Fórum Social Mundial Biblioteca das Alternativas As tensões da modernidade (original) (raw)

As tensoes da Modernidade

Nos últimos tempos, tenho observado com alguma perplexidade a forma como os direitos humanos se transformaram na linguagem da política progressista. De facto, durante muitos anos, após a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos foram parte integrante da política da Guerra Fria, e como tal foram considerados pela esquerda. Duplos critérios na avaliação das violações dos direitos humanos, complacência para com ditadores amigos, defesa do sacrifício dos direitos humanos em nome dos objectivos do desenvolvimentotudo isto tornou os direitos humanos suspeitos enquanto guião emancipatório. Quer nos países centrais, quer em todo o mundo em desenvolvimento, as forças progressistas preferiram a linguagem da revolução e do socialismo para formular uma política emancipatória. E, no entanto, perante a crise aparentemente irreversível destes projectos de emancipação, essas mesmas forças progressistas recorrem hoje aos direitos humanos para reinventar a linguagem da emancipação. É como se os direitos humanos fossem invocados para preencher o vazio deixado pelo socialismo. Poderão realmente os direitos humanos preencher tal vazio? A minha resposta é um sim muito condicional. O meu objectivo neste trabalho é identificar as condições em que os direitos humanos podem ser colocados ao serviço de uma política progressista e emancipatória. Tal tarefa exige que sejam claramente entendidas as tensões dialécticas que informam a modernidade ocidental 1 . A crise que hoje afecta estas tensões assinala, melhor que qualquer outra coisa, os problemas que a modernidade ocidental actualmente defronta. Em minha opinião, a política de direitos humanos deste final de século é um factor-chave para compreender tal crise.

As Tensões Normativas Da Modernidade

Atos de Pesquisa em Educação, 2018

A partir de uma analise das relacoes familiares a modernidade e interrogada, aqui, em seu conjunto. As tensoes e as incertezas das relacoes educativas atuais podem ser vinculadas as intromissoes instaveis de dois registros modernos: um, trata-se da regra imperativa, tipica da pre-modernidade, e, outro, da regra negociada e contextualizada, indispensavel a individualizacao. O dilema normativo, hoje, encara assim ambas as regras, a imperativa e a cooperativa. Se a desvalorizacao da norma imperativa permanece evidente, por outro lado, nao consiste em solucao desvalorizar tambem a norma relacional, representando-a como algo que engendra todos os males. Deve-se recusar este falso dilema entre a norma moral ou a norma psicologica, entre o imperativo ou o individualismo, e aprender a manter ambos como partes da regulacao das condutas e das relacoes.

Risco e modernidade uma nova teoria social?

Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2014

The article discusses the Ulrich Beck’s theory of reflexive modernization, considering its recent expansion with the thesis of a world risk society. Two elements are analyzed: (i) the notion of risk as a sociological category, and (ii) the relationship between the concepts of modernity and reflexivity. As for the first, the article puts under scrutiny the claimed centrality of the concept of risk as a sociological theory and the scope of a sociological theory about risk. In relation to the second, it argues that Beck’s theory has some limitations: the use of mechanical and deterministic causal explanations, such as those of restricting the thematization of risks to highly industrialized societies, as well as essentialist explanations on the relationship between risk and culture. As an alternative approach, using the example of the new technologies, it suggests five assumptions that should guide sociological research on the subject of thematization of risk, which would be applicable to non-European societies. O artigo versa sobre a teoria da modernização reflexiva de Ulrich Beck, considerando a sua recente expansão com a tese de uma sociedade global do risco. Dois elementos são analisados: a noção de risco como categoria sociológica e a relação entre os conceitos de modernidade e de reflexividade. Quanto ao primeiro, levanta-se a questão sobre a reivindicada centralidade do conceito "risco" como categoria sociológica e sobre o alcance de uma teoria sociológica sobre risco. Quanto ao segundo, argumenta-se que a teoria de Beck possui as seguintes limitações: uso de explicações causais mecânicas e deterministas para restringir a discussão a sociedades altamente industrializadas; explicações essencialistas sobre a relação entre risco e cultura. Como alternativa, propõem-se cinco premissas para pesquisas sociológicas que sejam aplicáveis a sociedades não europeias, utilizando-se o exemplo de novas tecnologias.

A crise da modernidade

Apresentação da discussão sobre a crise da modernidade e seus desdobramentos no mundo atual.

Tensões da modernidade na cidade latino-americana

Revista Eletrônica da ANPHLAC

Este artigo analisa a passagem do entusiasmo ao desencanto face à modernização urbana de Buenos Aires a partir de 1880 no pensamento de Miguel Cané. Por meio da análise de obras ficcionais e não ficcionais do intelectual portenho da Generación de Ochenta, o objetivo é compreender o papel da cidade na idealização da modernidade latino-americana por elites letradas que criticaram os rumos do progresso e desenvolveram um discurso nostálgico, de cunho conservador e aristocrático, como resposta às transformações sociais e urbanas as quais se viram incapazes de domesticar.

Tentando não afundar na lama: impasses da modernidade brasileira

ARS (São Paulo)

A arquitetura desempenhou um papel fundamental na modernidade brasileira. Inequivocamente moderna, não carregava os resíduos de primitivismo e nacionalismo que tanto marcaram nossa pintura e literatura. E se a arquitetura de Oscar Niemeyer sublima seus materiais e os esforços estruturais, o brutalismo da Escola Paulista afirma o materialismo dialético, acentuando o peso ao invés da leveza, procurando antecipar na forma um desenvolvimento infraestrutural do país. Com o retorno da democracia no Brasil, Paulo Mendes da Rocha realiza uma arquitetura que alegoriza aquele desenvolvimento pretendido, atestando sua falta de chão histórico. Característica que nos permite aproximar sua arquitetura das esculturas de Amilcar de Castro, em que a ferrugem transmite uma morosidade mineral à clareza geométrica, problematizando seu construtivismo de base.

Os mal-estares da modernidade

O objetivo do presente artigo é compreender a cultura da autenticidade, termo utilizado por Charles Taylor ao se referir à modernidade. A assim chamada cultura da autenticidade gerou três mal-estares ainda fortemente presentes na sociedade contemporânea, são eles: a primazia da razão instrumental, o individualismo exacerbado e o atomismo político. Apresentaremos o surgimento de tais mal-estares e buscaremos compreender porque se tornaram tão fortemente presentes na sociedade moderna, nesse sentido, nosso intuito é elucidar as influências da cultura da autenticidade no período contemporâneo. Nessa perspectiva ainda não ultrapassamos a modernidade, visto que ainda vivemos sob a influência de seus ideais, esse se configura como nosso principal objetivo nesse texto.

A tensão modernidade/pós-modernidade como força propulsora das simbioses contemporâneas e o cotidiano escolar

2010

Este trabalho tem como objetivo trazer para o pensar as implicacoes das novas tecnologias na mutacao social e no cotidiano escolar. Para tanto, busca na mitologia, especificamente nos mitos de Prometeu e Apolo - como representacao da modernidade em Fausto e Dionisio - como representacao da pos-modernidade e no mito de Pandora representando o cotidiano da escola, desvelar a tensao existente no cotidiano escolar, diante da mutacao contemporânea oriunda das novas tecnologias. Conclui que a condicao atual renova desafios para o pensamento e a sociedade e que e, no cotidiano escolar, que, ao se criar o discurso tecnologico, se renovam os temores e os discursos da sociedade, empenhada em recuperar a estabilidade e a confiabilidade de um cenario anterior. Sinaliza ainda que fruto da tensao modernidade/pos-modernidade esta em curso a emergencia de um novo sujeito, de um novo lugar, de novas demandas.