do Big Data, com ênfase nas potenciais implicações danosas à participação democrática no processo regulatório, para, em seguida, relacioná-las com os conceitos de modernidade tecnológica e modernidade da libertação, elaborados por Immanuel Wallerstein. Implicações práticas – O artigo serve como convite ao pesquisador interessado nas repercussões da modernidade tecnológica nas instituições jurídicas que modulam e legitimam o processo regulatório, com especial enfoque no Big Data. Originalidade/relevância do texto – O estudo inova na pesquisa jurídica brasileira na medida em que auxilia na introdução, em língua portuguesa, da temática das implicações jurídicas do Big Data, cuja pesquisa, mesmo em língua inglesa, é ainda incipiente. Palavras-chave: Big Data, regulação algorítmica, modernidade, Wallerstein. Abstract Purpose – This article introduces the reader to the paradigmatic revolution performed by Big Data, and encourages imagining how jurisprudence and the law can deal with the challenges that will result from modernity of technology. Methodology/approach/design – It was composed from bibliographic research aimed at explaining the Big Data phenomenon and challenging its implications on the law, in light of the theory of Immanuel Wallerstein on modernity. Findings – The main features of the novel phenomenon of Big Data are presented with emphasis on the potential harmful implications for democratic participation in the regulatory process, in order to relate them to the concepts of modernity of technology and modernity of liberation developed by Immanuel Wallerstein.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO CONCEITO DE RELAÇÃO DE SUJEIÇÃO ESPECIAL A PARTIR DA OBRA DE CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO A HISTORICAL ANALYSIS OF THE CONCEPT OF SPECIAL SUPREMACY BASED ON THE WORK OF CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO

Revista da AGU, ano 19, n. 03, 2020

This article intends to investigate the genealogy of the concept of special supremacy, based on t... more This article intends to investigate the genealogy of the concept of special supremacy, based on the work of Celso Antônio Bandeira de Mello. The institute of special supremacy dates back to the German administrativist Otto Mayer, whose works were strongly inf luenced by two other nineteenth-century publicists, Paul Laband and Carl Friedrich Gerber. There is a strong correlation between the commented institute and the consolidation of the science of law according to the dogmatic juspositivist method, elaborated by the last two authors cited. The special supremacy thus conceived made possible the administrative practice of disciplining various aspects of social life, while the administrative acts resulting from this state action remained safe from judicial intervention. From this investigation it was possible to analyze the incongruence of the defense of the institute of special supremacy by Celso Antonio Bandeira de Mello, who insists on the difficult task of reconciling disparate worldviews: the rule of law formulated according to the German constitutionalism of the mid-nineteenth century and the democratic rule of law stablished by the Constitution of the Federative Republic of Brazil promulgated in 1988.

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of Poder Regulamentar e Legitimidade Democrática

Poder Regulamentar e Legitimidade Democrática, 2014

Bookmarks Related papers MentionsView impact

Research paper thumbnail of PONTOS DE PARTIDA PARA UM DIREITO ADMINISTRATIVO DO SÉCULO XXI

ANÁLISE JURÍDICA DA POLÍTICA ECONÔMICA: a efetividade dos direitos na economia global, 2018

Bookmarks Related papers MentionsView impact