SISTEMAS DE MOVIMENTO E INTEGRAÇÃO DO TERRITÓRIO: A EXPANSÃO EXTRAVERTIDA DO SISTEMA FERROVIÁRIO BRASILEIRO 1 TRANSPORT SYSTEMS AND TERRITORY INTEGRATION: EXTRAVERTED EXPANSION OF THE BRASILIAN RAILWAY SYSTEM (original) (raw)

FERROVIAS, CIDADES E INTEGRAÇÃO TERRITORIAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO DO SISTEMA FERROVIÁRIO BRASILEIRO (RAILROADS, CITIES AND TERRITORY INTEGRATION: CONSIDERATIONS ON THE BRAZILIAN RAILWAY SYSTEM PLANNING)

2010

O trabalho tem como objetivo demonstrar que as políticas públicas e privadas no Brasil relacionadas à revitalização do sistema ferroviário e construção de novas ferrovias estão desconsiderando as demandas da grande maioria da sociedade brasileira, principalmente àquelas relacionadas ao transporte ferroviário de passageiros de longa distância. Essas políticas não consideram que as ferrovias brasileiras poderiam ser utilizadas, também, para o transporte de passageiros, como verificado nos Estados Unidos da América e Europa. A partir da privatização do sistema iniciada em 1996, os investimentos em ferrovias foram direcionados para contornar áreas urbanas, reduzindo interferências decorrentes de passagens em nível e invasões de faixas de domínio. Grande parte das estações ferroviárias existentes está abandonada e passa por um processo de refuncionalização para atender atividades não relacionadas ao transporte de passageiros. Apesar dos 29 mil quilômetros de ferrovias concessionadas, o transporte de passageiros só existe efetivamente na Estrada de Ferro Vitória-Minas e Estrada de Ferro Carajás. As novas ferrovias relacionadas no Plano Nacional de Viação também não consideram de forma adequada o transporte ferroviário de passageiros de longa distância, demonstrando que a prioridade do plano é o transporte de cargas. Os pátios ferroviários da Ferrovia Norte-Sul no estado do Tocantins, como Guaraí, Colinas e Araguaína, estão distantes das sedes dos respectivos municípios, indicando que não existem prioridades para atender ao transporte de passageiros. Os investimentos previstos e os já realizados privilegiam, em grande parte, o transporte ferroviário de commodities agrícolas e minerais entre regiões produtivas e portos exportadores. Uma vez organizado para o transporte de cargas, o sistema ferroviário brasileiro dificilmente será revertido ou utilizado para outros usos.

COMÉRCIO EXTERIOR E O SISTEMA DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O BRASIL E O CANADÁ

Na primeira década do século XXI o Brasil e o Canadá apresentaram uma expansão das exportações de produtos básicos, demandado principalmente pela China. As novas formas de organização do comércio mundial exigiram estratégias para o sistema de transporte. No Canadá os grandes operadores ferroviários focaram na consolidação de corredores de carga já no Brasil o governo tenta aumentar a participação do setor privado em projetos de infraestrutura, com intuito de expandir as ferrovias. O artigo tem por objetivo analisar as semelhanças e diferenças do modelo de organização e da atuação das concessionárias ferroviárias nestes países. Os primeiros resultados demonstram que em ambos as concessionárias realizaram grandes investimentos em tecnologias de informação e logística para ampliar a capacidade da malha, principalmente, para atender a exportação de commodities.

O SISTEMA DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL: DAS CONCESSÕES AOS NOVOS PROJETOS DE EXPANSÃO

Alessandra dos Santos Julio, 2018

Esta tese analisou o sistema de transporte ferroviário de carga brasileiro, dos efeitos da atuação das concessionárias até os projetos de expansão previstos durante o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Assim o objetivo principal foi compreender os entraves e as contradições do sistema de transporte brasileiro no que tange ao papel do Estado e da iniciativa privada na manutenção e expansão da malha férrea e seus reflexos sobre setores da economia. As concessões ferroviárias e modificações no sistema regulatório resolveram parte dos problemas nos principais corredores de cargas, mas ocorreram irregularidades na operação, desativação de ramais e maior monopólio. A estratégia operacional das concessionárias é resultado da combinação de um processo de fusão e aquisição, com base na lógica financeira e no interesse de grandes grupos de mineração e commodities agrícolas. A concentração espacial dos novos equipamentos nos principais corredores de exportação é resultado direto do complexo que envolve o modelo de concessão, a falta de uma fiscalização efetiva dos órgãos públicos competentes e o tipo de financiamento, o qual favoreceu apenas as concessionárias e os clientes que estão entre os maiores exportadores de commodities. O sistema ferroviário brasileiro acaba por ser a junção dos traçados do século XIX com uma tecnologia do século XXI, em trechos de maior relevância para as atuais concessionárias. Os projetos de expansão e renovação das vias férreas do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e Dilma Rousseff (2012-2016) não alcançaram êxito quanto ao cronograma de execução, no entanto é notório que houve um aumento dos investimentos tanto do setor público quanto pela iniciativa privada. A lentidão e os problemas na execução desses projetos ratificam as deficiências de gestão e planejamento do Estado e os interesses de classes hegemônicas, de modo que não existe uma solução simples para o modal; ao contrário, ela deve ser um processo de planejamento de longo prazo. A curto prazo devem ser tomadas algumas medidas para eliminar os abusos advindos do monopólio, principalmente em grupos que não possuem como principal atividade a prestação de serviço de transporte, garantir a entrada de novos operadores e ampliar a intermodalidade e a multimodalidade. No debate sobre o financiamento da infraestrutura de transporte, a concessão ferroviária para empresas privadas continua sendo uma alternativa viável para a prestação de serviços de interesse público, mas que estão subinvestidos. No entanto o histórico das atuais concessionárias coloca alguns óbices a concessões verticais para setores produtivos, por isso o ideal seriam parcerias público-privadas ou concessões para operadores de transporte especializados. Palavras-chave: transporte ferroviário, concessões, Estado e iniciativa privada

REDES, SISTEMAS DE TRANSPORTES E AS NOVAS DINÂMICAS DO TERRITÓRIO NO PERÍODO ATUAL: NOTAS SOBRE O CASO BRASILEIRO Networks, Transportation Systems and the New Dynamics of the Territory in the Current Period: Notes about the Brazilian Case

Artigo recebido para publicação em 24/10/2008 e aceito para publicação em 30/01/2009 RESUMO: A revolução dos sistemas técnicos e a sua função transformadora do espaço no período atual podem ser plenamente caracterizadas pela presença de diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e redefinem em escala global o uso do território, conferindo novas possibilidades aos fluxos materiais (objetos, mercadorias, pessoas) e imateriais (dados, informação, comunicação) ainda que isto ocorra de forma bastante diferenciada nos lugares. Como os diferentes tipos de redes e de sistemas de transporte não ocorrem de forma homogênea no território e não atendem aos interesses de todos os agentes, as funções de articulação das ações e de otimização do trabalho desempenhadas pelas redes geográficas tornam-se restritas e limitadas, sobretudo para aqueles lugares e ações que aparecem como sendo residuais (sem importância) aos interesses do sistema político-econômico hegemônico. O texto enfatiza justamente este caráter de dualidade das redes (integração/fragmentação), considerações que são feitas a partir da natureza atual dos sistemas de transportes. As lógicas corporativas de instalação e uso das redes no sistema de transporte brasileiro exemplificam este problema e aparecem como ponto de partida para repensarmos novas estratégias políticas para o uso das redes e para a organização do território. Palavras-chave: Redes. Infra-estruturas. Sistemas de transporte. Território brasileiro. ABSTRACT: The technical systems revolution and its role in changing the space in the current period can be fully characterized by the presence of different types of geographical networks that activate the productive systems and redefine, in a global scale, the use of the territory, providing new possibilities to the material (objects, merchandise, people), and non-material flows (data, information, communication) even though that occurs everywhere, in a very different way. As the different types of networks and transportation systems do not occur in a homogeneous way in the territory and do not attend the interests of all agents, the roles of articulation of the actions and optimization of the work played by the geographical networks become restrict and limited, mainly for those places and actions that appear as being residual (without importance) to the interests of the hegemonic economic-political system. The text emphasizes this character of duality of the networks (integration/fragmentation), considerations are done from the current nature of the transportation systems. The corporative logic of introduction and use of the networks in the Brazilian transportation system show this problem and appear as a starting point so we can rethink new political strategies for the use of the networks and the territory organization as well. Redes, sistemas de transportes e as novas dinâmicas do território no período atual: notas sobre o caso brasileiro Mirlei Fachini Vicente Pereira

ESPECIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA E DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES: O CASO DO SISTEMA FERROVIÁRIO BRASILEIRO* SPECIALIZATION OF AGRICULTURAL PRODUCTION AND TRANSPORT SYSTEMS: THE CASE OF BRAZILIAN RAILWAY SYSTEM

2009

O objetivo principal desse trabalho é analisar as novas ferrovias propostas pela Lei 11.772, que trata do Plano Nacional de Viação, procurando estabelecer uma relação entre a especialização produtiva e a especialização dos sistemas de transportes. Grande parte dos objetivos dessas novas ferrovias está relacionada ao atendimento das demandas do agronegócio exportador, principalmente daquelas relacionadas à produção de soja da região Centro-Oeste. Essa região, sendo a maior produtora e exportadora de soja do Brasil e estando distante dos portos, passa a exigir do governo novos sistemas de transportes para atender aos padrões de competitividade relacionados ao mercado internacional da soja. A especialização da produção de soja na região Centro-Oeste tem exigido uma ferrovia também especializada, porém pouco flexível para outros usos.

GEOPOLÍTICA E INTEGRAÇÃO REGIONAL: UMA ANÁLISE DOS PROJETOS DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES ENTRE BRASIL E PARAGUAI

2017

A relação assimétrica e desigual entre Brasil e Paraguai na América do Sul demonstra a complexidade do subsistema regional, que deve ser lida não só a partir do contexto econômico, mas também do contexto (geo) político regional, associado por sua vez ao sistema-mundo. Se por um lado, a ampliação da exportação de commodities e dos acordos de integração regional demandam o planejamento e investimento em projetos de infraestruturas, sobretudo de transportes; por outro lado, a fragilidade institucional e financeira dos acordos regionais contribui para o atraso no cronograma de execução desses projetos. A partir da análise do processo de integração regional sul-americano, considerando o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), o Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento/Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (COSIPLAN/IIRSA), e o papel de liderança desempenhado pelo Brasil, afirmamos que existe uma estreita relação entre integração regional e geopolítica, na qual os projetos internacionais de infraestruturas podem ser considerados como pontos de encontro entre ambos.

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE MOVIMENTO AÉREO FLEXÍVEL NA INTEGRAÇÃO PRODUTIVA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: O PAPEL DOS …

observatoriogeograficoamericalatina …

O território brasileiro, até meados do século XX, apresentava uma "economia de arquipélagos", isto é, o país não estava integrado pelo sistema de movimento terrestre, o que dificultava a coesão dos mercados regionais. A preocupação com a circulação interna, questão geopolítica e geoeconômica fundamental, orientou políticas de integração do território para atender aos interesses econômicos e militares . Essas políticas buscavam promover a circulação no país com o intuito de efetivar a presença do Estado Nacional em todo território e, ao mesmo, tempo integrar os mercados que até então eram locais ou regionais. O papel do CAN (Correio Aéreo Nacional) merece destaque, pois com o slogan "Asas do Correio Aéreo: Elos da Unidade Nacional" representou um marco na afirmação da soberania e integração do território nacional a partir da interiorização de linhas aéreas. A ampliação do sistema de movimento aéreo visava: a) Atender às questões da geopolítica nacional, isto é, buscava defender o território através da implantação de marcos nas fronteiras da Amazônia e do Pantanal Matogrossense; b) Afirmar a presença do Estado Nacional nos vários pontos do território, com o intuito de enfraquecer possíveis regionalismos; c) Fortalecer o "sentimento nacional" com a presença efetiva do Estado nas regiões; d) Garantir através da aviação comercial uma maior mobilidade no interior do território, já que o mercado interno começava a se consolidar. Sistema de Movimento Aéreo e território nacional Devido à insuficiência do sistema de movimento terrestre e à grande extensão territorial do país, o uso do espaço aéreo tornou-se fundamental na integração dessa "economia de arquipélago" agilizando o fluxo de mercadorias e de pessoas e, portanto, agilizador do fluxo de informações. A frota aeronáutica se sofistica e se amplia, tanto assim que hoje o Brasil é o segundo país do mundo em número de pequenas aeronaves (particulares, corporativas, táxis aéreos e públicas); existem 9.076 aeronaves ativas

TRANSPORTE E LOGÍSTICA: AS FERROVIAS NO BRASIL

O presente texto procura fazer uma análise das consecutivas mudanças que vem sofrendo os setores de serviços públicos no Brasil, principalmente o setor ferroviário de cargas, que, a partir de 1995, é concedido à iniciativa privada. Busca-se, ainda, entender as mudanças gerenciais e de logística das novas empresas ferroviárias, como também, propomos um novo modelo de concessão dos serviços públicos, em função dos modelos realizados nos governos Collor e FHC não contribuírem para o desenvolvimento econômico nacional.

Reestruturação dos Sistemas de Movimento e da Logística e seus pactos Regionais e Urbanos no Território Paulista (Restructuring of the systems of movement and logistics and its regional and urban impacts on the São Paulo territory)

2010

Reestruturação dos sistemas de movimento e da logística e seus impactos regionais e urbanos no território paulista (Resumo) Relatar algumas das transformações produtivas e de consumo, ocorridas no estado de São Paulo, através das reestruturações nos sistemas de movimento, de logística e de normas e tributação, como também os impactos nos espaços urbanos, através das novas dinâmicas econômicas, impostas pelas demandas corporativas, é o objetivo desse artigo. A desconcentração produtiva e de consumo rumo ao interior só foi possível pela combinação ordenada e hierarquizada de alguns elementos básicos, como as inovações tecnológicas (meios e vias de transportes) e organizacionais (logística, normas e tributação) que otimizaram a fluidez territorial no estado de São Paulo. Destaca-se, portanto: 1) o aprimoramento da logística enquanto estratégia, planejamento e gestão de transportes, armazenamento e comunicações (inclusive na concessão de serviços públicos à iniciativa privada); 2) o aprimoramento tecnológico e a expansão dos sistemas de movimento (infraestruturas, meios de transportes) e; 3) os sistemas de normas e tributação que através das regulações e desregulamentações interferem no sistema circulatório de um determinado espaço. Assim, ambos os sistemas tem como objetivo desembaraçar os fluxos econômicos (bens, serviços, informações, capitais e pessoas) e propiciar uma maior fluidez territorial. Os impactos no território paulista, principalmente através da sua dinâmica econômica, revertem-se positivamente e negativamente, mudando a forma como se pensa e se realiza o ordenamento do território. Palavras chave: logística, fluidez territorial, sistemas de movimento, fluxos e dinâmica econômica. Restructuring of the systems of movement and logistics and its regional and urban impacts on the São Paulo territory (Abstract) Report some of the productive changes and consumption, occurred in the state of Sao Paulo, through the restructurings in the systems of movement, of logistics and of standards and taxation, as well as the impacts on the urban areas, through the new economic dynamics, imposed by the corporate demands, is the purpose of this article. The productive devolution and consumption towards the country was made possible by the orderly and hierarchical combination of some basic elements, such as the technological innovations (means and ways of transports) and organizationals (logistics, standarts and taxation) which optimized the territorial flow in the state Sao Paulo. It stands, therefore: 1) the improvement of logistics as strategy, planning and management of transport, storage and communications (including the grant of public services to the private initiative); 2) the technological improvement and the expansion of movement systems (infrastructure, means of transports) and; 3) the systems of standarts and taxations that through the regulations and deregulations interfere in the circulatory system of a given space. Thus, both systems aim to disentangle the economic flows (goods, services, informations, capitals and people) and provide a bigger territorial fluid. The impacts on the São Paulo territory, primarily through its economic dynamics, reverts positively and negatively, changing the way as we think and realize the territory planning.