A cognição social dos psicopatas: achados científicos recentes (original) (raw)

Sob a ótica do exame: pesquisas sobre psicopatia e psicopatas no cenário científico brasileiro

2020

Fazendo um panorama das formas como a psicopatia e os psicopatas sao tratados no cenario cientifico nacional, pelo recurso da hermeneutica foucautiana, o presente artigo traca, a partir dos relatorios de teses e dissertacoes, a rede de saber-poder que captura e constitui a figura limite do inimigo social. Essa trama forma-se com procedimentos e tecnicas de avaliacao e exame, onde diversas praticas discursivas se articulam para esquadrinhar, lapidar e objetificar uma ontologia do criminoso, de fato ou em potencial, inalienavel da natureza perversa. Os enunciados expressam-se na diade jus-psi formando os trilhos por onde correm os dispositivos de vigilância e se formam as estrategias de controle atuais. Essa pesquisa possibilitou: elucidar quais areas interessaram-se pela tematica; de que maneira elas delinearam seu(s) objeto(s); com quais saberes instituidos e instituintes estabeleceram seus dialogos; e como esse acontecimento configura-se na contemporaneidade.

Cognição social, modo default e psicopatologia

Objetivos: discutir a relação entre alterações de conectividade entre estruturas da rede default observadas em estudos de neuroimagem e o aparecimento de sintomas psicopatológicos com viés cognitivo social na depressão, ansiedade e esquizofrenia. Método: revisão narrativa de artigos. Resultados: maior ou menor conectividade de estruturas cerebrais em repouso podem comprometer a formação de representações mentais sociais, produzindo sintomas psicopatológicos. Conclusão: o estudo por imagem da conectividade cerebral no repouso é uma ferramenta útil para a compreensão da formação de vários sintomas psiquiátricos. Palavras chave: psicopatologia, conectividade cerebral, cognição, cognição social.

A causação social da psicopatologia à luz de Frantz Fanon

Resumo: Este trabalho visa apresentar a crítica de Frantz Fanon (1952, 1961), de certo modo antecipada em pelo menos 50 anos, à concepção explorada por Dominic Murphy (2006) acerca da gênese das patologias psiquiátricas. Em sua contundente postura revolucionária e anticolonial, Fanon foi um psiquiatra e filósofo que lutou pela libertação da Argélia do jugo francês e, por meio de sua prática médica, pôde observar os efeitos nefastos da guerra colonial na saúde mental dos sujeitos, sobretudo à luz do racismo. Em seus escritos podemos identificar uma profunda reflexão da causação social dos transtornos mentais que, anos mais tarde, Dominic Murphy refutaria. Contudo, permanece importante retomar a crítica fanoniana que denuncia as produções patológicas do racismo e da violência colonial, uma postura essencialmente política que não se alia, de forma alguma, à pretensa isenção apolítica do discurso médico aventado por Murphy. Abstract: This work aims to present the critique of Frantz Fanon (1952, 1961), somehow anticipated in at least 50 years, to the conception explored by Dominic Murphy (2006) about the genesis of psychiatric pathologies. In his resounding revolutionary and anticolonial attitude, Fanon was a psychiatrist and philosopher who fought for the liberation of Algeria from the French yoke, and through his psychiatric practice he was able to observe the nefarious effects of the colonial war on the subject's mental health, especially in the light of racism. In his writings we can identify a deep reflection of the social causation of mental disorders that, years later, Dominic Murphy would refute. However, it remains important to retake the Fanonian critique that denounces the pathological productions of racism and colonial violence, an essentially political stance that in no way aligns itself with the supposedly apolitical exemption of Murphy's medical discourse.

Psicopatia: O que as Pessoas Sabem de Fato Sobre este Conceito

Mudanças - Psicologia da Saúde, 2016

A ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona algumas pessoas a cometer crimes com requintes extremados de brutalidade e crueldade. O objetivo deste estudo foi levantar junto ao público de uma maneira geral o conceito de psicopatia. Método: participaram deste estudo 154 pessoas via redes sociais online. Os principais resultados demonstraram que psicopata é uma pessoa com transtorno mental ocasionado por uma pré-disposição genética (37,7%) e que não possui empatia ou remorso por alguém, podendo ser agressivos, mas tudo depende do nível de psicopatia. Portanto foi possível observar que apesar das pessoas não saberem dar muitos detalhes, eles entendem e tem um conhecimento sobre psicopatia. A definição das características de psicopata da população coincidiu com a teoria dos principais autores do assunto, diferindo apenas na ideia de transtorno mental.

A biologia pode nos ajudar a entender a psicopatologia?

Resumo A biologia pode nos ajudar a entender a psicopatologia? Eu acredito que pode. Atualmente, enfrentamos um momento histórico de crise de saúde mental em todo o mundo, com reflexões tanto na ciência quanto na política. É claro que o paradigma atual da biologia moderna, ou seja, o neodarwinismo e sua aplicação à medicina e à saúde pública, mostram sinais alarmantes de exaustão e danos iatrogênicos para os seres humanos e para a ecologia planetária. Em nenhum outro campo esta contradição se torna tão flagrante como na saúde mental pública. Estamos assistindo ao crescimento de uma pandemia de doença mental que o próprio sistema científico ajuda a construir e é incapaz de gerir. O uso excessivo, generalizado e mundial de medicação psicotrópica, os relatos alarmantes de efeitos colaterais iatrogênicos graves; Os crescentes níveis de violência, genocídio; Guerras emergentes em todos os cantos do planeta, estão nos dizendo que nossa compreensão do mundo, incluindo o seu modelo biomédico científico dominante, está flagrantemente errada. Nosso entendimento "científico" da realidade, que informa decisivamente as ações governamentais que, em última análise, induzem a população a agir com violência e ruptura de importantes relações biológicas das quais depende a nossa existência. Incrivelmente despercebido, um novo paradigma biológico foi proposto e desenvolvido nas últimas décadas. Isso é evidente em fenômenos experimentais observados em praticamente todos os campos da biologia e da medicina, especialmente quando mostram a determinação socioeconômica da saúde mental e os principais impactos da saúde ambiental, da educação e do nível de renda. Aqui, apresento um modelo abrangente de biologia humana e psicopatologia enraizado nos trabalhos científicos pioneiros de diversos pensadores e terapeutas importantes, como: o neurobiólogo chileno Humberto Maturana; O psiquiatra Carl Jung, ilustrado por experimentos científicos contemporâneos do psiquiatra americano John Weir Perry e da psiquiatra brasileira Nise da Silveira, na promoção da saúde mental. Eu também descrevo brevemente nossa própria experiência documentada e publicada na promoção da saúde mental que trabalha sob este novo paradigma, a fim de dar sentido às nossas aparentes contradições atuais e curar nossas ideias e práticas.

A evolução do conceito de psicopatia

A psicopatia é descrita como personalidade antissocial pelos manuais nosográficos contemporâneos: CID-10 e DSM-IV-TR. Contrastando tais nosografias entre si quanto aos critérios diagnósticos propostos para a psicopatia, assinalam-se as consequências de sua operacionalização, promovida, sobretudo, pelo DSM. Dentre elas, destacam-se: (1) a degradação do diagnóstico ao mero levantamento protocolar; (2) a acentuação da correlação histórica entre psicopatia e delinquência.

O que há de novo nas novas psicopatologias?

No que concerne às formas de sofrimento psíquico no tempo presente, termos semelhantes relacionam-se ao mal-estar. Comum a todos os aqui tratados, está a ideia do novo, exemplificada por expressões como: novos modos de subjetividade, novas formas de subjetivação ou novas psicopatologias. Parte-se de um paradigma de conceitos que se complementam, composto por autores como Heidegger, Weber, Dumont, Lasch e Debord. Integram assim uma visão de mundo atravessada pela morte de Deus, pelo desencantamento, pela racionalização oriunda do discurso científico e pelo individualismo.

O estado de arte do conceito de Psicopatia

Análise Psicológica, 2012

Este artigo tem como objectivo efectuar uma análise do conceito de psicopatia, tendo presente a sua evolução e as principais questões que se colocam na sua relação com o estudo do comportamento criminal. São analisados os principais indicadores que caracterizam as perspectivas clínica, categorial, tipológica e dimensional do conceito de psicopatia, assim como os principais aspectos que as diferenciam. No final do artigo é discutido o impacto, quer em termos teóricos quer empíricos, dos aspectos que são defendidos como centrais, na definição de psicopatia, para cada uma das abordagens apresentadas.

Contemporaneidade: uma psicopatia americana?

Psicologia em Estudo, 2008

RESUMO. A herança recebida pela contemporaneidade inclui, entre outras características, a racionalidade, as normatizações, a influência da ciência, certa busca por legitimações e uma valorização das permanências. O objetivo deste artigo é questionar alguns desses conceitos tão arraigados no Ocidente utilizando recortes do livro "O psicopata americano", de Bret Easton Ellis, como ilustração e ponto de partida para refletir acerca de alguns aspectos. A tendência a diagnósticos individuais e a busca por anomalias que sejam respostas a questionamentos de uma sociedade que não se responsabiliza pelas margens que estipula, demonstram a compreensão de que o mal pode e deve ser controlado em favor da cidadania dos considerados normais. Questionar, refletir e se responsabilizar é princípio de mudanças sociais para além da simples repressão do diferente; e perceber que há um pouco deste diferente em cada um é repensar os papéis determinados socialmente.

Cognição social no transtorno esquizotípico de personalidade e vulnerabilidade à psicose

Perspectivas em psicologia dos transtornos da personalidade, 2012

Cognição social no transtorno esquizotípico de personalidade e vulnerabilidade à psicose Introdução O Transtorno Esquizotípico de Personalidade (TEP) caracteriza-se clinicamente pela presença de sintomas cognitivos, perceptuais, interpessoais e desorganização do discurso e do comportamento. Por ser considerado uma forma atenuada ou um estágio prodrômico da