Cognição social, modo default e psicopatologia (original) (raw)
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Para falar dessa área de estudo pouco conhecida por essa denominação, que é a cognição social, é preciso falar de outras, que a precederam. Uma é a psicologia social, que pode ser entendida sucintamente como o estudo do modo como os pensamentos, sentimentos e ações das pessoas são influenciados pelo ambiente social. Um famoso experimento da psicologia social é o de Milgram (1974), sobre a obediência.
A cognição social dos psicopatas: achados científicos recentes
Estudos de Psicologia (Campinas), 2017
Resumo O psicopata apresenta traços na personalidade relacionados à ausência de remorso e uma maior dominância social, expressos muitas vezes como manipulação de outros indivíduos. Em estudos atuais sugere-se que psicopatas podem apresentar deficiências no processamento de estímulos emocionais em uma situação de interação social. Este estudo tem por objetivo realizar uma revisão teórica, não sistemática, discutindo pesquisas recentes sobre o tema. A partir da leitura, conclui-se que novas considerações revelam-se pertinentes, pois nem sempre o tipo de disfunção da cognição social dos psicopatas é explícito na literatura. Sugere-se que outros métodos para avaliar a capacidade dos psicopatas em identificar as emoções possam ser investigadas, além de identificar a medida das estratégias interpessoais. Em termos gerais, apresenta-se uma proposta de reflexão para um transtorno cuja compreensão etiológica deve ser biopsicossocial, contribuindo para assinalar novas direções nas pesquisas v...
Cognição, afetividade e moralidade
Educação e Pesquisa, 2000
O presente trabalho fundamenta-se em algumas tendências atuais no campo da Psicologia Moral, que buscam compreender a natureza dos juízos e das ações morais, incorporando o papel da afetividade em tais processos. Para atender esse objetivo, são apresentados alguns trabalhos recentes bem como os dados relativos a uma investigação, na qual se buscou identificar e analisar as possíveis relações entre os estados emocionais, os raciocínios morais e a organização do pensamento dos sujeitos quando solicitados a resolverem conflitos de natureza moral. Dentre seus resultados, foi encontrada uma forte relação entre o estado emocional dos sujeitos e a forma como organizavam seu raciocínio. A partir das novas contribuições teóricas que vêm surgindo recentemente neste campo de estudos, discute-se a necessidade de se pesquisar como a educação moral pode ser pautada em parâmetros distintos daqueles relacionados ao desenvolvimento e à construção da capacidade racional da justiça. Sem negar a import...
Clínica, psicopatologia e laço social hoje
Revista aSEPHallus de Orientação Lacaniana, 2022
Procuramos debater algumas perspectivas da clínica contemporânea e do campo da psicopatologia no contexto do laço social hoje, tomando como base as mudanças conceituais em Jacques Lacan sobre o Nome-do-Pai e as incidências sobre a noção de suplência no seu último ensino. Entendemos que a renovação da clínica em Lacan revigora a psicopatologia na lógica borromeana e orienta a prática do psicanalista na clínica do Real. Palavras-chave: Psicopatologia; Nominação; Nomes-do-Pai; Suplência; Estabilização. Clinique, psychopathologie et lien social aujourd'hui: On cherche à débattre de certaines perspectives de la clinique contemporaine et du domaine de la psychopathologie dans le contexte du lien social aujourd'hui. On l'examine à partir des changements conceptuels de Jacques Lacan autour du Nom-du-Père et des incidences sur la notion de suppléance dans ses dernières études. On comprend que la rénovation de la clinique de Lacan revigore la psychopathologie dans la logique borroméenne et guide la pratique du psychanalyste dans la clinique du Réel.
Cognição social no transtorno esquizotípico de personalidade e vulnerabilidade à psicose
Perspectivas em psicologia dos transtornos da personalidade, 2012
Cognição social no transtorno esquizotípico de personalidade e vulnerabilidade à psicose Introdução O Transtorno Esquizotípico de Personalidade (TEP) caracteriza-se clinicamente pela presença de sintomas cognitivos, perceptuais, interpessoais e desorganização do discurso e do comportamento. Por ser considerado uma forma atenuada ou um estágio prodrômico da
O isolamento existencial e a psicopatologia
Análise Psicológica, 2012
São apresentados, de forma sucinta, alguns dos temas principais da filosofia fenomenológica e existencialista que Irvin D. Yalom refere como base da sua interpretação das características da existência. Com foco no isolamento existencial, são depois descritos os confrontos com essas características e a psicopatologia que de uma forma compreensiva decorre do enviesamento desses confrontos, assim como os principais eixos de uma psicoterapia de base fenomenológica e existencialista.
A Encruzilhada da Psicopatologia
Associação Brasileira de Psiquiatria Biológica - ABPB, 2012
Quem esteve presente naqueles primórdios da Psiquiatria Biológica brasileira, no inicio dos anos 80, não poderia imaginar, por mais otimista, que "psiquiatria biológica" se tornaria praticamente um termo redundante, pois a psiquiatria como um todo se tornou de orientação biológica. É o que indicam as evidências, uma das principais delas o fato de que a "Molecular Psychiatry" é, de longe, a revista de maior impacto em Psiquiatria atualmente. Os trabalhos das principais revistas de psiquiatria são voltados às ciências básicas ou às ditas ciências hard, núcleo sólido das ciências naturais (outrora filosofia natural). Tudo isso é magnífico para a psicopatologia experimental e empírica. Porém, aqui e ali aflora questão agudizada já à época do Methodenstreit ou da disputa entre as ciências naturais e as humanas/culturais, com as quais Jaspers lidava: essa orientação das ciências hard basta à psiquiatria? Muitos afirmarão categoricamente que sim, que é o único caminho para o conhecimento em psicopatologia. Outros responderão igualmente, mas acrescentarão que isso se dará no futuro, sendo que, por motivos práticos, ainda precisamos da velha psicopatologia originária da clínica e com boa dose especulativo-intuitiva, teórica e até filosófica. Afinal, a psiquiatria é a especialidade médica que menos se apoia em evidências no seu propósito de cuidar dos pacientes. Ainda não dispomos de marcadores biológicos, de fórmulas ou algoritmos plenamente válidos para a maioria dos casos que encontramos na clínica. Portanto, falta muito a investigar cientificamente (hard) para que possamos finalmente prescindir daquela psicopatologia descritiva e teórica (soft). Outros dirão, ainda, que esse futuro é muito distante e inatingível, de modo que o afã de tudo explicar nos moldes das ciências naturais não passaria, na prática, de um ideal. Uma orientação frutífera, porém inatingível. Há ainda os que pensam no problema para além de uma questão prática. Para estes, a questão é de princípio. Estaríamos lidando, para sempre, com coisas diferentes. Tudo bem que uma influa na outra, ou que uma torne a outra possível, mas seriam dimensões diferentes: a natural e a humana. Seja como for, interessa-nos aqui saber a respeito da relevância da psicopatologia tradicional, notadamente de teor descritivo e conceitual (em diante designada simplesmente de psicopatologia), na psiquiatria atual. Nesse sentido, é digno de nota que a própria World Federation of Societies of Biological Psychiatry-WFSBP elaborou recentemente consenso a respeito, intitulado Psychopathology in the 21st Century