moral travessa michel serres da Academia Francesa (original) (raw)
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MORAL MICHEL SERRES (PORTUGUES)
2019
Doce: foi o golpe, que o Amor fora do seu caso, para me matar, me atraiu gentilmente, Quando me levaram ao doce: começo de uma doçura tão doce. Suave: é o seu doce sorriso, e a sua voz que me empurra do corpo, para vaguear lentamente, em frente à sua canção casada gentilmente. Com os meus vermes animados no seu polegar. Tanta doçura na voz dele corre baixo, Que sem o ouvirmos realmente não sabemos, como nos seus restos de amor nos amarra. Sem ouvir, eu digo amor até encantar, rir suavemente, e cantar suavemente, E eu a morrer suavemente ao lado dela. Ronsard, Les Amours, soneto XXXVIII Para os meus três heróis bretões: Lydie Émeraud, Princesa do Ar Thomas Couille, Senhor do Mar Jean-Loup Chrétien, Mestre do Espaço Em admiração BALBÚRDIA Todo este enfadonho preâmbulo da teologia e da história natural se misturou para transmitir uma dificuldade que estrangula o meu início. Sim, quando lhe deixei a velha guarda um pecado para confessar. Estou a ficar mais velho e a pôr a conversa em dia; é um problema menor. Em algumas ordens monásticas havia uma tradição de confissão fraterna: em momentos regulares, os membros solitários de um grupo confessavam perante a comunidade reunida a sua violação da regra. Então aqui está minha confissão pública e tardia: desobedeci, nunca deixei de me comportar como um insuportável inoportuno, temido por todos os meus mestres. Portanto, peço-vos que ouçam, assim que abrirem este livro, uma grande confissão de pai. Confesso com prazer as lutas de travesseiros cujas penas, em dois minutos, voaram em todas as direções induzindo no volume total do dormitório uma visibilidade próxima a zero, e desencadeou em nós uma risada que nossos abdomes, doloridos com dores e dores, lembraram pelo menos uma semana. Sim, eu era confinado, como eles costumavam dizer, todos os domingos e, para minha boa medida, a maioria das quintas-feiras; mandado embora por várias semanas no ano do bacharelado, eu só fui liberado no último minuto na falsa esperança de melhorar as estatísticas da faculdade. Confesso, além disso, ter organizado, ainda no dormitório, vigílias memoráveis, onde, com a luz apagada, cada um de nós imitava o galo, o porco, a vaca, a égua, o ganso e o pato, sem esquecer o criador e o mordomo, que, com a sua voz gorda, ordenavam em dialeto 1 às galinhas que voltassem, para pôr ovos, ao pátio da fazenda. Confesso, com vaidade, que mantive brilhantemente a pontuação, eminentemente delicada, da galinha-d'angola e do peru. Não me pergunte nada, ainda serei capaz de os reproduzir. Nenhum concerto da chamada música clássica me deu, durante a minha vida, um prazer tão elevado como esta sinfonia animal, exactamente imitada. Nessa altura, todos os residentes ainda tinham a experiência da vida no campo; ter-se-ia pensado que eles ainda viviam no campo. O fazendeiro selecionava em voz alta o leitão a ser morto, que estava lutando muito e, enquanto tentava escapar, fazia os gritos altos e lamentáveis que podem ser ouvidos nos matadouros. O vigia não podia fazer nada: assim que acendia a luz, todos os 1 Nota do tradutor; no original patois que é sistema linguístico oral, usado em uma área pequena e em uma comunidade específica (geralmente rural), e percebido por seus usuários como inferior ao idioma oficial.(dicionário Larousse)
Educação e Contemporaneidade em Michel Serres
Pro-Posições, 2015
Foi em clima informal e de amistosa receptividade que o filósofo Michel Serres nos acolheu para dois dias de entrevista na França em janeiro de 2014. O primeiro deles em Paris, em um Café na Place de la Sorbonne; e o segundo em sua agradável residência em Vincennes. A acolhida afetuosa foi muitas vezes reafirmada em razão da simpatia pelo Brasil e pelos brasileiros, que o filósofo frequentemente evocava. Serres ressaltou, em muitos momentos, as lembranças carinhosas que tinha do Brasil, do período em que ele deu aulas em São Paulo, na década de 1970; da cultura brasileira que ele muito apreciava; e dos amigos que ele cultivou aqui. Nascido em 1930, em Agen, no sul da França, cursou matemática na Escola Naval Francesa e filosofia na Escola Normal Superior de Paris, tendo sido aluno de Canguilhem. Defendeu em 1968 sua tese de doutorado sobre Leibniz e, nesse mesmo ano, participou da criação da Universidade de Vincennes com Michel Foucault, onde trabalhou como historiador das ciências. No mesmo período, foi professor também na Universidade de Clermont-Ferrand. Pela impossibilidade de trabalhar com filosofia na França, aceitou ser professor nos Estados Unidos, onde atuou nas universidades de Baltimore, Buffalo, Nova York e, a partir de 1980 até 2013, em Stanford. Autor de mais 60 livros publicados ao longo de 50 anos de trabalho, Serres ocupa, no entanto, uma posição ambivalente no espaço público e intelectual. Na tentativa de trabalhar a língua como um poeta, sem, contudo, perder o rigor e a precisão dos saberes, a produção de Serres ou seus conceitos filosóficos seguem
O presente artigo procura dar seguimento a uma discussão presente na contemporaneidade, que versa sobre os impactos da tecnologia no âmbito humano. A relação entre homem e técnica é objeto das mais variadas tematizações e não raro são os embates sobre os efeitos produzidos por esta ligação. É ponto comum dentre essas análises o entendimento que a modernidade produziu uma nova abordagem sobre a natureza, sendo a técnica e a ciência moderna bastante divergentes em relação ao produzir tecnológico dos antigos. Neste texto, partiremos de uma perspectiva que toma o desenvolvimento tecnológico como algo digno de suspeição. Contudo não se trata de prejudicar a ciência e a técnica moderna em detrimento ao saber técnico dos antigos, mas apenas mostrar como a percepção do modus operandi científico foi profundamente modificada com o passar do tempo. A nossa contribuição para essa discussão vem através da tentativa de pôr em diálogo dois pensadores que, apesar de separados por dois séculosde muitas transformações -, possuem afinidades de pensamento no mínimo, interessantes. Cada um a seu tempo e à sua maneira tratou de fazer a denúncia da racionalidade vigente, mostrando como os progressos da civilização ilustrada trazem em seu bojo os elementos da barbárie. Iniciamos com a crítica ao iluminismo erigida por Jean-Jacques Rousseau em seu Discurso sobre as Ciências e as Artes, que busca responder a questão se o restabelecimento das ciências e das artes contribuiu para purificar os costumes, e por outro, mostraremos a crítica feita à civilização tecnológica do contemporâneo Hans Jonas, presentes no ensaio O Princípio de Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Por se tratar de um estudo ainda incipiente, muitas lacunas ficarão evidentes e estas limitações iniciais poderão então servir como base para dar seguimento a estudos futuros sobre o tema.
marcelobernardo portugues cespe 01
ü Provassemprerepletasdetextos,explorando-se significativamente as relações linguístico-textuais, sintático-semânticas e discursivas dos gêneros; (média:1textoparacada5/7itensou2/3questões);
PROFESSOR NA FRANÇA TEM QUE TER MESTRADO
Não estou tratando do ensino superior! O professor do ensino primário e secundário na França tem que possuir o diploma de mestre, obtido em curso de dois anos. A decisão, de 2008, foi implantada em julho de 2010. Para alguns, a iniciativa deve-se ao péssimo desempenho dos Institutos Superiores de Formação de Mestres (IUFM), na função desde 1990. Para outros, trata-se de orientação da União Europeia – a mastérisation dos professores.
Vozes e Diálogo
Bauman, Zygmunt; Donskis, Leonidas. Cegueira Moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
Fundamentar a moral com Lévinas
2019
Lévinas inicia o Prefácio a Totalité et Infini dizendo: «On conviendra aisément qu'il importe au plus haut point de savoir si l'on n'est pas dupe de la morale» 1. Compreende-se esta preocupação do filósofo porque, se a moral é um engano, a vida humana não tem valor, não tem rumo, não tem sentido. Como sugere o autor, se formos os ludibriados da moral, a guerra, e o «vale tudo» que ela implica, é natural ao ser humano. Nas sociedades pluralistas em que vivemos, a investigação que Lévinas nos propõe assume ainda maior importância pois que, se os imperativos da moral não forem incondicionais, 2 se a moral não tiver uma justificação, uma fundamentação, as nossas sociedades não serão pluralistas mas relativistas, não haverá distinção entre bem e mal, 3 e tudo será aceitável, basta que corresponde às tendências, aos desejos, à moda que no momento domina. É por isso que uma das funções primeiras da ética é a justificação da moral, tema que pretendemos desenvolver neste trabalho na companhia de Lévinas.