Merleau-Ponty, Fernando Pessoa e Kopenawa: Três narrativas sobre o corpo, a arte e o mundo (original) (raw)

O corpo em perspectiva – reflexões sobre os primeiros escritos de Merleau-Ponty

Resumo: neste artigo, pretendo mostrar como Merleau-Ponty parte da fenomenologia husserliana sem com isso se restringir às suas linhas. Isso se deve, em larga medida, a uma incorporação dos trabalhos gestaltistas contemporâneos ao filósofo, além de uma análise original do trabalho de Husserl via uma tradição que pretende pensar o concreto. Começaremos traçando a definição merleau-pontyana da fenomenologia e sua necessidade de resgatar um "mundo vivido" para depois entrarmos na discussão com os gestaltistas. Com isso em mãos, podemos vislumbrar como sua leitura de Husserl é rearticulada, levando-o a pensar num sujeito da percepção em termos corporais.

O CORPO COMO “TEXTO-VIVO”: a noção de corpo-próprio de Merleau-Ponty em interface com a obra Mulheres de cinzas, de Mia Couto

O pensamento fenomenológico de Merleau-Ponty sofre influência do mandamento husserliano de retorno “às coisas mesmas”. Ele ressalta a importância da percepção em um contato pré-reflexivo com o mundo. Essa atividade perceptiva nos dá o corpo-próprio em sua imbricação com o mundo-da-vida. Esse corpo-próprio é motricidade, espacialidade, temporalidade, expressão e linguagem. Graças à linguagem, o corpo-próprio se expressa criativamente na literatura, na qual o expresso não se separa da expressão. O objetivo deste trabalho é buscar uma interface entre a filosofia de Merleau-Ponty, partindo do conceito de corpo-próprio, e a literatura de Mia Couto, especificamente na obra Mulheres de cinzas, para elaborar uma poética do corpo, a partir do “corpo do poeta” e do “poeta do corpo” em sua coexistência simultânea. É dessa coexistência que emerge para nós o corpo como “textovivo”.

Notas sobre arte, filosofia e educação a partir de Merleau-Ponty

Revista Incantare, 2014

Este artigo desenvolve uma reflexão sobre os escritos de Merleau-Ponty com o objetivo de esclarecer o estatuto das artes no contexto de sua filosofia, a fim de apresentar algumas notas sobre educação. Primeiro, procuramos esboçar os pontos principais de sua filosofia e, em seguida, abordamos o tema da pintura. Para Merleau-Ponty o objeto estético é real, expressão de significações sensíveis que instituem a unidade entre nossas experiências e as coisas que se dão na experiência perceptiva e direta.

O Corpo Em Perspectiva – Reflexões Fenomenológicas Sobre Os Primeiros Escritos De Merleau-Ponty

Philósophos - Revista de Filosofia, 2010

Resumo: neste artigo, pretendo mostrar como Merleau-Ponty parte da fenomenologia husserliana sem com isso se restringir às suas linhas. Isso se deve, em larga medida, a uma incorporação dos trabalhos gestaltistas contemporâneos ao filósofo, além de uma análise original do trabalho de Husserl via uma tradição que pretende pensar o concreto. Começaremos traçando a definição merleau-pontyana da fenomenologia e sua necessidade de resgatar um "mundo vivido" para depois entrarmos na discussão com os gestaltistas. Com isso em mãos, podemos vislumbrar como sua leitura de Husserl é rearticulada, levando-o a pensar num sujeito da percepção em termos corporais.

Corpo, percepção e conhecimento em Merleau-Ponty

Com base nos estudos da ciência da sua época, Merleau-Ponty interroga a respeito das análises sobre o sistema nervoso e os postulados clássicos sobre a condução do impulso elétrico, sobre o circuito reflexo, envolvendo estimulação e reação, sobre o campo perceptivo e sobre a questão da localização cerebral, sendo insuficiente a correspondência pontual, própria da tradição atomista, entre o excitante, o mapa cerebral e a reação. Essa revisão conduz a uma nova compreensão da percepção que se aproxima das ciências cognitivas contemporâneas. Este artigo, fruto de um estudo teórico sobre a fenomenologia de Merleau-Ponty, tem como objetivo apresentar essa revisão conceitual sobre a percepção, o diálogo com a arte e a ciência, configurando noções e conceitos em torno de uma fenomenologia do conhecimento.

Leituras feministas de Merleau-Ponty: do corpo à identidade

Intuitio, 2017

Este texto tem como objetivo analisar o conceito de corpo em Merleau-Ponty e sua contribuição para uma leitura feminista. Para tanto, farei uma rápida revisão à recepção mais clássica de Merleau-Ponty por feministas como Simone de Beauvoir e Sara Heinämaa, que adotam a perspectiva fenomenológica. Também, focar na articulação mais política da proposta por Linda Alcoff de como a noção de “corpo habitual” de Merleau-Ponty contribui para uma interpretação identitária de gênero e raça.

O corpo como expressão e linguagem em Merleau-Ponty

Estudos de Psicologia (Natal), 2003

Nosso artigo discorre sobre a importância da noção de corpo na filosofia de Merleau-Ponty. Essencialmente presente nas manifestações intersubjetivas, o corpo encarna a possibilidade de compreensão dos gestos e das palavras, assinalando o caráter corpóreo da significação, cuja apreensão está na reciprocidade de comportamentos vividos na dimensão social. Desenvolvemos também seu conceito de linguagem falada; segundo Merleau-Ponty, o sentido da linguagem expressiva teria sido expropriado da palavra pelas concepções empirista e idealista, fundadas na dicotomia cartesiana. Merleau-Ponty observa uma imanência do sentido na palavra, apontando que a compreensão da linguagem remonta à análise de seu movimento expressivo originário: o gesto. O caráter fundador da linguagem mostra-se nas relações ambíguas entre fala e pensamento, sentido e palavra, significante e significado. Esta ambigüidade, presente em todas as formas de linguagem, constitui a natureza do fenômeno expressivo, revelando a ab...