Ucrânia: a fronteira da fronteira Eurasiana (original) (raw)
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A Ucrânia e a União Euro-Asiatica
2013
A África Subsariana vem registando na última década progressos mais ou menos localizados e importantes no fortalecimento do Estado de direito, na melhoria da governação e nos processos de democratização, que conjuntamente com as oportunidades económicas são elementos decisivos para alcançar o desenvolvimento sustentável. Este artigo faz um ponto de situação relativamente aos progressos registados bem como aos riscos que enfrentam vários Estados da região em termos do nexo segurança e desenvolvimento. A recente indisponibilidade da Ucrânia na assinatura do Deep and Comprehensive Free Trade Agreement com a União Europeia, que na prática posicionaria o país numa fase de pré-adesão à organização, levantou naturalmente a questão do país, por esse facto, poder vir a aderir ao projeto da União Aduaneira, embrião da futura União Euro-asiática proposta pela Federação Russa. Encontrando-se atualmente a opinião pública ucraniana fortemente bipolarizada entre o projeto europeu e um incremento relacional com a Federação Russa, realidade que naturalmente se projeta na classe política, a decisão entretanto tomada não deverá contudo ser apenas perspetivada como decorrente exclusivamente da pressão russa nesse sentido, mas também como consequência do peso dos interesses nacionais ucranianos.
Ucrânia e Belarus: Tão perto da Rússia e tão longe do Ocidente.
O presente capítulo pretende elucidar as transformações ocorridas na Ucrânia e em Belarus desde o fim da União Soviética até os dias de hoje, a partir das peculiaridades que cercam esses países e das relações que travam com seu entorno regional e internacional. A ênfase recai sobre as diferentes características que marcaram a construção de seus Estados no período pós-URSS e a influência desses processos sobre suas posturas externas. Inevitavelmente, por motivos que ficarão mais claros no decorrer do texto, o entorno regional exerce bastante influência sobre esses desdobramentos, motivo pelo qual a posição russa a respeito desses países será constantemente abordada.
Conjuntura Austral, 2022
A presente guerra entre Rússia e Ucrânia aturdiu um grupo bastante representativo de acadêmicos e diplomatas ocidentais. Entretanto, frente à "inesperada" anexação da Crimeia, ocorrida em 2014, e o início do confronto no Donbass, tal postura seria no mínimo incauta. Esta análise de conjuntura tenta dar conta das origens do problema a partir da complexidade empírica da relação russo-ucraniana e da incapacidade teórica da disciplina de relações internacionais em perceber o círculo vicioso entre identidades e interesses, o qual foi fundamental para chegarmos à situação atual. Isso é feito por meio da interpretação de textos acadêmicos, matérias jornalísticas e documentos oficiais sobre a relação entre Ucrânia, Rússia e a OTAN, à luz da importância das identidades estatais dos atores como causa para o conflito. À guisa de conclusão, sugere-se que a alternativa mais adequada para cessar a violência imediatamente seria a declaração unilateral da OTAN de uma moratória ao ingresso de novos membros, por um prazo bastante estendido, e o comprometimento de se iniciarem negociações sobre um estatuto de neutralidade militar da Ucrânia.
Conflito Rússia-Ucrânia e mais uma crise migratória
2022
Trata-se de uma iniciativa de difusão científica e de debate sobre assuntos contemporâneos. Neste número, abordaremos a guerra Rússia-Ucrânia e suas implicações para as migrações internacionais na Ucrânia.
Ucrânia, O Campo de Confronto Imperialista
O presente artigo analisa a crise ucraniana partindo do pressuposto de que a Ucrânia, desde a sua independência, tem sido vítima ou campo das disputas geopolíticas de dois impérios – o ocidental e o russo. Realça-se igualmente, que a razão desta condição de vítima da Ucrânia no contexto da crise resulta, por um lado, do sentimento russo de que a Ucrânia faz parte da sua esfera de influência natural, por causa da proximidade geográfica, histórica e identitária, por outro lado, resulta das ambições geopolíticas do ocidente como o alargamento da União Europeia e a expansão da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN). O confronto entre os dois impérios foi tomando contornos complexos que desembocaram na revolução laranja em 2004, nos conflitos sobre o preço do gás natural entre 2006 e 2010, na adesão/ anexação da Crimeia em 2014 e na assinatura do Acordo de Livre Comércio e Cooperação Política em 2014. Todos estes acontecimentos puseram a Ucrânia em sucessivas crises e dilemas diante da pressão tanto do ocidente quanto da Rússia. No tocante ao futuro da Ucrânia o artigo apresenta quatro cenários dos quais o primeiro tem mais possibilidades de se materializar, dada a situação prevalecente na Ucrânia.
A Crise na Ucrânia - Entre a integração europeia e a restauração da esfera de influência russa
Em 2010, começava a nova era de Yanukovych no comando da Ucrânia, que seria mais uma vez marcada por outra revolta popular, com o início dos protestos em Novembro de 2013 a inaugurarem uma turbulência interna que iria prolongar-se até à sua demissão, em Fevereiro de 2014. No entanto, como a anexação da Crimeia por parte da Rússia mostrou, a crise da Ucrânia actual reflecte uma contestação a nível de fronteiras evidente. Por um lado, o este e sul do território preservam uma tradição de língua, cultura e identidade nas suas populações de etnia russa. Por outro lado, a Ucrânia insere-se num quadro geopolítico, além das suas próprias fronteiras, onde a Rússia tenta recuperar a sua esfera de influência e alargar o seu projecto eurasiático.
Ucrânia: uma história inconveniente
Ucrânia: uma história inconveniente, 2022
Presença de batalhões nazistas no exército ucraniano é inaceitável, mas vale conhecer suas origens históricas. País sofreu, como tragédia, a coletivização forçada do campo, por Stálin. Parte da população simpatizou com o invasor alemão Nas últimas semanas, os olhares do mundo se voltaram para a invasão russa da Ucrânia, colocando o Leste europeu no centro do debate público. Pouco antes do conflito, Vladimir Putin fez uma declaração polêmica: "a Ucrânia moderna foi criada inteiramente pela Rússia, mais precisamente pelos bolcheviques, a Rússia comunista". Nessa perspectiva, a Ucrânia seria uma nação artificial e ingrata, pois estaria rechaçando a herança comunista, responsáveis pela existência do país. O presidente russo disse ainda que o objetivo é "desnazificar" o governo de Volodymyr Zelensky,