As Tensões Normativas Da Modernidade (original) (raw)

As tensoes da Modernidade

Nos últimos tempos, tenho observado com alguma perplexidade a forma como os direitos humanos se transformaram na linguagem da política progressista. De facto, durante muitos anos, após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos foram parte integrante da política da Guerra Fria, e como tal foram considerados pela esquerda. Duplos critérios na avaliação das violações dos direitos humanos, complacência para com ditadores amigos, defesa do sacrifício dos direitos humanos em nome dos objectivos do desenvolvimentotudo isto tornou os direitos humanos suspeitos enquanto guião emancipatório. Quer nos países centrais, quer em todo o mundo em desenvolvimento, as forças progressistas preferiram a linguagem da revolução e do socialismo para formular uma política emancipatória. E, no entanto, perante a crise aparentemente irreversível destes projectos de emancipação, essas mesmas forças progressistas recorrem hoje aos direitos humanos para reinventar a linguagem da emancipação. É como se os direitos humanos fossem invocados para preencher o vazio deixado pelo socialismo. Poderão realmente os direitos humanos preencher tal vazio? A minha resposta é um sim muito condicional. O meu objectivo neste trabalho é identificar as condições em que os direitos humanos podem ser colocados ao serviço de uma política progressista e emancipatória. Tal tarefa exige que sejam claramente entendidas as tensões dialécticas que informam a modernidade ocidental 1 . A crise que hoje afecta estas tensões assinala, melhor que qualquer outra coisa, os problemas que a modernidade ocidental actualmente defronta. Em minha opinião, a política de direitos humanos deste final de século é um factor-chave para compreender tal crise.

Tensões da modernidade na cidade latino-americana

Revista Eletrônica da ANPHLAC

Este artigo analisa a passagem do entusiasmo ao desencanto face à modernização urbana de Buenos Aires a partir de 1880 no pensamento de Miguel Cané. Por meio da análise de obras ficcionais e não ficcionais do intelectual portenho da Generación de Ochenta, o objetivo é compreender o papel da cidade na idealização da modernidade latino-americana por elites letradas que criticaram os rumos do progresso e desenvolveram um discurso nostálgico, de cunho conservador e aristocrático, como resposta às transformações sociais e urbanas as quais se viram incapazes de domesticar.

No terreno normativo da modernidade

Transições, 2021

Resumo: O texto desenvolve um painel conceitual da modernidade, entendida como uma consciência histórica que articula promessas e discursos de emancipação (progresso, razão, etc.) tensionados em sua efetivação. Revisito algumas chaves teóricas a fim de articular a teoria social às linhas de força que constituem parâmetros capazes de balizar temas como a razão instrumental, a crítica, a autonomização das relações de mercado, o novo e a técnica. A modernidade não é apenas uma descrição da estrutura social, mas uma atitude em relação aos valores e aos ritmos históricos de transformação. Ao instituir um terreno normativo em que os valores são legitimados e tensionadas pela experiência histórica, soçobram os impasses de um projeto inacabado que permanece no horizonte da crise contemporânea.

NECROPOLÍTICA: NORMA PROFUNDA DA MODERNIDADE

2022

O conceito de necropolítica talvez seja um dos mais citados nas Ciências Humanas contemporâneas. Um conceito cientificamente revolucionário, elástico e que não conhece fronteiras disciplinares tem sido utilizado pela Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Direito, Criminologia, Políticas Públicas, além de outras áreas transdisciplinares.

A Escrita e a Norma cara ao Século XXI

Hereby is presented an analysis of the different functions performed by writing systems in a linguistic standardisation programme (from a graphemical, strategic, and ideological point of view) in order to be applied to the writing system of the so-called Reintegrating norm of Galician, also known as AGAL norm or Galician Portuguese. Based on this analysis, we propose a series of guidelines that can be useful for language planners who may wish, eventually, to improve the proficiency in the norm usage, as well as for language planners from different language areas.

Exceção e regra no Estado Contemporâneo

HH Magazine, 2020

O presente artigo almeja, a partir do conceito de modernidade apresentado por Wallerstein no capítulo “Três ideologias ou apenas uma” (Após o Liberalismo, 2002), analisar a experiência nazi em sua condição de exceção e regra, reflexo e distorção, no sentido em que leva ao extremo diversas características dos regimes políticos nascidos na modernidade. Para tal, será usado o ferramental fornecido por quatro autores: Michael Foucault, Roberto Esposito, Aquille Mbembe e Giorgio Agambem.

Fórum Social Mundial Biblioteca das Alternativas As tensões da modernidade

Nos últimos tempos, tenho observado com alguma perplexidade a forma como os direitos humanos se transformaram na linguagem da política progressista. De facto, durante muitos anos, após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos foram parte integrante da política da Guerra Fria, e como tal foram considerados pela esquerda. Duplos critérios na avaliação das violações dos direitos humanos, complacência para com ditadores amigos, defesa do sacrifício dos direitos humanos em nome dos objectivos do desenvolvimento — tudo isto tornou os direitos humanos suspeitos enquanto guião emancipatório. Quer nos países centrais, quer em todo o mundo em desenvolvimento, as forças progressistas preferiram a linguagem da revolução e do socialismo para formular uma política emancipatória. E, no entanto, perante a crise aparentemente irreversível destes projectos de emancipação, essas mesmas forças progressistas recorrem hoje aos direitos humanos para reinventar a linguagem da emancipação. É como se os direitos humanos fossem invocados para preencher o vazio deixado pelo socialismo. Poderão realmente os direitos humanos preencher tal vazio? A minha resposta é um sim muito condicional. O meu objectivo neste trabalho é identificar as condições em que os direitos humanos podem ser colocados ao serviço de uma política progressista e emancipatória. Tal tarefa exige que sejam claramente entendidas as tensões dialécticas que informam a modernidade ocidental 1. A crise que hoje afecta estas tensões assinala, melhor que qualquer outra coisa, os problemas que a modernidade ocidental actualmente defronta. Em minha opinião, a política de direitos humanos deste final de século é um factor-chave para compreender tal crise. Identifico três tensões dialécticas. A primeira ocorre entre regulação social e 1 Noutro trabalho, analiso com mais detalhe as tensões dialécticas da modernidade ocidental (Santos, 1995)

A Modernidade em Questão

Cadernos De Literatura Comparada, 2013

Resumo: Na relação com a arte e a literatura o tempo não pode ser concebido apenas como presente. Uma concepção errada do Modernismo assenta nessa visão exclusivamente de ruptura. No decurso do século XX, o Modernismo impôs-se como um momento fundador de uma tradição que importa rever. A partir de conceptualizações e questionamentos recentes do conceito de Modernidade, de Henri Meschonic a Antoine Compagnon, faz-se uma releitura do seu uso e da sua eficácia nos campos teórico e prático da literatura.