Ligia Saramago | Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (original) (raw)

Papers by Ligia Saramago

Research paper thumbnail of Espaço e obra de arte nos pensamentos de Heidegger e Gadamer

Research paper thumbnail of Entre a Terra e o Céu: a questão do habitar em Heidegger

O Que nos faz pensar, Dec 1, 2011

Research paper thumbnail of Sobre paisagem e representação

Ekstasis, Sep 12, 2014

Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia ... more Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 45 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 46 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica V.3 | N.1 [2014] 47 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação

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Within the philosophical writings of Martin Heidegger and Hans-Georg Gadamer, this paper will con... more Within the philosophical writings of Martin Heidegger and Hans-Georg Gadamer, this paper will consider an issue that remains salient to contemporary aesthetics: the tight relationship that not uncommonly establishes itself between a work of art and its place: the physical environment for which it was originally intended and to which it would belong. In this context, the concept of original place carries with it - equal measure - the idea of original destination, where the “why” and the “whither” of a work are identifi ed. The relationship between architecture, space, and works of art thus reveal themselves in all of their complexity. The thematization of this question in the works of these two thinkers - that considered the interdependency among a work of art, its time, and its space - raised considerations which are extremely meaningful and have current value, capable of shedding light on diverse threads ofthe language of contemporary art, particularly those which face the challeng...

Research paper thumbnail of Entre a Terra e o Céu: a questão do habitar em Heidegger

Research paper thumbnail of Sobre "A arte e o espaco", de Martin Heidegger

Artefilosofia, 2008

The present study focuses on the question of space as discussed by Heidegger in the conference Ar... more The present study focuses on the question of space as discussed by Heidegger in the conference Art and Space (Die Kunst und der Raum), from 1969. Some of the most important subjects of the author – such as art, technique, language and dwelling – can be found in this writing in its connections with the heideggerian topology. The problem of the body, or of the corporality, receives in this conference an interesting approach through the art of sculpture, bringing elements not frequently found in Heidegger’s refl ections on space

Research paper thumbnail of Sobre a Serenidade Em Heidegger: Uma Reflexão Sobre Os Caminhos Do Pensamento

Aprender Caderno De Filosofia E Psicologia Da Educacao, Aug 10, 2014

Research paper thumbnail of A Topologia Do Ser: Lugar, Espaço e Linguagem No Pensamento De Martin Heidegger

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Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2014

Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia ... more Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 45 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 46 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica V.3 | N.1 [2014] 47 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação

Research paper thumbnail of Sobre paisagem e representação

Resumo Termo de crucial importância em âmbitos tão variados como na geografia, nas artes visuais... more Resumo

Termo de crucial importância em âmbitos tão variados como na geografia, nas artes visuais e na cosmologia, a palavra “paisagem” parece ir muito além do que diz sua etimologia, e mesmo do que narra sua história. Mas ainda que suas possibilidades de significação se prestem a renovados desdobramentos, sua condição de representação parece não se abrir a qualquer questionamento. As reflexões que se seguem se enraízam principalmente no solo das artes visuais, e buscam examinar justamente a premissa da inseparabilidade entre paisagem e representação. O foco destas considerações recai antes de tudo sobre a Land Art, especialmente sobre Robert Smithson. Há também a presença de Martin Heidegger no que tange a questão da representação, tão decisiva no âmbito da filosofia. Este breve estudo não pretende ser abrangente, ou mesmo “mapear” o problema, mas tão somente indicar algumas brechas abertas pela arte na supostamente sólida juntura que une paisagem e representação.

Palavras-chave
Paisagem – representação – Land Art – Martin Heidegger

Abstract

As a fundamental term in areas as diverse as geography, visual arts and cosmology, the word ‘landscape’ seems to go far beyond its etymology and its history. Although its possible meanings allow new unfoldings, its representational status does not seem subjected to any questioning. Rooted in the visual arts, the present reflexions examine the presupposed inseparability between landscape and representation. These considerations focus primarily on Land Art, especially on the work of Robert Smithson. In order to tackle the issue of representation, I am also making use of Martin Heidegger’s seminal philosophical ideas. This brief study is not intended to be comprehensive or even to "map" the problem. It aims rather to point out some loopholes open by art in what is assumed to be a solid bond between landscape and representation.

Key-words
Landscape – representation – Land Art – Martin Heidegger

Research paper thumbnail of Sobre a serenidade em Heidegger: uma reflexão sobre os caminhos do pensamento

O presente texto tem como objetivo apresentar algumas colocações de Heidegger sobre o pensar, em ... more O presente texto tem como objetivo apresentar algumas colocações de Heidegger sobre o pensar, em especial o que ele chama de "outro pensamento". Serão tratados aqui apenas dois de seus escritos, Para a discussão da serenidade: de uma conversa sobre o pensamento que teve lugar num caminho de campo e Serenidade ( 1955 ), buscando fazer um contraponto com importantes declarações feitas pelo autor em sua famosa entrevista a Der Spiegel ( 1966 ). Os pensamentos calculador e meditativo serão aqui considerados, bem como a crucial noção de serenidade, no contexto da reflexão heideggeriana sobre esta questão.

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Vasari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del Fiore não devia ser relacionada ... more Vasari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del Fiore não devia ser relacionada apenas ao espaço da catedral e seus respectivos volumes, mas ao espaço de toda a cidade, ou seja a um horizonte circular, precisamente ao perfil das colinas em torno de Florença: "Vendo-se ela elevar-se em tamanha altura, que os montes ao redor de Florença parecem semelhantes a ela."Portanto, também está relacionada ao céu que domina aquele horizonte de colinas contra o qual "parece que realmente combata"-"e, na verdade, parece que o céu dela tenha inveja, pois sem cessar os raios todos os dias a procuram." 2 Giulio Carlo Argan

Research paper thumbnail of Entre a terra e o céu: a questão do habitar em Heidegger

A questão do habitar em Heidegger, tanto nos escritos do início do caminho de seu pensamento, com... more A questão do habitar em Heidegger, tanto nos escritos do início do caminho de seu pensamento, como naqueles em que a poesia se faz fortemente presente, é marcada por uma aparente ambiguidade, que melhor se expressaria na palavra tensão: originária e ontologicamente o homem habita mergulhado na estranheza, de tal maneira que qualquer forma de familiaridade, ou do "sentir-se em casa" são apenas modos de encobrimento desta arraigada e inescapável estranheza. É justamente esta tensão intrínseca ao sentido mais profundo do habitar em Heidegger o que nos interessa no presente estudo.

Research paper thumbnail of Como ponta de lança: o pensamento do lugar em Heidegger

Mais conhecido como um filósofo do tempo, Martin Heidegger pode ser hoje considerado um dos mais ... more Mais conhecido como um filósofo do tempo, Martin Heidegger pode ser hoje considerado um dos mais expressivos pensadores do espaço no panorama da filosofia contemporânea. Não apenas do espaço, mas antes, do lugar 1 , que, para ele, de forma alguma poderia ser tomado como um sinônimo do primeiro. De fato, desde o início de sua reflexão, Heidegger pensou o espaço em sua vinculação ontológica com a noção de lugar, considerando este último em seu sentido mais tangível: os lugares do mundo. E a importância do lugar veio a atravessar todo o seu pensamento, como um conceito que constantemente reafirmou sua crucial necessidade teórica nos mais diferentes contextos. Heidegger partiu, inicialmente, de considerações fenomenológicas, inscritas no âmbito do entorno do mundo, para uma reflexão mais ampla sobre o lugar, envolvendo a paisagem, o sagrado, a tecnologia, a arte e a arquitetura, por exemplo. Seu pensamento, no que diz respeito a estas questões, vem encontrando importantes interlocutores não apenas na filosofia, mas também na geografia, no urbanismo e na chamada ecologia profunda. Neste sentido, me proponho aqui abordar, em linhas gerais, alguns temas presentes no pensamento de Heidegger sobre o lugar, partindo das premissas por ele colocadas já na década de 1920 até as formulações presentes nos escritos dos anos 1950 -quando o fenômeno do lugar se impôs como um forte contraponto ao chamado espaço moderno -, dando ênfase à conexão do primeiro com a ideia de paisagem.

Research paper thumbnail of A angústia da espera em Proust: a cena do beijo materno

Fechar e abrir dos olhos, adormecer e novamente despertar na travessia solitária de longas noites... more Fechar e abrir dos olhos, adormecer e novamente despertar na travessia solitária de longas noites de insônia e numa espera melancólica pelas primeiras luzes do dia: assim se inicia o romance de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido. E não por acaso: durante a infância do narrador, a espera noturna pelo momento de adormecer, momento da dolorosa oscilação entre o sono e a vigília, o levavam a angustiar-se frente a um tempo que parecia não ter fim. Na pungente descrição destas horas, outros três elementos vêm ao tempo se associar: o espaço, a memória e o hábito, pontos de apoio de sua existência que, ora vacilantes, ora onipotentes, envolvem o narrador na complexa aventura de seu espírito. Situar-se no tempo e no espaço ao despertar em plena noite, ordenar o caleidoscópio da memória e tentar restaurar as reconfortantes certezas do hábito no momento incerto em que recobrava a consciência não era para o menino uma tarefa banal ou mesmo facilitada pela simples repetição deste evento. Como diz Proust, (...) um homem que dorme, mantém em círculo em torno de si o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Ao acordar consulta-os instintivamente e neles verifica num segundo o ponto da terra em que se acha, o tempo que decorreu até despertar; esta ordenação, porém, se pode confundir e romper. 1 O marcante episódio que se desenrola a partir da espera pelo habitual beijo de boanoite de sua mãe, que vai se construindo aos poucos e se estende de forma ao mesmo tempo tensa e fragmentada por toda a primeira parte do romance, se oferece como um momento exemplar em que alguns traços essenciais do universo proustiano se mostram em toda a sua força e ambigüidade. A cena da espera pelo precioso beijo, que na infância do narrador tem o poder de reunir e reger com seu encanto o movimento destes quatro elementos -o tempo, o espaço, a memória e o hábito -traz ainda a possibilidade de ruptura dessa ordem, com toda a carga de euforia e sofrimento aí envolvida. O movimento conjunto dos quatro e os riscos de seu rompimento constituem o cerne do que será tratado aqui.

Research paper thumbnail of A topologia do ser: lugar, espaço e linguagem no pensamento de Martin Heidegger

À CAPES e ao CNPQ pelas bolsas concedidas, que possibilitaram a realização deste trabalho.

Research paper thumbnail of O silêncio da arte

A experiência da arte, tema que desde sempre ocupou a filosofia, parece ter proposto ao pensament... more A experiência da arte, tema que desde sempre ocupou a filosofia, parece ter proposto ao pensamento contemporâneo uma nova tarefa. Qualquer reflexão que busque compreender, em alguma medida, aquilo que hoje se poderia identificar como a "experiência estética", se vê diante do desafio inescapável de lidar, antes, com os antagonismos, e mesmo com a enigmaticidade, que já se tornaram uma constante nas obras de arte mais recentes. A forma propriamente contemporânea dessa experiência ganha singularidade em face de um dos aspectos que vêm marcando um expressivo segmento da arte no último século: seu caráter hermético, seu silêncio e aparente isolamento da vida comum. Entre a simples fruição distraída de uma obra e o completo envolvimento no processo que é por ela desencadeado -a experiência estética em si mesma -, não se poderia dizer que há um abismo: ao contrário, é precisamente neste "meio" que se situa o problema, pois, de uma forma ou de outra, a "experiência" sempre acontece, e está condicionada à nossa capacidade de ouvir o que nos diz a obra. Mas o que poderia se nos oferecer à experiência quando a própria obra se cala, ou se apresenta sob o aspecto de uma auto-

Research paper thumbnail of Através do espelho ou notas sobre a natureza do virtual

A virtualidade sempre esteve presente na experiência e na percepção humanas do espaço, principalm... more A virtualidade sempre esteve presente na experiência e na percepção humanas do espaço, principalmente nos processos de criação de imagens, e, sem dúvida, poderíamos afirmar que os espaços virtuais hoje gerados tanto no âmbito da tecnologia, como no da arte especificamente, são apenas desdobramentos contemporâneos de uma das mais antigas formas de espacialidade. Em sua feição mais recente -associados a conceitos como os de interatividade e de realidade ampliada -, os espaços virtuais permanecem como uma questão que constantemente se recoloca, inclusive para a fenomenologia, e a discussão sobre sua natureza própria permanece "em processo", aberta a renovadas interpretações. A reflexão que aqui se propõe se volta para a dimensão de realidade -ou mesmo de irrealidade -inerente à virtualidade, mais especificamente aos espaços virtuais, situando esta discussão no interior da questão mais ampla da representação.

Research paper thumbnail of Sobre "A Arte e o Espaço" de Martin Heidegger

Mesmo se reconhecêssemos a diversidade das experiências passadas, obteríamos já com isso uma visã... more Mesmo se reconhecêssemos a diversidade das experiências passadas, obteríamos já com isso uma visão penetrante do próprio do espaço? A questão, o que é o espaço enquanto espaço, ainda não é questionada e menos ainda respondida. Permanece indeciso de que modo o espaço é e se lhe pode corresponder um ser. Pertence o espaço aos fenômenos origináios, em cujo contato, segundo uma palavra de Goethe, sobrevém ao homem uma espécie de timidez que chega até à angústia? Pois atrás do espaço, assim parece, já não existe nada a que pudesse ser reconduzido. Diante dele, não existe desvio possível para uma outra coisa. O próprio do espaço deve mostrar-se a partir dele mesmo. O que ele é ainda se deixa dizer? 2 Martin Heidegger A arte e o espaço, 1969.

Research paper thumbnail of A arte e a (re)criação da paisagem

O dossel do rio se rompeu: os derradeiros dedos das folhas Agarram-se às úmidas entranhas dos bar... more O dossel do rio se rompeu: os derradeiros dedos das folhas Agarram-se às úmidas entranhas dos barrancos. Impressetido, O vento cruza a terra estiolada. As ninfas já partiram. Doce Tâmisa, corre suave, até que eu termine meu canto.

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O Que nos faz pensar, Dec 1, 2011

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Ekstasis, Sep 12, 2014

Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia ... more Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 45 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 46 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica V.3 | N.1 [2014] 47 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação

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Within the philosophical writings of Martin Heidegger and Hans-Georg Gadamer, this paper will con... more Within the philosophical writings of Martin Heidegger and Hans-Georg Gadamer, this paper will consider an issue that remains salient to contemporary aesthetics: the tight relationship that not uncommonly establishes itself between a work of art and its place: the physical environment for which it was originally intended and to which it would belong. In this context, the concept of original place carries with it - equal measure - the idea of original destination, where the “why” and the “whither” of a work are identifi ed. The relationship between architecture, space, and works of art thus reveal themselves in all of their complexity. The thematization of this question in the works of these two thinkers - that considered the interdependency among a work of art, its time, and its space - raised considerations which are extremely meaningful and have current value, capable of shedding light on diverse threads ofthe language of contemporary art, particularly those which face the challeng...

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Artefilosofia, 2008

The present study focuses on the question of space as discussed by Heidegger in the conference Ar... more The present study focuses on the question of space as discussed by Heidegger in the conference Art and Space (Die Kunst und der Raum), from 1969. Some of the most important subjects of the author – such as art, technique, language and dwelling – can be found in this writing in its connections with the heideggerian topology. The problem of the body, or of the corporality, receives in this conference an interesting approach through the art of sculpture, bringing elements not frequently found in Heidegger’s refl ections on space

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Aprender Caderno De Filosofia E Psicologia Da Educacao, Aug 10, 2014

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Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 2014

Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia ... more Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 45 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação Profª Drª Ligia Saramago [PUC-RJ] V.3 | N.1 [2014] 46 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica V.3 | N.1 [2014] 47 43-66 Ekstasis: revista de fenomenologia e hermenêutica Sobre paisagem e representação

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Resumo Termo de crucial importância em âmbitos tão variados como na geografia, nas artes visuais... more Resumo

Termo de crucial importância em âmbitos tão variados como na geografia, nas artes visuais e na cosmologia, a palavra “paisagem” parece ir muito além do que diz sua etimologia, e mesmo do que narra sua história. Mas ainda que suas possibilidades de significação se prestem a renovados desdobramentos, sua condição de representação parece não se abrir a qualquer questionamento. As reflexões que se seguem se enraízam principalmente no solo das artes visuais, e buscam examinar justamente a premissa da inseparabilidade entre paisagem e representação. O foco destas considerações recai antes de tudo sobre a Land Art, especialmente sobre Robert Smithson. Há também a presença de Martin Heidegger no que tange a questão da representação, tão decisiva no âmbito da filosofia. Este breve estudo não pretende ser abrangente, ou mesmo “mapear” o problema, mas tão somente indicar algumas brechas abertas pela arte na supostamente sólida juntura que une paisagem e representação.

Palavras-chave
Paisagem – representação – Land Art – Martin Heidegger

Abstract

As a fundamental term in areas as diverse as geography, visual arts and cosmology, the word ‘landscape’ seems to go far beyond its etymology and its history. Although its possible meanings allow new unfoldings, its representational status does not seem subjected to any questioning. Rooted in the visual arts, the present reflexions examine the presupposed inseparability between landscape and representation. These considerations focus primarily on Land Art, especially on the work of Robert Smithson. In order to tackle the issue of representation, I am also making use of Martin Heidegger’s seminal philosophical ideas. This brief study is not intended to be comprehensive or even to "map" the problem. It aims rather to point out some loopholes open by art in what is assumed to be a solid bond between landscape and representation.

Key-words
Landscape – representation – Land Art – Martin Heidegger

Research paper thumbnail of Sobre a serenidade em Heidegger: uma reflexão sobre os caminhos do pensamento

O presente texto tem como objetivo apresentar algumas colocações de Heidegger sobre o pensar, em ... more O presente texto tem como objetivo apresentar algumas colocações de Heidegger sobre o pensar, em especial o que ele chama de "outro pensamento". Serão tratados aqui apenas dois de seus escritos, Para a discussão da serenidade: de uma conversa sobre o pensamento que teve lugar num caminho de campo e Serenidade ( 1955 ), buscando fazer um contraponto com importantes declarações feitas pelo autor em sua famosa entrevista a Der Spiegel ( 1966 ). Os pensamentos calculador e meditativo serão aqui considerados, bem como a crucial noção de serenidade, no contexto da reflexão heideggeriana sobre esta questão.

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Vasari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del Fiore não devia ser relacionada ... more Vasari foi o primeiro a observar que a cúpula de Santa Maria del Fiore não devia ser relacionada apenas ao espaço da catedral e seus respectivos volumes, mas ao espaço de toda a cidade, ou seja a um horizonte circular, precisamente ao perfil das colinas em torno de Florença: "Vendo-se ela elevar-se em tamanha altura, que os montes ao redor de Florença parecem semelhantes a ela."Portanto, também está relacionada ao céu que domina aquele horizonte de colinas contra o qual "parece que realmente combata"-"e, na verdade, parece que o céu dela tenha inveja, pois sem cessar os raios todos os dias a procuram." 2 Giulio Carlo Argan

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A questão do habitar em Heidegger, tanto nos escritos do início do caminho de seu pensamento, com... more A questão do habitar em Heidegger, tanto nos escritos do início do caminho de seu pensamento, como naqueles em que a poesia se faz fortemente presente, é marcada por uma aparente ambiguidade, que melhor se expressaria na palavra tensão: originária e ontologicamente o homem habita mergulhado na estranheza, de tal maneira que qualquer forma de familiaridade, ou do "sentir-se em casa" são apenas modos de encobrimento desta arraigada e inescapável estranheza. É justamente esta tensão intrínseca ao sentido mais profundo do habitar em Heidegger o que nos interessa no presente estudo.

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Mais conhecido como um filósofo do tempo, Martin Heidegger pode ser hoje considerado um dos mais ... more Mais conhecido como um filósofo do tempo, Martin Heidegger pode ser hoje considerado um dos mais expressivos pensadores do espaço no panorama da filosofia contemporânea. Não apenas do espaço, mas antes, do lugar 1 , que, para ele, de forma alguma poderia ser tomado como um sinônimo do primeiro. De fato, desde o início de sua reflexão, Heidegger pensou o espaço em sua vinculação ontológica com a noção de lugar, considerando este último em seu sentido mais tangível: os lugares do mundo. E a importância do lugar veio a atravessar todo o seu pensamento, como um conceito que constantemente reafirmou sua crucial necessidade teórica nos mais diferentes contextos. Heidegger partiu, inicialmente, de considerações fenomenológicas, inscritas no âmbito do entorno do mundo, para uma reflexão mais ampla sobre o lugar, envolvendo a paisagem, o sagrado, a tecnologia, a arte e a arquitetura, por exemplo. Seu pensamento, no que diz respeito a estas questões, vem encontrando importantes interlocutores não apenas na filosofia, mas também na geografia, no urbanismo e na chamada ecologia profunda. Neste sentido, me proponho aqui abordar, em linhas gerais, alguns temas presentes no pensamento de Heidegger sobre o lugar, partindo das premissas por ele colocadas já na década de 1920 até as formulações presentes nos escritos dos anos 1950 -quando o fenômeno do lugar se impôs como um forte contraponto ao chamado espaço moderno -, dando ênfase à conexão do primeiro com a ideia de paisagem.

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Fechar e abrir dos olhos, adormecer e novamente despertar na travessia solitária de longas noites... more Fechar e abrir dos olhos, adormecer e novamente despertar na travessia solitária de longas noites de insônia e numa espera melancólica pelas primeiras luzes do dia: assim se inicia o romance de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido. E não por acaso: durante a infância do narrador, a espera noturna pelo momento de adormecer, momento da dolorosa oscilação entre o sono e a vigília, o levavam a angustiar-se frente a um tempo que parecia não ter fim. Na pungente descrição destas horas, outros três elementos vêm ao tempo se associar: o espaço, a memória e o hábito, pontos de apoio de sua existência que, ora vacilantes, ora onipotentes, envolvem o narrador na complexa aventura de seu espírito. Situar-se no tempo e no espaço ao despertar em plena noite, ordenar o caleidoscópio da memória e tentar restaurar as reconfortantes certezas do hábito no momento incerto em que recobrava a consciência não era para o menino uma tarefa banal ou mesmo facilitada pela simples repetição deste evento. Como diz Proust, (...) um homem que dorme, mantém em círculo em torno de si o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Ao acordar consulta-os instintivamente e neles verifica num segundo o ponto da terra em que se acha, o tempo que decorreu até despertar; esta ordenação, porém, se pode confundir e romper. 1 O marcante episódio que se desenrola a partir da espera pelo habitual beijo de boanoite de sua mãe, que vai se construindo aos poucos e se estende de forma ao mesmo tempo tensa e fragmentada por toda a primeira parte do romance, se oferece como um momento exemplar em que alguns traços essenciais do universo proustiano se mostram em toda a sua força e ambigüidade. A cena da espera pelo precioso beijo, que na infância do narrador tem o poder de reunir e reger com seu encanto o movimento destes quatro elementos -o tempo, o espaço, a memória e o hábito -traz ainda a possibilidade de ruptura dessa ordem, com toda a carga de euforia e sofrimento aí envolvida. O movimento conjunto dos quatro e os riscos de seu rompimento constituem o cerne do que será tratado aqui.

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À CAPES e ao CNPQ pelas bolsas concedidas, que possibilitaram a realização deste trabalho.

Research paper thumbnail of O silêncio da arte

A experiência da arte, tema que desde sempre ocupou a filosofia, parece ter proposto ao pensament... more A experiência da arte, tema que desde sempre ocupou a filosofia, parece ter proposto ao pensamento contemporâneo uma nova tarefa. Qualquer reflexão que busque compreender, em alguma medida, aquilo que hoje se poderia identificar como a "experiência estética", se vê diante do desafio inescapável de lidar, antes, com os antagonismos, e mesmo com a enigmaticidade, que já se tornaram uma constante nas obras de arte mais recentes. A forma propriamente contemporânea dessa experiência ganha singularidade em face de um dos aspectos que vêm marcando um expressivo segmento da arte no último século: seu caráter hermético, seu silêncio e aparente isolamento da vida comum. Entre a simples fruição distraída de uma obra e o completo envolvimento no processo que é por ela desencadeado -a experiência estética em si mesma -, não se poderia dizer que há um abismo: ao contrário, é precisamente neste "meio" que se situa o problema, pois, de uma forma ou de outra, a "experiência" sempre acontece, e está condicionada à nossa capacidade de ouvir o que nos diz a obra. Mas o que poderia se nos oferecer à experiência quando a própria obra se cala, ou se apresenta sob o aspecto de uma auto-

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A virtualidade sempre esteve presente na experiência e na percepção humanas do espaço, principalm... more A virtualidade sempre esteve presente na experiência e na percepção humanas do espaço, principalmente nos processos de criação de imagens, e, sem dúvida, poderíamos afirmar que os espaços virtuais hoje gerados tanto no âmbito da tecnologia, como no da arte especificamente, são apenas desdobramentos contemporâneos de uma das mais antigas formas de espacialidade. Em sua feição mais recente -associados a conceitos como os de interatividade e de realidade ampliada -, os espaços virtuais permanecem como uma questão que constantemente se recoloca, inclusive para a fenomenologia, e a discussão sobre sua natureza própria permanece "em processo", aberta a renovadas interpretações. A reflexão que aqui se propõe se volta para a dimensão de realidade -ou mesmo de irrealidade -inerente à virtualidade, mais especificamente aos espaços virtuais, situando esta discussão no interior da questão mais ampla da representação.

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Mesmo se reconhecêssemos a diversidade das experiências passadas, obteríamos já com isso uma visã... more Mesmo se reconhecêssemos a diversidade das experiências passadas, obteríamos já com isso uma visão penetrante do próprio do espaço? A questão, o que é o espaço enquanto espaço, ainda não é questionada e menos ainda respondida. Permanece indeciso de que modo o espaço é e se lhe pode corresponder um ser. Pertence o espaço aos fenômenos origináios, em cujo contato, segundo uma palavra de Goethe, sobrevém ao homem uma espécie de timidez que chega até à angústia? Pois atrás do espaço, assim parece, já não existe nada a que pudesse ser reconduzido. Diante dele, não existe desvio possível para uma outra coisa. O próprio do espaço deve mostrar-se a partir dele mesmo. O que ele é ainda se deixa dizer? 2 Martin Heidegger A arte e o espaço, 1969.

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O dossel do rio se rompeu: os derradeiros dedos das folhas Agarram-se às úmidas entranhas dos bar... more O dossel do rio se rompeu: os derradeiros dedos das folhas Agarram-se às úmidas entranhas dos barrancos. Impressetido, O vento cruza a terra estiolada. As ninfas já partiram. Doce Tâmisa, corre suave, até que eu termine meu canto.

Research paper thumbnail of Horror e encantamento - O sublime na experiência paisagística e suas reverberações nas artes visuais

Research paper thumbnail of Heidegger e a medida do invisível

A indagação de Hölderlin, em seu poema No Azul Sereno..., sobre a possibilidade de haver alguma m... more A indagação de Hölderlin, em seu poema No Azul Sereno..., sobre a possibilidade de haver alguma medida sobre a terra, ao alcance dos homens, recebe do poeta uma resposta negativa. " Existe sobre a terra uma medida? Não há nenhuma " , diz Hölderlin. Mas talvez esta resposta seja apenas em parte negativa. Os versos anteriores no poema falam da existência de uma estranha e desconhecida medida, ainda mais estranha por ser própria ao ser humano. Os versos dizem: É deus desconhecido? Ele aparece como o céu? Acredito mais que seja assim. É a medida dos homens. 1 A medida, como questão filosófica, foi pensada por Heidegger em diversos momentos de sua obra, principalmente nas reflexões acerca do habitar poético, sob a influência de Hölderlin. Mas a premissa que guiou o breve estudo aqui apresentado não recaiu propriamente sobre o habitar poético, e sim sobre o que parece ser uma instância ainda mais originária, como diria Heidegger, daquilo que se oferece como uma medida para o homem. Refiro-me ao papel da medida para o entendimento do ser em Hölderlin, conforme a interpretação de Heidegger, entendimento este que veio a repercutir expressivamente em seu próprio pensamento. Trata-se, segundo Heidegger, da " concepção do ser daquele pensador do qual Hölderlin se sabia próximo, Herácilto ". 2 A estreita vinculação entre medida e entendimento do ser se colocou de modos diferentes, e contudo muito próximos, para estes três pensadores, Heráclito, Hölderlin e Heidegger, tal como um fio que os reúne. Neste último, a questão da medida como inerente à própria compreensão do ser acabou por se configurar a partir de certas luzes vindas e Heráclito e de Hölderlin. É para esta proximidade que este estudo se direciona, para a proximidade percebida por Heidegger entre Hölderlin e Heráclito, na qual ele também se situava. Heidegger é incisivo ao afirmar que na poesia de Hölderlin não é fortuita a reminiscência de Heráclito, a cujo poder " todo o pensamento de Hölderlin e todo o seu entendimento do ser na poesia instauradora do ser esteve subordinado " 3. É igualmente evidente a presença decisiva de Heráclito nas elaborações filosóficas do