PEQUENO ENSAIO SOBRE UM DOS GRANDES FILÓSOFOS DO HELENISMO -O IDEAL DE HOMEM SÁBIO EM EPICURO (original) (raw)
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Phoînix, 2017
Resumo: Trata-se da análise crítica que opõe a apresentação do pensamento cirenaico no livro II da obra de Diógenes Laércio à apresentação do pensamento de Epicuro no livro X dessa mesma obra. Além das lacunas explicativas sobre o historiador e sua obra, pretendo mostrar o interesse do autor em evidenciar a grande importância do pensamento epicurista em detrimento do cirenaico, notadamente no que tange à questão do prazer e às diferenças específicas entre os dois tipos de hedonismo. Ao que parece, para Laércio, Epicuro recupera um sentido ético socrático para o prazer, o que não se encontra nem no pensamento de Aristipo, nem no dos seus seguidores. Entretanto, quando observado o texto, as semelhanças entre eles são mais evidentes que as diferenças. Em muitos aspectos Epicuro é bastante influenciado pelos cirenaicos, sobretudo em sua ética. Palavras-chave: ética; hedonismo; cirenaicos; epicurismo; prazer. L’HÉDONISME DANS LES VIES ET DOCTRINES DES PHILOSOPHES ILLUSTRES DE DIOGÈNE LAËRCE : LES CYRÉNAÏQUES ET ÉPICURE Résumé: Cet article traite de l'analyse critique qui oppose la philosophie cyrénaïque dans le livre II de l'oeuvre de Diogène Laërce à la présentation de la pensée d'Épicure dans le livre X. Il s'agit en plus de montrer la volonté de l'auteur à prouver la grande importance de la philosophie épicurienne au détriment de la philosophie cyrénaïque, surtout en ce qui concerne la question du plaisir et les différences particulières à chacun des deux types d’hédonisme. Il semblerait que, pour Laërce, Épicure récupère un sens de l’éthique socratique sur le plaisir, ce qu’on ne retrouve ni dans la pensée d’Aristippe ni dans celle de ses disciples. Cependant, en regardant de plus près le texte on voit ressortir plutôt des similitudes que des différences entre les deux. On remarquera enfin la grande influence de l’école cyrénaïque sur la pensée d’Épicure, en particulier sur son éthique. Mots-clés: éthique, hédonisme, école cyrénaïque, épicurisme, plaisir.
Epicuro no contexto do Helenismo
Revista de Ciências Humanas, 2012
Nós, ocidentais os mais tardios, somos a vigência do último-ismo, pós-posto à última síntese das experiências de realidade trazidas pela tradição histórica, desde a Grécia de Homero, no seu jogo de memória e esquecimento, conservação e transformação, retomada e abandono. O Helenismo é parte de nós. E um nome que circula em nossa biblioteca. E um nó de tensão histórica no qual enxergamos uma peripécia fundamental de nossa própria essência errante. Trata-se do-isnno do primeiro de nós, o Heleno. Primeiro significa: o originário de nós, o inaugural de nós, o nosso principio. 0 Heleno concebeu a Poesia tpica, a Tragédia, a Retórica, a Fisiologia, a Filosofia. Esta última representou para ele a tematização, a problematização, a explicitação da consciência de si mesmo, expressa na linguagem da Poesia tpica, da Tragédia, da Retórica, da Fisiologia. Herdeiro dessa experiência de linguagem que é a Filosofia e, portanto, do caráter de crise que lhe é inerente, o Helenismo é a crise dessa crise. Esta inaugurado o
HELENISMO: a estrada do Cristianismo
HELENISMO, 2017
O presente artigo tem por objetivo apresentar os elementos presentes no Helenismo que criaram as pré-condições para a posterior expansão da fé Cristã. A cultura Helênica perdurou para séculos além das conquistas de Alexandre, O Grande, permanecendo grega na língua, nos costumes e sobretudo na consciência de si mesma. Ao tempo em que nascia o Cristianismo na Judéia, em Alexandria já se estruturava uma racionalidade teológica que iria dar suporte à filosofia cristã.
O EROTISMO DE HELENA NA ILÍADA: DIONISO, A PERSPECTIVA HOMÉRICA E O GOSTO DOS COMENTADORES 1
Classica, 2019
RESUMO: Quando aparece na Ilíada, Helena já não está mais envolvida eroticamente com Páris, aceitando deitar-se com ele apenas porque Afrodite a obriga. Se, por um lado, o comportamento de Helena parece colocar em questão o erotismo de sua relação com Páris, por outro o poeta afirmará em Ilíada 24, 30 que foi a 'lascívia feminina' (makhlosýnē) lançada por Afrodite que causou a união com Páris, consequentemente levando a tantas mortes. Como o termo 'makhlosýnē ' não aparece nenhuma outra vez nos poemas homéricos, alguns comentadores antigos colocaram em dúvida a autenticidade da passagem, que introduziria segundo eles uma compreensão da relação erótica estranha à Ilíada como um todo. Todavia, o esclarecimento do termo em um escólio da Ilíada a partir da referência ao fragmento hesiódico 132 M-W (= fr. 81 Most) traz novos elementos para sua interpretação. ABSTRACT: When she shows up in the Iliad, Helen is not any more erotically involved with Paris, accepting to lay down with him just because Aphrodite had obliged her to do so. If, on the one hand, Helen’s behavior seems to call into question the erotic dimension of her relation with Paris, on the other the poet will state in Iliad 24, 30 that it was the ‘feminine randiness’ (makhlosýnē) thrown upon her by Aphrodite that created her union with Paris, causing so many deaths as a consequence. Since the word makhlosýnē isn’t used nowhere else in the Homeric poems, some ancient commentators considered the possibility of athetizing the passage, because it would introduce in the poem an understanding of the erotic relation incompatible to the Iliad as a whole. Nevertheless, the explanation of this term in a scholion to the passage based on a reference to the Hesiodic fragment 132 M-W (= fr. 81 Most) adds new elements to its interpretation.
TEMEM HERÓIS, TEMEM HEROÍNAS: UMA EPOPEIA, UM HINO E UM DITIRAMBO
Dialectus 33, 2024, 102-120, 2024
Resumo: O estudo discute o temor como reação de heróis à presença epifânica dos deuses, analisando três cenas de encontros do tipo que encontramos em várias obras da poesia grega antiga, em variados contextos e circunstânciase com variadas consequências. Tais cenas são as seguintes: na epopeia, na Ilíada, o encontro entre Helena e Afrodite no canto III, no qual o disfarce de serva anciã conhecida da espartana logo se desfaz no reconhecimento da real identidade do deus. No Hino homérico a Afrodite, a revelação de Afrodite a Anquises, após a sedução dele pela deusa. E na mélica de Baquílides, no Ditirambo 17, o encontro entre o jovem Teseu e as Nereidas, que se dá no saguão da casa de Posêidon. Nessas cenas, busco pensar o que causa temor, como essa reação emerge, e o impacto para o mortal (Helena, Anquises, Teseu)e para o andamento da obra em que ocorrem.
Resumo: Sigmund Freud, ao que biógrafos e psicanalistas interessados pelo caso O Homem dos Ratos denunciam, parece ter ocultado inúmeros aspectos referentes à mãe de seu paciente quando da escrita do caso. Trata-se de uma importante informação dentro do campo psicanalítico, pois aponta para certa intencionalidade de Freud em excluir elementos referentes à mãe que possivelmente desestabilizariam sua concepção acerca do " papel da mãe e do feminino " na trama edípica. Este trabalho apresenta tal denúncia especificamente a partir de comentários do psicanalista brasileiro Renato Mezan e do biógrafo e psicanalista britânico Patrick Mahony. Com isso, ensaia-se um questionamento sobre as possíveis consequências desse ocultamento, uma vez que este fato sugere uma manipulação – consciente ou não – de Freud para validar sua concepção acerca do Complexo de Édipo. Com esse exemplo, tentamos tornar mais clara a faceta ficcional desta construção freudiana. Construção que, ao se pretender universal, encoberta, assim como a mãe ocultada no caso o Homem dos Ratos, leituras e modalidades outras de sexuação para além de uma lógica binária e heteronormativa. Palavras-chave: Gênero. Psicanálise. Homem dos Ratos. Complexo de Édipo. Introdução O psicanalista Renato Mezan (1998) e o biógrafo Patrick Mahony (1991) indicam que Freud ocultou de seu famoso caso clínico O Homem dos Ratos (1909) importantes informações que se referem à figura da mãe do paciente analisado. Informações estas que, se consideradas, teriam como consequência uma revisão interpretativa de Freud sobre um ponto essencial: o papel e função da mãe na sintomatologia da neurose obsessiva e, subentendido a isso, na elaboração e conceituação freudiana acerca do Complexo de Édipo. Como será aqui demonstrado, esse fato nos leva à questão: é possível uma clinica psicanalítica além-Édipo? Com isso, vale acrescentar que nos utilizaremos deste caso e do fato da ocultação da figura da mãe no texto O Homem dos Ratos para abrir nosso debate, atendo-nos, somente em um segundo momento, em textos que se situam no fim da obra freudiana, entre os anos de 1923 e 1937, e que se referem ao feminino, à feminilidade e ao Complexo de Édipo propriamente dito.
A CONSTITUIÇÃO DE UM ETHOS DISCURSIVO EM "A PALO SECO"
se você vier me perguntar por onde andei no tempo em que você sonhava de olhos abertos lhe direi amigo eu me desesperava sei que assim falando pensas que esse desespero é moda em 73 mas ando mesmo descontente desesperadamente eu grito em português tenho 25 anos de sonho e de sangue e de América do Sul por força deste destino o tango argentino me vai bem melhor que o blues sei que assim falando pensas que esse desespero é moda em 73 eu quero é que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês (A palo seco-Belchior, 1974) Muito se tem discutido se a denominação de "Pessoal do Ceará" é apropriada ou não àquele grupo de cancionistas 1 cearenses que saíram do Estado no princípio dos anos setenta. Tendo em vista os depoimentos de alguns dos seus "membros", não havia nota que os harmonizasse. Eram, na verdade, um grupo que só assim poderia ser tratado em função da origem comum de boa parte de seus componentes. Um grupo heterogêneo, portanto, com propósitos diversos e concepções variadas de seu ofício. Isto se confirma quando lemos os livros de Bahiana (1980) e Pimentel (1994). O primeiro deles, uma coletânea de ensaios e entrevistas, algumas das quais colhidas no calor da hora. O segundo, um estudo de caráter sociológico, que procura situar os cearenses nas polarizações características da produção cultural do final dos anos sessenta e começo dos anos setenta: a arte e a política, o regional e o nacional, entre outros. Pimentel (1994), por exemplo, nada identifica na produção do grupo que possa dar unidade à sua práxis; aponta apenas o fato de eles terem a mesma origem como razão da denominação comum. Aliás, há quem afirme que, na onda dos regionalismos que varreu o 1 A noção de cancionista, empregada por Tatit, reflete bem o fazer semiótico que envolve o objeto sincrético, que é a canção. Para ele, o cancionista é aquele, que, "na junção da seqüência melódica com as unidades lingüísticas, ponto nevrálgico de tensividade (...), tem sempre um gesto oral elegante, no sentido de aparar as arestas e eliminar os resíduos que poderiam quebrar a naturalidade da canção. Seu recurso maior é o processo entoativo que estende a fala ao canto. Ou, numa orientação mais rigorosa, que produz a fala no canto" (1996: 9)
LEIBNIZ LEITOR DE ANSELMO: UM CASO EXEMPLAR DE DESLIZE FILOSÓFICO
Cadernos Espinosanos , 2019
O artigo procura apresentar as modificações do clássico argumento da existência de Deus feitas por Leibniz nos textos Novos ensaios sobre o entendimento humano e Meditações sobre o Conhecimento, a Verdade e as Ideias. Defende-se que já há em Leibniz uma leitura "ontologizante" de Anselmo, cuja razão bem pode ser a apropriação cartesiana do argumento. O plano de fundo dessa discussão é a maneira como os filósofos, quando leem outros, na medida em que possuem suas próprias agendas filosóficas, cometem, intencionalmente ou não, o que se chama, neste artigo, "deslize filosófico".