“Por amor a Deus” o processo de alforria de escravos em Mariana (1750-1779) (original) (raw)

Por ser meu filho: estratégias familiares nas alforrias em Mariana entre 1750 e 1779

Anais Eletrônicos [do] 6. Encontro Internacional de História Colonial: mundos coloniais, 2016

RESUMO: O processo da alforria não foi uma ação isolada de um escravo e suas artimanhas, nem esteve somente apoiado em pagamentos. Os cativos tiveram que cumprir com uma série de obrigações e expectativas definidas pelo senhor e realizá-las sem escapatória. Em alguns casos a família escrava constituiu uma rede de ajuda para auxilia-los no pagamento. Mais do que demonstrar que tinha expediente, o cativo demonstrou que era capaz de receber um empréstimo, capaz de pagar um grande valor. Tais demonstrações de confiança foram criadas ainda enquanto escravo, seguindo premissas existentes. O papel do escravo foi decisivo e importante, ao utilizar espaços que o homem branco consentia. A experiência escrava foi saber caminhar pelos espaços que lhe eram consentidos. O fator família e as relações de amizade são os elementos que possibilitavam intervir de forma ativa dentro desse processo. Este estudo analisou mais de mil cartas de alforria, além de testamentos e inventários de quem as concedeu entre os anos de 1750 a 1779 em Mariana (MG). O grupo familiar teve papel relevante dentro do processo da alforria ao acompanhar e apoiar seus membros na transição de escravo a liberto, várias estratégias foram utilizadas por mães, pais, avós, padrinhos e fiadores que constituíram uma rede familiar que possibilitou a concretização de várias liberdades na segunda metade do século XVIII em Mariana. Partindo da premissa de que até mesmo os pontos mais nítidos da dominação escravista sofriam variações por serem mutáveis, acreditamos que formas distintas de controle escravo podem ter tido vez na segunda metade do século XVIII em Mariana, para além da atenção de modelos historiográficos. Então buscamos perceber as variações na qualidade da relação senhor/escravo, que foram sendo construídas com o contato diário proporcionado pelas experiências escravistas. Palavras-chave: Alforrias; Família escrava; Mariana; Escravidão. Mariana e seu Termo As alforrias foram pesquisadas para Mariana e seu termo na segunda metade do século XVIII: "originalmente Arraial do Carmo até o ano de 1711, quando el-rei D. João V lhe deu foral, e o nome de Vila Real do Carmo, criada cidade episcopal em 1745" 1. Foi a primeira * Publicado em: Anais Eletrônicos VI ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL MUNDOS COLONIAIS COMPARADOS: PODER, FRONTEIRAS E IDENTIDADES. Salvador EDUNEB, 2017.

Mariana Quer Ser Livre: Tráfico De Escravizados e Nação Em Belém (1700-1750)

Revista da Associação Brasileira de Pesquisador s Negr s - ABPN, 2020

Resumo: A busca por liberdade de Mariana, uma escravizada mina "courana" que vivia em Belém do Grão-Pará, nos idos de 1738 é analisada nesse artigo. Na primeira metade do século XVIII o tráfico transatlântico e a presença africana em Belém são caracterizados pela historiografia como pouco expressivos, uma vez que as populações indígenas foram massivamente utilizadas como trabalhadores, especialmente até 1750 no Grão-Pará. É nesse cenário que Mariana busca comprar sua alforria. A documentação do Arquivo Histórico Ultramarino foi utilizada para desenvolver as ideias contidas neste trabalho. O debate sobre nação, tráfico, liberdade emergem do requerimento de Mariana e são aqui apresentados.

Por sua liberdade me oferece uma escrava": alforrias por substituição na Bahia, 1800-1850

Afro-Ásia, 2021

| 234 daquelas por substituição e o nome dos pesquisadores. 3 Sem dimensioná-lo quantitativamente, o assunto é mencionado por alguns historiadores da cidade do Rio de Janeiro, às vezes apenas apontando que existiu, outras fornecendo poucos exemplos. A grande urbe escravista do Oitocentos ainda aguarda pesquisa sobre a incidência desse dispositivo de conquista da liberdade. Acrescente-se que tampouco encontrei trabalhos específicos sobre o tema para outras regiões das Américas. Há apenas menção aqui e ali de episódios tais. 4 3 Andréa Lisly Gonçalves analisou 2.897 alforrias registradas em Ouro Preto entre 1808 e 1870, e embora discuta a substituição ela não a quantifica, talvez por terem sido apenas "algumas", conforme escreveu. Ver Andréa Lisly Gonçalves,

Economia e liberdades: a concessão de alforrias em época da faina aurífera em Mariana na segunda metade do século XVIII.1

Anais do V congresso Latinoamericano de história econômica. , 2016

INTRODUÇÃO As alforrias foram pesquisadas para Mariana e seu termo na segunda metade do século XVIII: "originalmente Arraial do Carmo até o ano de 1711, quando El-rei D. João V lhe deu foral, e o nome de Vila Real do Carmo, criada cidade episcopal em 1745" (Casal, 1976, p. 169). Foi a primeira cidade da Capitania de Minas Gerais elevada a tal para poder tornar-se sede de bispado ainda no auge da exploração aurífera. A cidade de Mariana está junto à margem direita do Ribeirão do Carmo, que foi inicialmente ocupado em 1696 pelas bandeiras de Miguel Garcia e do Coronel Salvador Furtado (Fonseca, 1995). A total ocupação do Ribeirão do Carmo, somente se operou em 1700, "numa extensão de duas léguas, pelas barrancas do mesmo, prosseguindo, depois, os descobrimentos rio abaixo, que de acordo com as esperanças, deu boas pintas" (Lima, 1962, p. 31). Com os novos descobrimentos a jurisdição da cidade foi em muito aumentada, abrangendo os sertões dos rios Pomba, Muriaé e Doce. Cercada por vários arraiais criados no território administrativamente dependente da sede do município, esses compunham o termo de Mariana, que do ponto de vista eclesiástico era composto por 12 freguesias, 53% delas pertencendo à zona da mata e só desmembradas a partir dos anos trinta do século XIX (Casal, 1976, p. 137) Quando da criação da Capitania de Minas Gerais em 1721, a coroa optou por fixar a sede em Vila Rica, que foi elevada a cabeça da comarca e passou a ter importância administrativa e política. Mariana tinha a Câmara como provedora de renda e o fato de ser um centro administrativo regional lhe dava importância. Para esta cidade afluíam pessoas com os mais diversos interesses, fazendo dela uma das três principais da Capitania que pelo comércio e riquezas pesavam nas arrecadações reais. Com Vila Rica e Sabará formava os núcleos urbanos mais importantes de Minas Gerais. Em 1750 ocorreu a instalação do Seminário da Boa Morte transformando assim a cidade em centro educacional.

A miséria da alforria e as migalhas da liberdade: emancipação escrava em Macapá na década da Abolição – 1883-1886.

Dissertação de mestrado, 2022

Entre os anos de 1883 e 1886 foram registradas vinte duas cartas de alforria pelos proprietários no cartório da cidade de Macapá que libertaram do cativeiro igualmente vinte e dois escravos adultos com idades que variavam entre 24 e 64 anos. A emancipação mediante alforria, como investimento de longo prazo, foi sem dúvida não apenas desejada, mas meticulosamente planejada e conquistada por diferentes meios pelos cativos. Alguns empenharam anos de suas economias à custa de muito trabalho e esforço para compra da liberdade indenizando o valor pedido pelo senhor ou senhora. Outros julgaram melhor locarem a sua força de trabalho por vários anos na forma de contrato de prestação de serviços a locatários locais, oportunidade esta criada pelas leis emancipacionistas no final do século XIX. Alguns cativos apostaram em outros meios oportunos e incertos, buscando cultivar a estima e a confiança do senhor na perspectiva de, com isso, obter a alforria pela sua morte ou comiseração. A carta de alforria dos escravos de Macapá narra de forma fria e fragmentada os esforços de todo uma vida de homens e mulheres em busca da liberdade. Este estudo trata sobre a liberdade escrava conquistada por meio da alforria, da história dos sujeitos envolvidos no processo manumissório e da própria dinâmica e funcionamento da escravidão local.

Nota sobre casamentos de escravos em São Paulo e no Paraná (1830).

Analisam-se evidências de casamentos de escravos e livres e discutem-se padrões vigentes à época. A condição de livre ou escravo marcou, para a população, acesso diferenciado ao matrimônio católico. Dentre a população livre, 60 % em média passavam pelo sacramento da igreja, ao passo que para os escravos o porcentual correlato chegava a 20%. As discrepâncias não se explicam pelas razões de masculinidade, mas devem ser atribuídas a causas de ordem econômica e social. Os dados referem-se a treze localidades paulistas e a nove paranaenses, tendo sido coletados em listas nominativas coevas. Coautor: Horacio Gutiérrez.

“A riqueza na medida do possível”: bens e atividades econômicas entre os alforriados em Mariana – (1727 a 1838)

Este trabalho objetiva investigar as formas de ascensão econômica e social experimentadas pelos alforriados no Termo de Mariana, entre 1727 e 1838. Analisam-se, através dos testamentos e inventários post-mortem de homens e mulheres forros as possibilidades encontradas e criadas por eles para se sustentarem, angariarem posses materiais e obter reconhecimento e distinção na sociedade em que viviam. Compreende-se que as formas de ascensão econômica e social disponíveis aos alforriados devem ser vistas sob uma ótica específica: a riqueza disponível a esses indivíduos e a ascensão social deles em um meio que se pensava quase exclusivo de livres e brancos.

O seminário de Nossa Senhora da Boa Morte: Mariana, Minas Gerais 1750-1850

Revista HISTEDBR On-line, 2014

Um trabalho histórico e historiográfico, fruto da pesquisa de garimpagem nos arquivos da Arquidiocese de Mariana, trabalho de orientando historiador, com o auxílio de orientador especialista em seminários menores de modelo tridentino. O objetivo do artigo parte de uma dissertação de mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Educação na UFSCar, é o resgate minucioso de um século de história do Seminário Nossa Senhora da Boa Morte de Mariana, Minas Gerais, local de formação do Clero Mineiro, entre 1750 e 1850. Trata-se de mais uma importante obra da educação brasileira fundada pelos jesuítas, cuja continuidade ficou sob a responsabilidade de outras congregações. O autor fez o trabalho desde um lugar privilegiado, pois cursou história no próprio prédio onde outrora funcionara o seminário e teve acesso aos arquivos da Arquidiocese, e, portanto, às fontes primárias do seminário, o que dá originalidade e garante o ineditismo do trabalho. Torna-se indispensável a leitura deste a...