Tolerância: reflexões filosóficas, políticas e jurídicas para o século XXI (original) (raw)
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Estudo sobre as noções práticas da tolerância na contemporaneidade
Latin American Journal of Development, 2021
Este estudo teve como objetivo discutir as noções e as práticas da tolerância na contemporaneidade utilizando, como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica. A pesquisa mostra que há certo consenso acerca da tolerância ser entendida como o reconhecimento do direito que outras pessoas têm de abraçarem diferentes crenças, visões de mundo, modos de vida, bem como modos de expressá-los. No entanto, a partir da análise do contexto contemporâneo, especificamente o brasileiro, é possível encontrar diferentes casos em que a busca pela tolerância, sustentada pela noção pouco aprofundada dela, tem contribuído para que as práticas intolerantes se perpetuem.
Reflexões Sobre O Princípio Da Tolerância
Revista da Faculdade de Direito UFPR, 2013
O objetivo deste artigo é provocar uma discussão sobre a importância do princípio da tolerância e as suas consequências na área jurídica, especialmente no Direito Constitucional. Tolerância é um conceito filosófico cuja importância tem sido identificada como fundamentalpara a resolução de problemas trazidos pelas sociedades atuais pluralistas. Pretende-se abordar a questão principalmente no contexto histórico e nas semelhanças entre tolerância e solidariedade para depois verificar a sedimentação desses princípios ao longo do tempo, especialmente na ordem jurídica brasileira. As várias guerras civis, os problemas de intolerância religiosa, a discriminaçãosexual, conflitos étnicos demonstram a crise que domina as sociedades contemporâneas, com destaque para a intensificação dessas diferenças e dos processos de exclusão. Esses problemas não podem ser resolvidos exclusivamente no âmbito privado das relações individuais, mas como eles se relacionam com a aceitação das diferenças entre os...
Tolerância e Proselitismo No Mundo Atual
Revista de Direito Brasileira
Na sociedade atual, na qual as informações são repassadas em segundos e atingem milhões de pessoas, sociedades e culturas, a tolerância passou a ser tema de primeira ordem.Diante disso, deve ser observada por toda a sociedade que se denomina democrática, pois garante os aspectos da liberdade de expressão, inclusive da liberdade de culto. Além disso, a tolerância pode ser vista como um dos termômetros de uma sociedade democrática, garantidora da dignidade da pessoa humana.Todavia, a tolerância encontra divergência quando se trata da liberdade de expressão em sua vertente religiosa, porque a liberdade de crença é baseada em dogmas e quem os têm almeja manifestar aos demais sobre sua crença, configurando ponto ínsito da própria expressão da liberdade religiosa, restando a dúvida do quanto essa liberdade de crença exacerba contra o alvo.Assim, sobre a tolerância, o direito de propalar a própria fé na sociedade atual da comunicação imediata, o presente artigo busca trazer conceitos e ana...
Bases psicossociais da (in)tolerância: Reflexões políticas
Revista Psicologia Social, 2003
Resumo: Não é possível a compreensão da cultura política das sociedades contemporâneas sem uma referência ao conflito entre as declarações políticas baseadas na tolerância individual, grupal e nacional e o desenvolvimento de formas distintas de intolerância interindividual e intergrupal. Desde a da promulgação dos direitos humanos até a atualidade, a tolerância tem sido o valor, em torno do qual, se busca articular a ordem política e social da modernidade. As ciências sociais em geral, e a psicologia social em particular, têm abordado, a partir de uma reflexão teórica e uma análise empírica da realidade social, os mecanismos psicossociais que explicam os atos de intolerância característicos tanto do século passado, quanto do presente. Este artigo constitui uma reflexão teórica sobre os fundamentos históricos da tolerância como valor social, assim como sobre as bases psicossociais da intolerância como comportamento individual e coletivo. Palavras chaves: Tolerância, Intolerância, Valores, Psicologia Social, Psicologia Política
Os fundamentos filosóficos da tolerância na modernidade: BAYLE e LOCKE
2021
O livro que o leitor tem agora diante de si corresponde a um espelho das pesquisas realizadas há mais de uma década pelos autores em tornos dos problemas da Modernidade filosófica, sobretudo aqueles que envolvem a relação entre religião, política e tolerância. Apesar de adequado a um público mais amplo, o caráter desta obra continua a ser o de um texto filosófico no qual os termos e os conceitos tratados recebem uma abordagem técnica, imprescindível ao fazer científico. Ao longo dos dois capítulos deste livro, o pesquisador ou o leitor curioso, cujo título despertou a sua atenção, encontrará uma investigação dedicada a um dos temas mais discutidos pela filosofia desde o século XVII, a saber, a tolerância entre as religiões e a relação do Estado com Igrejas e sociedades religiosas. O livro parte da investigação sobre o sentido do termo tolerância para demarcá-lo em sua origem e variações semânticas, bem como para refletir a respeito das apropriações e desenvolvimentos frutos da filosofia moderna. A partir dessa orientação, os escritos do filósofo francês Pierre Bayle e do filósofo inglês John Locke sobre a tolerância, e as suas relações com a política, a liberdade, a religião, são tomados como objeto central por meio dos quais os autores pretendem estabelecer os contornos que demarcam a discussão filosófica acerca da tolerância na Modernidade.
Charlie Hebdo_ reflexões sobre a tolerância
No início do ano de 2015 houve grande debate a respeito da tolerância e a liberdade de expressão, esses temas vieram à tona devido o atentado que o jornal francês Charlie Hebdo sofreu em janeiro de 2015. As discussões sobre o tema foram polarizadas em dois eixos; aqueles que condenaram os ataques, mas afirmaram que o jornal francês era imoral e aqueles que defendiam a liberdade de expressão e a tolerância afirmando que o fundamentalismo deveria ser combatido. O foco da discussão basicamente foi o fundamentalismo islâmico. O presente artigo visa discutir sobre o conceito de tolerância que surgiu entre os séculos XVI a XVIII sob a perspectiva de John Locke, Pierre Bayle e Jean Edme Romilly e a influência que tais autores tiveram na Declaração de Princípios sobre a Tolerância da UNESCO. Com base nesses referenciais teóricos será traçado um paralelo entre a tolerância e o atentado ao Charlie Hebdo e as implicações deste na liberdade de expressão, analisando se houve ou não intolerância por parte do jornal francês ao utilizarem tom jocoso ao retratar religião do islã, ressaltando que o jornal francês retrata da mesma forma todas as religiões, porém para fins deste artigo apenas o islamismo será analisado.
A Tolerância_e_a_sua_fundamentação
O texto procura clarificar o conceito de tolerância, distinguindo-o da indiferença, e mostrando que ela não implica um relativismo moral. Apresenta as dificuldades em estabelecer os limites da tolerância e encontrar sua fundamentação ética.
O paradoxo da tolerância como virtude: por um sentido moral de tolerância como reconhecimento
Resumo: Atribuir um significado para o termo tolerância não é tarefa a ser facilmente cumprida. Muitas vezes descrita como uma virtude elusiva, a tolerância parece ser politicamente necessária, mas moralmente impossível. Isso acontece porque a tolerância é um bem moral, segundo o qual é preciso " suportar um mal " , ou seja, aguentar condutas e crenças desagradáveis de outrem, ainda que se tenha o poder para interferir nelas, entretanto, ela é uma virtude requerida apenas em face daquilo que é intolerável. Diante desse problema, por que tolerar? Defende-se, como hipótese desse artigo que, para separar o sentido de tolerância da noção de desagrado, é preciso propor um sentido moral de Tolerância como Reconhecimento. Originada a partir de uma leitura da teoria hegeliana do reconhecimento e suas interpretações, esse sentido de tolerância a coloca como condição moral do desenvolvimento intersubjetivo da individualidade, sendo, portanto, requisito constitutivo do Eu e da interação social. Dessa forma, tolerar é preciso para que se possa manter a tensão que é condição originária da subjetividade. Entende-se por tolerância um princípio moral e político que instrumentaliza interações sociais potencialmente pacíficas. Interpretada tanto como uma disposição moral do indivíduo, quanto como um meio de atuação política, a tolerância consiste em um modo de ação cuja justificação é irrenunciável: sua negação implica na legitimação da força como estratégia de resolução de conflitos. A incontestabilidade de sua necessidade prática, entretanto, não simplifica os modos de teorização dessa virtude. Isso acontece porque a tolerância pode assumir diversos sentidos, dentro da teoria moral e política. Em um primeiro momento, ela adquire o que neste projeto se denomina de sentido moral da tolerância: ela é uma virtude individual segundo a qual o sujeito deixa de agir no sentido de impedir uma prática ou crença detestável de outrem, ainda que tenha poder para fazê-lo. Em um segundo momento, entretanto, a tolerância pode ser descrita em um sentido político: ela é um compromisso democrático que possibilita a coexistência de várias comunidades culturais na esfera pública.
Revista USP, 2006
A tolerância como virtude ste tema nos instiga a pensar o conceito tolerância que, ainda que dúbio, deve ser interpretado como uma virtude.