Jorge Ricardo Pinto | ISCET (original) (raw)
Papers by Jorge Ricardo Pinto
Land, 2024
In multicentric and increasingly complex urban regions, a city centre reinvents itself. In the ca... more In multicentric and increasingly complex urban regions, a city centre reinvents itself. In the
case of Porto, tourism was essential for its “Baixa” renaissance. A relevant increase in visitors meant
also a dramatic increase in real estate prices and significant land-use change. In field interviews,
retailers noticed a “new life” before COVID-19 arrived, remarking on the positive role of tourism on
urban rehabilitation and the economic viability of companies, and the negative effects for residents
and traditional shops, directed to the common resident. In this article, we present and discuss its
main effects in this exceptional area in Portugal’s second city. We also discuss tourism dependency
and the challenge of sustainability in a high-density context, defending public policies oriented for
a “city with tourists” that replaces the current construction of a “city of tourists”.
Percursos & Ideias
And suddenly, the world stopped. With it, tourism activity practically ceased, triggering an unpr... more And suddenly, the world stopped. With it, tourism activity practically ceased, triggering an unprecedented crisis, after decades of continuous and exponential growth. Thus, this article aims to analyze the reactions of the tourism industry to this economic and social bump, both from a technological and communicational point of view, analyzing relational marketing campaigns in different tourist destinations and the technological resources available to organizations and companies in the sector. To this end, a comparative analysis of the different communication strategies was carried out, as well as an inventory of technological and / or digital solutions to face the crisis, namely in the role of the internet, the technologies of the 4th industrial revolution, the “social software” and the 5G networks, opening a discussion about the future of the sector and the new communication challenges of the tourism industry.
Este artigo aborda os conceitos gerais associados aos circuitos culturais, bem como os impactos d... more Este artigo aborda os conceitos gerais associados aos circuitos culturais, bem como os impactos do seu desenvolvimento nos destinos. Identifica as razoes pelas quais o patrimonio historico e as cidades historicas tem vindo a ganhar nas ultimas decadas grande procura turistica, reflectindo sobre a importância dos circuitos quer na sua preservacao e divulgacao, quer na sua dimensao economica. Identifica-se o publico-alvo que procura este tipo de turismo, dando especial enfase ao turista de interesse especial. Como exemplo, apresenta-se um caso de estudo que reflecte o desenvolvimento de estilo neoclassico na cidade do Porto, em meados do seculo XVIII e o potencial que este tipo de oferta turistica podera representar para uma empresa de itinerarios culturais no Porto.
Os Desafios (Geográficos) da Governação Territorial, 2023
O turismo, em especial o urbano, tem crescido imenso ao longo dos últimos anos. A apreciação dest... more O turismo, em especial o urbano, tem crescido imenso ao longo dos últimos anos. A apreciação deste crescimento é geralmente feita a partir de duas perspetivas contrárias: a que valoriza o seu impacto na economia local, por oposição à que destaca os seus efeitos negativos para os locais, nomeadamente em matéria de habitação. Este texto reflete os impactos da atividade turística, procurando compreender de que forma pode ser gerido pelas políticas públicas. Essas políticas têm partido da gestão (por vezes, até na proibição) do alojamento local, em políticas de habitação, no apoio, regulação e incentivos ao comércio tradicional, na gestão da mobilidade, enfim, numa abordagem de ordenamento territorial, uma vez que as políticas para o turismo urbano, sem reprimir o desenvolvimento económico, podem ajudar a minimizar os impactos negativos do turismo.
Sustainability
Cities experience rapid growth and transformation. Over the past decades, change has been particu... more Cities experience rapid growth and transformation. Over the past decades, change has been particularly intense and complex, associated to globalization, spatial compression and temporal acceleration. Within this context, the EU funds introduced new urban rehabilitation dynamics that made a city center more and more attractive. This, alongside the growth of international tourism, has increased the number of city users, which has furthered the discussion on the relation between the physical, economic, social and environmental intervention of the city, as well as the debates on the positive and negative impacts of tourism in cities. With that in mind, we look at the intense change that occurred in the city of Porto, Portugal, in the period from an intense economic crisis to the COVID-19 confinement. We consider changes in buildings, retail and policies to conclude that a neoliberal attitude favoured a tourism-led and sustainability blind gentrification. Based on a survey and analysis o...
Revista Percursos & Ideias, 2018
A partir do relato de viagem de duas turistas no Porto, Maria Rattazzi e Lady Jackson, o texto pr... more A partir do relato de viagem de duas turistas no Porto, Maria Rattazzi e Lady Jackson, o texto pretende compreender a realidade turística da cidade à entrada do último quartel do século XIX, explorando as observações e reflexões apresentadas pelas duas viajantes no decurso da sua estadia. A riqueza e profundidade dos textos permite a análise a outros tópicos como a condição feminina na sociedade romântica portuguesa ou a compreensão do espaço urbano portuense. Usando análise comparada aos dois textos e confrontando-os com outros documentos da época, pretende-se também compreender as limitações e problemas de uma turista perante os constrangimentos finisseculares.
GOT, 2018
The speed and scale of urban tourism growth raises new challenges to understand contemporary gent... more The speed and scale of urban tourism growth raises new challenges to understand contemporary gentrification processes, namely for internationally open, heritage-rich medium-sized cities. Based on the case of Porto (Portugal), we explore two of such challenges. First, we claim that the concept is becoming rather diffuse and that there’s a
need to consider different types of rapid urban change, namely social (of residents) and/or economic (related with activities). Second, we defend a better appreciation of history by arguing that leisure-led gentrification processes have been taking place for centuries in Porto. Third we compare 19th century British-driven gentrification processes in the city with contemporary urban change in its central district, in order to highlight the unprecedented functional change imposed by international visitors and “floating city users”, as well as a number of associated challenges in keeping diversity having in mind what local development
should be about.
«Não faças aos outros o que não desejas que te façam». Foi deste modo que o médico José de Andrad... more «Não faças aos outros o que não desejas que te façam». Foi deste modo que o médico José de Andrade Gramaxo resumiu a forma como norteou toda a sua vida, dela despedindo-se no dia 02 de março de 1921. A conduta e o profissionalismo com que abraçava a sua profissão perpetuou na memória coletiva o percurso de um maiato verdadeiramente notável, reconhecido e descrito por muitos como um dos maiores vultos da classe médica do seu tempo. É precisamente esse o objetivo do presente artigo: evocar a memória do célebre Dr. Gramaxo. Recorreu-se, nesse sentido, à consulta e análise de estudos biográficos prévios e a uma série de fontes primárias disponíveis no Arquivo Histórico e no Arquivo Distrital do Porto. Foram ainda consultadas outras fontes existentes no espólio documental da família, cedido gentilmente para a elaboração deste trabalho por Fernando Gramaxo, trineto de José de Andrade Gramaxo, a quem agradecemos.
O presente texto tem como principal objetivo explicar o processo de migração residencial da comun... more O presente texto tem como principal objetivo explicar o processo de migração residencial da comunidade britânica do Porto, que se deu essencialmente na primeira metade do século XIX, da parte ribeirinha da cidade para a parte alta ocidental do Porto. Nesse sentido, a análise será centrada no papel do cemitério britânico nesse processo, através de uma metodologia assente na consulta de fontes primárias como o aboletamento de 1832 e os almanaques comerciais disponíveis para o século XIX no Porto, assim como a análise de percursos de vida e de lotes urbanos ao longo do tempo e de várias gerações, contribuindo para um conhecimento mais aprofundado da geografia social do Porto de Oitocentos.
O Concelho da Maia foi, durante vários séculos, um território predominantemente rural e agrícola,... more O Concelho da Maia foi, durante vários séculos, um território predominantemente rural e agrícola, com uma população bastante reduzida que, na sua maioria, procurava a sua subsistência nos recursos que esse dito território rural oferecia: os campos (extremamente férteis), as pedreiras (que abundavam e abasteciam a cidade do Porto) e os pinhais (sobretudo explorados no Inverno, por altura da menor intensidade agrícola). Era ainda um território socialmente heterogéneo, onde coexistiam pessoas com parcos recursos económicos, que habitavam em casas “térreas, baixas e acanhadas: os portais muito baixos, que qualquer homem quebrava a cabeça na padeeira, se não se abaixasse” (Azevedo, 2014, p. 136); com figuras de posições sociais mais elevadas, que habitavam sobretudo em quintas (algumas brasonadas), procurando na Maia a tranquilidade e o bucolismo que não encontravam em grandes centros citadinos.
A Quinta da Boa Vista, casa de campo seiscentista reformada, sita na freguesia da Maia (Concelho da Maia), é um desses vários exemplos. A génese da atual Quinta da Boa Vista remonta ao ano de 1648, momento em que uma propriedade conhecida como Casal da Granja é adquirida por Ana André Gramaxo e Simão Martins Ferreira. Deste casal, resultaram vários descendentes, que ao longo do tempo, ficaram na posse da Quinta da Boa Vista, ou a residir nela. A Quinta chegou a pertencer, a título de exemplo, ao Reverendo Vicente Gramaxo, detentor de várias propriedades na referida freguesia, tendo inclusivamente doado parte do terreno onde foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, datada de 1738 e que ladeia a Quinta da Boa Vista. Após a morte de Vicente Gramaxo (1752), a Quinta (vulgarmente conhecida como Quinta dos Gramaxo), passa para a posse de seu irmão, o Sargento-mor Diogo António de Andrade Gramaxo. Com a morte deste elemento da família Gramaxo, em 1805, que “dizião ser a creatura mais antiga da freguesia” (ADP, Registos de Óbito da Maia, 1795-1817, fls. 171v-172), a propriedade fica nas mãos de sua filha D. Ana Josefa de Andrade Gramaxo. Foi desde o século XVII, até aos nossos dias, que a Quinta da Boa Vista foi sendo legada de geração em geração, sempre radicada na influente família Gramaxo, que foi, ao longo do tempo, cimentando a sua posição social, tanto em cargos administrativos e culturais, como na celebração de matrimónios com outras influentes famílias do entre o Douro e Minho.
O objetivo deste trabalho é compreender a evolução da Quinta, tanto nos seus moradores e proprietários como nas suas transformações internas, na compreensão da história familiar dos Gramaxo e da sua teia. Para a elaboração deste estudo recorremos essencialmente a fontes paroquiais, a manuscritos, periódicos, bibliografia relevante sobre esta temática e a entrevistas com descendentes.
O Bairro de Cedofeita era uma das áreas preferidas para o estabelecimento de residência no Porto ... more O Bairro de Cedofeita era uma das áreas preferidas para o estabelecimento de residência no Porto entre a burguesia e os altos-funcionários portuenses. Ao longo do século XIX, à medida que a cidade crescia física e demograficamente, torna-se notória uma maior disseminação dos espaços residenciais por áreas periféricas permitindo uma paulatina separação entre as áreas de cariz popular das ocupadas pela elite. As áreas limítrofes vão-se consolidando e adquirindo novos residentes, numa expansão feita no sentido contrário ao Rio Douro, pelas freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso e Bonfim. Assistiu-se gradualmente a uma transformação da cidade à cota baixa, num processo de desdensificação que é comprovado pelos levantamentos censitários da segunda metade do século, onde, por exemplo, a freguesia de São Nicolau perde sempre população de um levantamento para o seguinte, ou nas obras de abertura da rua de Mouzinho da Silveira e da Nova Alfândega, rasgando tecido urbano onde habitavam dezenas e dezenas de pescadores, mercadores, cordoeiros, poleeiros, carrejões, entre tantas outras profissões que viviam do rio.
Nos espaços residenciais na expansão da cidade a cotas mais elevadas, o Porto organizava-se socialmente em padrões desequilibrados, entre um oriente mais operário e produtivo e um ocidente mais burguês e consumista, parte de um complexo mosaico social. E é neste contexto de crescimento urbano que surgem os Mogofores, família brasonada no lastro do Cerco do Porto, que, um após o outro, vão estabelecendo a sua residência no Bairro de Cedofeita, na área de expansão ocidental da cidade, em particular na rua dos Mártires da Liberdade.
A fase inicial deste trabalho baseou-se, primeiramente, na transcrição do Livro de Aboletamento de 1833 e de muitos róis de paroquianos da freguesia de Cedofeita para os anos disponíveis do século XIX. O aboletamento, tal como a expressão subentende, representa o ato de aboletar, ou seja, aquartelar soldados em casas particulares. Esse aspeto não é, porém, o que mais nos cativa na transcrição dos dados nele constantes; é sim o facto de nesse livro constarem todas as moradas de casas nas mais diversas ruas e respetivos números de polícia, assim como os seus proprietários, profissões e características da habitação (número de andares, cavalariças, condição de habitabilidade e, por vezes, outras observações suplementares). Já os róis de paroquianos permitem aceder não só aos números de polícia mas também aos proprietários e restantes habitantes das moradas e respetivas profissões, dependendo, todavia, do ano e do pároco.
A investigação centrou-se em determinados edifícios. Para tal, foi necessária a consulta dos registos prediais desses edifícios e das licenças de obras associadas aos mesmos. A informação constante nos registos prediais dos lotes permitiu também a consulta de escrituras relativas à transferência das propriedades. Essas informações permitiram aceder aos nomes dos proprietários dos lotes e traçar uma sequência de proprietários que, ao longo do tempo, detiveram em sua posse a morada de casas.
Assim, o nome Seabra foi surgindo, entre residentes e proprietários, à medida que a investigação dos vários lotes da área foi sendo desbravada e a (des)continuidade das relações de propriedade compreendida.
revista "O Tripeiro", 2004
Revista Percursos & Ideias, 2010
Revista "O Tripeiro", 2014
JN História, 2017
Reflexão em torno da história do turismo em Portugal.
A chegada massiva de migrantes rurais acarretou a explosão demográfica e a expansão territorial d... more A chegada massiva de migrantes rurais acarretou a explosão demográfica e a expansão territorial das cidades ocidentais Oitocentistas, caracterizada pela agudização de uma segregação residencial pautada por classes sociais distintas. O presente texto pretende compreender algumas das características desta discordante ocupação residencial, mormente através da identificação da naturalidade e do estrato socio-profissional da população de duas freguesias do Porto, no final do século XIX. Para tal, são analisados os livros de baptismo de 1881 das freguesias de Cedofeita e do Bonfim (as de maior crescimento demográfico de final de século), com vista ao conhecimento e à compreensão das dinâmicas territoriais entre o Porto e a sua envolvente regional e nacional, bem como nos contrastes e semelhanças no interior do seu espaço urbano.
Revista "Percursos & Ideias", 2009
Com a crescente perda demográfica, económica e social com que o centro das cidades se tem deparad... more Com a crescente perda demográfica, económica e social com que o centro das cidades se tem deparado e o consequente crescimento das áreas suburbanas ou periféricas, as formas urbanas do passado assim como o espaço público central têm sido incontornavelmente questionados pela sua suposta desadequação à realidade contemporânea. Através de uma abordagem de sustentabilidade
urbana e perante as novas oportunidades criadas pela sociedade pós-moderna e pelo crescimento do turismo urbano, este artigo visa discutir o papel das formas urbanas herdadas do passado, moldadas ao longo de séculos pelos velhos usos e costumes, entretanto desaparecidos ou em mutação radical devido às profundas transformações sociais,
económicas e tecnológicas que desde o final do século XIX têm tido lugar.
A partir de meados do século XIX, a liberal cidade do Porto assistiu à chegada em massa de popula... more A partir de meados do século XIX, a liberal cidade do Porto assistiu à chegada em massa de população principalmente nortenha que fugia aos enormes problemas da ruralidade portuguesa de então, onde a fome e a pobreza grassavam. Em menos de metade de um século, os censos de 1864 e 1890 mostram que a população da cidade aumentou desmesuradamente, vendo-se esta obrigada a resolver um profundo problema de habitação. Devido a este excesso de oferta de mão-de-obra, os salários eram necessariamente baixos num período de inflação severa, pelo que a solução residencial para esta população passou, acima de tudo, pela construção de ilhas: longas filas de casas minúsculas, sem água potável, nem ventilação cruzada, que eram construídas, lado a lado, nas traseiras dos longos lotes burgueses. Estes haviam sido desenhados, na sua larga maioria, na primeira metade do século XIX mas foram apenas ocupados de forma intensa na segunda metade do século, devido a um turbulento arranque de XIX, com as invasões francesas, as epidemias de cólera e o Cerco do Porto. Ao mesmo tempo, fugindo às ameaças epidemiológicas e resguardando-se de uma população subnutrida e imbuída de " perigosas " ideias socialistas, a classe mais abastada refugiava-se em palacetes urbanos construídos nas vias Setecentistas de origem Almadina ou nas novas urbanizações que se desenvolviam na periferia da cidade ou nas velhas quintas da cidade central que, até então, tinham resistido à urbanização. Nesta altura também, a revolução dos transportes complexificava a estrutura interna da cidade, sobretudo graças à implementação e vulgarização dos transportes sobre carris em diferentes escalas. A chegada do comboio à estação de Campanhã, entre tantos outros impactos territoriais, possibilitou a chegada rápida e cómoda ao Porto da referida população migrante, vinda sobretudo do Douro, do Minho e das Beiras, mas também da Galiza. O desenvolvimento da rede interna de transportes metamorfoseou a pré-industrial mistura social do centro numa cidade de duas faces bem vincadas: a cidade da produção, onde pontificavam as fábricas, as pequenas indústrias e os bairros residenciais pobres, e a cidade do consumo, onde os palacetes da classe social mais elevada e os espaços de lazer (como os parques, jardins e as praias chiques) imperavam. O presente texto pretende compreender como decorreu este processo de (sub)urbanização do Porto, em particular na freguesia do Bonfim, e quais os padrões territoriais fundamentais que se desenvolveram. Para tal, descodificará as causas e consequências da segregação residencial de base social que decorreu na cidade de então (no Porto, como no resto das grandes aglomerações urbanas do mundo ocidental) e analisará as flutuações no tempo e no espaço dos avanços e recuos físicos da cidade. Para tal, a metodologia utilizada para este trabalho prendeu-se sobretudo com o levantamento de dados a partir de três fontes: os livros paroquiais de baptismo, as plantas ou registos cartográficos de obras públicas e os requerimentos e licenças de obras privadas submetidas à Câmara Municipal do Porto.
IX Congresso da Geografia Portuguesa., 2013
É habitual a leitura da cidade desde a oposição centro-periferia. Já é menos frequente valorizar ... more É habitual a leitura da cidade desde a oposição centro-periferia. Já é menos frequente valorizar a dualidade Este-Oeste, apesar desta estar presente em várias cidades, como Londres ou Paris. Este artigo trata a inovação e o papel nesta dos estrangeiros no Porto a Oeste do Centro da cidade do Porto, considerando as principais diferenças e pontos de contacto entre o urbanismo do século XIX e as dinâmicas e ações que marcam o século XXI. Pretende-se em especial dar conta da multiplicação e diversificação dos estabelecimentos de atividades económicas diversas, no quadro de uma especialização cultural e criativa e da complexificação de estabelecimentos de várias atividades e das suas relações com diferentes intensidades de uso do espaço público ao longo do dia e da semana.
IX Congresso da Geografia Portuguesa – Geografia: Espaço, Natureza, Sociedade e Ciência, 2013
Nas últimas décadas, face às incertezas do planeamento, à maior imprevisibilidade da evolução dos... more Nas últimas décadas, face às incertezas do planeamento, à maior imprevisibilidade da evolução dos territórios e ao recuo do Estado assistimos à expansão e consolidação de abordagens integradas de base local que procuram mediar conflitos e regular a totalidade das dinâmicas urbanas, afirmando-se cada vez mais como alternativa, de curto prazo e espaço restrito, à intervenção setorial ou ao planeamento e ordenamento (no sentido mais físico) de um espaço urbano mais alargado. Sobre este pano de fundo, aborda-se o caso do Porto, em especial a ação para o “centro” e as intervenções mais recentes, lembrando alguns dos princípios, planos e projetos do Porto Oitocentista.
Land, 2024
In multicentric and increasingly complex urban regions, a city centre reinvents itself. In the ca... more In multicentric and increasingly complex urban regions, a city centre reinvents itself. In the
case of Porto, tourism was essential for its “Baixa” renaissance. A relevant increase in visitors meant
also a dramatic increase in real estate prices and significant land-use change. In field interviews,
retailers noticed a “new life” before COVID-19 arrived, remarking on the positive role of tourism on
urban rehabilitation and the economic viability of companies, and the negative effects for residents
and traditional shops, directed to the common resident. In this article, we present and discuss its
main effects in this exceptional area in Portugal’s second city. We also discuss tourism dependency
and the challenge of sustainability in a high-density context, defending public policies oriented for
a “city with tourists” that replaces the current construction of a “city of tourists”.
Percursos & Ideias
And suddenly, the world stopped. With it, tourism activity practically ceased, triggering an unpr... more And suddenly, the world stopped. With it, tourism activity practically ceased, triggering an unprecedented crisis, after decades of continuous and exponential growth. Thus, this article aims to analyze the reactions of the tourism industry to this economic and social bump, both from a technological and communicational point of view, analyzing relational marketing campaigns in different tourist destinations and the technological resources available to organizations and companies in the sector. To this end, a comparative analysis of the different communication strategies was carried out, as well as an inventory of technological and / or digital solutions to face the crisis, namely in the role of the internet, the technologies of the 4th industrial revolution, the “social software” and the 5G networks, opening a discussion about the future of the sector and the new communication challenges of the tourism industry.
Este artigo aborda os conceitos gerais associados aos circuitos culturais, bem como os impactos d... more Este artigo aborda os conceitos gerais associados aos circuitos culturais, bem como os impactos do seu desenvolvimento nos destinos. Identifica as razoes pelas quais o patrimonio historico e as cidades historicas tem vindo a ganhar nas ultimas decadas grande procura turistica, reflectindo sobre a importância dos circuitos quer na sua preservacao e divulgacao, quer na sua dimensao economica. Identifica-se o publico-alvo que procura este tipo de turismo, dando especial enfase ao turista de interesse especial. Como exemplo, apresenta-se um caso de estudo que reflecte o desenvolvimento de estilo neoclassico na cidade do Porto, em meados do seculo XVIII e o potencial que este tipo de oferta turistica podera representar para uma empresa de itinerarios culturais no Porto.
Os Desafios (Geográficos) da Governação Territorial, 2023
O turismo, em especial o urbano, tem crescido imenso ao longo dos últimos anos. A apreciação dest... more O turismo, em especial o urbano, tem crescido imenso ao longo dos últimos anos. A apreciação deste crescimento é geralmente feita a partir de duas perspetivas contrárias: a que valoriza o seu impacto na economia local, por oposição à que destaca os seus efeitos negativos para os locais, nomeadamente em matéria de habitação. Este texto reflete os impactos da atividade turística, procurando compreender de que forma pode ser gerido pelas políticas públicas. Essas políticas têm partido da gestão (por vezes, até na proibição) do alojamento local, em políticas de habitação, no apoio, regulação e incentivos ao comércio tradicional, na gestão da mobilidade, enfim, numa abordagem de ordenamento territorial, uma vez que as políticas para o turismo urbano, sem reprimir o desenvolvimento económico, podem ajudar a minimizar os impactos negativos do turismo.
Sustainability
Cities experience rapid growth and transformation. Over the past decades, change has been particu... more Cities experience rapid growth and transformation. Over the past decades, change has been particularly intense and complex, associated to globalization, spatial compression and temporal acceleration. Within this context, the EU funds introduced new urban rehabilitation dynamics that made a city center more and more attractive. This, alongside the growth of international tourism, has increased the number of city users, which has furthered the discussion on the relation between the physical, economic, social and environmental intervention of the city, as well as the debates on the positive and negative impacts of tourism in cities. With that in mind, we look at the intense change that occurred in the city of Porto, Portugal, in the period from an intense economic crisis to the COVID-19 confinement. We consider changes in buildings, retail and policies to conclude that a neoliberal attitude favoured a tourism-led and sustainability blind gentrification. Based on a survey and analysis o...
Revista Percursos & Ideias, 2018
A partir do relato de viagem de duas turistas no Porto, Maria Rattazzi e Lady Jackson, o texto pr... more A partir do relato de viagem de duas turistas no Porto, Maria Rattazzi e Lady Jackson, o texto pretende compreender a realidade turística da cidade à entrada do último quartel do século XIX, explorando as observações e reflexões apresentadas pelas duas viajantes no decurso da sua estadia. A riqueza e profundidade dos textos permite a análise a outros tópicos como a condição feminina na sociedade romântica portuguesa ou a compreensão do espaço urbano portuense. Usando análise comparada aos dois textos e confrontando-os com outros documentos da época, pretende-se também compreender as limitações e problemas de uma turista perante os constrangimentos finisseculares.
GOT, 2018
The speed and scale of urban tourism growth raises new challenges to understand contemporary gent... more The speed and scale of urban tourism growth raises new challenges to understand contemporary gentrification processes, namely for internationally open, heritage-rich medium-sized cities. Based on the case of Porto (Portugal), we explore two of such challenges. First, we claim that the concept is becoming rather diffuse and that there’s a
need to consider different types of rapid urban change, namely social (of residents) and/or economic (related with activities). Second, we defend a better appreciation of history by arguing that leisure-led gentrification processes have been taking place for centuries in Porto. Third we compare 19th century British-driven gentrification processes in the city with contemporary urban change in its central district, in order to highlight the unprecedented functional change imposed by international visitors and “floating city users”, as well as a number of associated challenges in keeping diversity having in mind what local development
should be about.
«Não faças aos outros o que não desejas que te façam». Foi deste modo que o médico José de Andrad... more «Não faças aos outros o que não desejas que te façam». Foi deste modo que o médico José de Andrade Gramaxo resumiu a forma como norteou toda a sua vida, dela despedindo-se no dia 02 de março de 1921. A conduta e o profissionalismo com que abraçava a sua profissão perpetuou na memória coletiva o percurso de um maiato verdadeiramente notável, reconhecido e descrito por muitos como um dos maiores vultos da classe médica do seu tempo. É precisamente esse o objetivo do presente artigo: evocar a memória do célebre Dr. Gramaxo. Recorreu-se, nesse sentido, à consulta e análise de estudos biográficos prévios e a uma série de fontes primárias disponíveis no Arquivo Histórico e no Arquivo Distrital do Porto. Foram ainda consultadas outras fontes existentes no espólio documental da família, cedido gentilmente para a elaboração deste trabalho por Fernando Gramaxo, trineto de José de Andrade Gramaxo, a quem agradecemos.
O presente texto tem como principal objetivo explicar o processo de migração residencial da comun... more O presente texto tem como principal objetivo explicar o processo de migração residencial da comunidade britânica do Porto, que se deu essencialmente na primeira metade do século XIX, da parte ribeirinha da cidade para a parte alta ocidental do Porto. Nesse sentido, a análise será centrada no papel do cemitério britânico nesse processo, através de uma metodologia assente na consulta de fontes primárias como o aboletamento de 1832 e os almanaques comerciais disponíveis para o século XIX no Porto, assim como a análise de percursos de vida e de lotes urbanos ao longo do tempo e de várias gerações, contribuindo para um conhecimento mais aprofundado da geografia social do Porto de Oitocentos.
O Concelho da Maia foi, durante vários séculos, um território predominantemente rural e agrícola,... more O Concelho da Maia foi, durante vários séculos, um território predominantemente rural e agrícola, com uma população bastante reduzida que, na sua maioria, procurava a sua subsistência nos recursos que esse dito território rural oferecia: os campos (extremamente férteis), as pedreiras (que abundavam e abasteciam a cidade do Porto) e os pinhais (sobretudo explorados no Inverno, por altura da menor intensidade agrícola). Era ainda um território socialmente heterogéneo, onde coexistiam pessoas com parcos recursos económicos, que habitavam em casas “térreas, baixas e acanhadas: os portais muito baixos, que qualquer homem quebrava a cabeça na padeeira, se não se abaixasse” (Azevedo, 2014, p. 136); com figuras de posições sociais mais elevadas, que habitavam sobretudo em quintas (algumas brasonadas), procurando na Maia a tranquilidade e o bucolismo que não encontravam em grandes centros citadinos.
A Quinta da Boa Vista, casa de campo seiscentista reformada, sita na freguesia da Maia (Concelho da Maia), é um desses vários exemplos. A génese da atual Quinta da Boa Vista remonta ao ano de 1648, momento em que uma propriedade conhecida como Casal da Granja é adquirida por Ana André Gramaxo e Simão Martins Ferreira. Deste casal, resultaram vários descendentes, que ao longo do tempo, ficaram na posse da Quinta da Boa Vista, ou a residir nela. A Quinta chegou a pertencer, a título de exemplo, ao Reverendo Vicente Gramaxo, detentor de várias propriedades na referida freguesia, tendo inclusivamente doado parte do terreno onde foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, datada de 1738 e que ladeia a Quinta da Boa Vista. Após a morte de Vicente Gramaxo (1752), a Quinta (vulgarmente conhecida como Quinta dos Gramaxo), passa para a posse de seu irmão, o Sargento-mor Diogo António de Andrade Gramaxo. Com a morte deste elemento da família Gramaxo, em 1805, que “dizião ser a creatura mais antiga da freguesia” (ADP, Registos de Óbito da Maia, 1795-1817, fls. 171v-172), a propriedade fica nas mãos de sua filha D. Ana Josefa de Andrade Gramaxo. Foi desde o século XVII, até aos nossos dias, que a Quinta da Boa Vista foi sendo legada de geração em geração, sempre radicada na influente família Gramaxo, que foi, ao longo do tempo, cimentando a sua posição social, tanto em cargos administrativos e culturais, como na celebração de matrimónios com outras influentes famílias do entre o Douro e Minho.
O objetivo deste trabalho é compreender a evolução da Quinta, tanto nos seus moradores e proprietários como nas suas transformações internas, na compreensão da história familiar dos Gramaxo e da sua teia. Para a elaboração deste estudo recorremos essencialmente a fontes paroquiais, a manuscritos, periódicos, bibliografia relevante sobre esta temática e a entrevistas com descendentes.
O Bairro de Cedofeita era uma das áreas preferidas para o estabelecimento de residência no Porto ... more O Bairro de Cedofeita era uma das áreas preferidas para o estabelecimento de residência no Porto entre a burguesia e os altos-funcionários portuenses. Ao longo do século XIX, à medida que a cidade crescia física e demograficamente, torna-se notória uma maior disseminação dos espaços residenciais por áreas periféricas permitindo uma paulatina separação entre as áreas de cariz popular das ocupadas pela elite. As áreas limítrofes vão-se consolidando e adquirindo novos residentes, numa expansão feita no sentido contrário ao Rio Douro, pelas freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso e Bonfim. Assistiu-se gradualmente a uma transformação da cidade à cota baixa, num processo de desdensificação que é comprovado pelos levantamentos censitários da segunda metade do século, onde, por exemplo, a freguesia de São Nicolau perde sempre população de um levantamento para o seguinte, ou nas obras de abertura da rua de Mouzinho da Silveira e da Nova Alfândega, rasgando tecido urbano onde habitavam dezenas e dezenas de pescadores, mercadores, cordoeiros, poleeiros, carrejões, entre tantas outras profissões que viviam do rio.
Nos espaços residenciais na expansão da cidade a cotas mais elevadas, o Porto organizava-se socialmente em padrões desequilibrados, entre um oriente mais operário e produtivo e um ocidente mais burguês e consumista, parte de um complexo mosaico social. E é neste contexto de crescimento urbano que surgem os Mogofores, família brasonada no lastro do Cerco do Porto, que, um após o outro, vão estabelecendo a sua residência no Bairro de Cedofeita, na área de expansão ocidental da cidade, em particular na rua dos Mártires da Liberdade.
A fase inicial deste trabalho baseou-se, primeiramente, na transcrição do Livro de Aboletamento de 1833 e de muitos róis de paroquianos da freguesia de Cedofeita para os anos disponíveis do século XIX. O aboletamento, tal como a expressão subentende, representa o ato de aboletar, ou seja, aquartelar soldados em casas particulares. Esse aspeto não é, porém, o que mais nos cativa na transcrição dos dados nele constantes; é sim o facto de nesse livro constarem todas as moradas de casas nas mais diversas ruas e respetivos números de polícia, assim como os seus proprietários, profissões e características da habitação (número de andares, cavalariças, condição de habitabilidade e, por vezes, outras observações suplementares). Já os róis de paroquianos permitem aceder não só aos números de polícia mas também aos proprietários e restantes habitantes das moradas e respetivas profissões, dependendo, todavia, do ano e do pároco.
A investigação centrou-se em determinados edifícios. Para tal, foi necessária a consulta dos registos prediais desses edifícios e das licenças de obras associadas aos mesmos. A informação constante nos registos prediais dos lotes permitiu também a consulta de escrituras relativas à transferência das propriedades. Essas informações permitiram aceder aos nomes dos proprietários dos lotes e traçar uma sequência de proprietários que, ao longo do tempo, detiveram em sua posse a morada de casas.
Assim, o nome Seabra foi surgindo, entre residentes e proprietários, à medida que a investigação dos vários lotes da área foi sendo desbravada e a (des)continuidade das relações de propriedade compreendida.
revista "O Tripeiro", 2004
Revista Percursos & Ideias, 2010
Revista "O Tripeiro", 2014
JN História, 2017
Reflexão em torno da história do turismo em Portugal.
A chegada massiva de migrantes rurais acarretou a explosão demográfica e a expansão territorial d... more A chegada massiva de migrantes rurais acarretou a explosão demográfica e a expansão territorial das cidades ocidentais Oitocentistas, caracterizada pela agudização de uma segregação residencial pautada por classes sociais distintas. O presente texto pretende compreender algumas das características desta discordante ocupação residencial, mormente através da identificação da naturalidade e do estrato socio-profissional da população de duas freguesias do Porto, no final do século XIX. Para tal, são analisados os livros de baptismo de 1881 das freguesias de Cedofeita e do Bonfim (as de maior crescimento demográfico de final de século), com vista ao conhecimento e à compreensão das dinâmicas territoriais entre o Porto e a sua envolvente regional e nacional, bem como nos contrastes e semelhanças no interior do seu espaço urbano.
Revista "Percursos & Ideias", 2009
Com a crescente perda demográfica, económica e social com que o centro das cidades se tem deparad... more Com a crescente perda demográfica, económica e social com que o centro das cidades se tem deparado e o consequente crescimento das áreas suburbanas ou periféricas, as formas urbanas do passado assim como o espaço público central têm sido incontornavelmente questionados pela sua suposta desadequação à realidade contemporânea. Através de uma abordagem de sustentabilidade
urbana e perante as novas oportunidades criadas pela sociedade pós-moderna e pelo crescimento do turismo urbano, este artigo visa discutir o papel das formas urbanas herdadas do passado, moldadas ao longo de séculos pelos velhos usos e costumes, entretanto desaparecidos ou em mutação radical devido às profundas transformações sociais,
económicas e tecnológicas que desde o final do século XIX têm tido lugar.
A partir de meados do século XIX, a liberal cidade do Porto assistiu à chegada em massa de popula... more A partir de meados do século XIX, a liberal cidade do Porto assistiu à chegada em massa de população principalmente nortenha que fugia aos enormes problemas da ruralidade portuguesa de então, onde a fome e a pobreza grassavam. Em menos de metade de um século, os censos de 1864 e 1890 mostram que a população da cidade aumentou desmesuradamente, vendo-se esta obrigada a resolver um profundo problema de habitação. Devido a este excesso de oferta de mão-de-obra, os salários eram necessariamente baixos num período de inflação severa, pelo que a solução residencial para esta população passou, acima de tudo, pela construção de ilhas: longas filas de casas minúsculas, sem água potável, nem ventilação cruzada, que eram construídas, lado a lado, nas traseiras dos longos lotes burgueses. Estes haviam sido desenhados, na sua larga maioria, na primeira metade do século XIX mas foram apenas ocupados de forma intensa na segunda metade do século, devido a um turbulento arranque de XIX, com as invasões francesas, as epidemias de cólera e o Cerco do Porto. Ao mesmo tempo, fugindo às ameaças epidemiológicas e resguardando-se de uma população subnutrida e imbuída de " perigosas " ideias socialistas, a classe mais abastada refugiava-se em palacetes urbanos construídos nas vias Setecentistas de origem Almadina ou nas novas urbanizações que se desenvolviam na periferia da cidade ou nas velhas quintas da cidade central que, até então, tinham resistido à urbanização. Nesta altura também, a revolução dos transportes complexificava a estrutura interna da cidade, sobretudo graças à implementação e vulgarização dos transportes sobre carris em diferentes escalas. A chegada do comboio à estação de Campanhã, entre tantos outros impactos territoriais, possibilitou a chegada rápida e cómoda ao Porto da referida população migrante, vinda sobretudo do Douro, do Minho e das Beiras, mas também da Galiza. O desenvolvimento da rede interna de transportes metamorfoseou a pré-industrial mistura social do centro numa cidade de duas faces bem vincadas: a cidade da produção, onde pontificavam as fábricas, as pequenas indústrias e os bairros residenciais pobres, e a cidade do consumo, onde os palacetes da classe social mais elevada e os espaços de lazer (como os parques, jardins e as praias chiques) imperavam. O presente texto pretende compreender como decorreu este processo de (sub)urbanização do Porto, em particular na freguesia do Bonfim, e quais os padrões territoriais fundamentais que se desenvolveram. Para tal, descodificará as causas e consequências da segregação residencial de base social que decorreu na cidade de então (no Porto, como no resto das grandes aglomerações urbanas do mundo ocidental) e analisará as flutuações no tempo e no espaço dos avanços e recuos físicos da cidade. Para tal, a metodologia utilizada para este trabalho prendeu-se sobretudo com o levantamento de dados a partir de três fontes: os livros paroquiais de baptismo, as plantas ou registos cartográficos de obras públicas e os requerimentos e licenças de obras privadas submetidas à Câmara Municipal do Porto.
IX Congresso da Geografia Portuguesa., 2013
É habitual a leitura da cidade desde a oposição centro-periferia. Já é menos frequente valorizar ... more É habitual a leitura da cidade desde a oposição centro-periferia. Já é menos frequente valorizar a dualidade Este-Oeste, apesar desta estar presente em várias cidades, como Londres ou Paris. Este artigo trata a inovação e o papel nesta dos estrangeiros no Porto a Oeste do Centro da cidade do Porto, considerando as principais diferenças e pontos de contacto entre o urbanismo do século XIX e as dinâmicas e ações que marcam o século XXI. Pretende-se em especial dar conta da multiplicação e diversificação dos estabelecimentos de atividades económicas diversas, no quadro de uma especialização cultural e criativa e da complexificação de estabelecimentos de várias atividades e das suas relações com diferentes intensidades de uso do espaço público ao longo do dia e da semana.
IX Congresso da Geografia Portuguesa – Geografia: Espaço, Natureza, Sociedade e Ciência, 2013
Nas últimas décadas, face às incertezas do planeamento, à maior imprevisibilidade da evolução dos... more Nas últimas décadas, face às incertezas do planeamento, à maior imprevisibilidade da evolução dos territórios e ao recuo do Estado assistimos à expansão e consolidação de abordagens integradas de base local que procuram mediar conflitos e regular a totalidade das dinâmicas urbanas, afirmando-se cada vez mais como alternativa, de curto prazo e espaço restrito, à intervenção setorial ou ao planeamento e ordenamento (no sentido mais físico) de um espaço urbano mais alargado. Sobre este pano de fundo, aborda-se o caso do Porto, em especial a ação para o “centro” e as intervenções mais recentes, lembrando alguns dos princípios, planos e projetos do Porto Oitocentista.
RomantHis - História, Arte, Cultura e Património do Romantismo; Director: Francisco Queiroz; Directora adjunta: Cristina Moscatel, 2023
Índice * António Francisco Arruda Cota - O decorador de porcelana Joseph Klotz, de Paris, e os ... more Índice
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António Francisco Arruda Cota - O decorador de porcelana Joseph Klotz, de Paris, e os serviços encomendados por Eduardo da Silva Machado, do Porto: história e enquadramento
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Miguel Montez Leal - Uma encomenda invulgar: o Conde de Azarujinha e a decoração azulejar de Pereira Cão para o Palácio Azarujinha, antigo Palácio Pombeiro-Belas, à Bemposta
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Cristina Moscatel - Maria Hortense de Sequeira Morais (1858-1941): notas biográficas
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Femke van Zeijl e Francisco Queiroz - O «anjo» de Lagos, na Nigéria: uma figura alegórica em faiança de proveniência portuguesa
Brasil e Portugal vistos desde as cidades, 2018
O processo de desenvolvimento urbano do Oitocentos teve uma implicação de grande importância na c... more O processo de desenvolvimento urbano do Oitocentos teve uma implicação de grande importância na cidade contemporânea, já que não apenas marcou uma transformação profunda em face da cidade herdada, como as suas marcas continuam a ser essenciais na compreensão da cidade consolidada de hoje, em especial nos seus centros. De fato, ainda que com impactos desiguais de cidade para cidade, a industrialização e a urbanização aceleradas que ocorreram no século XIX, sobretudo na segunda metade, trouxeram transformações fundamentais na organização interna das cidades e na sua morfologia, assim como na economia, com a dita "Revolução Industrial" -que na realidade mudou não apenas a produção como fez emergir o comércio e outras atividades -, bem como ainda na relação entre os diferentes grupos sociais, em especial naquelas cidades que, como o Porto, mais sentiram o aumento da produção industrial e o efeito de afirmação da cidade como centro regional de oferta de bens e serviços.
As Ilhas do Porto - levantamento e caracterização, 2015
Na segunda-feira, 20 de julho de 1885, o jornal "A Folha Nova" publica um extenso texto do jornal... more Na segunda-feira, 20 de julho de 1885, o jornal "A Folha Nova" publica um extenso texto do jornalista Emygdio d'Oliveira e do médico Ricardo Jorge, relatando uma saída de campo pela cidade do Porto, em busca das ilhas da cidade. O título da crónica é "A miséria no Porto" e nela se descrevem detalhes crus e perturbadores sobre a visita à "ilha do Caleiro" na então travessa de Montebelo, à rua do Bonfim. A ilha tinha "um aspecto desagradável", era um "pardieiro" onde se matavam e salgavam porcos, entre excrementos humanos e de animais que polvilhavam o chão empoeirado, e havia fumo, muito fumo, vindo de fogueiras acesas dentro das casas sem qualquer ventilação apropriada. A descrição pode ser eventualmente um exemplo extremo. Todavia, relatos com contornos semelhantes eram repetidos noutros contextos, tanto em jornais da cidade como em várias dissertações feitas na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, a propósito da higiene e salubridade urbana. O Porto vivia então um tempo de crescimento populacional extraordinário, feito sobretudo de um saldo migratório muito favorável, e não tanto devido ao crescimento natural, porque a taxa de mortalidade era altíssima, sobretudo entre os mais