Literatura, a emergência do político (original) (raw)
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Entre a Literatura e a Política
Revista Ciências Humanas
Neste artigo, objetivou-se analisar as ideias e os posicionamentos de Monteiro Lobato a partir das reflexões que compartilhou com o amigo Cesídio Ambrogi em cartas que endereçou a ele. Tematicamente, as cartas abrangem uma gama variada de assuntos, no entanto o foco centra-se nas discussões e posicionamentos políticos e nas impressões contextuais expressas na literatura produzida por ambos, que constituiu o início da amizade e que se consolidou com um dos pontos de confluência de interesses. Para tanto, considera-se que as cartas, reconhecidas como testemunhos involuntários, possibilitam perceber de modo mais claro os posicionamentos e os pensamentos dos interlocutores. Isso porque são documentos privados que, originalmente, não foram produzidos com a intencionalidade de que se tornassem públicos; portanto, há neles maior liberdade de expressão. O corpus documental deste estudo abrange as cartas enviadas por Monteiro Lobato ao amigo Cesídio Ambrogi, que fazem parte de um acervo part...
A emergência do sujeito político em Levantado do Chão de José Saramago – uma perspetiva rancieriana
Studia Iberystyczne, 2014
A narrativa de emancipação dos lavradores alentejanos constitui o principal eixo temático do romance de Saramago. Neste processo emancipatório, incorporado numa forma metafórica também no título do livro, emerge, da multidão oprimida e silenciada, o sujeito político cujo objetivo é destabilizar e reescrever o sistema como estrutura firme e dominadora. Este artigo pretende traçar o processo de subjetivação durante o qual se cria e se legitima o agente político, do ponto de vista da teoria político‑filosófica do pensador francês Jacques Rancière. O artigo demonstra como é que entram em jogo na narrativa saramaguiana as noções principais da teoria política de Rancière como o dissenso (dissensus), o desentendimento (mésentente), a partilha do sensível (le partage du sensible) e a subjetivação, tendo em conta as hipóteses políticas levantadas no romance.
Literatura: uma categoria política
Revista Barbante, 2018
Este artigo tem como objetivo discutir a literatura como categoria política, inserida em um contexto cultural, histórico, social e político que a determinam, até certo ponto. Para tanto, discute-se a literatura como construção, através de conceitos dessa categoria e de atribuição de juízos de valor a determinados gêneros literários, demonstrando a existência de mecanismos de poder subjacentes às determinações do que é e do que não é literatura, tomando como exemplo a literatura de cordel, tida como gênero menor. Em seguida, apresentamos uma breve discussão sobre a construção do gosto literário, o qual não é espontâneo, já que as experiências do leitor e as influências que ele teve ao longo da sua trajetória moldam o seu gosto ou desgosto por determinado livro. Assim, há a preconização de uma abordagem pluralista da literatura, na qual seja possível conciliar textos canônicos e marginais como possibilidades de realizações artísticas e estéticas, como forma de enriquecer a experiência do leitor.
O espaço político aberto pela leitura literária
Psicologia & Sociedade, 2013
O presente artigo se propõe questionar sobre o espaço político aberto pela leitura literária. Especificando a literatura como uma tentativa de compreensão de problemas relacionados à existência, sublinhamos como a leitura literária coloca em questão nossas convicções e verdades defendidas cotidianamente. Para tanto, compreendemos as relações tecidas entre a linguagem, o poder e a resistência no seio da experiência literária. Concluímos que a leitura literária é atravessada por formas de resistência às palavras de ordem que circulam de forma hegemônica em nossa sociedade, disponibilizando assim uma transformação em nossa rede afetiva e cognitiva.
Inespecificidade e política na literatura brasileira recente
Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
Resumo “A gente escreve o que ouve e nunca o que houve”, essa frase de Oswald de Andrade, recuperada na epígrafe do livro Delírios de damasco de Veronica Stigger, nos provoca a um redimensionamento do que entendemos das escritas literárias. Do mesmo modo, convoca uma prática de escrita não coincidente consigo mesma. A essa não coincidência, chama-se, aqui nesse texto, inespecificidade, noção da autora Florencia Garramuño, que nos serve de aproximação à leitura do poema “Sessão” de 2017, de Roy David Frankel. Esse encontro, que centraliza o debate do texto, traz uma série de provocações às práticas literárias recentes e ao atual cenário político brasileiro figurado desde o golpe de Estado em 2016. O esforço é de tomar as práticas literárias atuais como espaço possível de construção política, sob a forma da impropriedade e da impertinência.
A LEITURA COMO REQUISITO NA POLÍTICA: DO ELOGIO AO ESCRACHO
Revista Línguas(agem), 2019
A breve análise desenvolvida neste artigo é um exemplo do uso do valor simbólico da leitura na promoção ou crítica de indivíduos, na construção de uma sua dada imagem, e em específico, na qualificação ou desqualificação de personalidades políticas de relevo no Brasil. Apoiada em princípios da Análise do discurso e da História cultural da leitura, selecionei e analisei textos de origem virtual (publicados sob a forma de posts em blogs), em cujas declarações sobre essa prática encontram-se manifestos certos discursos sobre a leitura, que orientam e subsidiam o que se diz sobre essas figuras políticas de relevo, quanto ao fato de serem ou não leitores, com vistas a contribuir para a desmistificação de certas representações consensuais que se naturalizaram entre nós como se equivalessem de fato ao que é a leitura e ao que é ser leitor e não a um efeito do funcionamento de discursos e das lógicas hierarquizantes e distintivas que atuam em nossa sociedade.
Leitura literária em tempos de crise
Scripta, 2004
R eflexão sobre o exercício da leitura literária na sociedade atual, levando-se em consideração a questão dos gêneros textuais. Para isso, será enfocado o lugar/lugares do texto dado como literário em sua relação com outros tipos de textos, no contexto do processo de exclusão e resistência político-social.