Claudio Kuievinny - “Árvore, inclina teus ramos e restaura minha mãe com teus frutos”: a narrativa apócrifa da infância de Jesus e os Milagres da Palmeira na iconografia ítalo-germânica (séculos XII-XIV) (original) (raw)
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Sacralidades Medievais: narrativas, memórias e representações, 2022.
A iconografia cristã medieval, longe de uma simples cultura espelho das doutrinas da Igreja, costuma ilustrar temas sobre a vida de Jesus que não baseados exclusivamente nas passagens bíblicas; os quatro evangelhos do cânon não são suficientes para interpretá-los. É o caso, por exemplo, das representações das narrativas dos “apócrifos”, os textos excluídos do cânone das “Escrituras” por terem sido, sobretudo, considerados heréticos. Apesar de a princípio rejeitados pela ortodoxia, estes escritos influenciaram significativamente a arte medieval, como os evangelhos da infância de Jesus, que buscavam “complementar” as passagens da Bíblia dos primeiros anos de vida do Cristo. Entre as representações do famoso tema iconográfico “Fuga ao Egito”, narrativa de origem canônica (Mateus 2:13-14), ganha destaque as cenas do “milagre da palmeira”, história do apócrifo da infância “Evangelho do Pseudo-Mateus” (século VII). Este trabalho analisa comparativamente três versões iconográficas do milagre da palmeira, surgidas nos contextos italiano e germânico entre os séculos XII e XIV. Duas delas se encontram em manuscritos e uma em um teto de uma igreja. Intenciona-se também um exame comparativo das três fontes com a narrativa apócrifa.
Monografia apresentada ao Departamento de História do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Licenciatura plena em História, 2022
A iconografia cristã medieval costuma ilustrar temas sobre a vida de Jesus que não baseados exclusivamente nos textos bíblicos; os evangelhos do cânon são insuficientes para interpretá- los. É o caso das representações das narrativas dos “apócrifos”, os escritos cristãos excluídos do cânone das “Escrituras”, sobretudo por terem sido considerados heréticos. Apesar de rejeitados pela ortodoxia nos primeiros séculos da Igreja, na Idade Média eles se tornaram parte integrante da cultura, influenciando em especial sua arte. Um exemplo são as narrativas dos “evangelhos da infância de Jesus”, apócrifos que buscavam complementar as passagens bíblicas dos primeiros anos de vida do Cristo. Neste trabalho pretendemos estudar comparativamente três versões da iconografia ítalo-germânica, produzidas entre os séculos XII e XIV, que ilustram temas dos apócrifos da infância de Jesus. Dentre eles, alguns foram escolhidos para análise: o milagre da palmeira na fuga ao Egito, o milagre dos pássaros debarro, e Jesus na escola. a abordagem em perspectiva comparada, pretende-se destacar semelhanças e diferenças entre as fontes que ressaltem sua maneira particular de representarem as narrativas dos evangelhos da infância, e, em especial, o personagem Jesus. Para tanto, buscar-se-á também um exame comparativo das imagens com os mais influentes apócrifos da infância no Ocidente, o “Evangelho do Pseudo-Tomé” (século II), o “Evangelho Árabe da Infância” (século VI), e o “Evangelho do Pseudo-Mateus” (século VII).
A infância de cristo em Ednotationes et meditationes in Euangelia do Padre Jerónimo
Via Spiritus : Revista de História da Espiritualidade e do Sentimento Religioso, 2010
D. Vasco Luís da Gama (1612-1676), 1st Marquis of Niza, was one of the first lords that, in the mid 17th Century, decided to create a public library that would impress Lisbon. Among the many books that were ordered and suggested is the work of Priest Jerónimo Nadal – Adnotationes et meditations in Evangelia (1594) – already considered a iconographic treasure in its time… The images of childhood – noted and meditated upon… - analysed in this work demonstrate well the virtuousness of the Jesuit apologetic style of the time. Nadal's work was responsible for establishing a rhetoric, of materializing a paideia which was later greatly cultivated.
Evocações do Paraíso na iconografia da Idade Média
Invenire: Revista de bens culturais da Igreja, 2015
delícias (...) onde haverá gozo e alegria, cânticos de louvor e melodias de música" (Is 51, 3); no Novo Testamento, no Evangelho de São Lucas, Cristo refere-o ao bom ladrão, como promessa de salvação, afiançando que "Em verdade te digo: Hoje estarás Comigo no Paraíso" (Lc 23, 43), tema que é retomado, no Apocalipse de São João, ao afirmar que "ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da Árvore da Vida que está no Paraíso de Deus" (Ap 2, 7). A escatologia apocalíptica refere-se ao Paraíso celeste, relacionando-o com a exaltação prometida a Jerusalém no fim dos tempos (Ap 21, 10-27 e 21, 1-5).
Na década de 80 do século XIX, a restauração do tomismo em Portugal teve como centro a diocese de Coimbra, então governada por D. Manuel Correia de Bastos Pina (1830-1913), que assumiu, entre os bispos portugueses, as primeiras iniciativas tendentes a tal objectivo. Referimo- nos à criação de uma cadeira específica no Seminário da diocese (Filosofia Tomista), a uma instituição que desenvolvia actividades regulares (Academia de S. Tomás de Aquino), a um periódico (Instituições Christãs), a uma infra-estrutura apropriada (um salão no Seminário) e a uma tipografia destinada à impressão de obras e discursos produzidos pelos intervenientes neste amplo movimento (Typographia das Instituições Christãs, a que sucederia a Typographia do Seminario). Toda esta dinâmica corresponde a uma determinada estratégia eclesial gizada e aplicada por Bastos Pina, principal factor para a sua compreensão.
Revista Rossio: Estudos de Lisboa, Nº 5, p. 228-237., 2015
A reedificação do antigo convento de Nossa Senhora de Jesus, arruinado com o terramoto de Lisboa de 1755, assiste a um período particularmente próspero a partir de 1768, graças à acção de Fr. Manuel do Cenáculo. Contexto em que se inscreve a intervenção do arquitecto Joaquim de Oliveira, daria origem a uma das mais emblemáticas fachadas da Lisboa reconstruída. A renovada igreja de Jesus emerge, assim, como uma encomenda à margem da programática pombalina, seja pelos seus contornos estilísticos, seja pelo carácter privado que assume. The former convent of Nossa Senhora de Jesus, destroyed as a result of Lisbon’s earthquake in 1755, was rebuilt during a particularly flourishing period from 1768 on, thanks to the work of Fr. Manuel do Cenáculo. This period, during which architect Joaquim de Oliveira worked on its renovation, would result in one of the most iconic façades of the rebuilt city of Lisbon. The renewed church of Jesus was thus a commissioned work on the sidelines of Pombal’s planning, either by its stylistic features or because of its private nature.
2014
Images of Augustine and the Mass of Gregory and the construction of a masculine pitcorial discourse of the religio cordis in medieval times Abstract: Since colonial times the pictorial discourse of the religio cordis brasiliensis, a religious expression of the “cordial `man´” (Sérgio Buarque de Holanda), has been constitutive for his world experience, world relation, and form to built his world. This iconographic discourse comes up in the centre of the middle age and sedimented at its end the ideal iconographic program of Catholicism and it was because of this reaffirmed during the Catholic reformation. For the reason of extention this article identifies central aspects of this language of this innovative phase of its creation only based on paintings and engravings of Augustus form Hippo; Bernard of Clairvaux, and the mess of Pope Gregor the Great, that is, its masculine representations. Keywords: Medieval iconography; Augustus form Hippo; Bernard of Clairvaux; the mess of Pope Gregor the Great; religio cordis; religion of the heart. Resumo: Desde a época colonial era o discurso imagético da religio cordis brasiliensis uma expressão religiosa do “`homem´ cordial” (Sérgio Buarque de Holanda) constitutivo para a sua experiência do mundo, sua relação com o mundo e construção do seu mundo. Este discurso iconográfico surge na Alta Idade Média e se sedimenta no final dessa época como programa iconográfico ideal do catolicismo e, por isso, retomado na reforma católica. Por razões de espaço optamos neste artigo por identificar aspectos centrais dessa linguagem nesta fase inovadora da sua criação, somente na base de pinturas e gravuras de Agostinho de Hipona, Bernardo de Claraval e da missa de Gregório, ou seja, das representantes masculinas.