Questões De Língua e De Identidade: (N)As Tramas De Um Bilinguismo De Escrita (original) (raw)
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Bilinguismo e Identidade: Duas Línguas, Duas Identidades?
2019
Utilizando dados obtidos em pesquisa de campo realizada no ano de 2014 para dissertacao de mestrado, este estudo parte da hipotese de que a lingua e um dos principais aspectos de formacao identitaria do falante, mas nao unico. Alem disso, levando, tambem, em consideracao o contexto bilingue da comunidade de Virmond, localizada na regiao centro-oeste do Parana, classifica-se como objetivo principal para o presente trabalho evidenciar e analisar fatores linguisticos e extralinguisticos que fazem parte do processo de formacao de identidade dos descendentes de poloneses desta comunidade. Buscamos, ainda, responder a seguinte questao: ao falar duas variedades, o falante passa a constituir duas identidades? Para tanto, utilizamos, a fim de embasar nossas discussoes, a teoria da Dialetologia Pluridimensional e Relacional e a Sociolinguistica. A partir das analises realizadas, foi possivel concluir que os descendentes se identificam mais por se sentirem poloneses, por cultivarem os costumes...
Oralidade, Letramento e Identidade
Dialogos Pertinentes, 2013
Este texto apresenta resultados parciais de pesquisa em andamento de Iniciação Científica realizada na Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. O objetivo do estudo é refletir sobre a prática de escrita de internautas em dois sites sertanejos, cujo produto cultural tem características típicas da tradição oral. Neste artigo, nossa proposta é apresentar reflexão sobre estudos que abordam as relações entre oralidade, letramento e identidade. Trata-se, portanto, de um estudo bibliográfico. Os resultados apontam para a necessidade de se abordarem questões relativas à fala e escrita como parte das práticas sociais realizadas pelos sujeitos, as quais envolvem: meios materiais (suportes de textos); formas de circulação; valores ideológicos atribuídos a esses usos; identidades dos sujeitos.
Relação Entre Língua e Identidade: A Fala Denuncia Quem Somos
2019
Este artigo tem como objetivo compreender como o falante da cidade de Sales Oliveira, uma cidade do interior do Estado de Sao Paulo, constitui sua identidade e como isso se reflete no comportamento linguistico que apresenta. O modo como o salense se ve corresponde ao modo como fala? A hipotese inicial e a de que a identidade que o falante afirma ter nem sempre corresponde com o modo como fala. Para que fosse feita uma comparacao entre lingua e identidade, foi realizada uma pesquisa de campo com 30 salenses, nascidos e moradores da cidade.
Entrever Revista Das Licenciaturas, 2014
RESUMO Precisamos de políticas linguísticas brasileiras, mais especificamente políticas de letramento, de base antropológica, para refletir e subsidiar a educação brasileira. Pesquisas sobre letramento escolar no Brasil mostram que o modelo de letramento ainda muito presente na educação brasileira é o autônomo, concebendo a língua escrita como única, superior, neutra, e que pouco se refletiu sobre as ideologias e os resultados dessa adoção para os indivíduos, as comunidades e inclusive para os índices oficiais das escolas e dos alunos em exames nacionais. Neste artigo, não temos como objetivo dar conta de uma questão tão ampla e complexa, mas, a partir de dados de eventos de letramento de uma comunidade multilíngue, analisados a partir da perspectiva dos Novos Estudos sobre Letramento, evidenciar como esse grupo social se orienta para o letramento em português. Os dados mostram que o letramento em português tem valores simbólicos diferentes para homens e mulheres da comunidade. Essa orientação, coconstruída por meio de um modelo de letramento feminino pela escola, precisaria subsidiar uma política linguística local de legitimação das línguas e de seus falantes, contribuindo para a manutenção da superdiversidade. Palavras-chave: Letramento. Política linguística. Escola.
A negritude de Antenor Nascentes e a escrita da história da Linguística
Para uma história das ideias linguísticas de Antenor Nascentes, 2024
Capítulo 4 da coletânea "Para uma história das ideias linguísticas de Antenor Nascentes". Nele, proponho uma reflexão sobre a tarefa do/a historiador/a da Linguística, motivado pela constatação de que Antenor Nascentes era negro e que essa informação foi omitida na maior parte da bibliografia e apagada na memória do campo dos estudos linguísticos. Analiso, a partir de uma abordagem histórica e micro-sociológica, os desafios enfrentados por ele como pessoa negra que veio ao mundo nos anos finais da escravidão e sobreviveu ao projeto de eliminação física e simbólica da população afro-brasileira durante a Primeira República. Ao colocar em perspectiva o lugar de Antenor Nascentes na história da Linguística brasileira, demonstro a centralidade da dimensão étnico-racial para situar o saber linguístico do passado em relação ao contexto histórico e sociocultural em que foi produzido. Essa interpretação é construída a partir da escassez de fontes documentais e de dados biográficos, pelo exame das condições de existência impostas a pessoas negras e dos impactos do racismo em sua trajetória. A proposta que emerge como agenda de pesquisa destaca a importância da identidade étnico-racial, de gênero e de classe como parâmetros mínimos para se investigar o saber linguístico de outras épocas. Desta perspectiva, a escrita da história da Linguística ajuda a desnaturalizar a vocação colonial e racista que marca esse campo de estudos. Uma apresentação oral sobre o tema está disponível em: https://youtu.be/YxnF-GyXTa4 Para baixar a coletânea completa, acesse: https://pedroejoaoeditores.com.br/produto/para-uma-historia-das-ideias-linguisticas-de-antenor-nascentes
Línguas minoritárias, escrita e, ainda, os linguistas
Workshop sobre Línguas Indígenas Ameaçadas: estratégias de preservação e de revitalização , 2007
Tenho sido um dos pouquíssimos linguistas no Brasil a refletir sobre processos de surgimento de tradições escritas em sociedades de tradição oral (cf. D'Angelis 2002, 2005, 2006, 2007). Talvez seja, mesmo, o único. Trata-se de uma reflexão distinta daquela que trata sobre transposição para a escrita das narrativas da tradição oral indígena, e igualmente distinta da discussão sobre em qual língua alfabetizar, ainda que esses dois tópicos tenham relação com aquele tema mais amplo e de maior significação. Nos trabalhos em que tenho tratado desse assunto tenho mostrado como-para um conjunto importante de povos autóctones e situações-o desenvolvimento de uma tradição escrita nas línguas indígenas pode constituir-se num importantíssimo instrumento de fortalecimento e de garantia de sobrevivência da língua minoritária. Tenho deixado claro (às vezes com mais veemência, outras vezes menos) que, em qualquer campo de ação indigenista, nada que se diga pode ser entendido como receita, nada se pode generalizar para "os povos indígenas", nem mesmo para "os povos indígenas no Brasil" ou para "as línguas indígenas no Brasil". A impossibilidade e a ingenuidade de generalizar qualquer proposta no que se refere aos povos indígenas é tão evidente, que seríamos dispensados de fazer ressalvas desse tipo. Infelizmente, se não as fizermos, não importa o curriculum que ostentemos, haverá quem, na academia ou no indigenismo, que nos acusará de propor coisas que não se aplicam a tal ou qual situação, a tantos povos ou a tais línguas. São vícios de uma sociedade de tradição autoritária que ainda não aprendeu a operar adequadamente com o conflito e o debate de ideias. No presente trabalho é possível que eu retome algumas das ideias já apresentadas em outros lugares, mas o objetivo desse texto não é esse, de reafirmar ou repetir ideias já defendidas. O objetivo desse trabalho é propor uma caracterização de duas formas antagônicas pelas quais a escrita é encarada, levando, em alguma medida, a que seja defendida por uns e combatida por outros quando pensada como instrumento para as línguas indígenas. O que discutirei, pois, num primeiro momento, é que "escrita" não é um conceito homogêneo ou unívoco, de modo que é contraproducente (senão, meramente diletante e inconsequente) defender seu valor ou rebelar-se contra seu emprego se não se tem clareza do que, efetivamente, se está tratando. Há, porém, um segundo nó de estrangulamento para o entendimento da questão, que sobressai exatamente quando, por exemplo, algumas pessoas ou instituições condenam o uso da escrita por supostamente poder prejudicar "a língua" falada nas comunidades indígenas, enquanto outros defendem a importância do registro escrito exatamente para "preservar a língua". A pergunta aqui é: o que se está entendendo por "língua"? seria esse um termo desprovido de ambiguidades? É desses dois conceitos, "língua" e "escrita", ou melhor, de duas perspectivas antagônicas pelas quais eles são tomados, compreendidos e definidos, que tratarei na próxima seção.
Studia Iberystyczne, 2022
Língua e Capital Identitário Resumo: Procurarei desenvolver uma reflexão sobre um quadro temático no âmbito do estudo da língua e literatura portuguesas, quadro esse delimitado, entre outros, por termos e conceitos centrais no que a esta esfera diz respeito: "língua", forças culturais de "integração" e de "desintegração", "capital identitário", "língua universal", "lusofonia". Procurarei fortificar a noção segundo a qual a conceção de uma Comunidade linguística obriga ao equacionamento da noção de "pluralidade".
Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos AS MULTIFACES DO LETRAMENTO
O fenômeno da globalização e os avanços tecnológicos são responsáveis pelas constantes mudanças na sociedade, que têm gerado novas necessidades de aprendizado em face das transformações nas formas de comunicação e interação. A formação de indivíduos capazes de interagir neste contexto aponta para o uso de novas epistemologias e uma reflexão sobre o papel da escola neste processo. Neste cenário, surgem demandas de novas teorias de ensino. Assim, o principal objetivo desta comunicação é apresentar as teorias dos novos letramentos, letramento crítico e multiletramentos a partir de um paralelo entre a noção de alfabetização e de letramento. Neste sentido, destaca-se a importância desta pesquisa, uma vez que pode suscitar reflexões sobre o papel das aulas na escola e a necessidade de novas epistemologias em uma sociedade digital globalizada.