Fernanda Borges Henrique | Universidade Estadual de Campinas (original) (raw)

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Antípoda 41. Políticas de la evidencia... by Fernanda Borges Henrique

Research paper thumbnail of As múltiplas agências dos encantados: esboço de uma teoria política kiriri

Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología, Oct 4, 2020

Resumo: este artigo trata do povo indígena Kiriri do Rio Verde que, em março de 2017, após sair d... more Resumo: este artigo trata do povo indígena Kiriri do Rio Verde que, em março de 2017, após sair de Muquém do São Francisco, oeste do estado da Bahia, região Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do estado de Minas Gerais, Sudeste do país. A terra ocupada possui 39 hectares e tem como seu proprietário legal o estado de Minas Gerais. A permanência dos Kiriri na área foi autorizada pelo seu verdadeiro dono, um antigo ancestral tapuia que apareceu durante a ciência, momento em que há uma comunicação, como veremos, mais direta e intencional com os encantados, seres outros-que-humanos que habitam o cosmos kiriri. Diferentemente do toré, brincadeira em que ocorre o compartilhamento de comida entre os humanos e os encantados, e em que os cantos são mais fracos para que esses seres outros-que-humanos não se manifestem, na ciência kiriri, os cantos são mais fortes para fazer com que os mestres encostem em pessoas que possuem o dom. Apesar de a ocupação ser legitimada pelo velho tapuia, os Kiriri reconhecem que também precisam negociar com o estado de Minas Gerais, o proprietário legal da área, para conseguirem a regularização da terra. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo compreender como os Kiriri criam evidências que a ocupação feita por eles, a partir da atuação conjunta aos encantados, é legitimada pelo verdadeiro dono da terra e como o comunicam ao estado de Minas Gerais. Para olhar para as negociações entre os Kiriri e o estado de Minas Gerais, deve-se reconhecer e analisar a ampla rede de atuação de agentes humanos e outros-que-humanos e, para compreendê-la melhor, propomos atentar também à ciência kiriri. Assim, este artigo esboça questões que tangem ao que podemos chamar de “teoria política kiriri”, evidenciando como as relações diplomáticas de troca e negociação podem ser constituídas no mundo.

Palavras-chave: ciência, cosmopolítica, encantados, etnologia, Kiriri, seres outros-que-humanos.

Las múltiples agencias de los encantados: esbozo de una teoría política kiriri

Resumen: el artículo se enfoca en el pueblo indígena kiriri de Río Verde que, en marzo del 2017, luego de salir de Muquém do São Francisco, occidente del departamento de Bahía, región noreste de Brasil, ocupó una tierra en el sur del departamento de Minas Gerais, al sureste del país. La tierra ocupada tiene 39 hectáreas y su propietario legal es el estado de Minas Gerais. La permanencia de los kiriri en el área fue autorizada por su verdadero dueño, una antigua figura ancestral tapuia que “apareció” durante una ciência, momento ceremonial en el que se produce una comunicación, como veremos, más directa e intencional con los encantados, seres otros-que-los-humanos —ancestrales y no ancestrales— que habitan el cosmos kiriri. A diferencia del toré brincadeira, encuentro ceremonial en el que se comparte comida entre humanos y encantados y en el que los cánticos son más suaves para que los otros-que-los-humanos no se “manifiesten”, en la ciência kiriri los cánticos son más fuertes para lograr que los mestres o encantados encosten, esto es, que posean espiritualmente a personas que tienen el don de permitirles manifestarse. Si bien la ocupación es legitimada por el viejo tapuia, los kiriri reconocen que también necesitan negociar con el estado de Minas Gerais, el propietario legal del área, para regular la tierra. Así, el artículo tiene el propósito de comprender cómo los kiriri crean evidencias de su proceso de ocupación de tierras, a partir del actuar de los encantados —acción legitimada por el verdadero dueño de la tierra— y cómo le comunican esto al estado de Minas Gerais. De este modo, para comprender las negociaciones entre los kiriri y el Estado, es necesario reconocer y analizar la actuación de la amplia red de agentes humanos y otros-que-los-humanos y, para entenderlas mejor, planteamos que debe prestarse atención también a la ciência kiriri. En este contexto, el artículo esboza interrogantes acerca de lo que podemos llamar una teoría política kiriri, al evidenciar cómo las relaciones diplomáticas de intercambio y negociación pueden constituirse de un modo “otro” en el mundo.

Palabras clave: ciência, cosmopolítica, encantados, etnología, kiriri, otros-que-los-humanos.

The Multiple Agencies of the Encantados: An Outline of Kiriri Political Theory

Abstract: The article focuses on the Kiriri indigenous people of Rio Verde who, in March 2017, after leaving Muquém do São Francisco, west of Bahia department, in Brazil's northeast, occupied a land in the south of the Minas Gerais department, in the country's southeast. The occupied land covers 39 hectares and its legal owner is the state of Minas Gerais. The Kiriri's permanence in the area was authorized by its verdadero dueño or true owner, an ancient tapuia figure who appeared during a ciência, a ceremonial moment in which a more direct and intentional communication takes place with the encantados (or enchanted), ancestral and not ancestral, other-than-humans, who inhabit the kiriri cosmos. Unlike the tore, brincadeira ceremonial meeting in which food is shared between humans and the encantados, and in which the chants are softer so that the other-than-humans do not reveal themselves, in the kiriri ciência, the chants are louder so that the mestres or encantados encosten; namely, that they spiritually possess those who have the gift of allowing them to reveal themselves. While the occupation is legitimized by the old tapuia, the Kiriri acknowledge that they also need to negotiate with the state of Minas Gerais, the legal owner of the area, to regulate the land. Thus, this article is intended to understand how the kiriri create evidence of the process of land occupation that they conducted, based on the actions of the encantados, an action legitimized by the verdadero dueño of the land and how they communicate this to the state of Minas Gerais. Thus, in order to understand the negotiations between the Kiriri and the State, they must be considered from the standpoint of the recognition and analysis of the actions of the broad network of human and other-than-human agents. To better understand this, we propose that attention should also be paid to the kiriri ciência. In this context, the article outlines questions about what we can call a “kiriri political theory,” showing how diplomatic exchange and negotiation relations can be constituted in an “other” way in the world.

Keywords: ciência, cosmopolitics, encantados, ethnology, Kiriri, other-than-humans.

Papers by Fernanda Borges Henrique

Research paper thumbnail of Terras que renascem

Research paper thumbnail of As múltiplas agências dos <i>encantados</i>: esboço de uma teoria política kiriri

Antípoda: Revista de Antropología y Arqueología, Oct 1, 2020

Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem... more Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem do Sao Francisco, oeste do estado da Bahia, regiao Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do e...

Research paper thumbnail of Nas redes guarani

Maloca: Revista de Estudos Indigenas, Nov 23, 2020

O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de pesquisad... more O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de pesquisadores, tanto guarani quanto não indígenas, resultado do simpósio CESTA nas Redes

Research paper thumbnail of Os Kiriri Do Acré e O Resgate Da Língua Indígena

Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, ... more Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em março de 2017, as famílias kiriri vindas do município de Muquém do São Francisco, Oeste da Bahia, almejavam quatro objetivos: entrar na terra, construir casas de barro para as famílias, edificar uma cabana no centro da aldeia e um poró em meio à mata, para que pudessem realizar a ciência e, assim, entrar em contato com encantados de forma correta. Além dos quatro objetivos iniciais, almejava-se também a construção de uma escola, para que crianças, jovens e adultos pudessem estudar na aldeia e, dessa forma, não sofrer preconceito e se orgulhar de ser índio. Tal forma de construir o território faz parte do plano de manter a cultura viva e de resgatar o que foi perdido, em uma terra que enseja nos Kiriri o desejo de começar certo. Neste artigo demonstraremos como resgatar a língua indígena é um projeto que se desenvolve em diferentes esferas, articulando uma relação entre conhecimento, ciência e escola. Como veremos, resgatar a língua está intimamente conectado à luta pela terra empreendida pelas famílias indígenas da aldeia Ibiramã Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of Andar e negociar paisagens

Ruris, Aug 5, 2022

do Acré habita o sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiri... more do Acré habita o sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiriri de Barra, na região oeste da Bahia, para ocupar uma terra no bairro Rio Verde, zona rural do município de Caldas/MG. Como este artigo apresenta, as famílias kiriri andam e fazem circular elementos que compõem as paisagens por onde passam e, assim, constroem seu território, de forma que negociar, caminhar, conhecer e interagir com o mundo é uma forma de habitá-lo. As paisagens, portanto, são vivas, dizendo respeito ao movimento da vida. Este artigo pretende demonstrar como as paisagens são percebidas e interagem com os Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of Por um lugar de vida os Kiriri do Rio Verde, CaldasMG

Research paper thumbnail of For a place of living : the Kiriri people of Rio Verde, Caldas/MG

Orientador: Emília Pietrafesa de GodoiDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas,... more Orientador: Emília Pietrafesa de GodoiDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: Esta pesquisa visa explorar como os Kiriri do Rio Verde, povo indígena vindo de Muquém de São Francisco, região Oeste da Bahia, transforma uma terra por eles ocupada no mês de março de 2017, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em seu lugar de vida, trabalho, afeto e significação. Ao olhar para os processos de construção do território kiriri no Sul de Minas, esta pesquisa trata das andanças kiriri, sobretudo das lideranças deste povo, desde sua saída, na década de oitenta, da Terra Indígena de Mirandela rumo ao Oeste baiano. Ainda, apresenta-se neste trabalho como se deu a ida destas famílias para o Sul-mineiro, explorando os conflitos kiriri em termos dinâmicos, que alternam entre crise e recomposições de relações. A territorialidade kiriri também nos levou à uma noção própria destas famílias sobre a terra ocupada no Sul-m...

Research paper thumbnail of Etnologia Transversa: uma primeira conversa com Maria Rosário de Carvalho, Ugo Maia Andrade e Florêncio A. Vaz Filho

Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Nov 19, 2021

A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A... more A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A. Vaz Filho (UFOPA) apresenta os aspectos etnográficos e as questões teórico-metodológicas que esses pesquisadores observam ao proporem uma perspectiva transversal para a Etnologia Indígena feita no Brasil.

Research paper thumbnail of As múltiplas agências dos encantados: esboço de uma teoria política kiriri

Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología, 2020

Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem... more Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem do Sao Francisco, oeste do estado da Bahia, regiao Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do e...

Research paper thumbnail of Nas redes guarani

Maloca: Revista de Estudos Indígenas, 2020

O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de autores g... more O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de autores guarani e pesquisadores que desenvolvem trabalhos entre os Guarani, resultado do simpósio CESTA nas Redes Guarani realizado pelo Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, o CESTA. GALLOIS, Dominique Tilkin & MACEDO, Valéria. Nas redes Guarani: Saberes, traduções e transformações. Ed. Hedra, 2018.

Research paper thumbnail of Andar e negociar paisagens

RURIS (Campinas, Online)

O povo Kiriri do Acré habita o Sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram... more O povo Kiriri do Acré habita o Sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiriri de Barra, região Oeste da Bahia, para ocupar uma terra no bairro Rio Verde, zona rural do município de Caldas/MG. Como este artigo deixa claro, as famílias kiriri andam e fazem circular elementos que compõem as paisagens pode onde passam e, assim, constroem seu território, de forma que negociar, caminhar, conhecer e interagir com o mundo é uma forma de habitá-lo. As paisagens, portanto, são vivas, dizendo respeito ao movimento da vida. Este artigo pretende demonstrar como as paisagens são percebidas e interagem com os Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of Os Kiriri Do Acré e O Resgate Da Língua Indígena

Policromias - Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som; v. 6, n. 2 (2021); 516-546, Aug 31, 2021

Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, ... more Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em março de 2017, as famílias kiriri vindas do município de Muquém do São Francisco, Oeste da Bahia, almejavam quatro objetivos: entrar na terra, construir casas de barro para as famílias, edificar uma cabana no centro da aldeia e um poró em meio à mata, para que pudessem realizar a ciência e, assim, entrar em contato com encantados de forma correta. Além dos quatro objetivos iniciais, almejava-se também a construção de uma escola, para que crianças, jovens e adultos pudessem estudar na aldeia e, dessa forma, não sofrer preconceito e se orgulhar de ser índio. Tal forma de construir o território faz parte do plano de manter a cultura viva e de resgatar o que foi perdido, em uma terra que enseja nos Kiriri o desejo de começar certo. Neste artigo demonstraremos como resgatar a língua indígena é um projeto que se desenvolve em diferentes esferas, articulando uma relação entre conhecimento, ciência e escola. Como veremos, resgatar a língua está intimamente conectado à luta pela terra empreendida pelas famílias indígenas da aldeia Ibiramã Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of “Cada um em seu lugar”: domínios territoriais Xucuru-Kariri e Kiriri

Currently, tension and conflict characterize the relationship between the Xucuru-Kariri and Kirir... more Currently, tension and conflict characterize the relationship between the Xucuru-Kariri and Kiriri chiefs in the Caldas City, in brazilian state of Minas Gerais. Both lead families in their recreations of villages in this region. The process of territorial formation Xucuru-Kariri and Kiriri in Caldas City is explained, firstly, by the exchange of lands and alliance established by their generation above when they lived in brazilian state of Bahia and, second, by their particular cosmopolitics. Finally, the hypothesis on territorial domains of indigenous Xucuru-Kariri and Kiriri is supported by a diachronic analysis of interactions between leaders in the state of Bahia and description of their cosmopolitical principles, introducing a perspective beyond indigenous relations with the State in the understanding of territoriality processes.

Research paper thumbnail of Por um lugar de vida os Kiriri do Rio Verde, CaldasMG

Research paper thumbnail of Etnologia Transversa: uma primeira conversa com Maria Rosário de Carvalho, Ugo Maia Andrade e Florêncio A. Vaz Filho

Maloca - Revista de Estudos Indígenas, 2021

A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A... more A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo
Maia Andrade (UFS) e Florêncio A. Vaz Filho (UFOPA) apresenta os
aspectos etnográficos e as questões teórico-metodológicas que esses
pesquisadores observam ao proporem uma perspectiva transversal
para a Etnologia Indígena feita no Brasil.

Research paper thumbnail of Revisão Sistemática Sobre a Produção da Paz

Psicologia: Ensino & Formação, 2016

Este artigo propõe fazer uma revisão sistemática sobre o tema produção da paz na literatura dispo... more Este artigo propõe fazer uma revisão sistemática sobre o tema produção da paz na literatura disponibilizada no banco de dados BVS-Psi a fim de fomentar a pesquisa "A atuação do serviço público na produção da paz". Este estudo se originou na Rede da Paz do município de Divinópolis/MG; programa que tinha como objetivo convergir às ações dos poderes públicos para uma sociedade de paz. Utilizamos como método para a revisão sistemática, quatro passos: 1) objetivo da pesquisa; 2) definição dos termos ou palavras-chave; 3) seleção dos estudos encontrados em convergência com a pesquisa; 4) escolha de estudos fidedignos e com validade. Para a revisão selecionamos como base 15 artigos que serviram como ferramentas de discussão, apreensão de conceitos sobre a paz, bem como para a utilização no momento da aplicação da entrevista semi-estruturada nos informantes chaves. Utilizaremos, no decorrer da pesquisa, o conceito de paz como aquilo que proporciona o respeito pela vida e pelas diferenças de existência.

Research paper thumbnail of Online) | v. 63 n. 3: e178845 | USP

Revista de Antropologia, 2020

Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no mun... more Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no município de Caldas (Minas Gerais, Brasil). Ambos lideram famílias em re-criações de aldeias no sul do estado. O processo de formação territorial dos Xucuru-Kariri e dos Kiriri nessa região explica-se, primeiro, por troca de terras e aliança estabelecidas nas gerações anteriores às dos caciques quando viviam na Bahia e, segundo, por suas cosmopolíticas. Enfim, a hipótese sobre domínios territoriais de indígenas Xucuru-Kariri e Kiriri é sustentada com análise diacrônica de interações entre lideranças no sertão baiano e descrição de seus princípios cosmopolíticos, introduzindo uma perspectiva para além das relações indígenas com o Estado no entendimento de processos de territorialidade.

v. 63 n. 3 (2020) by Fernanda Borges Henrique

Research paper thumbnail of “Cada um em seu lugar”: domínios territoriais Xucuru-Kariri e Kiriri

Revista De Antropologia, 63(3)., 2020

Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no mun... more Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no município de Caldas (Minas Gerais, Brasil). Ambos lideram famílias em re-criações de aldeias no sul do estado. O processo de formação territorial dos Xucuru-Kariri e dos Kiriri nessa região explica-se, primeiro, por troca de terras e aliança estabelecidas nas gerações anteriores às dos caciques quando viviam na Bahia e, segundo, por suas cosmopolíticas. Enfim, a hipótese sobre domínios territoriais de indígenas Xucuru-Kariri e Kiriri é sustentada com análise diacrônica de interações entre lideranças no sertão baiano e descrição de seus princípios cosmopolíticos, introduzindo uma perspectiva para além das relações indígenas com o Estado no entendimento de processos de territorialidade.

Artigos by Fernanda Borges Henrique

Research paper thumbnail of Terras que renascem: histórias esperançadas apesar do Antropoceno

R@u, 2022

É possível pensar e agir numa era de catástrofes anunciadas? Mais ainda, é possível contar histór... more É possível pensar e agir numa era de catástrofes anunciadas? Mais ainda, é possível contar histórias em que, para além das catástrofes que continuam acumulando e que como tais já não são um anúncio, se viva a reconstituição e o renascimento? Se assim for, quais são as escalas relacionais a partir das quais isso se torna possível? Neste ensaio, partimos da criatividade reconstitutiva de dois coletivos, autoidentificados como Kiriri e Mapuche, para pensar o que mais pode ser dito quando todos os problemas parecem se reportar ao Antropoceno. Nossa intenção é ensaiar com outras escalas relacionais e, portanto, com outros problemas, a despeito da nova era geológica ou, se queremos, na vizinhança dela. Este texto resiste à conexão acelerada entre problemas de distintas ordens, com distintos nomes, e o Antropoceno. Interessa habitar os desajustes dessas conexões para colocar luz sobre a microfísica das relações, das entidades que elas convocam e que, a partir dos casos Kiriri e Mapuche, nos fazem ver terras que renascem. Interessa enfatizar mundos que se reconstituem e que multiplicam agentes de mudança através da replicação em que a complexidade da escala é a autossemelhança.

Research paper thumbnail of As múltiplas agências dos encantados: esboço de uma teoria política kiriri

Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología, Oct 4, 2020

Resumo: este artigo trata do povo indígena Kiriri do Rio Verde que, em março de 2017, após sair d... more Resumo: este artigo trata do povo indígena Kiriri do Rio Verde que, em março de 2017, após sair de Muquém do São Francisco, oeste do estado da Bahia, região Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do estado de Minas Gerais, Sudeste do país. A terra ocupada possui 39 hectares e tem como seu proprietário legal o estado de Minas Gerais. A permanência dos Kiriri na área foi autorizada pelo seu verdadeiro dono, um antigo ancestral tapuia que apareceu durante a ciência, momento em que há uma comunicação, como veremos, mais direta e intencional com os encantados, seres outros-que-humanos que habitam o cosmos kiriri. Diferentemente do toré, brincadeira em que ocorre o compartilhamento de comida entre os humanos e os encantados, e em que os cantos são mais fracos para que esses seres outros-que-humanos não se manifestem, na ciência kiriri, os cantos são mais fortes para fazer com que os mestres encostem em pessoas que possuem o dom. Apesar de a ocupação ser legitimada pelo velho tapuia, os Kiriri reconhecem que também precisam negociar com o estado de Minas Gerais, o proprietário legal da área, para conseguirem a regularização da terra. Nesse contexto, este artigo tem como objetivo compreender como os Kiriri criam evidências que a ocupação feita por eles, a partir da atuação conjunta aos encantados, é legitimada pelo verdadeiro dono da terra e como o comunicam ao estado de Minas Gerais. Para olhar para as negociações entre os Kiriri e o estado de Minas Gerais, deve-se reconhecer e analisar a ampla rede de atuação de agentes humanos e outros-que-humanos e, para compreendê-la melhor, propomos atentar também à ciência kiriri. Assim, este artigo esboça questões que tangem ao que podemos chamar de “teoria política kiriri”, evidenciando como as relações diplomáticas de troca e negociação podem ser constituídas no mundo.

Palavras-chave: ciência, cosmopolítica, encantados, etnologia, Kiriri, seres outros-que-humanos.

Las múltiples agencias de los encantados: esbozo de una teoría política kiriri

Resumen: el artículo se enfoca en el pueblo indígena kiriri de Río Verde que, en marzo del 2017, luego de salir de Muquém do São Francisco, occidente del departamento de Bahía, región noreste de Brasil, ocupó una tierra en el sur del departamento de Minas Gerais, al sureste del país. La tierra ocupada tiene 39 hectáreas y su propietario legal es el estado de Minas Gerais. La permanencia de los kiriri en el área fue autorizada por su verdadero dueño, una antigua figura ancestral tapuia que “apareció” durante una ciência, momento ceremonial en el que se produce una comunicación, como veremos, más directa e intencional con los encantados, seres otros-que-los-humanos —ancestrales y no ancestrales— que habitan el cosmos kiriri. A diferencia del toré brincadeira, encuentro ceremonial en el que se comparte comida entre humanos y encantados y en el que los cánticos son más suaves para que los otros-que-los-humanos no se “manifiesten”, en la ciência kiriri los cánticos son más fuertes para lograr que los mestres o encantados encosten, esto es, que posean espiritualmente a personas que tienen el don de permitirles manifestarse. Si bien la ocupación es legitimada por el viejo tapuia, los kiriri reconocen que también necesitan negociar con el estado de Minas Gerais, el propietario legal del área, para regular la tierra. Así, el artículo tiene el propósito de comprender cómo los kiriri crean evidencias de su proceso de ocupación de tierras, a partir del actuar de los encantados —acción legitimada por el verdadero dueño de la tierra— y cómo le comunican esto al estado de Minas Gerais. De este modo, para comprender las negociaciones entre los kiriri y el Estado, es necesario reconocer y analizar la actuación de la amplia red de agentes humanos y otros-que-los-humanos y, para entenderlas mejor, planteamos que debe prestarse atención también a la ciência kiriri. En este contexto, el artículo esboza interrogantes acerca de lo que podemos llamar una teoría política kiriri, al evidenciar cómo las relaciones diplomáticas de intercambio y negociación pueden constituirse de un modo “otro” en el mundo.

Palabras clave: ciência, cosmopolítica, encantados, etnología, kiriri, otros-que-los-humanos.

The Multiple Agencies of the Encantados: An Outline of Kiriri Political Theory

Abstract: The article focuses on the Kiriri indigenous people of Rio Verde who, in March 2017, after leaving Muquém do São Francisco, west of Bahia department, in Brazil's northeast, occupied a land in the south of the Minas Gerais department, in the country's southeast. The occupied land covers 39 hectares and its legal owner is the state of Minas Gerais. The Kiriri's permanence in the area was authorized by its verdadero dueño or true owner, an ancient tapuia figure who appeared during a ciência, a ceremonial moment in which a more direct and intentional communication takes place with the encantados (or enchanted), ancestral and not ancestral, other-than-humans, who inhabit the kiriri cosmos. Unlike the tore, brincadeira ceremonial meeting in which food is shared between humans and the encantados, and in which the chants are softer so that the other-than-humans do not reveal themselves, in the kiriri ciência, the chants are louder so that the mestres or encantados encosten; namely, that they spiritually possess those who have the gift of allowing them to reveal themselves. While the occupation is legitimized by the old tapuia, the Kiriri acknowledge that they also need to negotiate with the state of Minas Gerais, the legal owner of the area, to regulate the land. Thus, this article is intended to understand how the kiriri create evidence of the process of land occupation that they conducted, based on the actions of the encantados, an action legitimized by the verdadero dueño of the land and how they communicate this to the state of Minas Gerais. Thus, in order to understand the negotiations between the Kiriri and the State, they must be considered from the standpoint of the recognition and analysis of the actions of the broad network of human and other-than-human agents. To better understand this, we propose that attention should also be paid to the kiriri ciência. In this context, the article outlines questions about what we can call a “kiriri political theory,” showing how diplomatic exchange and negotiation relations can be constituted in an “other” way in the world.

Keywords: ciência, cosmopolitics, encantados, ethnology, Kiriri, other-than-humans.

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Antípoda: Revista de Antropología y Arqueología, Oct 1, 2020

Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem... more Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem do Sao Francisco, oeste do estado da Bahia, regiao Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do e...

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Maloca: Revista de Estudos Indigenas, Nov 23, 2020

O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de pesquisad... more O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de pesquisadores, tanto guarani quanto não indígenas, resultado do simpósio CESTA nas Redes

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Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, ... more Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em março de 2017, as famílias kiriri vindas do município de Muquém do São Francisco, Oeste da Bahia, almejavam quatro objetivos: entrar na terra, construir casas de barro para as famílias, edificar uma cabana no centro da aldeia e um poró em meio à mata, para que pudessem realizar a ciência e, assim, entrar em contato com encantados de forma correta. Além dos quatro objetivos iniciais, almejava-se também a construção de uma escola, para que crianças, jovens e adultos pudessem estudar na aldeia e, dessa forma, não sofrer preconceito e se orgulhar de ser índio. Tal forma de construir o território faz parte do plano de manter a cultura viva e de resgatar o que foi perdido, em uma terra que enseja nos Kiriri o desejo de começar certo. Neste artigo demonstraremos como resgatar a língua indígena é um projeto que se desenvolve em diferentes esferas, articulando uma relação entre conhecimento, ciência e escola. Como veremos, resgatar a língua está intimamente conectado à luta pela terra empreendida pelas famílias indígenas da aldeia Ibiramã Kiriri do Acré.

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Ruris, Aug 5, 2022

do Acré habita o sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiri... more do Acré habita o sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiriri de Barra, na região oeste da Bahia, para ocupar uma terra no bairro Rio Verde, zona rural do município de Caldas/MG. Como este artigo apresenta, as famílias kiriri andam e fazem circular elementos que compõem as paisagens por onde passam e, assim, constroem seu território, de forma que negociar, caminhar, conhecer e interagir com o mundo é uma forma de habitá-lo. As paisagens, portanto, são vivas, dizendo respeito ao movimento da vida. Este artigo pretende demonstrar como as paisagens são percebidas e interagem com os Kiriri do Acré.

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Orientador: Emília Pietrafesa de GodoiDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas,... more Orientador: Emília Pietrafesa de GodoiDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: Esta pesquisa visa explorar como os Kiriri do Rio Verde, povo indígena vindo de Muquém de São Francisco, região Oeste da Bahia, transforma uma terra por eles ocupada no mês de março de 2017, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em seu lugar de vida, trabalho, afeto e significação. Ao olhar para os processos de construção do território kiriri no Sul de Minas, esta pesquisa trata das andanças kiriri, sobretudo das lideranças deste povo, desde sua saída, na década de oitenta, da Terra Indígena de Mirandela rumo ao Oeste baiano. Ainda, apresenta-se neste trabalho como se deu a ida destas famílias para o Sul-mineiro, explorando os conflitos kiriri em termos dinâmicos, que alternam entre crise e recomposições de relações. A territorialidade kiriri também nos levou à uma noção própria destas famílias sobre a terra ocupada no Sul-m...

Research paper thumbnail of Etnologia Transversa: uma primeira conversa com Maria Rosário de Carvalho, Ugo Maia Andrade e Florêncio A. Vaz Filho

Maloca: Revista de Estudos Indígenas, Nov 19, 2021

A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A... more A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A. Vaz Filho (UFOPA) apresenta os aspectos etnográficos e as questões teórico-metodológicas que esses pesquisadores observam ao proporem uma perspectiva transversal para a Etnologia Indígena feita no Brasil.

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Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología, 2020

Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem... more Este artigo trata do povo indigena Kiriri do Rio Verde que, em marco de 2017, apos sair de Muquem do Sao Francisco, oeste do estado da Bahia, regiao Nordeste do Brasil, ocupou uma terra no sul do e...

Research paper thumbnail of Nas redes guarani

Maloca: Revista de Estudos Indígenas, 2020

O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de autores g... more O livro organizado por Dominique T. Gallois e Valéria Macedo é uma reunião de textos de autores guarani e pesquisadores que desenvolvem trabalhos entre os Guarani, resultado do simpósio CESTA nas Redes Guarani realizado pelo Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, o CESTA. GALLOIS, Dominique Tilkin & MACEDO, Valéria. Nas redes Guarani: Saberes, traduções e transformações. Ed. Hedra, 2018.

Research paper thumbnail of Andar e negociar paisagens

RURIS (Campinas, Online)

O povo Kiriri do Acré habita o Sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram... more O povo Kiriri do Acré habita o Sul de Minas Gerais desde 2017, quando dezesseis famílias deixaram a aldeia Kiriri de Barra, região Oeste da Bahia, para ocupar uma terra no bairro Rio Verde, zona rural do município de Caldas/MG. Como este artigo deixa claro, as famílias kiriri andam e fazem circular elementos que compõem as paisagens pode onde passam e, assim, constroem seu território, de forma que negociar, caminhar, conhecer e interagir com o mundo é uma forma de habitá-lo. As paisagens, portanto, são vivas, dizendo respeito ao movimento da vida. Este artigo pretende demonstrar como as paisagens são percebidas e interagem com os Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of Os Kiriri Do Acré e O Resgate Da Língua Indígena

Policromias - Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som; v. 6, n. 2 (2021); 516-546, Aug 31, 2021

Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, ... more Desde quando entraram na terra do Rio Verde, no município de Caldas, região Sul de Minas Gerais, em março de 2017, as famílias kiriri vindas do município de Muquém do São Francisco, Oeste da Bahia, almejavam quatro objetivos: entrar na terra, construir casas de barro para as famílias, edificar uma cabana no centro da aldeia e um poró em meio à mata, para que pudessem realizar a ciência e, assim, entrar em contato com encantados de forma correta. Além dos quatro objetivos iniciais, almejava-se também a construção de uma escola, para que crianças, jovens e adultos pudessem estudar na aldeia e, dessa forma, não sofrer preconceito e se orgulhar de ser índio. Tal forma de construir o território faz parte do plano de manter a cultura viva e de resgatar o que foi perdido, em uma terra que enseja nos Kiriri o desejo de começar certo. Neste artigo demonstraremos como resgatar a língua indígena é um projeto que se desenvolve em diferentes esferas, articulando uma relação entre conhecimento, ciência e escola. Como veremos, resgatar a língua está intimamente conectado à luta pela terra empreendida pelas famílias indígenas da aldeia Ibiramã Kiriri do Acré.

Research paper thumbnail of “Cada um em seu lugar”: domínios territoriais Xucuru-Kariri e Kiriri

Currently, tension and conflict characterize the relationship between the Xucuru-Kariri and Kirir... more Currently, tension and conflict characterize the relationship between the Xucuru-Kariri and Kiriri chiefs in the Caldas City, in brazilian state of Minas Gerais. Both lead families in their recreations of villages in this region. The process of territorial formation Xucuru-Kariri and Kiriri in Caldas City is explained, firstly, by the exchange of lands and alliance established by their generation above when they lived in brazilian state of Bahia and, second, by their particular cosmopolitics. Finally, the hypothesis on territorial domains of indigenous Xucuru-Kariri and Kiriri is supported by a diachronic analysis of interactions between leaders in the state of Bahia and description of their cosmopolitical principles, introducing a perspective beyond indigenous relations with the State in the understanding of territoriality processes.

Research paper thumbnail of Por um lugar de vida os Kiriri do Rio Verde, CaldasMG

Research paper thumbnail of Etnologia Transversa: uma primeira conversa com Maria Rosário de Carvalho, Ugo Maia Andrade e Florêncio A. Vaz Filho

Maloca - Revista de Estudos Indígenas, 2021

A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo Maia Andrade (UFS) e Florêncio A... more A entrevista com Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA), Ugo
Maia Andrade (UFS) e Florêncio A. Vaz Filho (UFOPA) apresenta os
aspectos etnográficos e as questões teórico-metodológicas que esses
pesquisadores observam ao proporem uma perspectiva transversal
para a Etnologia Indígena feita no Brasil.

Research paper thumbnail of Revisão Sistemática Sobre a Produção da Paz

Psicologia: Ensino & Formação, 2016

Este artigo propõe fazer uma revisão sistemática sobre o tema produção da paz na literatura dispo... more Este artigo propõe fazer uma revisão sistemática sobre o tema produção da paz na literatura disponibilizada no banco de dados BVS-Psi a fim de fomentar a pesquisa "A atuação do serviço público na produção da paz". Este estudo se originou na Rede da Paz do município de Divinópolis/MG; programa que tinha como objetivo convergir às ações dos poderes públicos para uma sociedade de paz. Utilizamos como método para a revisão sistemática, quatro passos: 1) objetivo da pesquisa; 2) definição dos termos ou palavras-chave; 3) seleção dos estudos encontrados em convergência com a pesquisa; 4) escolha de estudos fidedignos e com validade. Para a revisão selecionamos como base 15 artigos que serviram como ferramentas de discussão, apreensão de conceitos sobre a paz, bem como para a utilização no momento da aplicação da entrevista semi-estruturada nos informantes chaves. Utilizaremos, no decorrer da pesquisa, o conceito de paz como aquilo que proporciona o respeito pela vida e pelas diferenças de existência.

Research paper thumbnail of Online) | v. 63 n. 3: e178845 | USP

Revista de Antropologia, 2020

Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no mun... more Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no município de Caldas (Minas Gerais, Brasil). Ambos lideram famílias em re-criações de aldeias no sul do estado. O processo de formação territorial dos Xucuru-Kariri e dos Kiriri nessa região explica-se, primeiro, por troca de terras e aliança estabelecidas nas gerações anteriores às dos caciques quando viviam na Bahia e, segundo, por suas cosmopolíticas. Enfim, a hipótese sobre domínios territoriais de indígenas Xucuru-Kariri e Kiriri é sustentada com análise diacrônica de interações entre lideranças no sertão baiano e descrição de seus princípios cosmopolíticos, introduzindo uma perspectiva para além das relações indígenas com o Estado no entendimento de processos de territorialidade.

Research paper thumbnail of “Cada um em seu lugar”: domínios territoriais Xucuru-Kariri e Kiriri

Revista De Antropologia, 63(3)., 2020

Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no mun... more Atualmente, tensão e conflito caracterizam a relação entre caciques xucuru-kariri e kiriri no município de Caldas (Minas Gerais, Brasil). Ambos lideram famílias em re-criações de aldeias no sul do estado. O processo de formação territorial dos Xucuru-Kariri e dos Kiriri nessa região explica-se, primeiro, por troca de terras e aliança estabelecidas nas gerações anteriores às dos caciques quando viviam na Bahia e, segundo, por suas cosmopolíticas. Enfim, a hipótese sobre domínios territoriais de indígenas Xucuru-Kariri e Kiriri é sustentada com análise diacrônica de interações entre lideranças no sertão baiano e descrição de seus princípios cosmopolíticos, introduzindo uma perspectiva para além das relações indígenas com o Estado no entendimento de processos de territorialidade.

Research paper thumbnail of Terras que renascem: histórias esperançadas apesar do Antropoceno

R@u, 2022

É possível pensar e agir numa era de catástrofes anunciadas? Mais ainda, é possível contar histór... more É possível pensar e agir numa era de catástrofes anunciadas? Mais ainda, é possível contar histórias em que, para além das catástrofes que continuam acumulando e que como tais já não são um anúncio, se viva a reconstituição e o renascimento? Se assim for, quais são as escalas relacionais a partir das quais isso se torna possível? Neste ensaio, partimos da criatividade reconstitutiva de dois coletivos, autoidentificados como Kiriri e Mapuche, para pensar o que mais pode ser dito quando todos os problemas parecem se reportar ao Antropoceno. Nossa intenção é ensaiar com outras escalas relacionais e, portanto, com outros problemas, a despeito da nova era geológica ou, se queremos, na vizinhança dela. Este texto resiste à conexão acelerada entre problemas de distintas ordens, com distintos nomes, e o Antropoceno. Interessa habitar os desajustes dessas conexões para colocar luz sobre a microfísica das relações, das entidades que elas convocam e que, a partir dos casos Kiriri e Mapuche, nos fazem ver terras que renascem. Interessa enfatizar mundos que se reconstituem e que multiplicam agentes de mudança através da replicação em que a complexidade da escala é a autossemelhança.

Research paper thumbnail of DE LA CADENA, Marisol. Cosmopolítica Indígena nos Andes: reflexões conceituais para além da "política"

Tradução do artigo "Indigenous Cosmopolitics in the Andes: Conceptual Reflections beyond 'Politic... more Tradução do artigo "Indigenous Cosmopolitics in the Andes: Conceptual Reflections beyond 'Politics'", de autoria de Marisol de la Cadena