Atalhos na pós-metrópole. Acaso, incomunicabilidade e melancolia em três filmes americanos dos anos 90 (original) (raw)
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Pretendemos, neste ensaio, relacionar os processos de transformação urbana mais relevantes da contemporaneidade a três filmes americanos da década de 90, Grand Canyon – Ansiedade de Uma Geração (1991), Short Cuts – Cenas da Vida (1993) e Magnolia (1999). O propósito é identificar, além de uma evidente unidade estética, um padrão de recorrências temáticas que definam a experiência metropolitana de Los Angeles. Para isso, vamos nos aproximar primeiramente do conceito de pós-metrópole, definido por Edward Soja, para chegar à cidade de Los Angeles e algumas de suas representações cinematográficas na década de 90.
Pretendemos, neste ensaio, relacionar os processos de transformação urbana mais relevantes da contemporaneidade a três filmes americanos da década de 90, Grand Canyon – Ansiedade de Uma Geração (1991), Short Cuts – Cenas da Vida (1993) e Magnolia (1999). O propósito é identificar, além de uma evidente unidade estética, um padrão de recorrências temáticas que definam a experiência metropolitana de Los Angeles. Para isso, vamos nos aproximar primeiramente do conceito de pós-metrópole, definido por Edward Soja, para chegar à cidade de Los Angeles e algumas de suas representações cinematográficas na década de 90.
2009
Esse trabalho dedica-se ao estudo da produção cinematográfica sessentista, debruçando-se, particularmente, sobre sua ênfase em captar a realidade da cidade através de imagens documentais ou semidocumentais das metrópoles, inserindo-as em narrativas ficcionais que almejavam uma espécie de cinema-verdade. Dos vários exemplos possíveis, nesse trabalho escolhemos dois filmes para a análise, "Noite vazia" (1964), de Walter Hugo Khouri, e "São Paulo S. A." (1965), de Luís Sérgio Person. Ambos os filmes tentam captar à sua maneira a São Paulo efervescente das imagens reais, destacando o sentimento de desorientação e crise existencial dos personagens urbanos. Em comum nos dois filmes é possível perceber a eleição de um personagem como ponto central onde as dúvidas e o caos de experiências da cidade se encontram e a transformação da "realidade" captada pela câmera em um suporte para a reflexão filosófica, arrancando dessas imagens "reais" da cidade uma representação imagética poética e perturbadora, ao evocar tanto os motivos da perda, quanto os da possibilidade utópica.
Alteridade, tecnologia e utopia no cinema de ficção científica norte americano: a tetralogia aliens
2011
A ficção científica é um fenómeno híbrido, de fronteira, onde confluem a história, a ciência e a religiosidade, e onde se combinam a fantasia e a realidade, a racionalidade e a imaginação, o encantamento e a crítica, passados alternativos, presentes possíveis e futuros imaginados. É no ponto de intersecção de todas estas coisas, entre religião e ciência, entre realismo e fantasia, entre ciências humanas e físicas, que encontramos esta nova forma de imaginação verosímil, um género que emerge em todo o seu esplendor no século XX, século em que, contraditoriamente, é fornecida a maior quantidade de explicações e a menor quantidade de certezas. Como resume brilhantemente Eduardo Prado Coelho: "Com Copérnico, o homem deixou de estar no centro do Universo. Com Darwin, o homem deixou de ser o centro do reino animal. Com Marx, o homem deixou de ser o centro da história (que, aliás, não possui um centro). Com Freud, o homem deixou de ser o centro de si mesmo (que também nem sequer existe, é apenas um lugar vazio, uma brecha, uma voragem) e aprendeu que ele próprio é constituído por uma estrutura, a estrutura da linguagem." 1 Mas podemos ainda acrescentar a este ruir de certezas do século XX que as guerras mundiais, os desastres ecológicos e as reflexões epistemológicas erodem a fé no racionalismo e na possibilidade de uma ciência objectiva, pura e descomprometida, do mesmo modo que o crash da Bolsa de 1929, o Macarthismo e o acentuar das desigualdades abalam o sonho capitalista e democrático americano, e Estaline (e a posterior queda do muro de Berlim) abalam a utopia socialista. A razão, enquanto instância de clarividência, capaz de distinguir o justo do injusto, o verdadeiro do falso, o bem do mal, enquanto fonte de bom senso moral, económico ou político, parece fatalmente ferida, privando a humanidade da sua principal ferramenta mental.
Representações estéticas da metrópole no cinema de autor dos anos 1920
2000
Ao Prof. Dr. Edson Leite, por acreditar neste trabalho de pesquisa e orientá-lo com objetividade e rigor, contribuindo para meu amadurecimento acadêmico. Ao amigo Olívio Guedes, por me apresentar o Programa Interunidades e seus competentes professores, possibilitando meus planos de uma pós-graduação. Aos professores Dr. João Eduardo Hidalgo e Dra. Jane Aparecida Marques, por suas orientações de extrema valia na ocasião de minha qualificação. À Profa. Dra. Elza Ajzenberg, por suas aulas e suas orientações para a academia e para a vida. À Profa. Ms. Maria Cristina Caponero, pelas orientações dadas na preparação de minha qualificação. Aos caros colegas Adilson Mendes e Alexandre Miyazato, da Cinemateca Brasileira, por possibilitarem meu acesso a materiais essenciais para o cumprimento desta pesquisa. A Frederico Barbosa, por ter me dado a primeira oportunidade profissional no ambiente da poesia e da arte, sendo grande responsável por todo meu desenvolvimento subsequente. À minha cunhada, Alessandra Boldrini, pela gentil cortesia em empregar seu talento e sua paciência na arte da capa deste trabalho. A Gabriela Bassan, por colaborar com a prospecção de material complementar à pesquisa. Aos queridos amigos de hoje e sempre Daniel Solimene, Elizabeth Martin Daniel Babalin dos Santos e Clenir Bellezi de Oliveira, pelo incentivo constante.
O objetivo deste trabalho é refletir sobre duas características importantes da cultura audiovisual estadunidense na década de 1980: a centralidade das figuras masculinas adolescentes e a nostalgia dos anos 1950. Tais características serão discutidas por meio de uma aproximação comparativa entre os filmes De volta para o futuro (Robert Zemeckis, 1985) e Veludo azul (David Lynch, 1986), observando-se, entre outros aspectos, o uso que ambos fazem da figura de Sandman (o Homem da Areia) a partir de letras de canções em suas trilhas musicais. Com isso, procura-se destacar o papel central dessas obras nas carreiras de seus diretores, bem como sugerir que pode haver uma ligação mais forte entre esses dois distintos, porém influentes, filmes da década de 1980.
Cronotopias da memória, da imaginação e do esquecimento: cenas dissensuais em dois filmes de Tata Amaral, 2019
Esta pesquisa parte do vazio aberto pela perda de entes queridos durante a ditadura militar brasileira por ex-presos e perseguidos políticos e familiares de mortos e desaparecidos, para esboçar uma compreensão da elaboração da memória autoritária pela arte da memória do cinema. A discussão sobre o tema é encaminhada a partir de sua abordagem em duas produções do cinema nacional contemporâneo, os filmes Hoje (2011) e Trago Comigo (2016), da cineasta paulistana Tata Amaral. Nessas obras, a distância entre o passado ditatorial e o presente democrático é suprimida pelo prolongamento dos traumas provocados pela tortura e do sofrimento causado pelo desaparecimento e morte de pessoas no cotidiano dos que sobreviveram a essas experiências. Em cada filme, os modos de ressurgência de imagens das vítimas na memória e na imaginação dos sobreviventes e familiares de mortos e desaparecidos apontam para a atualização de seu lugar na narrativa histórica, provocando rasuras no consenso ficcional sobre a ditadura no Brasil e sobre as formas de esquecimento público do passado incitado na cultura política brasileira.
Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, 2005
Formado em filosofia pela FFLCHUSP, cursou (sem se diplomar) a FAUUSP nos anos 70, compondo a diretoria do GFAU em 1976. Exassociado da Sociedade Amigos da Cinemateca, foi um dos fundadores do Cineclubefau, do qual participou entre 1975 e 1978. Nessa qualidade, esteve presente à fundação da Federação Paulista de Cineclubes, em 23 de março de 1975, tendo tomado parte das Jornadas Nacionais de Cineclubes de Campinas (SP), em 1975, e Juiz de Fora (MG), em 1976. Como jornalista, trabalhou durante 12 anos na Editora Abril, passando pelas revistas Veja, Placar, Claudia e Superinteressante. Trabalhou também na Editora Globo e foi editor de Opinião do jornal Diário do Grande ABC, de Santo André. Atualmente, cursa pós-graduação na área de Estética, no Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, trabalhando a questão de como se constitui a estética enquanto disciplina na obra de G.W. F. Hegel.
Media e melancolia : o trágico, o grotesco e o barroco
2011
Nao YOU ocupar-me da rilelancolia. discursiva da narrativa romantica, a melancolia das deambula<;5es do folneur, uma melancolia doce e atona, demissionista, sem outro compromisso com a epoca que a contempla<;ao da finitude das coisas. Eu diria que a melancolia romantica e mesmo a «bills negra», diagnosticada pela medicina na Antiguidade, que torna os individuos atreitos a ser possuidos pelo Demonio, quer dizer, pelo Diabo (no sentido da sugestao etimologica de dia/bolC, uma imagem que se separa e autonomiza)I. Sobre a melancolia discursiva, seja ela doce e atona, ou inconformista, gostaria de convocar aqui um trecho de Camilo Castelo Branco, inserto no capitulo XIX de A Brasileira de Prazins. Transcrevo um pequeno dialogo entre 0 padre Osorio e 0 missionario freiJoao de Borba da Montanha (0 de Varatojo), cujo «confessionario era a sua faina de prosperrimas colheitas para a_LeU»: [ ... ] Nao ve, padre lOaD, que esta rapariga esta abatida por uma grande amargura que a prende com actos da sua vida passada? Nao a ve tao caida, tao melanc6lica ... Este entendimento do que e separado e concomitante ao entendimento daquilo que e diverso. E 0 diverso, nas palavras de Victor Segalen (1995, I: 747), e apenas «0 poder de Conceber Outrem». Esta percep~ao do diverso «faz do conhecimento a sensa~ao da estranheza, do inesperado, do sobre•humano, de 'tudo 0 que e Outro', sem que seja todavia um objecto aparentado ao correlato de um sujeito no sentido cartesiano» (Christine Bud•Glucksman, 2005: 51). Pode dizer•se, de facto, retomando esta autora (ibidem) que «0 vento de ateismo reivindicado nao e a perda do misterio. [ ... J Um tal vento deixa produzir•se 0 momento «em que omisterioso partidpa da vertigem. Porque e no proprio diverso que 'e exaltada a e.xistenda'».
A pós-modernidade está quebrada: Violência e espetacularização em Black Mirror
Anais do 40º Intercom, 2017
A série Black Mirror (2011) transporta a audiência a um futuro distópico no qual a tecnologia interfere severamente na vida social e nas relações interpessoais. Nela, os gadgets e a conectividade interpelam os modos de ser e agir, esvaziando o altruísmo e ampliando o hedonismo. A partir de um referencial teórico amparado pelos temas da pós-modernidade em diálogo com a espetacularização midiática da violência, analisamos o episódio intitulado White Bear. A discussão deste fenômeno nos leva a considerar o ethos pós-moderno, ao passo em que a tecnologia favorece banalização da barbárie na forma de espetáculo.