O caminho burocrático da morte e a máquina de fazer desaparecer: propostas de análise da documentação do Instituto Médico Legal-SP para antropologia forense (original) (raw)
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Neste artigo apresento como foram realizados os procedimentos médico-legais e burocráticos em relação a dois cadáveres chegados ao Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro (IML): o “Monstro”, representado por Wellington Menezes de Oliveira, autor do chamado “Massacre de Realengo, e o “Homem”, um policial civil. Dessa maneira, demonstro como a forma que fora reconhecida nesses cadáveres determinada “pessoa” estabeleceu no IML a vida social dos mesmos. Também elucido como o tratamento dado aos cadáveres, aos seus corpos e às suas relações sociais expressam as formas nas quais os mortos são construídos por essa instituição da burocracia policial.
“Matar o morto”: a construção institucional de mortos no Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro
2012
Esta dissertação aborda os processos de construção institucional de um morto no Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro - IML, destacando as relações sociais ativadas a partir dos procedimentos burocráticos realizados pelos policiais civis em relação aos cadáveres. Busca identificar como auxiliares e técnicos de necrópsia, papiloscopistas, peritos médico-legais e outros funcionários do IML interagem entre si e com os mortos seja através da burocracia público-estatal, seja através de procedimentos de identificação e exames necroscópicos, ou pelos sentidos e sentimentos envolvidos na relação cotidiana de trabalho com os cadáveres. Dessa maneira, pretende-se elucidar como corpos sem vida são construídos enquanto pessoas sem vida e como cotidianamente se dá essa construção. As questões tratadas nesta dissertação, fruto de pesquisa etnográfica, estão estruturadas a partir da representação, das práticas e das narrativas daqueles que trabalham na instituição e de suas relações com os vivos e os mortos.
Medicina (Ribeirão Preto), 2008
A Antropologia Forense é uma área do conhecimento que busca estabelecer a identidade de um sujeito através da individualização de características intrínsecas a ele. O Centro de Medicina Legal (CEMEL) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) possui um Laboratório de Antropologia Forense, criado em parceria com a University of Sheffield (UK), que elaborou um protocolo para análise de ossadas e esforça-se para desenvolver um trabalho mais confiável, que permita resultados sociais e científicos de alta qualidade. Após dois anos de funcionamento, constatou-se que muitas das ossadas encaminhadas ao CEMEL não possuem elementos que são de extrema importância para a realização do exame antropológico, o que pode evitar a elaboração de um perfil biológico adequado da ossada e, em virtude disso, postergar a sua identificação. Considerando-se que não há dados antropológicos recentes na literatura nacional sobre casos médico-legais de ossadas, este é o pr...
Medicina (Ribeirão Preto), 2011
A Antropologia Forense é uma área de conhecimento que aplica os métodos da antropologia física e daarqueologia em um contexto legal. O Centro de Medicina Legal (CEMEL) da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) possui um Laboratório de AntropologiaForense (LAF), criado em 2005, em um projeto de parceria com a University of Sheffield (UK) e financiado pelo British Foreign and Commonwealth Office Global Opportunities Fund. Como parte desseprojeto, foi elaborado um protocolo para análise de ossadas com uma estrutura científica atualizadaaplicável ao contexto social brasileiro. Inicialmente foram analisados os casos acumulados de 1999 a2006, seguidos dos casos de 2007 a 2009. Este estudo revelou que a maioria das ossadas encaminhadas ao CEMEL estavam incompletas, o que dificulta a obtenção de um perfil bioantropológico.Apesar disso, um aumento estatisticamente significativo foi detectado no número médio de ossosencaminhados no grupo de 2007-2009 (1...
Tanatologia: Abordagem histórico-filosófico da morte no contexto da medicina legal e do direito
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 2020
A Tanatologia forense integra um dos ramos da Medicina Legal relacionada aos aspectos científicos com a morte, seus sinais e sua natureza. Não obstante a morte ser fenômeno natural têm implicações na esfera jurídica e social, porém, sempre foi um enigma na cultura ocidental. O objetivo é discutir a temática tanatologia sob três pontos de reflexão: recorte a partir da perspectiva dos filósofos da Antiguidade que mais trabalharam esse tema, a visão da morte no ocidente narrado pelo historiador francês Philippe Ariés e como a Medicina Legal e o Direito tem trabalhado esse tema na prática profissional. Trata-se de estudo de revisão da literatura especializada. Sendo demonstrado como Tanatologia Médico- Legal e do Direito contribuírem para essas reflexões, bem com na definição e conceito de morte, porém, foram os filósofos a partir Platão (428-347 a. C.) e historiadores que esse tema tem sido abordado sob vários aspectos. Conclui-se que a forma de como lidar com esse tema vem se transfor...
Levantamento documental sobre a morte em acervo da intendência: delimitação do arquivo de tese
2016
Este trabalho traz a delimitacao do arquivo de uma tese de doutorado em Letras, especificamente trabalhando o discurso dos atestados de obitos, numa perspectiva de Analise do Discurso de Linha Francesa. Os documentos aqui destacados fazem parte do Tomo 13 do Fundo Intendencia Municipal, preservado no Arquivo Historico Municipal de Santa Maria. Faz um levantamento dos documentos assinados por homens que viveram na cidade de Santa Maria, localizada no centro do estado do Rio Grande do Sul, em 1896. Busca estabelecer um criterio de recorte do arquivo com vistas a representar o Tomo. Ao final e apresentada uma analise preliminar de alguns dos documentos selecionados para comporem o corpus da pesquisa.
A era digital na Antropologia Forense
CADERNOS IBERO-AMERICANOS DE DIREITO SANITÁRIO, 2020
Introdução: a produção de dados 3D tem-se revelado uma ferramenta útil na investigação e aplicação nas Ciências Forenses, contudo os avanços tecnológicos nem sempre são acompanhados pela legislação e comités de ética. Objectivo: aprofundar o tema do ponto de vista da Antropologia Forense. Metodologia: revisão bibliográfica sumária e consulta ao sistema jurídico português. Resultados: observa-se um vazio legislativo e uma ausência de normas éticas sobre a produção de dados 3D. Conclusão: é essencial que a revolução tecnológica seja acompanhada por um sistema jurídico adequado e comissões de ética estruturadas para uma evolução sustentável da Ciência.