Lilian Amaral | Unesp - Academia.edu (original) (raw)

Papers by Lilian Amaral

Research paper thumbnail of OPENSPACE_Arte Tecnológico, SituaAcción, Co-creAción, InterAcción en Rede Iberoamericana

Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), Nov 6, 2022

Resumen OPENSPACE es un entorno virtual, inmersivo, abierto y procedimental, desarrollado especia... more Resumen OPENSPACE es un entorno virtual, inmersivo, abierto y procedimental, desarrollado especialmente en el contexto del OpenLab 2021 (UPV/ES) por el grupo de investigación y co-creación HolosCiudade para albergar versiones interactivas de proyectos de arte tecnológico presentados durante Panorama EXP 2021 con el objetivo de generar una galería virtual permanente para la experimentación poética y albergar obras interactivas, con la participación de más de 85 artistas de diferentes regiones del mundo y la realización de la exhibición Panorama EXP, explorando y transformando la experiencia del usuário (GRAU, 2007). Así, OPENSPACE amplía el tiempo de exposición y el contacto con las obras en exhibición permanente, estimulando nuevas formas de experimentación del arte tecnológico en un entorno virtual interactivo, sugiriendo el potencial de OPENSPACE como espacio crítico y reflexivo de co-creación y co-investigación en red. Palabras-clave: OpenSpace, arte tecnológico, entorno inmersivo y virtual, co-creación, red iberoamericana

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Research paper thumbnail of Cartografias da cidade evandro fiorin helio hirao organiszadores (2)

Este e-book é resultado de um seminário realizado no mês de outubro de 2017, pelo Grupo de Pesqui... more Este e-book é resultado de um seminário realizado no mês de outubro de 2017, pelo Grupo de Pesquisa de Projeto, Arquitetura e Cidade, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP-Campus de Presidente Prudente. Sob o título "Cartografias Urbanas", o debate reuniu filósofos, arquitetos urbanistas, artistas e geógrafos interessados em discorrer sobre as estratégias de pesquisa e de intervenção no âmbito da cidade contemporânea. Sendo assim, esta coletânea se organiza como um documento que registra as discussões outrora levantadas apontando para novos rumos sobre a temática em questão. Deste ponto de vista, agrega profissionais e pesquisadores da UNESP e de outras instituições do país, engajados nos cursos de graduação e pós-graduação, cujo enfoque seja a busca por novas práticas pedagógicas e de pesquisa urbana. Assim, este compêndio aqui intitulado: "Cartografias da Cidade" constrói possibilidades de apreensão sobre a complexa trama que envolve a investigação do espaço urbano nos dias atuais, diante das mudanças e transformações em curso. No entanto, o e-book, não se apresenta como um modelo a ser seguido, mas, ao contrário, busca nos seus vários capítulos, por algumas tentativas de formular hipóteses que se colocam ao teste, sob as novas dinâmicas sempre cambiantes, da tessitura da cidade contemporânea.

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Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiênci... more Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiência A Memória do lugar, o patrimoniável e a poética do Sul: a experiência de um Pontão de Cultura Viva como museu difuso e temporário Claudio Barría Mancilla Andarilhagens: caminhos, contornos e entornos Ana Alvarenga e Sérgio Alves Asas e raízes Bianca Wild Da dor ao horror: o corpo do africano escravizado, supliciado e disciplinado Cláudio de Paula Honorato O patrimônio que se descobre através da experiência Georgie Echeverri Vásquez Os tempos da Maré Luiz Antônio de Oliveira A rua é o museu: cartografias da memória em contexto urbano ibero-americano contemporâneo Lilian Amaral Curta-documentário Rotas da memória EntrePontos cariocas Rotas da memória: trilhas para não esquecer Sempre se desenha, pinta, fotografa o Rio de Janeiro. Sempre haverá ainda o que fotografar, desenhar, pintar. Sempre se escreve, em verso, prosa, crônica ou ciência, algo sobre o Rio de Janeiro. Sempre haverá o que ainda escrever e reinventar. Sempre se fala sobre o Rio de Janeiro e, sobretudo agora, para o bem e para o mal, sempre se noticia o que no Rio de Janeiro aconteceu, acontece e acontecerá. Qualquer lugar onde alguma forma de vida habita é inesgotável. Todo cenário em que uma única vida humana está e reside, por um instante que seja, é todo um mundo, e pode ser sempre infinitamente narrável. Uma pequenina aldeia, uma cidadezinha qualquer dessas que nem sequer merecem um mínimo nome em um mapa ainda são, uma e outra, territórios de vidas e sentidos que merecem todos os poemas (como em Fernando Pessoa e sua aldeia), ou todas as crônicas (como no mineiro Carlos Drummond de Andrade). E merecem a eterna memória das narrativas que uma velha senhora de poucas antigas palavras e muitas lembranças soubesse revelar. Vinícius de Moraes, carioca como eu, sabia disto e escreveu e cantou o Rio de Janeiro. Em direção oposta, João Guimarães Rosa, nascido na pequenina Cordisburgo, escolheu lugares menores ainda; mínimos arraiais norte-mineiros, "corrutelazinhas" esquecidas entre sertões sem-fim, para escrever sobre um "ali", onde cabia um cavalo, a vida e os dramas de um par de viventes, para escrever um conto inapagável. Imaginem o Rio de Janeiro. Nasci "no Rio", nos tempos em que o bonde ainda era o melhor de todos os meios de transporte. Nasci em Copacabana, quando, diante do mesmo mar imenso, eram muitas as casas, cujas janelas se abriam a ele e à praia de meus primeiros anos (Posto Dois-e-Meio, ao lado do Copacabana Pálace), e eram raros os edifícios. Morei durante meus dez primeiros anos em uma rua esquecida, chamada General Barbosa Lima. Uma rua que eu duvido que quem me leia conheça, e que, saindo da Rua Inhangá, subia uma ladeira calçada de pedras até morrer no "Morrinho", um dos pequenos paraísos de minha infância. Depois, aos dez anos de idade, "mudei pra Gávea". A Rua Cedro ainda despenca de um dos altos da Estrada da Gávea, e, entre florestas e, ao longe, os Dois Irmãos, é até hoje um dos lugares cariocas em que em certas manhãs se acorda escutando passarinhos e macacos. Eram apenas três as casas que por lá havia quando um tio engenheiro, irmão de meu pai, construiu a nossa casa. Toda branca, entre paredes e janelas, ela ainda está lá como há sessenta e oito anos. EntrePontos, uma expressão também cara às fiandeiras dos fundos de Goiás e de Minas Gerais por onde andei, entretece escritos que fazem do Rio de Janeiro uma inesperada Cidade-Macondo. Um Rio tanto meio fora dos mapas quanto fora dos eixos. Enfim, um péssimo livro para turistas ociosos, ou para buscadores da superfície do curioso, do pitoresco e do típico, e desinteressados do denso e do humanamente próprio. Quem, entre as pessoas de recato, começaria um livro sobre as culturas de entre-pontos com um escrito com este título tão sartriano: "O adubo e a náusea: a cidade"? E em nome de que admirável e corajoso desvario, ao se falar e dar a ver a presença do negro no Rio de Janeiro, em vez de, uma vez mais, trazer dele algo de sua arte, ou a sua voz de denúncia em seus depoimentos sobre como ainda há quem seja "gente de menos" nesta cidade-em boa medida edificada por eles-por apenas ser "um negro", o que se escreve e fotografa é um longo e denso estudo sobre o sofrimento do corpo do negro escravo do passado. E um homem-povo negro não apenas publicamente açoitado, mas dado a ver-entre desenhos e pinturas-sofrendo no meio da rua o absurdo do açoite e a imagem da mão que grava a cena. Neste livro, a cultura, com suas rotas, pontos e entre-pontos, é dada a ver e a ler e pensar, desde os fundos da Maré, como um lugar de vida coletiva, de arte e resistência, tão distante de minha Gávea de florestas e montanhas e de minha Copacabana, onde durante anos o que importava ao menino que eu fui era o perfil de outras "marés" e o que elas provocavam nas ondas que nos atraíam e desafiavam. Eis o valor de Rotas da memória através dos seus EntrePontos cariocas: ser um inesperado desafio a se rever o próprio olhar sobre uma grande e pluri-cênica cidade. Primeiro, a partir do que ela é, quando vista e escrita no que tem de uma peculiar vocação de ser também uma certa vocação de Macondo. Segundo, através de se descobrir nas entrelinhas de seus recantos menos conhecidos. Como quando uma rua pode ser um museu. Ou o que pensamos ser "patrimônio" não precisa ser o Cristo Redentor, ou o Museu do Amanhã, para tornar-se um bem-coletivo e partilhável de um valor inestimável. Terceiro, por demonstrar, sem apelos a cifras e a feitos, como, com criatividade e persistência, se pode solidariamente entretecer pontos e recriar belos e densos espaços e tempos não tanto de uma cultura-pronta-para-uso, mas de uma diversa-e até divertida-cultura que se cria quando, entre os teares do imaginário, as pessoas se encontram para, afinal, fazer algo além de "pegar jacaré" nas ondas da praia, ou passar todo um dia de sábado pendurado entre cordas a caminho de um cume de montanha. Carlos Rodrigues Brandão Outono de 2018 (65 anos depois de Edmund Hillary e o sherpa nepalês Tenzing conquistarem o Everest e 58 anos depois de uma equipe do Clube Excursionista Rio de Janeiro, de que fiz parte, conquistar o Paredão Baden-Powell, no Irmão Maior do Leblon-na verdade, na Gávea.) CONTEXTOS I Recebo com frequência indagações sobre minhas referências para falar da história da cidade do Rio de Janeiro e interagir com ela. Respondo ludicamente que me inspiro nas lições do Caboclo da Pedra Preta, aquele que cantou a beleza da pedrinha miudinha de Aruanda e encontrou no que aparentemente é insignificante o caminho para entender e indagar o mundo. Deliro que Walter Benjamin consultou-se com ele numa macaia imaginada. Busco pensar a cultura carioca a partir de um poder que Exu, o orixá iorubano, tem: o de ser "enugbarijó", a boca que tudo come. Exu come o que lhe for oferecido e, logo depois, restitui o que engoliu de forma renovada, como potência que, ao mesmo tempo, preserva e transforma. A cidade que me interessa é aquela que nas frestas e esquinas ritualiza a vida para o encantamento dos cantos e dos corpos. Aquela que subverteu a chibata que deu no corpo em baqueta que bateu no couro do tambor, conforme digo com frequência. Nós estamos adoecidos de "ismos", não duvido disso. Clamamos por revoluções libertadoras que são, paradoxalmente, normativas. Há quem desqualifique os saberes da gira; há quem os abrace exoticamente como modos de fazer alternativos, sem a coragem, todavia, para o mergulho que raspará o fundo do tacho; há quem os veja de forma paternalista e simpática, sem descer do pedestal de suas epistemes viciadas. Caladas por uma cidade oficial historicamente propensa a demolir seus lugares potenciais de memória, em constante negação do que somos e não queremos admitir, as culturas historicamente subalternizadas das ruas do Rio reinventaram a vida no vazio do sincopado, sambando, ousando discursos não verbalizados e soluções originais a partir dos corpos em transe e em trânsito, em desafiadora negação da morte, solapada pelo bailado caboclo dos ancestrais que baixam em seus cavalos nas canjiras de santo. Aqui, afinal, no meio do mais absoluto horror falaram também aguerés, cabulas, muzenzas, barraventos, avamunhas, satós, ijexás, ibins e adarruns. Na maioria das vezes, proibidos. Sempre vivos. As folhas foram encantadas pelo korin-ewé que chamou Ossain, o Katendê dos bantos. Os toques do tambor são idiomas que criaram, nos cantos mais inusitados da cidade, espaços de encantamento do cotidiano: terreiros. Muito além de ritos religiosos, nossas macumbas (sambadas, gingadas, funkeadas, carnavalizadas, dribladas na linha de fundo) traçam as tramas do diálogo com ancestrais e apontam para os corpos cariocas como assentamentos animados, gongás feitos de sangue, músculos e ossos, carregados de pulsão da vida. Não há encruzilhada da cidade que não fale disso. Há quem prefira a cidade desencantada, aquela que não assusta por ter dispersado o seu axé, adequadamente moldada para a circulação de carros e mercadorias, vitimada pela sanha demolidora da bandidagem engravatada, devastada em seu imaginário de afetos: do Maracanã de tantos gols, da UERJ de tantas ideias, das barbearias de rua, dos botequins mais vagabundos, dos açougues e quitandas da Zona Norte, das sociabilidades meninas dos debicadores de pipa, dos pregoeiros da Central, da malandragem do jogo de ronda, dos artistas anônimos do Japeri, dos boiadeiros cavalgadores dos ventos, do malandro das Alagoas e dos tupinambás flechadores de Uruçu-Mirim descendo em gira de lei. De uma cidade sem o sal da memória dos dias longos e da noite grande não sairá nada. Estamos agonizando e não acredito em nenhuma transformação efetiva no Rio de Janeiro que, no combate aos kiumbas poderosos e na luta pela justiça social, desconheça o manancial que as culturas do tambor representam e as formas desafiadoras de narrativa que elas elaboraram sobre o lugar. A lufada de esperança vaga que tenho é porque...

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Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiênci... more Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiência A Memória do lugar, o patrimoniável e a poética do Sul: a experiência de um Pontão de Cultura Viva como museu difuso e temporário Claudio Barría Mancilla Andarilhagens: caminhos, contornos e entornos Ana Alvarenga e Sérgio Alves Asas e raízes Bianca Wild Da dor ao horror: o corpo do africano escravizado, supliciado e disciplinado Cláudio de Paula Honorato O patrimônio que se descobre através da experiência Georgie Echeverri Vásquez Os tempos da Maré Luiz Antônio de Oliveira A rua é o museu: cartografias da memória em contexto urbano ibero-americano contemporâneo Lilian Amaral Curta-documentário Rotas da memória EntrePontos cariocas Rotas da memória: trilhas para não esquecer Sempre se desenha, pinta, fotografa o Rio de Janeiro. Sempre haverá ainda o que fotografar, desenhar, pintar. Sempre se escreve, em verso, prosa, crônica ou ciência, algo sobre o Rio de Janeiro. Sempre haverá o que ainda escrever e reinventar. Sempre se fala sobre o Rio de Janeiro e, sobretudo agora, para o bem e para o mal, sempre se noticia o que no Rio de Janeiro aconteceu, acontece e acontecerá. Qualquer lugar onde alguma forma de vida habita é inesgotável. Todo cenário em que uma única vida humana está e reside, por um instante que seja, é todo um mundo, e pode ser sempre infinitamente narrável. Uma pequenina aldeia, uma cidadezinha qualquer dessas que nem sequer merecem um mínimo nome em um mapa ainda são, uma e outra, territórios de vidas e sentidos que merecem todos os poemas (como em Fernando Pessoa e sua aldeia), ou todas as crônicas (como no mineiro Carlos Drummond de Andrade). E merecem a eterna memória das narrativas que uma velha senhora de poucas antigas palavras e muitas lembranças soubesse revelar. Vinícius de Moraes, carioca como eu, sabia disto e escreveu e cantou o Rio de Janeiro. Em direção oposta, João Guimarães Rosa, nascido na pequenina Cordisburgo, escolheu lugares menores ainda; mínimos arraiais norte-mineiros, "corrutelazinhas" esquecidas entre sertões sem-fim, para escrever sobre um "ali", onde cabia um cavalo, a vida e os dramas de um par de viventes, para escrever um conto inapagável. Imaginem o Rio de Janeiro. Nasci "no Rio", nos tempos em que o bonde ainda era o melhor de todos os meios de transporte. Nasci em Copacabana, quando, diante do mesmo mar imenso, eram muitas as casas, cujas janelas se abriam a ele e à praia de meus primeiros anos (Posto Dois-e-Meio, ao lado do Copacabana Pálace), e eram raros os edifícios. Morei durante meus dez primeiros anos em uma rua esquecida, chamada General Barbosa Lima. Uma rua que eu duvido que quem me leia conheça, e que, saindo da Rua Inhangá, subia uma ladeira calçada de pedras até morrer no "Morrinho", um dos pequenos paraísos de minha infância. Depois, aos dez anos de idade, "mudei pra Gávea". A Rua Cedro ainda despenca de um dos altos da Estrada da Gávea, e, entre florestas e, ao longe, os Dois Irmãos, é até hoje um dos lugares cariocas em que em certas manhãs se acorda escutando passarinhos e macacos. Eram apenas três as casas que por lá havia quando um tio engenheiro, irmão de meu pai, construiu a nossa casa. Toda branca, entre paredes e janelas, ela ainda está lá como há sessenta e oito anos. EntrePontos, uma expressão também cara às fiandeiras dos fundos de Goiás e de Minas Gerais por onde andei, entretece escritos que fazem do Rio de Janeiro uma inesperada Cidade-Macondo. Um Rio tanto meio fora dos mapas quanto fora dos eixos. Enfim, um péssimo livro para turistas ociosos, ou para buscadores da superfície do curioso, do pitoresco e do típico, e desinteressados do denso e do humanamente próprio. Quem, entre as pessoas de recato, começaria um livro sobre as culturas de entre-pontos com um escrito com este título tão sartriano: "O adubo e a náusea: a cidade"? E em nome de que admirável e corajoso desvario, ao se falar e dar a ver a presença do negro no Rio de Janeiro, em vez de, uma vez mais, trazer dele algo de sua arte, ou a sua voz de denúncia em seus depoimentos sobre como ainda há quem seja "gente de menos" nesta cidade-em boa medida edificada por eles-por apenas ser "um negro", o que se escreve e fotografa é um longo e denso estudo sobre o sofrimento do corpo do negro escravo do passado. E um homem-povo negro não apenas publicamente açoitado, mas dado a ver-entre desenhos e pinturas-sofrendo no meio da rua o absurdo do açoite e a imagem da mão que grava a cena. Neste livro, a cultura, com suas rotas, pontos e entre-pontos, é dada a ver e a ler e pensar, desde os fundos da Maré, como um lugar de vida coletiva, de arte e resistência, tão distante de minha Gávea de florestas e montanhas e de minha Copacabana, onde durante anos o que importava ao menino que eu fui era o perfil de outras "marés" e o que elas provocavam nas ondas que nos atraíam e desafiavam. Eis o valor de Rotas da memória através dos seus EntrePontos cariocas: ser um inesperado desafio a se rever o próprio olhar sobre uma grande e pluri-cênica cidade. Primeiro, a partir do que ela é, quando vista e escrita no que tem de uma peculiar vocação de ser também uma certa vocação de Macondo. Segundo, através de se descobrir nas entrelinhas de seus recantos menos conhecidos. Como quando uma rua pode ser um museu. Ou o que pensamos ser "patrimônio" não precisa ser o Cristo Redentor, ou o Museu do Amanhã, para tornar-se um bem-coletivo e partilhável de um valor inestimável. Terceiro, por demonstrar, sem apelos a cifras e a feitos, como, com criatividade e persistência, se pode solidariamente entretecer pontos e recriar belos e densos espaços e tempos não tanto de uma cultura-pronta-para-uso, mas de uma diversa-e até divertida-cultura que se cria quando, entre os teares do imaginário, as pessoas se encontram para, afinal, fazer algo além de "pegar jacaré" nas ondas da praia, ou passar todo um dia de sábado pendurado entre cordas a caminho de um cume de montanha. Carlos Rodrigues Brandão Outono de 2018 (65 anos depois de Edmund Hillary e o sherpa nepalês Tenzing conquistarem o Everest e 58 anos depois de uma equipe do Clube Excursionista Rio de Janeiro, de que fiz parte, conquistar o Paredão Baden-Powell, no Irmão Maior do Leblon-na verdade, na Gávea.) CONTEXTOS I Recebo com frequência indagações sobre minhas referências para falar da história da cidade do Rio de Janeiro e interagir com ela. Respondo ludicamente que me inspiro nas lições do Caboclo da Pedra Preta, aquele que cantou a beleza da pedrinha miudinha de Aruanda e encontrou no que aparentemente é insignificante o caminho para entender e indagar o mundo. Deliro que Walter Benjamin consultou-se com ele numa macaia imaginada. Busco pensar a cultura carioca a partir de um poder que Exu, o orixá iorubano, tem: o de ser "enugbarijó", a boca que tudo come. Exu come o que lhe for oferecido e, logo depois, restitui o que engoliu de forma renovada, como potência que, ao mesmo tempo, preserva e transforma. A cidade que me interessa é aquela que nas frestas e esquinas ritualiza a vida para o encantamento dos cantos e dos corpos. Aquela que subverteu a chibata que deu no corpo em baqueta que bateu no couro do tambor, conforme digo com frequência. Nós estamos adoecidos de "ismos", não duvido disso. Clamamos por revoluções libertadoras que são, paradoxalmente, normativas. Há quem desqualifique os saberes da gira; há quem os abrace exoticamente como modos de fazer alternativos, sem a coragem, todavia, para o mergulho que raspará o fundo do tacho; há quem os veja de forma paternalista e simpática, sem descer do pedestal de suas epistemes viciadas. Caladas por uma cidade oficial historicamente propensa a demolir seus lugares potenciais de memória, em constante negação do que somos e não queremos admitir, as culturas historicamente subalternizadas das ruas do Rio reinventaram a vida no vazio do sincopado, sambando, ousando discursos não verbalizados e soluções originais a partir dos corpos em transe e em trânsito, em desafiadora negação da morte, solapada pelo bailado caboclo dos ancestrais que baixam em seus cavalos nas canjiras de santo. Aqui, afinal, no meio do mais absoluto horror falaram também aguerés, cabulas, muzenzas, barraventos, avamunhas, satós, ijexás, ibins e adarruns. Na maioria das vezes, proibidos. Sempre vivos. As folhas foram encantadas pelo korin-ewé que chamou Ossain, o Katendê dos bantos. Os toques do tambor são idiomas que criaram, nos cantos mais inusitados da cidade, espaços de encantamento do cotidiano: terreiros. Muito além de ritos religiosos, nossas macumbas (sambadas, gingadas, funkeadas, carnavalizadas, dribladas na linha de fundo) traçam as tramas do diálogo com ancestrais e apontam para os corpos cariocas como assentamentos animados, gongás feitos de sangue, músculos e ossos, carregados de pulsão da vida. Não há encruzilhada da cidade que não fale disso. Há quem prefira a cidade desencantada, aquela que não assusta por ter dispersado o seu axé, adequadamente moldada para a circulação de carros e mercadorias, vitimada pela sanha demolidora da bandidagem engravatada, devastada em seu imaginário de afetos: do Maracanã de tantos gols, da UERJ de tantas ideias, das barbearias de rua, dos botequins mais vagabundos, dos açougues e quitandas da Zona Norte, das sociabilidades meninas dos debicadores de pipa, dos pregoeiros da Central, da malandragem do jogo de ronda, dos artistas anônimos do Japeri, dos boiadeiros cavalgadores dos ventos, do malandro das Alagoas e dos tupinambás flechadores de Uruçu-Mirim descendo em gira de lei. De uma cidade sem o sal da memória dos dias longos e da noite grande não sairá nada. Estamos agonizando e não acredito em nenhuma transformação efetiva no Rio de Janeiro que, no combate aos kiumbas poderosos e na luta pela justiça social, desconheça o manancial que as culturas do tambor representam e as formas desafiadoras de narrativa que elas elaboraram sobre o lugar. A lufada de esperança vaga que tenho é porque...

Research paper thumbnail of Tejiendo redes y miradas de afectos. El arte público contemporáne: geografías dela inclusión y transformaci ón social

Creatividad y sociedad: revista de la Asociación para la Creatividad, 2011

Research paper thumbnail of Museo Abierto: Arte Contemporáneo, Cdtidfano Urbano y Transformación Social

Creación y posibilidad: Aplicaciones del arte en la integración social, 2006, ISBN 84-245-1077-1, págs. 375-392, 2006

Research paper thumbnail of HOLOSCI(U)DAD(E) Ecosistemas Transversales y conectividad en contextos “Glocales”

Dimensiones del arte y la tecnología, 2022

Research paper thumbnail of Open museum: between visibility and visuality. Composing nets and views of afection. from fragments to constelations

Arteterapia, 2009

This paper depicts a transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic approach... more This paper depicts a transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic approach based on art and public sphere. It discusses the role of contemporary museum as a research's space and artistic conversation based on processual and collaborative experiences at intercultural contexts. It develops procedures inspired on museum practices; and it has urban imaginaries as territories of analyses that configure new archaeologies of contemporary urban memory. From the spectacle to the city's experience, it traverses through differences between visuality and visibility, the city and the site. It operates a distinction between visuality and visibility, reception and perception, communication and information. Through all those differences, metamorphoses of the look occur.

Research paper thumbnail of Museo Abierto: entre visualidades y visibilidades. Tejiendo Redes y Miradas de Afectos. De los fragmentos a las Constelaciones

Proyecto de investigacion transdisciplinar con enfasis en las actuales aportaciones dialogicas es... more Proyecto de investigacion transdisciplinar con enfasis en las actuales aportaciones dialogicas establecidas entre el arte y la esfera publica. Discute el estatuto contemporaneo del museo como espacio de investigacion e interlocucion artistica con bases en acciones y experiencias procesuales y colaborativas en contextos interculturales. Desarrolla procedimientos inspirados en las practicas museales, teniendo los imaginarios urbanos como territorio de analisis, configurando nuevas arqueologias de la memoria urbana contemporanea. Del espectaculo a la experiencia de la ciudad, se pasa a las diferencias entre visualidad y visibilidad, de la ciudad al lugar. Se plantea una distincion entre visualidad y visibilidad, entre recepcion y percepcion, entre comunicacion e informacion. Entre todas estas diferencias se producen metamorfosis de la mirada.

Research paper thumbnail of Repensando los museos desde la educación patrimonial: hacia los conceptos de "lo patrimoniable" y "patrimonio en tránsito

Research paper thumbnail of Pictocartografia: Da Obra-Processo À FORMA-TRAJETO1

Revista Estética e Semiótica, 1969

A presente investigação-intervenção entrelaça artes visuais e cartografia social. Parte da concep... more A presente investigação-intervenção entrelaça artes visuais e cartografia social. Parte da concepção de forma-trajeto, da cartografia artística e do caminhar como prática estética e enfoca práticas cartográficas como plataformas geopoéticas para narrativas multissensoriais. Descreve os processos criativos dos experimentos artísticos PictoCartografias 1, 2, 3 e 4, bem como os seus deslocamentos espaço-temporais.

Research paper thumbnail of Patrimonios migrantes: geopolítica e identidades en tránsito

Patrimonios Migrantes 2013 Isbn 978 84 370 9011 5 Pags 95 106, 2013

A presente discussão objetiva investigar os modos de fazer artísticos colaborativos que se config... more A presente discussão objetiva investigar os modos de fazer artísticos colaborativos que se configuram no âmbito de uma geopolítica líquida, apropriam-se do "espaço-tempo" diante de um modelo participativo e compartilhado das redes, através dos processos de transformação dos territórios, considerando suas implicações culturais, ecológicas, políticas, sociais e tecnológicas, tendo a criatividade social, a ação coletiva e as práticas artísticas contemporâneas como eixos temáticos para inovadoras plataformas de intervenções urbanas.

Research paper thumbnail of Derivações da arte pública contemporânea

Transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic aproach based on art and publ... more Transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic aproach based on art and public sphere. It discusses the role of contemporary Public Arte and current hybridizations as well as the museum as a research's space and artistic conversation. It develops procedures inspired on museum practices and it has the urban imaginaries as territories of analyses, confi gurating new archeologys of contemporary urban memory. From the spectacle to the city's experience, it pass through differences betwenn visuality and visibility, the city and the site. It operates a distinction between visuality and visibility, reception and perception, communication and information. In all those differences metamorphosys of the look are produced.

Research paper thumbnail of Arqueologia da R.U.A : narrativas em Realidade. Urbana. Aumentada. Quando o encontro se transforma em um território artístico, coletivo e expandido

Visualidades, 2013

The present discussion aims to investigate ways of making collaborative art configured as a field... more The present discussion aims to investigate ways of making collaborative art configured as a field of a liquid geopolitical, appropriate "space-time" before a participatory model and shared networks, trough territories transformation processes, considering its cultural, ecological, political, social and technological implications, based on social creativity, collective action and contemporary artistic practices as thematic platforms for innovative urban interventions.

Research paper thumbnail of Arte e Política: Inquietações, Reflexões e Debates Contemporâneos

dav.ceart.udesc.br

Page 1. Page 2. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES, REFLEXÕES E DEBATES CONTEMPORÂNEOS Organizadoras J... more Page 1. Page 2. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES, REFLEXÕES E DEBATES CONTEMPORÂNEOS Organizadoras Jociele Lampert Silvana Barbosa Macêdo Florianópolis 2010 Page 3. Page 4. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES ...

Research paper thumbnail of Interterritorialidade: mídias, contextos e educação

Research paper thumbnail of Rinocidade: Memória Performativa. Espaços-Laboratórios Afetivo-Sensoriais

The present time is marked by complexity that sets the field of Culture concept in constant trans... more The present time is marked by complexity that sets the field of Culture concept in constant transformation. The issue of preserving the memory of the mechanisms of contemporary art as well as the record of the actions in this field, has been part of extensive debate, not only by conservatives and restorers, but also for researchers, curators, architects, educators, historians, as it has become the context of creation of the artists themselves. The art work in this context is configured as a preferred device , a kind of sensory processing technology, with the capability to , in meeting the other - viewer / actor / urban dweller , do it out of neutral observer position , indifferent, and put it also in action , realizing and transforming the territory as it is perceived , performs .] A atualidade é marcada pela complexidade que configura o campo da Cultura, conceito em constante transformação. A problemática da preservação da memória pelos mecanismos da arte contemporânea, bem como do...

Research paper thumbnail of Geopoética de la emergencia: el agua en el arte colaborativo

Research paper thumbnail of Narrativas Da Memória: A Cidade Como Museu Conectividade, Práticas Artísticas e Museologia Social Contemporânea

La presente discusión propone analizar el lugar del arte en el ámbito de la esfera pública contem... more La presente discusión propone analizar el lugar del arte en el ámbito de la esfera pública contemporánea a partir de la dilución y el desplazamiento del objeto hacia el campo de la experiencia estética. Transitar entre la autonomía y la instrumentalización parece ser uno de los dilemas enfrentados por el arte que incide en dinámicas sociales, práctica contemporánea derivada del arte público y sus recientes hibridaciones. Tales cuestiones pueden iluminar un debate sobre las prácticas críticas como campos de acción procesales y colaborativos apuntando a renovadas formas de comunicación, apropiación, interacción y pertenencia. Se pretende investigar los modos de hacer artísticos compartidos en red, los procesos de transformación en el territorio de ellos derivados e implicaciones políticas en el tejido social. En el caso de los museos del Territorio situados en la ciudad de Río de Janeiro como parte de una experiencia a / r / tográfica (IRWIN, 2005), se establece una plataforma de acci...

Research paper thumbnail of OPENSPACE_Arte Tecnológico, SituaAcción, Co-creAción, InterAcción en Rede Iberoamericana

Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), Nov 6, 2022

Resumen OPENSPACE es un entorno virtual, inmersivo, abierto y procedimental, desarrollado especia... more Resumen OPENSPACE es un entorno virtual, inmersivo, abierto y procedimental, desarrollado especialmente en el contexto del OpenLab 2021 (UPV/ES) por el grupo de investigación y co-creación HolosCiudade para albergar versiones interactivas de proyectos de arte tecnológico presentados durante Panorama EXP 2021 con el objetivo de generar una galería virtual permanente para la experimentación poética y albergar obras interactivas, con la participación de más de 85 artistas de diferentes regiones del mundo y la realización de la exhibición Panorama EXP, explorando y transformando la experiencia del usuário (GRAU, 2007). Así, OPENSPACE amplía el tiempo de exposición y el contacto con las obras en exhibición permanente, estimulando nuevas formas de experimentación del arte tecnológico en un entorno virtual interactivo, sugiriendo el potencial de OPENSPACE como espacio crítico y reflexivo de co-creación y co-investigación en red. Palabras-clave: OpenSpace, arte tecnológico, entorno inmersivo y virtual, co-creación, red iberoamericana

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Este e-book é resultado de um seminário realizado no mês de outubro de 2017, pelo Grupo de Pesqui... more Este e-book é resultado de um seminário realizado no mês de outubro de 2017, pelo Grupo de Pesquisa de Projeto, Arquitetura e Cidade, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP-Campus de Presidente Prudente. Sob o título "Cartografias Urbanas", o debate reuniu filósofos, arquitetos urbanistas, artistas e geógrafos interessados em discorrer sobre as estratégias de pesquisa e de intervenção no âmbito da cidade contemporânea. Sendo assim, esta coletânea se organiza como um documento que registra as discussões outrora levantadas apontando para novos rumos sobre a temática em questão. Deste ponto de vista, agrega profissionais e pesquisadores da UNESP e de outras instituições do país, engajados nos cursos de graduação e pós-graduação, cujo enfoque seja a busca por novas práticas pedagógicas e de pesquisa urbana. Assim, este compêndio aqui intitulado: "Cartografias da Cidade" constrói possibilidades de apreensão sobre a complexa trama que envolve a investigação do espaço urbano nos dias atuais, diante das mudanças e transformações em curso. No entanto, o e-book, não se apresenta como um modelo a ser seguido, mas, ao contrário, busca nos seus vários capítulos, por algumas tentativas de formular hipóteses que se colocam ao teste, sob as novas dinâmicas sempre cambiantes, da tessitura da cidade contemporânea.

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Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiênci... more Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiência A Memória do lugar, o patrimoniável e a poética do Sul: a experiência de um Pontão de Cultura Viva como museu difuso e temporário Claudio Barría Mancilla Andarilhagens: caminhos, contornos e entornos Ana Alvarenga e Sérgio Alves Asas e raízes Bianca Wild Da dor ao horror: o corpo do africano escravizado, supliciado e disciplinado Cláudio de Paula Honorato O patrimônio que se descobre através da experiência Georgie Echeverri Vásquez Os tempos da Maré Luiz Antônio de Oliveira A rua é o museu: cartografias da memória em contexto urbano ibero-americano contemporâneo Lilian Amaral Curta-documentário Rotas da memória EntrePontos cariocas Rotas da memória: trilhas para não esquecer Sempre se desenha, pinta, fotografa o Rio de Janeiro. Sempre haverá ainda o que fotografar, desenhar, pintar. Sempre se escreve, em verso, prosa, crônica ou ciência, algo sobre o Rio de Janeiro. Sempre haverá o que ainda escrever e reinventar. Sempre se fala sobre o Rio de Janeiro e, sobretudo agora, para o bem e para o mal, sempre se noticia o que no Rio de Janeiro aconteceu, acontece e acontecerá. Qualquer lugar onde alguma forma de vida habita é inesgotável. Todo cenário em que uma única vida humana está e reside, por um instante que seja, é todo um mundo, e pode ser sempre infinitamente narrável. Uma pequenina aldeia, uma cidadezinha qualquer dessas que nem sequer merecem um mínimo nome em um mapa ainda são, uma e outra, territórios de vidas e sentidos que merecem todos os poemas (como em Fernando Pessoa e sua aldeia), ou todas as crônicas (como no mineiro Carlos Drummond de Andrade). E merecem a eterna memória das narrativas que uma velha senhora de poucas antigas palavras e muitas lembranças soubesse revelar. Vinícius de Moraes, carioca como eu, sabia disto e escreveu e cantou o Rio de Janeiro. Em direção oposta, João Guimarães Rosa, nascido na pequenina Cordisburgo, escolheu lugares menores ainda; mínimos arraiais norte-mineiros, "corrutelazinhas" esquecidas entre sertões sem-fim, para escrever sobre um "ali", onde cabia um cavalo, a vida e os dramas de um par de viventes, para escrever um conto inapagável. Imaginem o Rio de Janeiro. Nasci "no Rio", nos tempos em que o bonde ainda era o melhor de todos os meios de transporte. Nasci em Copacabana, quando, diante do mesmo mar imenso, eram muitas as casas, cujas janelas se abriam a ele e à praia de meus primeiros anos (Posto Dois-e-Meio, ao lado do Copacabana Pálace), e eram raros os edifícios. Morei durante meus dez primeiros anos em uma rua esquecida, chamada General Barbosa Lima. Uma rua que eu duvido que quem me leia conheça, e que, saindo da Rua Inhangá, subia uma ladeira calçada de pedras até morrer no "Morrinho", um dos pequenos paraísos de minha infância. Depois, aos dez anos de idade, "mudei pra Gávea". A Rua Cedro ainda despenca de um dos altos da Estrada da Gávea, e, entre florestas e, ao longe, os Dois Irmãos, é até hoje um dos lugares cariocas em que em certas manhãs se acorda escutando passarinhos e macacos. Eram apenas três as casas que por lá havia quando um tio engenheiro, irmão de meu pai, construiu a nossa casa. Toda branca, entre paredes e janelas, ela ainda está lá como há sessenta e oito anos. EntrePontos, uma expressão também cara às fiandeiras dos fundos de Goiás e de Minas Gerais por onde andei, entretece escritos que fazem do Rio de Janeiro uma inesperada Cidade-Macondo. Um Rio tanto meio fora dos mapas quanto fora dos eixos. Enfim, um péssimo livro para turistas ociosos, ou para buscadores da superfície do curioso, do pitoresco e do típico, e desinteressados do denso e do humanamente próprio. Quem, entre as pessoas de recato, começaria um livro sobre as culturas de entre-pontos com um escrito com este título tão sartriano: "O adubo e a náusea: a cidade"? E em nome de que admirável e corajoso desvario, ao se falar e dar a ver a presença do negro no Rio de Janeiro, em vez de, uma vez mais, trazer dele algo de sua arte, ou a sua voz de denúncia em seus depoimentos sobre como ainda há quem seja "gente de menos" nesta cidade-em boa medida edificada por eles-por apenas ser "um negro", o que se escreve e fotografa é um longo e denso estudo sobre o sofrimento do corpo do negro escravo do passado. E um homem-povo negro não apenas publicamente açoitado, mas dado a ver-entre desenhos e pinturas-sofrendo no meio da rua o absurdo do açoite e a imagem da mão que grava a cena. Neste livro, a cultura, com suas rotas, pontos e entre-pontos, é dada a ver e a ler e pensar, desde os fundos da Maré, como um lugar de vida coletiva, de arte e resistência, tão distante de minha Gávea de florestas e montanhas e de minha Copacabana, onde durante anos o que importava ao menino que eu fui era o perfil de outras "marés" e o que elas provocavam nas ondas que nos atraíam e desafiavam. Eis o valor de Rotas da memória através dos seus EntrePontos cariocas: ser um inesperado desafio a se rever o próprio olhar sobre uma grande e pluri-cênica cidade. Primeiro, a partir do que ela é, quando vista e escrita no que tem de uma peculiar vocação de ser também uma certa vocação de Macondo. Segundo, através de se descobrir nas entrelinhas de seus recantos menos conhecidos. Como quando uma rua pode ser um museu. Ou o que pensamos ser "patrimônio" não precisa ser o Cristo Redentor, ou o Museu do Amanhã, para tornar-se um bem-coletivo e partilhável de um valor inestimável. Terceiro, por demonstrar, sem apelos a cifras e a feitos, como, com criatividade e persistência, se pode solidariamente entretecer pontos e recriar belos e densos espaços e tempos não tanto de uma cultura-pronta-para-uso, mas de uma diversa-e até divertida-cultura que se cria quando, entre os teares do imaginário, as pessoas se encontram para, afinal, fazer algo além de "pegar jacaré" nas ondas da praia, ou passar todo um dia de sábado pendurado entre cordas a caminho de um cume de montanha. Carlos Rodrigues Brandão Outono de 2018 (65 anos depois de Edmund Hillary e o sherpa nepalês Tenzing conquistarem o Everest e 58 anos depois de uma equipe do Clube Excursionista Rio de Janeiro, de que fiz parte, conquistar o Paredão Baden-Powell, no Irmão Maior do Leblon-na verdade, na Gávea.) CONTEXTOS I Recebo com frequência indagações sobre minhas referências para falar da história da cidade do Rio de Janeiro e interagir com ela. Respondo ludicamente que me inspiro nas lições do Caboclo da Pedra Preta, aquele que cantou a beleza da pedrinha miudinha de Aruanda e encontrou no que aparentemente é insignificante o caminho para entender e indagar o mundo. Deliro que Walter Benjamin consultou-se com ele numa macaia imaginada. Busco pensar a cultura carioca a partir de um poder que Exu, o orixá iorubano, tem: o de ser "enugbarijó", a boca que tudo come. Exu come o que lhe for oferecido e, logo depois, restitui o que engoliu de forma renovada, como potência que, ao mesmo tempo, preserva e transforma. A cidade que me interessa é aquela que nas frestas e esquinas ritualiza a vida para o encantamento dos cantos e dos corpos. Aquela que subverteu a chibata que deu no corpo em baqueta que bateu no couro do tambor, conforme digo com frequência. Nós estamos adoecidos de "ismos", não duvido disso. Clamamos por revoluções libertadoras que são, paradoxalmente, normativas. Há quem desqualifique os saberes da gira; há quem os abrace exoticamente como modos de fazer alternativos, sem a coragem, todavia, para o mergulho que raspará o fundo do tacho; há quem os veja de forma paternalista e simpática, sem descer do pedestal de suas epistemes viciadas. Caladas por uma cidade oficial historicamente propensa a demolir seus lugares potenciais de memória, em constante negação do que somos e não queremos admitir, as culturas historicamente subalternizadas das ruas do Rio reinventaram a vida no vazio do sincopado, sambando, ousando discursos não verbalizados e soluções originais a partir dos corpos em transe e em trânsito, em desafiadora negação da morte, solapada pelo bailado caboclo dos ancestrais que baixam em seus cavalos nas canjiras de santo. Aqui, afinal, no meio do mais absoluto horror falaram também aguerés, cabulas, muzenzas, barraventos, avamunhas, satós, ijexás, ibins e adarruns. Na maioria das vezes, proibidos. Sempre vivos. As folhas foram encantadas pelo korin-ewé que chamou Ossain, o Katendê dos bantos. Os toques do tambor são idiomas que criaram, nos cantos mais inusitados da cidade, espaços de encantamento do cotidiano: terreiros. Muito além de ritos religiosos, nossas macumbas (sambadas, gingadas, funkeadas, carnavalizadas, dribladas na linha de fundo) traçam as tramas do diálogo com ancestrais e apontam para os corpos cariocas como assentamentos animados, gongás feitos de sangue, músculos e ossos, carregados de pulsão da vida. Não há encruzilhada da cidade que não fale disso. Há quem prefira a cidade desencantada, aquela que não assusta por ter dispersado o seu axé, adequadamente moldada para a circulação de carros e mercadorias, vitimada pela sanha demolidora da bandidagem engravatada, devastada em seu imaginário de afetos: do Maracanã de tantos gols, da UERJ de tantas ideias, das barbearias de rua, dos botequins mais vagabundos, dos açougues e quitandas da Zona Norte, das sociabilidades meninas dos debicadores de pipa, dos pregoeiros da Central, da malandragem do jogo de ronda, dos artistas anônimos do Japeri, dos boiadeiros cavalgadores dos ventos, do malandro das Alagoas e dos tupinambás flechadores de Uruçu-Mirim descendo em gira de lei. De uma cidade sem o sal da memória dos dias longos e da noite grande não sairá nada. Estamos agonizando e não acredito em nenhuma transformação efetiva no Rio de Janeiro que, no combate aos kiumbas poderosos e na luta pela justiça social, desconheça o manancial que as culturas do tambor representam e as formas desafiadoras de narrativa que elas elaboraram sobre o lugar. A lufada de esperança vaga que tenho é porque...

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Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiênci... more Notas de andarilhagens nas rotas do Tear Denise Mendonça ROTAS DA MEMÓRIA O resgate da experiência A Memória do lugar, o patrimoniável e a poética do Sul: a experiência de um Pontão de Cultura Viva como museu difuso e temporário Claudio Barría Mancilla Andarilhagens: caminhos, contornos e entornos Ana Alvarenga e Sérgio Alves Asas e raízes Bianca Wild Da dor ao horror: o corpo do africano escravizado, supliciado e disciplinado Cláudio de Paula Honorato O patrimônio que se descobre através da experiência Georgie Echeverri Vásquez Os tempos da Maré Luiz Antônio de Oliveira A rua é o museu: cartografias da memória em contexto urbano ibero-americano contemporâneo Lilian Amaral Curta-documentário Rotas da memória EntrePontos cariocas Rotas da memória: trilhas para não esquecer Sempre se desenha, pinta, fotografa o Rio de Janeiro. Sempre haverá ainda o que fotografar, desenhar, pintar. Sempre se escreve, em verso, prosa, crônica ou ciência, algo sobre o Rio de Janeiro. Sempre haverá o que ainda escrever e reinventar. Sempre se fala sobre o Rio de Janeiro e, sobretudo agora, para o bem e para o mal, sempre se noticia o que no Rio de Janeiro aconteceu, acontece e acontecerá. Qualquer lugar onde alguma forma de vida habita é inesgotável. Todo cenário em que uma única vida humana está e reside, por um instante que seja, é todo um mundo, e pode ser sempre infinitamente narrável. Uma pequenina aldeia, uma cidadezinha qualquer dessas que nem sequer merecem um mínimo nome em um mapa ainda são, uma e outra, territórios de vidas e sentidos que merecem todos os poemas (como em Fernando Pessoa e sua aldeia), ou todas as crônicas (como no mineiro Carlos Drummond de Andrade). E merecem a eterna memória das narrativas que uma velha senhora de poucas antigas palavras e muitas lembranças soubesse revelar. Vinícius de Moraes, carioca como eu, sabia disto e escreveu e cantou o Rio de Janeiro. Em direção oposta, João Guimarães Rosa, nascido na pequenina Cordisburgo, escolheu lugares menores ainda; mínimos arraiais norte-mineiros, "corrutelazinhas" esquecidas entre sertões sem-fim, para escrever sobre um "ali", onde cabia um cavalo, a vida e os dramas de um par de viventes, para escrever um conto inapagável. Imaginem o Rio de Janeiro. Nasci "no Rio", nos tempos em que o bonde ainda era o melhor de todos os meios de transporte. Nasci em Copacabana, quando, diante do mesmo mar imenso, eram muitas as casas, cujas janelas se abriam a ele e à praia de meus primeiros anos (Posto Dois-e-Meio, ao lado do Copacabana Pálace), e eram raros os edifícios. Morei durante meus dez primeiros anos em uma rua esquecida, chamada General Barbosa Lima. Uma rua que eu duvido que quem me leia conheça, e que, saindo da Rua Inhangá, subia uma ladeira calçada de pedras até morrer no "Morrinho", um dos pequenos paraísos de minha infância. Depois, aos dez anos de idade, "mudei pra Gávea". A Rua Cedro ainda despenca de um dos altos da Estrada da Gávea, e, entre florestas e, ao longe, os Dois Irmãos, é até hoje um dos lugares cariocas em que em certas manhãs se acorda escutando passarinhos e macacos. Eram apenas três as casas que por lá havia quando um tio engenheiro, irmão de meu pai, construiu a nossa casa. Toda branca, entre paredes e janelas, ela ainda está lá como há sessenta e oito anos. EntrePontos, uma expressão também cara às fiandeiras dos fundos de Goiás e de Minas Gerais por onde andei, entretece escritos que fazem do Rio de Janeiro uma inesperada Cidade-Macondo. Um Rio tanto meio fora dos mapas quanto fora dos eixos. Enfim, um péssimo livro para turistas ociosos, ou para buscadores da superfície do curioso, do pitoresco e do típico, e desinteressados do denso e do humanamente próprio. Quem, entre as pessoas de recato, começaria um livro sobre as culturas de entre-pontos com um escrito com este título tão sartriano: "O adubo e a náusea: a cidade"? E em nome de que admirável e corajoso desvario, ao se falar e dar a ver a presença do negro no Rio de Janeiro, em vez de, uma vez mais, trazer dele algo de sua arte, ou a sua voz de denúncia em seus depoimentos sobre como ainda há quem seja "gente de menos" nesta cidade-em boa medida edificada por eles-por apenas ser "um negro", o que se escreve e fotografa é um longo e denso estudo sobre o sofrimento do corpo do negro escravo do passado. E um homem-povo negro não apenas publicamente açoitado, mas dado a ver-entre desenhos e pinturas-sofrendo no meio da rua o absurdo do açoite e a imagem da mão que grava a cena. Neste livro, a cultura, com suas rotas, pontos e entre-pontos, é dada a ver e a ler e pensar, desde os fundos da Maré, como um lugar de vida coletiva, de arte e resistência, tão distante de minha Gávea de florestas e montanhas e de minha Copacabana, onde durante anos o que importava ao menino que eu fui era o perfil de outras "marés" e o que elas provocavam nas ondas que nos atraíam e desafiavam. Eis o valor de Rotas da memória através dos seus EntrePontos cariocas: ser um inesperado desafio a se rever o próprio olhar sobre uma grande e pluri-cênica cidade. Primeiro, a partir do que ela é, quando vista e escrita no que tem de uma peculiar vocação de ser também uma certa vocação de Macondo. Segundo, através de se descobrir nas entrelinhas de seus recantos menos conhecidos. Como quando uma rua pode ser um museu. Ou o que pensamos ser "patrimônio" não precisa ser o Cristo Redentor, ou o Museu do Amanhã, para tornar-se um bem-coletivo e partilhável de um valor inestimável. Terceiro, por demonstrar, sem apelos a cifras e a feitos, como, com criatividade e persistência, se pode solidariamente entretecer pontos e recriar belos e densos espaços e tempos não tanto de uma cultura-pronta-para-uso, mas de uma diversa-e até divertida-cultura que se cria quando, entre os teares do imaginário, as pessoas se encontram para, afinal, fazer algo além de "pegar jacaré" nas ondas da praia, ou passar todo um dia de sábado pendurado entre cordas a caminho de um cume de montanha. Carlos Rodrigues Brandão Outono de 2018 (65 anos depois de Edmund Hillary e o sherpa nepalês Tenzing conquistarem o Everest e 58 anos depois de uma equipe do Clube Excursionista Rio de Janeiro, de que fiz parte, conquistar o Paredão Baden-Powell, no Irmão Maior do Leblon-na verdade, na Gávea.) CONTEXTOS I Recebo com frequência indagações sobre minhas referências para falar da história da cidade do Rio de Janeiro e interagir com ela. Respondo ludicamente que me inspiro nas lições do Caboclo da Pedra Preta, aquele que cantou a beleza da pedrinha miudinha de Aruanda e encontrou no que aparentemente é insignificante o caminho para entender e indagar o mundo. Deliro que Walter Benjamin consultou-se com ele numa macaia imaginada. Busco pensar a cultura carioca a partir de um poder que Exu, o orixá iorubano, tem: o de ser "enugbarijó", a boca que tudo come. Exu come o que lhe for oferecido e, logo depois, restitui o que engoliu de forma renovada, como potência que, ao mesmo tempo, preserva e transforma. A cidade que me interessa é aquela que nas frestas e esquinas ritualiza a vida para o encantamento dos cantos e dos corpos. Aquela que subverteu a chibata que deu no corpo em baqueta que bateu no couro do tambor, conforme digo com frequência. Nós estamos adoecidos de "ismos", não duvido disso. Clamamos por revoluções libertadoras que são, paradoxalmente, normativas. Há quem desqualifique os saberes da gira; há quem os abrace exoticamente como modos de fazer alternativos, sem a coragem, todavia, para o mergulho que raspará o fundo do tacho; há quem os veja de forma paternalista e simpática, sem descer do pedestal de suas epistemes viciadas. Caladas por uma cidade oficial historicamente propensa a demolir seus lugares potenciais de memória, em constante negação do que somos e não queremos admitir, as culturas historicamente subalternizadas das ruas do Rio reinventaram a vida no vazio do sincopado, sambando, ousando discursos não verbalizados e soluções originais a partir dos corpos em transe e em trânsito, em desafiadora negação da morte, solapada pelo bailado caboclo dos ancestrais que baixam em seus cavalos nas canjiras de santo. Aqui, afinal, no meio do mais absoluto horror falaram também aguerés, cabulas, muzenzas, barraventos, avamunhas, satós, ijexás, ibins e adarruns. Na maioria das vezes, proibidos. Sempre vivos. As folhas foram encantadas pelo korin-ewé que chamou Ossain, o Katendê dos bantos. Os toques do tambor são idiomas que criaram, nos cantos mais inusitados da cidade, espaços de encantamento do cotidiano: terreiros. Muito além de ritos religiosos, nossas macumbas (sambadas, gingadas, funkeadas, carnavalizadas, dribladas na linha de fundo) traçam as tramas do diálogo com ancestrais e apontam para os corpos cariocas como assentamentos animados, gongás feitos de sangue, músculos e ossos, carregados de pulsão da vida. Não há encruzilhada da cidade que não fale disso. Há quem prefira a cidade desencantada, aquela que não assusta por ter dispersado o seu axé, adequadamente moldada para a circulação de carros e mercadorias, vitimada pela sanha demolidora da bandidagem engravatada, devastada em seu imaginário de afetos: do Maracanã de tantos gols, da UERJ de tantas ideias, das barbearias de rua, dos botequins mais vagabundos, dos açougues e quitandas da Zona Norte, das sociabilidades meninas dos debicadores de pipa, dos pregoeiros da Central, da malandragem do jogo de ronda, dos artistas anônimos do Japeri, dos boiadeiros cavalgadores dos ventos, do malandro das Alagoas e dos tupinambás flechadores de Uruçu-Mirim descendo em gira de lei. De uma cidade sem o sal da memória dos dias longos e da noite grande não sairá nada. Estamos agonizando e não acredito em nenhuma transformação efetiva no Rio de Janeiro que, no combate aos kiumbas poderosos e na luta pela justiça social, desconheça o manancial que as culturas do tambor representam e as formas desafiadoras de narrativa que elas elaboraram sobre o lugar. A lufada de esperança vaga que tenho é porque...

Research paper thumbnail of Tejiendo redes y miradas de afectos. El arte público contemporáne: geografías dela inclusión y transformaci ón social

Creatividad y sociedad: revista de la Asociación para la Creatividad, 2011

Research paper thumbnail of Museo Abierto: Arte Contemporáneo, Cdtidfano Urbano y Transformación Social

Creación y posibilidad: Aplicaciones del arte en la integración social, 2006, ISBN 84-245-1077-1, págs. 375-392, 2006

Research paper thumbnail of HOLOSCI(U)DAD(E) Ecosistemas Transversales y conectividad en contextos “Glocales”

Dimensiones del arte y la tecnología, 2022

Research paper thumbnail of Open museum: between visibility and visuality. Composing nets and views of afection. from fragments to constelations

Arteterapia, 2009

This paper depicts a transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic approach... more This paper depicts a transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic approach based on art and public sphere. It discusses the role of contemporary museum as a research's space and artistic conversation based on processual and collaborative experiences at intercultural contexts. It develops procedures inspired on museum practices; and it has urban imaginaries as territories of analyses that configure new archaeologies of contemporary urban memory. From the spectacle to the city's experience, it traverses through differences between visuality and visibility, the city and the site. It operates a distinction between visuality and visibility, reception and perception, communication and information. Through all those differences, metamorphoses of the look occur.

Research paper thumbnail of Museo Abierto: entre visualidades y visibilidades. Tejiendo Redes y Miradas de Afectos. De los fragmentos a las Constelaciones

Proyecto de investigacion transdisciplinar con enfasis en las actuales aportaciones dialogicas es... more Proyecto de investigacion transdisciplinar con enfasis en las actuales aportaciones dialogicas establecidas entre el arte y la esfera publica. Discute el estatuto contemporaneo del museo como espacio de investigacion e interlocucion artistica con bases en acciones y experiencias procesuales y colaborativas en contextos interculturales. Desarrolla procedimientos inspirados en las practicas museales, teniendo los imaginarios urbanos como territorio de analisis, configurando nuevas arqueologias de la memoria urbana contemporanea. Del espectaculo a la experiencia de la ciudad, se pasa a las diferencias entre visualidad y visibilidad, de la ciudad al lugar. Se plantea una distincion entre visualidad y visibilidad, entre recepcion y percepcion, entre comunicacion e informacion. Entre todas estas diferencias se producen metamorfosis de la mirada.

Research paper thumbnail of Repensando los museos desde la educación patrimonial: hacia los conceptos de "lo patrimoniable" y "patrimonio en tránsito

Research paper thumbnail of Pictocartografia: Da Obra-Processo À FORMA-TRAJETO1

Revista Estética e Semiótica, 1969

A presente investigação-intervenção entrelaça artes visuais e cartografia social. Parte da concep... more A presente investigação-intervenção entrelaça artes visuais e cartografia social. Parte da concepção de forma-trajeto, da cartografia artística e do caminhar como prática estética e enfoca práticas cartográficas como plataformas geopoéticas para narrativas multissensoriais. Descreve os processos criativos dos experimentos artísticos PictoCartografias 1, 2, 3 e 4, bem como os seus deslocamentos espaço-temporais.

Research paper thumbnail of Patrimonios migrantes: geopolítica e identidades en tránsito

Patrimonios Migrantes 2013 Isbn 978 84 370 9011 5 Pags 95 106, 2013

A presente discussão objetiva investigar os modos de fazer artísticos colaborativos que se config... more A presente discussão objetiva investigar os modos de fazer artísticos colaborativos que se configuram no âmbito de uma geopolítica líquida, apropriam-se do "espaço-tempo" diante de um modelo participativo e compartilhado das redes, através dos processos de transformação dos territórios, considerando suas implicações culturais, ecológicas, políticas, sociais e tecnológicas, tendo a criatividade social, a ação coletiva e as práticas artísticas contemporâneas como eixos temáticos para inovadoras plataformas de intervenções urbanas.

Research paper thumbnail of Derivações da arte pública contemporânea

Transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic aproach based on art and publ... more Transdisciplinary research project focused on contemporary dialogic aproach based on art and public sphere. It discusses the role of contemporary Public Arte and current hybridizations as well as the museum as a research's space and artistic conversation. It develops procedures inspired on museum practices and it has the urban imaginaries as territories of analyses, confi gurating new archeologys of contemporary urban memory. From the spectacle to the city's experience, it pass through differences betwenn visuality and visibility, the city and the site. It operates a distinction between visuality and visibility, reception and perception, communication and information. In all those differences metamorphosys of the look are produced.

Research paper thumbnail of Arqueologia da R.U.A : narrativas em Realidade. Urbana. Aumentada. Quando o encontro se transforma em um território artístico, coletivo e expandido

Visualidades, 2013

The present discussion aims to investigate ways of making collaborative art configured as a field... more The present discussion aims to investigate ways of making collaborative art configured as a field of a liquid geopolitical, appropriate "space-time" before a participatory model and shared networks, trough territories transformation processes, considering its cultural, ecological, political, social and technological implications, based on social creativity, collective action and contemporary artistic practices as thematic platforms for innovative urban interventions.

Research paper thumbnail of Arte e Política: Inquietações, Reflexões e Debates Contemporâneos

dav.ceart.udesc.br

Page 1. Page 2. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES, REFLEXÕES E DEBATES CONTEMPORÂNEOS Organizadoras J... more Page 1. Page 2. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES, REFLEXÕES E DEBATES CONTEMPORÂNEOS Organizadoras Jociele Lampert Silvana Barbosa Macêdo Florianópolis 2010 Page 3. Page 4. ARTE E POLÍTICA: INQUIETAÇÕES ...

Research paper thumbnail of Interterritorialidade: mídias, contextos e educação

Research paper thumbnail of Rinocidade: Memória Performativa. Espaços-Laboratórios Afetivo-Sensoriais

The present time is marked by complexity that sets the field of Culture concept in constant trans... more The present time is marked by complexity that sets the field of Culture concept in constant transformation. The issue of preserving the memory of the mechanisms of contemporary art as well as the record of the actions in this field, has been part of extensive debate, not only by conservatives and restorers, but also for researchers, curators, architects, educators, historians, as it has become the context of creation of the artists themselves. The art work in this context is configured as a preferred device , a kind of sensory processing technology, with the capability to , in meeting the other - viewer / actor / urban dweller , do it out of neutral observer position , indifferent, and put it also in action , realizing and transforming the territory as it is perceived , performs .] A atualidade é marcada pela complexidade que configura o campo da Cultura, conceito em constante transformação. A problemática da preservação da memória pelos mecanismos da arte contemporânea, bem como do...

Research paper thumbnail of Geopoética de la emergencia: el agua en el arte colaborativo

Research paper thumbnail of Narrativas Da Memória: A Cidade Como Museu Conectividade, Práticas Artísticas e Museologia Social Contemporânea

La presente discusión propone analizar el lugar del arte en el ámbito de la esfera pública contem... more La presente discusión propone analizar el lugar del arte en el ámbito de la esfera pública contemporánea a partir de la dilución y el desplazamiento del objeto hacia el campo de la experiencia estética. Transitar entre la autonomía y la instrumentalización parece ser uno de los dilemas enfrentados por el arte que incide en dinámicas sociales, práctica contemporánea derivada del arte público y sus recientes hibridaciones. Tales cuestiones pueden iluminar un debate sobre las prácticas críticas como campos de acción procesales y colaborativos apuntando a renovadas formas de comunicación, apropiación, interacción y pertenencia. Se pretende investigar los modos de hacer artísticos compartidos en red, los procesos de transformación en el territorio de ellos derivados e implicaciones políticas en el tejido social. En el caso de los museos del Territorio situados en la ciudad de Río de Janeiro como parte de una experiencia a / r / tográfica (IRWIN, 2005), se establece una plataforma de acci...