Ação política e convivência tática: os grupos de esquerda no Borel durante a reabertura (original) (raw)
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Deposições políticas no Pontal do Triângulo Mineiro (1964
RESUMO Com o golpe de Estado no Brasil em 1964, no Pontal do Triângulo Mineiro, na cidade de Ituiutaba, a chegada de uma junta militar armada em cooperação com civis no município forçou a renúncia do prefeito, do vice e de mais cinco vereadores filiados ao PTB. Em seus lugares foi colocado outro grupo político, ligado ao diretório local da UDN e alguns filiados ao PSD. Nesta pesquisa, propomos analisar os desdobramentos do golpe civil-militar no Pontal do Triângulo Mineiro. Procuramos entender o processo histórico, fatores e ações a esse acontecimento e a maneira como foram sentidos, vivenciados e executados na conjuntura local. ABSTRACT With the coup d'État in Brazil in 1964, in the point of the Triângulo Mineiro, in the Ituiutaba city, the arrival of an armed military junta in cooperation with civilians in the city forced the resignation of the mayor, the vice mayor and five other councilors affiliated to the PTB. They were replaced by another political group, linked to the UDN local directory and some PSD's filiated. This research proposes to analyze the consequences of the civil-military coup in the Pontal do Triângulo Mineiro. We seek to understand the historical process, factors and actions to these events and the way they were felt, experienced and executed in the local context.
AS APORIAS DO LUGAR DE FALA: como a política identitária afetou a esquerda
2018
A pesquisa procurou demonstrar, inicialmente, os limites do uso do lugar de fala e, posteriormente, como esse uso e esses limites afetam a atuação política da esquerda, dos movimentos sociais de esquerda. O caráter do trabalho é teórico, fazendo uma extensa revisão bibliográfica e tendo como base a Teoria Crítica. No primeiro capitulo faz-se um apontamento histórico, político e teórico referente ao sujeito que fala, a ação política de um sujeito entendida pelas variadas visões dentro do pensamento de esquerda. O capitulo dois trata da aporia do atual sentido empregado ao lugar de fala, qual seja: uma ênfase liberal da política nos indivíduos, estes tidos como uma categoria ideológica, o lugar de fala como um individualismo por via obliqua. Por fim, conclui-se que a política identitária contemporânea, representada pelo uso do lugar de fala, deslocou o eixo de atuação da esquerda da coletividade para o indivíduo.
Após junho de 2013: coletivos estético-políticos na guerrilha do sensível
XIV EHA - Encontro de História da Arte — UNICAMP, 2020
Em junho de 2013, uma série de manifestações tomaram as ruas do Brasil. A princípio como movimentos apartidários, sem hierarquia, organizados nas redes sociais, combatendo o aumento dos preços das tarifas de ônibus. Tal cenário já vinha sendo anunciado com a greve dos professores da rede pública de diversos estados em 2011 e com a greve dos bombeiros em 2012. Mas as manifestações de 2013, também conhecidas como "jornadas de junho", conduzidas principalmente por jovens estudantes, tomaram proporções gigantescas, sendo consideradas um dos maiores movimentos políticos da história do país. No contexto das manifestações, surgiram coletivos estético-políticos que, diferentemente dos coletivos brasileiros que se proliferaram na virada do século XXI, contaram com as redes sociais como elementos essenciais para sua articulação, servindo como instrumento de organização e troca -assim como também foram para organizadores dos protestos. Outra questão que marca a diferença entre os coletivos dos anos 2000 e os mais recentes é que, enquanto os primeiros, em sua maioria, surgiram movidos pela insatisfação com o sistema de arte, propondo meios de autogestão e modos alternativos de exposição, o que motiva os grupos mais recentes é a vontade de articulação política, seu direcionamento crítico a alvos bem-definidos, e o espírito de tomada dos espaços públicos pelo povo que se consolidou com as manifestações de 2013. "Ocupação", não por acaso, é uma das palavras mais repetidas pelos manifestantes, que de lá para cá vêm ocupando as ruas, edifícios institucionais, escolas e reitorias de universidades. Coletivos que misturam arte e ativismo não são novidade. São memoráveis as ações do grupo 3Nós3, surgido em São Paulo no final da década de 1970, e de alguns coletivos dos anos 2000, como o Frente 3 de Fevereiro -que propõe ações contra o racismo estrutural no Brasil -e o Contrafilé -que em 2004 realizou o Monumento à Catraca Invisível, promovendo reflexões a respeito das diversas formas de controle invisível às quais estamos sujeitos cotidianamente e sobre a igualdade de 1 Mestre e doutorando em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A Reação da Elite Política Incumbente na Abertura Democrática Brasileira
Revista de Economia Política, 2015
Este artigo analisa um dos possíveis canais através dos quais as elites incumbentes alinhadas com a ditadura brasileira foram capazes de reter o seu poder político durante a democratização na década de 1980. Com base em dados do PNAD e resultados de eleições legislativas, verificamos primeiro que os eleitores analfabetos que viviam nos estados que foram dominados pelo partido de elite durante a ditadura tinham uma probabilidade maior de se registar para votar do que aqueles que viviam em outros estados. Investigamos então se esta correlação positiva representa uma reação das elites incumbentes a fim de manter o seu poder político através da manipulação do eleitor ou se representa uma reação destes eleitores, a fim de tirar o poder das oligarquias. Constatamos que, em estados dominados pelo partido de elite, os analfabetos apresentaram maior probabilidade de estarem politicamente desinteressados e desinformados. Nossos resultados sugerem que uma reação politicamente motivada a partir desta população é implausível.
Agonia das esquerdas e a atuaçao do Boal na contracultura
Samon Noyama e Gustavo Delaqua (org), Boal e a filosofia. Curitiba, editora CRV, 2023
Muitos estudos recentes ou recentemente republicados, para ocasião do cinquentenário de Maio de 68, convidam a historiografia brasileira a repensar as relações entre fatos ocorridos no Brasil na virada da década de 1960 para 1970 e sua fixação na memória histórica da dita “contra cultura” nacional e internacional. Neste ensaio, vou me ater ao campo da historiografia do teatro, embora considerando o impacto político de qualquer fato artístico, especialmente teatral por acontecer em dimensão pública; e vou tratar de fatos ocorridos em território brasileiro e fora dele, seguindo as rotas do exílio ao qual alguns artistas foram forçados. Entre estes, especialmente Augusto Boal. O recorte proposto (1968-72) serve ao propósito de ressaltar, no contexto amplo dos movimentos produtores de um pensamento contra cultural, a forma singular com que artistas e intelectuais de diversas nacionalidades conseguiram articular no Brasil, naqueles poucos anos, um debate consistente acerca de quais práticas experimentais poderiam resistir à onda cultural conservadora que vinha sendo defendida, com modos repressivos, pelo regime militar recém-instalado no governo do país. A singularidade deste debate se dá justamente pelo fato de que a fase mais vibrante da rebelião juvenil pós-68 se deu, no Brasil, em plena ditadura.
Esquerda, organização política e consciência de classe (2023)
Discute-se nesse ensaio elementos acerca da relação entre organizações políticas e consciência de classe. Procura-se demonstrar como o retrocesso teórico e político tem relação com as condições materiais de produção e como isso impacta na fragilidade das organizações de esquerda, que se expressa tanto em sua cooptação pelo Estado como na fragmentação em pequenos grupos.
CERCO MIDIÁTICO: O lugar da esquerda na esfera “pública”
Democracia e direitos humanos: Cerco midiático, 2020
O presente estudo adota como baliza a ideia de cerco midiático. A expressão evoca uma metáfora espacial relacionada à ideia de limite, de barreira. Ela é adequada a ser trabalhada junto com o conceito de esfera pública, que também é metáfora espacial. Entre outras coisas, ambas metáforas tomam a forma da circunferência como base. A esfera é uma figura geométrica de três dimensões, já a palavra cerco traz à mente uma imagem bidimensional. Contudo, não é difícil pensar um cerco tridimensional, separando duas regiões: a de dentro e a de fora. Como tal, essa imagem é bastante útil para compreender os fenômenos examinados aqui, que dizem respeito ao comportamento dos grandes meios de comunicação brasileiros.
Abya-yala: Revista sobre Acesso à Justiça e Direitos nas Américas
Apresenta os debates estabelecidos no seminário “As Esquerdas na Atualidade: Diálogos América Latina e Europa”, realizado na Universidade de Brasília em outubro de 2017. Organizados em seção temática, os sete artigos e ensaios elaborados por diferentes pensadoras e pensadores latinoamericanos refletem sobre o papel das esquerdas diante do reequilíbrio ideológico representado pela ascensão eleitoral de frações radicais da direita em várias nações do mundo. São textos que analisam, portanto, as falhas, virtudes, limites e desafios das esquerdas mundiais em um cenário inicial de ressignificação do espectro político ideológico em que a direita avança rapidamente e se torna protagonista principal do jogo político em vários países