DAS MÃOS À MEMÓRIA (original) (raw)

ARQUIVOS DA MEMÓRIA – OU SEU DIÁRIO EM BOAS MÃOS

ALEA: Estudos Neolatinos - PPGLEN, UFRJ, 2016

Resumo O presente artigo visa a apresentar como os arquivos de autobiografia contemporâ-nea surgem e como podem ajudar no estudo da memória e do esquecimento, maté-ria-prima dos escritos do eu. O gênero autobiográfico que ganha força com publica-ções como As Confissões de Jean-Jacques Rousseau mostra-se cada vez mais atual. A luta contra o esquecimento, o desejo de fazer ouvir sua própria voz, de registrar sua existência, deixando para a posteridade um testemunho do que foi sua vida, nunca foi tão atual como nesse início de século XXI, em que diariamente há pessoas parti-lhando com conhecidos e desconhecidos sua vida pessoal. Blogs, Facebook, páginas profissionais repletas de fotos e testemunhos se multiplicam na web. Certamente, são muitos os que fazem dessas redes sociais uma válvula de escape de sua realidade e acabam criando personalidades e vidas que pouco têm a ver com o que realmente estão vivendo. As fotos são com boa resolução e tiradas em locais "fotogênicos", por vezes retrabalhadas no Photoshop. Mas, em meio a todo esse afã de publicações ime-diatas, ainda existem associações que se preocupam com a autobiografia contemporâ-nea escrita nos moldes tradicionais. No presente artigo, voltamo-nos para uma aná-lise da APA francesa, para mostrar o lugar que ocupam os escritos autobiográficos em suporte papel na era das mídias digitais. Palavras-chave: arquivos autobiográficos; memória; autobiografia não literária. Résumé Cet article a comme but de présenter comment les archives de l'autobiographie contemporaine surgissent et comment il peuvent aider l'étude de la mémoire et de l'oubli, matière-première des écritures du moi. Le genre autobiographique qui devient plus fort avec la publication des Confessions de Jean-Jacques Rousseau se montre très actuel. La lutte contre l'ou-bli, le désir de faire entendre sa propre voix, d'enregistrer son existence, laissant à la postérité un témoignage de ce qu'a été sa vie, ceci n'a jamais été aussi actuel Abstract This article aims to present how the archives of modern autobiography begin and how they can help the studies of memory and forgetfulness, the raw material for the writings about the self. The autobiographical gender becomes stronger after Jean-Jacques Rousseau's Confessions and is now more and more common.

MITOLOGIA E MEMÓRIA

As neurociências ainda não explicaram integralmente o funcionamento da memória. Do ponto de vista cultural, pelo arquivo enorme de obras artísticas que se realizaram sobre o desejo de salvação do passado, possuímos alguns elementos, às vezes predominantemente figurais, que mostram em detalhe a urdidura da teia de Penélope da memória, como a definia Walter Benjamin, referindo-se a Proust. Há uma redundância de metáforas que expressam a memória ou o seu contrário, o esquecimento. Mas, como apontado por Harald Weinrich, as imagens que representam a memória, na história das ideias ocidentais, não são ilimitadas. Na verdade, baseiam-se em torno de dois arquétipos essenciais: o do armazém e o outro, de origem platónica, o da lousa. O primeiro, ligado à retórica, refere-se ao campo da memória, o segundo, ao da recordação. Horizontes (da série Guiné) | 2015 | Filipe Branquinho

MEMÓRIAS DE VIOLÊNCIA

2020

O presente artigo tem como objetivo relembrar alguns casos de assassinatos de mulheres no Brasil, demonstrando como a violência contra as mulheres faz parte de nossa memória coletiva. Para tal, são mencionados dez casos de assassinato de mulheres que foram amplamente noticiados pelos meios de comunicação e de alguma forma impressionaram a população. Palavras - chave: Violência; Mulheres; Memória

A MEMÓRIA DA ALMA

Current reading of Camões' Sonnet Alma minha gentil... does imply, inappropriately, a biographic approach. Against this usual misinterpretation, two aspects are to be emphasized, one concerning the literary tradition of beloved's planctus in morte, tracing back to Petrarch's Canzoniere, the other suggesting a philosophical-theological source of "memória da alma", as being a foundamental concept of St. omas' Quaestio de anima. at brings us to consider the religious questions, both theological and doctrinal, which were controversial throughout the XVI th century, as well as their possible in uence on the Renaissance Portuguese literature.

A MEMÓRIA, O PASSADO

Fato & Versões- Revista de História, 2016

Resumo: Uma hermenêutica da memória configura-se quando a memória insere-se por princípios estéticos e retóricos. A compreensão da memória, neste caso, define e localiza o seu substancial. Para a substancialidade da memória, os princípios epistemológicos do subjetivo e do objetivo precisam ser abandonados. A memória compreendida na sua dimensão estética e retórica comporta-se como fenômeno e estabelece a diferença entre conteúdo e forma. O passado na memória comunica quando a linha dos fatos não está na cronologia ou na idiossincrasia. Há uma différence no passado quando este está para a memória. A relação entre história, memória e passado é mantida por princípios metateóricos da teoria da memória. Palavras-chave: Hermenêutica da memória. Fenômeno da memória. Teoria da história. Abstract: A memory hermeneutics is configured when the memory is inserted for aesthetic and rhetorical principles. The understanding of memory, in this case, defines and localizes its substantial. For substantiality memory, the epistemological principles of subjective and objective must be abandoned. The memory understood in its aesthetic dimension and rhetoric behaves as a phenomenon and establishing the difference between content and form. The past in the memory communicates when the line of the facts not is the chronology or idiosyncrasy. There is a différence in the past when it is to memory. The relationship between history, memory and past is maintained by meta-theoretical principles of memory theory. Keywords: Memory hermeneutics. Memory phenomenon. History theory. As fontes nos impedem de cometer erros, mas não nos revelam o que devemos dizer. Koselleck Este texto possui como finalidade apresentar considerações em relação à memória e ao passado. O caminho traçado apropria-se do conceito de ponto de vista de Koselleck (2006) e Rüsen (2007) para demonstrar a aproximação entre a teoria da história e o bergsonismo. Neste sentido, por teoria da história compreendo as discussões inerentes à trilogia de Rüsen onde estabelece a hermenêutica como capacidade de metodização da história e, também, de como esse ponto de vista hermenêutico pode ser compreendido na teoria da memória de Bergson por meio do conceito de différence. Este é um caminho completamente novo e não explorado pelas reflexões que buscam dar conta do tema memória. Estabelecer a relação entre memória e passado, entre hermenêutica e différence pode produzir efeitos válidos tanto quanto  Este artigo decorre da proposta do projeto de Pibic apresentada a

EXPERIÊNCIA E MEMÓRIA

Resumo: Propiciar um diálogo entre Benjamin e Nietzsche no que diz respeito a memória e sua relação com o corpo no processo de criação é a proposta deste ensaio. A memória, em Benjamin, implica um sentido para história que se apresente de modo descontinuo, remetendo à visão singular de quem contempla os acontecimentos históricos. Se o corpo é o espaço de criação, então, como pensar, do ponto de vista da educação, a interface entre corpo e arte no processo de aprendizagem? Seria a escola, espaço de formação, capaz de mediar uma educação que privilegie o corpo a partir do ensino da arte como condição de possibilidade de uma experiência histórica?