OS AMERICANOS NO CINEMA SOVIÉTICO DO STALINISMO TARDIO: O DIDATISMO PARA A GUERRA FRIA (original) (raw)
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ALCOOLISMO COMO PROPAGANDA NA GUERRA FRIA: A ÓPTICA SOVIÉTICA NO CINEMA DO STALINISMO TARDIO
Revista Percurso - NEMO, 2024
Durante o stalinismo tardio (1945-53) uma série de filmes com temática antianglo- americana foi rodada na URSS como meio de se combater a guerra cultural na nascente Guerra Fria e se contrapor ao discurso antissoviético dos ex-aliados. O mote do alcoolismo foi importante para ambos os lados, tendo os soviéticos conseguido inverter a lógica hollywoodiana, copiando e redirecionando a propaganda antissoviética baseada em antigas imagens russofóbicas contra os inimigos capitalistas, representados como embriagados decadentes, de maneira caricata e aberta quando membros das classes baixas, e mascaradas pela arrogância, riqueza e desfaçatez entre as elites. Foram selecionados 22 filmes soviéticos produzidos no período do stalinismo tardio em que aparecem mensagens anti-anglo-americanas. A sócio-história cinematográfica de Marc Ferro permite apreender essa interação dos cinemas das potências rivais e sua utilização política e ideológica. Também procurou-se compreender e metrificar o fenômeno do alcoolismo na URSS, suas questões políticas e sociais, e compará-lo com outros lugares do mundo.
2020
RESUMO Durante o Stalinismo tardio (1945-53), o cinema soviético produziu várias películas antiamericanas que abordavam a situação de sua população negra: racismo, apartheid, exploração, miséria, linchamentos, pogroms. Ao fazer isso, o público soviético e o de sua esfera de influência (e mundial, nos festivais de cinema) eram distraídos de eventos recentes de fixação de fronteiras étnicas no Leste Europeu, da disparidade social regional-étnica, e motivados para a reorientação das atenções para o Terceiro Mundo e as lutas de descolonização. Ao mesmo tempo, o arqui-inimigo era exposto em suas contradições ideológicas e concretas. 22 filmes soviéticos produzidos no período, analisados pelo método da história sócio-cinematográfica de Marc Ferro, permitem identificar a construção dessa disputa cultural e ideológica por meio das telas de cinema. ABSTRACT During late Stalinism (1945-53), Soviet cinema produced several anti-American films that addressed a situation of its black population: racism, apartheid, exploitation, misery, lynching, pogroms. In doing so, the Soviet public and its sphere of influence (and worldwide, at film festivals) were distracted from recent events of fixing ethnic boundaries in Eastern Europe, from regional-ethnic social disparity, and motivated to reorient attention towards the Third World and the struggles of decolonization. At the same time, the archenemy was exposed to its ideological and concrete contradictions. 22 Soviet films available in the period, under the method of Marc Ferro's socio-cinematic history, allow us to identify a construction of this cultural and ideological dispute through cinema screens.
BRUNA MAURY AMERICANO DO BRASIL GUERRA FRIA: ELEMENTOS DA IDEOLOGIA NORTE-AMERICANA NO CINEMA
Cold War is the denomination used to refer to the struggle between the capitalist and socialist ideologies and had most prominent two blocks, United States and the Soviet Union. The conflict lasted 46 years and its main feature of ideological propaganda, which took place, among other ways, through cultural events, such as movies. In American cinema, you can identify elements that were part of the American rhetoric and were used as propagation messaging tools. For the identification and categorization of such elements, the method used is the film analysis, taking into account the concept of the Cultural Industry, typical of American culture. Additionally, the historical facts are considered permeating the productions to be analyzed, which are From Russia with Love (1963), The Hunt for Red October (1990) and Bridge of Spies (2015). Contemplating the three films, it is possible to trace a timeline of the Cold War in film and verify if the information used as an ideology tools are constant in all productions.
Esboços, 2022
Durante o stalinismo tardio (1945-53), o cinema soviético, como o americano, produziu várias películas veiculando mensagens de interesse governamental. A propaganda soviética transparece em filmes como Zagovor obrechonnykh, 1950, apesar do trabalho artístico do diretor Mikhail Kalatozov. Por meio da sócio-história cinematográfica de Marc Ferro pode-se apreciar a construção de um discurso legitimador dos novos regimes socialistas locais, da condução da luta política contra o titoísmo (acusado de se aliar e se subordinar ao imperialismo anglo-americano) e a passagem do Leste Europeu da influência ocidental (ora inglesa, ora alemã) para a soviética (cumprindo o papel do antigo pêndulo russo), e o fim da experiência democrática liberal, trocada pela da democracia popular, com a derrota do novo rival americano e de seu Plano Marshall na região, substituídos pelo COMECOM. During late Stalinism (1945-53), Soviet cinema, like the American one, produced several films conveying messages of governmental interest. Soviet propaganda appears in films such as Zagovor obrechonnykh, 1950, despite the artistic work of director Mikhail Kalatozov. Through Marc Ferro's cinematographic socio-history, one can appreciate the construction of a discourse that legitimizes the new local socialist regimes, the conduct of the political struggle against Titoism (accused of allying and subordinating to Anglo-American imperialism) and the passage from Eastern Europe to Western influence (now English, now German) for the Soviet (fulfilling the role of the old Russian pendulum), and the end of the liberal democratic experience, exchanged for that of popular democracy, with the defeat of the new American rival and his Marshall Plan in the region, replaced by COMECOM.
Revista Sillogés, 2021
Resumo: O presente artigo discute 15 filmes da época do stalinismo tardio (1945-1953), que visavam fomentar a união nacional, incutindo no público desconfiança e repúdio em relação aos ex-aliados angloamericanos. Ambientados em um passado distante ou recente, seus antagonistas eram atores que representavam ingleses e americanos, ou ainda, seus correlatos na retórica soviética. O passado era utilizado como uma ferramenta de reprodução inesgotável de condições de ameaça externa, alianças enganosas, guerra por procuração-a mesma retórica apresentada nas películas sobre a vitória soviética na Segunda Guerra. Nosso objetivo consiste em analisar esta presentificação do passado, que delineava as visões e os usos da História, constituídas em manipulações factuais com fins políticos. Para tanto, valemo-nos da sócio-história cinematográfica de Marc Ferro, que permite apreender tais projeções e insinuações sobre o passado em mensagens latentes, diretamente ligadas às necessidades do Kremlin.
Este trabalho examina a indústria cinematográfica norte-americana como “arma de guerra” no contexto da Guerra Fria e em seu desfecho, com a vitória do capitalismo estadunidense em face do modelo soviético, através de uma melhor manutenção de soft power. Neste sentido, o estudo investiga o cinema norte-americano como um agente coadjuvante no esfacelamento da nação socialista. Em sua primeira seção, descreve-se o conceito de soft power, a partir do instituidor do termo - Joseph Nye - e a utilização deste poder pelos Estados Unidos ao longo da história, até tornar-se potência hegemônica. A segunda seção analisa os filmes “Dr. Fantástico” (1964) e “Rocky IV” (1985), bem como, o contexto histórico precedente aos seus respectivos lançamentos no cinema, trazendo-os como evidências empíricas no exercício do soft power estadunidense. Na terceira seção, explora-se a história do cinema norte-americano e seus meios de distribuição até a utilização deste como instrumento de propaganda pelos governos. Portanto, pontua-se o cinema como um vetor da indústria cultural, que é uma ferramenta de soft power. Na utilização deste vetor, promovem-se ideias, ilustram-se eventos reais e, acredita-se que grande parte das produções tendem a influenciar os espectadores, sendo exatamente neste ângulo em que caracteriza-se como um dispositivo político – e de poder.
SA, Kariny, 2019
Resumo: O discurso político e pragmático sobre o uso e a presença de poder no Sistema Internacional foi a propulsão para o engajamento na produção desta análise filmográfica da saga "Os Vingadores" e a Política Externa dos Estados Unidos. A pesquisa busca demonstrar, a partir dos estudos de Nye (2011) e dos filmes da saga "Os Vingadores", a complexidade da cultura como parte fundamental da identidade expressa de um povo, e a sua influência no globo por uma ótica de poder. A franquia "Os Vingadores" representa uma articulação prática das demandas da Política Externa estadunidense considerando a sua compreensão do uso do smart power após os embates advindo da Segunda Guerra Mundial. A discussão ao longo do texto propõe um vislumbre inicial em torno da posição em relação aos objetivos e a lógica de herói dos EUA, que está presente na saga de filmes mais bem vistos na história do cinema. A indústria cinematográfica simbolizando um marco de influência do smart power norte-americano no Sistema Internacional. Palavras chaves: Smart power. Política Externa dos EUA. "Os Vingadores". Sistema Internacional. Abstract: The political and pragmatic discourse on the use and the presence of the power in the International System was the propulsion for the engagement in the production of this filmographic analysis of the legend films "The Avengers" and the Politics of the United States. The research tries to demonstrate, from the studies of Nye (2011) and the movies of the "The Avengers", that the complexity of the culture is as well a fundamental part of the expressed identity of a nation, as in its influence in the globe by an optic of power. In that, the "The Avengers" franchise represents a practical articulation of the demands of the US Foreign Policy considering its understanding of the use of their smart power after the conflict of the II Great War. The discussion throughout the text proposes an initial glimpse into the position at the relation to the objectives and the logic of hero of the USA, that is present in the saga of movies more well seen in the history of the cinema. Which, also, the film industry has been symbolizes a milestone of influence of the American smart power in the International System.
Violência Colonial em Frantz Fanon, James Baldwin e Spike Lee
Interações: Sociedade e as novas modernidades
A temática deste artigo surgiu a partir da repercussão mundial que teve o assassinato do afro-americano George Floyd cometido por policiais brancos em Minneapolis (Estados Unidos), no contexto da pandemia do COVID-19 de 2020. O seu objetivo é analisar a violência colonial embutida nos conflitos étnicos-raciaisglobais à luz da teoria de Fanon (1968), na sua obra “Os Condenados da Terra”, dialogando com dois “artivistas” (ativistas e artistas) afro-americanos: o escritor James Baldwin no documentário “Eu não sou seu negro” (Peck, 2016) e o cineasta Spike Lee, com seu filme “Faça a Coisa Certa” (1988), realizado em memória de outros afro-americanos que acabaram como George Floyd. Também nos servimos do documentário “A 13a Emenda” (DuVernay, 2016), para compreender a cruel realidade de que ainda existam leis nos Estados Unidos que abrem brechas para continuar estigmatizando e condenando o negro. O trabalho está ancorado numa análise bibliográfica, cinematográfica e documental, estabelec...
Tio Joe Stalin vai à Hollywood: o cinema americano pró-soviético (1941-45)
O cinema soviético tende a ser visto e analisado pela ótica da teoria do totalitarismo, segundo a qual, seria apenas propaganda ideológica do regime. Um instrumento dos mais importantes para o funcionamento da moderna máquina do Estado totalitário durante o século XX. Um de seus atributos, uma vez que não passaria de um meio de se controlar a consciência da massa, seria o de manipular a História constantemente e em sentidos opostos, segundo os interesses políticos do momento. Entretanto, essa teoria demonstra ser falha. Essa mesma prática pode ser facilmente encontrada no cinema que deveria ser tão autônomo quanto o livre mercado. O cinema americano tentou remodelar a imagem da URSS durante a Segunda Guerra. A sócio-história do cinema, de Marc Ferro, pode demonstrar essa similaridade, concedendo ao cinema soviético uma nova compreensão.
Cinema, Perspectivismo Ameríndio e Historicidade
Pesquisas Acadêmicas: Múltiplos Olhares, 2024
Resumo: O presente trabalho de final de disciplina "Comunicação, Imagem e Perspectivismo Ameríndio" visa explanar considerações preponderantes acerca dos temas de cinemas indígenas abordados a partir do prisma teórico do perspectivismo ameríndio. De tal maneira, é importante ressaltar que as implicações trazidas por essas produções, do ponto de vista da área conhecimento que estou inserida, no caso a história, reflete não só no âmbito da historicidade que os percursos cinematográficos das produções sobre povos indígenas até aquelas produzidas sobre e com eles.