Ateísmo e Religião em Ludwig Feuerbach: uma aposta na essencialidade do humano (original) (raw)

A Religião Como Expressão Legítima Da Essência Humana Em Ludwig Feuerbach

2017

O presente artigo tem como meta demonstrar como o cristianismo expressa a essencia humana atraves de seus simbolos sagrados. Serao destacados dois momentos distintos em A Essencia do Cristianismo (1841) de Ludwig Feuerbach (1804-1872). O primeiro e marcado com o que ha de positivo na religiao e o segundo com o que ha de negativo. Inicialmente sera exposto o que a religiao crista expressa de verdadeiro, isto e, o desvelamento antropologico. Em seguida sera demonstrado como o cristianismo aliena o homem de sua propria essencia. Assim, concluir-se-a com a proposta etica esbocada por Feuerbach a partir da negacao da religiao.

A religião em Feuerbach: Deus não é Deus, mas o Homem e/ou Natureza divinizados

Revista Dialectus, 2016

Resumo: Em sua obra principal, A Essência do Cristianismo, Feuerbach mostra que o Cristianismo coloca no seu cume um deus pessoal, ilimitado, que cria através do "puro pensar" e do "querer" a natureza e o homem. Já em A Essência da Religião e nos Complementos e Esclarecimentos para a Essência da Religião, Feuerbach analisa a religião natural, na qual deus é um ser físico, idêntico à natureza. Assim como a religião cristã transformou a essência humana em deus, do mesmo modo a religião natural fez da natureza um deus. Mas, para Feuerbach, o deus cristão não é um ser não-humano, mas o próprio homem adorado como divino, assim também o deus físico da religião natural não é deus, mas a própria natureza divinizada. Frente a tais religiões, Feuerbach quer resgatar tanto o homem como a natureza e estabelecer entre eles uma nova relação: o homem não apenas como um ser espiritual, mas também de necessidade, finito, sensível, que depende da natureza, e esta última não como obra de deus, nem do homem, mas como instância originária, como causa dela mesma, e que sem ela, o homem é nada, não pode ser. Homem e natureza se completam: o homem deve sua existência, seu nascimento e preservação à natureza, mas esta é melhor preservada, desenvolvida e conhecida por meio do homem.

A consciência e a questão da humanidade do humano em Das Wesen des Christentums, de Ludwig Feuerbach

Individualism is one of the fundamental traits of our time, based on an emphatic and recurrent defense of individual freedom, as experienced by consciousness. This point of view seems to entail a refuse of all kinds of transcendence, cosmological or onto-theological, characterized by an authoritarian and undisputed heteronomy. However, this perspective does not take into account a third type of transcendence, one that occurs in that radical immanence, in the core of individual freedom and autonomy. This type of transcendence takes shape as an ethical and aesthetic relationship carved in the heart of each individual human being, each one of his particular conscious states and the simultaneous consciousness of his Humanity. The aim of this essay is to present an understanding of Ludwig Feuerbach's The Essence of Christianity and its philosophy of Revelation as a reflection on religion and its anthropological origins. In our viewpoint, The Essence of Christianity is an effort to ascertain the genetic elements of human religiosity and clarify its meaning as a movement of reconnecting the human individual with a transcendence that is his own Humanity, given in the immanence of his conscious life. Religion remains a law of transcendence, as the feeling that binds the individual to his Humanity, an everlasting commandment coming from an Otherness that projects itself as a horizon to his free actions.

Feuerbach e a ideia de Deus: a natureza como confluência intrínseca entre o homem e a religiosidade

Revista Multidisciplinar do Conhecimento Científico, 2018

Este artigo propõe perscrutar uma perspectiva filosófica no pensamento de Ludwig Feuerbach do ponto de vista da relação entre a crença em um Deus criador do mundo e do homem, sobretudo a partir da interação entre este e a natureza como uma forma de alienação subjacente. A partir da obra A Essência do Cristianismo (1841) e mais notadamente em Preleções sobre a Essência da Religião (1848), Feuerbach estabelece que a base da crença e adoração em seres sobrenaturais está alicerçada no desconhecimento das leis naturais que governam o universo, assim como pela dependência imanente entre a natureza e o homem. Desse modo, partindo do pressuposto que o homem é inteiramente dependente da natureza que o cerca, bem como do processo de transformação inerente às suas necessidades de subsistência, o ambiente sócio-histórico-psíquico-antropológico fornece o arcabouço que fomenta a relação de substância (Deus) na consubstanciação intrínseca entre a essência da natureza e a essência do homem. Palavras chave: Alienação, Natureza, Antropologia teológica, Transcendentalidade.

A Aversão Do Cristianismo À Natureza Em Feuerbach

Philósophos - Revista de Filosofia, 2010

Feuerbach deixa claro que a teologia cristã se relaciona negativamente ante a natureza. A depreciação ou desvalorização religiosa pela natureza tem consequências para o julgamento da natureza humana por parte da teologia, pois esta condena também a dimensão natural-sensível da natureza do homem e, frente a esta, enaltece o espírito. Precisamente porque a natureza expressa objetividade, necessidade, corporeidade, sensibilidade, é ela o negativo, por assim dizer uma prova dos limites da interioridade, do sentimento religioso, isto é, a barreira concreta que se opõe à ilusão de uma existência sobrenatural. Deste ponto de vista cristão, ela deve, portanto, ser eliminada, negada. Feuerbach argumenta que Deus (o todo supremo, a essência sublime), o qual a fantasia religiosa criou, é apenas uma representação fantasmagórica do gênero humano, uma construção subjetiva do homem, abstraída de todas as fronteiras e restrições da natureza, e a religião cristã serve ao homem como um meio, com o qual ele tenta livrar-se da natureza.

Felipe Assunção Martins - A gênese antropológica da religião em Ludwig Feuerbach

Feuerbach em A essência do cristianismo desenvolve uma investigação sobre a origem humana de Deus, sobretudo na religião cristã, e este artigo procura reconstruir a fundamentação teórica de nosso autor que, a partir de uma teoria da consciência e essência humana, alicerça uma crítica/desvendamento da alienação religiosa que o permitirão demonstrar, assim, a verdade integralmente antropológica de Deus e da religião, afirmando, também, a perfeição e infinitude das qualidades essenciais do homem enquanto ser consciente de seu gênero.

Feuerbach e a religião

2020

RESUMO: Ludwig Feuerbach causou grandes rupturas no pensamento moderno após o desenvolvimento de sua filosofia. Ao expressar a redução da religião a antropologia, o filósofo passa a compreender o homem como sensibilidade, na qual sua consciência é o limite da percepção de seus sentidos. Aqui exporemos a diversidade de críticas recebidas por Feuerbach em sua obra A Essência do Cristianismo e de como ele as compreende, posteriormente, através de seu escrito A Essência da Religião. Dessa forma, tomamos como elemento primordial compreender os maus entendidos acerca da obra do autor, para assim, tornar possível a compreensão de sua postura acerca da religião. Palavras-chaves: Cristianismo. Religião Natural. Sensibilidade. Homem. FEUERBACH AND RELIGION: ATHEISM AND MORAL DETERMINISM ABSTRACT: Ludwig Feuerbach caused major ruptures in the modern thought after the development of his philosophy. To express the reduction of religion to anthropology, the philosopher passes the understanding of...

A primazia da natureza ante o espírito em Ludwig Feuerbach

Trans/Form/Ação, 2009

O presente artigo pretende destacar a tese de que a natureza para Feuerbach é um existente autônomo e independente e possui primazia ante o espírito. Para ele, a natureza material, que existe, em sua diferencialidade qualitativa, independente do pensar, é diante do espírito o original, o fundamento não deduzível, imediato, não criado, de toda existência real, que existe e consiste por si mesmo. Feuerbach opõe a natureza ao espírito, pois ele a entende não como um puro outro, que só por meio do espírito foi posto como natureza, mas como o primeiro, a realidade objetiva, material, que existe fora do entendimento e é dada ao homem, por meio de seus sentidos, como fundamento e essência de sua vida. Trata-se, pois, primeiro daquela essência (luz, ar, água, fogo, plantas, animais etc.) sem a qual o homem não pode nem ser pensado nem existir. A natureza é, para Feuerbach, a pluralidade de todos os objetos e essências que realmente são. Sob esta condição, é possível conceber a natureza como...

O Ateísmo De Holbach À Luz De Hegel

Revista Limiar

Apesar da importância central do ateísmo no sistema materialista de Holbach, é evidente que a leitura de Hegel do pensamento de Holbach em suas Lições sobre a Filosofia da História, apesar de original, não o menciona. As razões para este silêncio podem ser facilmente deduzidas do que ele considerava serem as tarefas da filosofia em relação à religião, ou seja, para garantir sua reconciliação, que é aperfeiçoada conceitualmente pois ela torna real o itinerário do mundo espiritual cristão. O ateísmo poderia surgir apenas como uma filosofia irrelevante, o que explica porque Hegel nem mesmo se importou em refutá-lo. Entretanto, nós podemos mostrar que, em sua crítica à doutrina do "conhecimento imediato" e do sentimentalismo religioso, Hegel fornece um meio de justificar filosoficamente o ateísmo do barão, apresentando-o como o "resultado" do sentimentalismo e a conseqüência de um pensamento religioso que esvazia seu conteúdo.