Alexandre Linck Vargas | Universidade do Sul de Santa Catarina (original) (raw)
Papers by Alexandre Linck Vargas
IdeAs, 2022
She leaves comics and comes in cartoon": traces of Mafalda's publication in Brazil through the al... more She leaves comics and comes in cartoon": traces of Mafalda's publication in Brazil through the alternative newspaper O Pasquim. "Deja la historieta y entra en el cartoon": rastros de la publicación de Mafalda en Brasil a través del periódico alternativo O Pasquim. « Elle sort de la bande dessinée et entre dans le cartoon » : traces de la publication de Mafalda au Brésil à travers le journal alternatif O Pasquim.
Memorare, 2021
O tempo da ficção científica não é o tempo crônico. Sua poética parece exigir um outro tempo, aiô... more O tempo da ficção científica não é o tempo crônico. Sua poética parece exigir um outro tempo, aiônico, estilhaçando o presente a partir de imagens do passado e do futuro técnico. Contudo, como é possível ainda existir ficção científica quando a perspectiva de futuro acaba? É a partir dessa questão que se investigará a produção de ficção científica em quadrinhos europeia pós-1977, marcada, na Itália, na França e no Reino Unido, por diferentes relações com o futuro. A história em quadrinhos franco-belga, com artistas como Yves Chaland, adota o retrofuturismo, resgatando o neofuturismo belga dos anos 1950. A italiana revista Cannibale, criada por Stefano Tamburini, traduz a estética antifuturista do Movimento de 77. E a criação da revista britânica 2000 AD, editada por Pat Mills, faz da narrativa distópica a imagem do pós-futuro. Trata-se de uma pesquisa exploratória nos marcos da estética e cultura, utilizando-se de referencial bibliográfico e documental em quadrinhos.
VEREDAS - Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, 2020
O presente artigo busca fazer uma genealogia irônica do quadrinho brasileiro a partir do question... more O presente artigo busca fazer uma genealogia irônica do quadrinho brasileiro a partir do questionamento de sua origem e da invenção do contramito Chiquinho, isto é, Buster Brown, personagem criado por Richard F. Outcault e predado pela revista brasileira O Tico-Tico. Diferentemente de um regime identitário, observar-se-á na experiência dos quadrinhos do Brasil uma subjetividade antropofágica (Oswald de Andrade), ou antes, uma grandeza intensiva protossubjetiva e pré-individual, corpo sem órgãos (Deleuze, Guattari). Procurando atestar a hipótese, a análise irá se deter no quadrinho brasileiro contemporâneo, mais especificamente em Burroughs, de João Pinheiro. Com isso, espera-se contribuir para uma historiografia contraidentitária das histórias em quadrinhos brasileiras.
Todas as Musas, 2020
A dada pesquisa consiste numa análise sobre a ausência da figura do diabo no filme Mãe! O filme t... more A dada pesquisa consiste numa análise sobre a ausência da figura do diabo no filme Mãe! O filme trabalha uma série de metáforas e figuras bíblicas, porém a figura do diabo por alguma razão não aparece. Para dar conta de entender essa questão será feita uma análise sobre os presentes no filme, fazendo uso de autores da filosofia, com o intuito de entender se o diabo está mesmo ausente, ou se sua presença se manifesta de alguma forma.
Memorare, 2019
Os quadrinhos italianos, a partir do movimento de 77, são marcados pelas experiências das revista... more Os quadrinhos italianos, a partir do movimento de 77, são marcados pelas experiências das revistas Cannibale e Frigidaire. Criadas por Stefano Tamburini, é nelas que histórias em quadrinhos como RanXerox, de Tamburini e Tanino Liberatore, e Squeak the Mouse, de Massimo Mattioli, são publicadas. Não só esteticamente ligadas às revoltas de 1977, assim como ao seu fracasso revolucionário, essas HQs problematizam o estatuto da modernidade dos quadrinhos, dialogando com as vanguardas artísticas e, ao mesmo passo, instaurando um tempo distinto aos regimes da arte. Busca-se, portanto, investigar estética e narrativamente nesses quadrinhos italianos pós-77 sua potência mítica, temporalidades heterogêneas e apelo a um povo porvir.
Revista Farol (UFES), 2019
Sejam raças fabulosas que vivem nos confins da terra, sejam seres individuais na fronteira entre ... more Sejam raças fabulosas que vivem nos confins da terra, sejam seres individuais na fronteira entre o animal e o divino, o monstro é o Outro. Porém, pela obra do quadrinista Charles Burns, sobretudo a trilogia Last look, e o rastro que nele advém, a experiência pelos quadrinhos do pós-guerra inscrevem na contemporaneidade uma outridade não exterior, não objetal, um monstro íntimo. Busca-se , então, a partir de autores como Julia Kristeva e Peter Sloterdijk, com os conceitos de abjeto e nobjeto, respectivamente, pensar o espaço íntimo de transmissão do sujeito, do vir-a-ser-sujeito monstruoso. Uma questão estética que, da psicanálise à esferologia, apontará ao interior ocupado pelo monstro no contemporâneo.
Na década de 1960, uma diferença se insiste no mundo dos quadrinhos. As tensões com o mundo da ar... more Na década de 1960, uma diferença se insiste no mundo dos quadrinhos. As tensões com o mundo da arte; a explosão dos quadrinhos undergrounds e dos mangás alternativos; a defesa da HQ autoral e voltada para o público adulto; a profusão das revistas satíricas e o surgimento dos álbuns eróticos e luxuosos; o encontro da intelectualidade com as histórias em quadrinhos etc. Esses acontecimentos parecem produzir um quadro histórico de contornos mais definidos em 1968, possibilitando à teoria dos quadrinhos contemporânea desenhar a linha de separação que origina a HQ moderna. Porém, cabe questionar radicalmente que diferença é essa que o moderno poderia enquadrar. Para tanto, calhará uma abordagem anacrônica da história, operando uma investigação conceitual a partir do próprio limite do conceito. Com ajuda de outros escritos oportunos do período por autores como Theodor Adorno e Jacques Derrida, espera-se tracejar como a diferença dos quadrinhos é cindida e decidida.
Existem dois modos relativos de pensar a literatura e a história em quadrinhos. No final dos 1970... more Existem dois modos relativos de pensar a literatura e a história em quadrinhos. No final dos 1970, na Argentina, nos EUA e na França, três episódios, sem conexão direta, redefinem a história dessa relação. Trata-se da suposta qualidade literária conquistada pelas HQs. Contudo, o que estes acontecimentos mostram é o jogo de forças por trás de uma aparente maturidade natural. Assim, cabe investigar, para além dos limites entre quadrinhos e literatura, a falta de vitalidade do próprio limite. Palavras-chave: história em quadrinhos, literatura, vida, qualidade literária.
A década de 1960 foi determinante para uma mudança paradigmática das histórias em quadrinhos. Hav... more A década de 1960 foi determinante para uma mudança paradigmática das histórias em quadrinhos. Havia um novo complicador ontológico: a artisticidade. Seriam os quadrinhos uma forma de arte? A pergunta não nasceu nos anos 60, mas foi quando a questão pôde ser sensivelmente formulada. Os quadrinhos de alguma forma se alinhavam à arte, todavia, de maneira alguma pacificamente. Pelo contrário, tratava-se de uma história de investimentos e contrainvestimentos num processo que ainda hoje se desdobra. Abarcar a totalidade desta narrativa não é a tarefa deste artigo. Contudo, é importante delimitar, brevemente, quais seriam os fatores sociológicos e estéticos para essa virada artística, de modo a concentrar a análise em um destes fatores, geralmente negligenciado pela academia: o erotismo.
Monster, mangá de Naoki Urasawa, retoma um personagem caro à modernidade: a criança má. Duas narr... more Monster, mangá de Naoki Urasawa, retoma um personagem caro à modernidade: a criança má. Duas narrativas foram popularizadas pela literatura, cinema e quadrinhos: (1) a criança pura que, corrompida pela sociedade, torna-se um monstro e (2) a criança que, apesar de todo investimento, é naturalmente monstruosa. A criança surge, portanto, como sintoma de uma indecisão sobre a origem do Mal. Diante de uma solução impossível, Monster procura adentrar o sintoma em sua radicalidade, e faz isso a partir do inominável da criança. Deste modo, é objetivo do seguinte artigo fazer uma investigação da criança como assunto, desenredar os caminhos de sua demonização e chegar até Monster no estudo da criança-sem-nome.
Palavras-chave: Criança, Monstro, Demônio, Mal, Nome.
É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada " hist... more É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada " história em quadrinhos autoral " , de modo a recuperar desta o traço de sua invenção, sua forja histórica. Costumeiramente é demarcada a invenção dos quadrinhos autorais nos anos 1960, sobretudo pela cultura dos comix. Contudo, o que este artigo se propõe é mostrar que havia um processo maior e mais complexo em curso. Sem dúvida, os anos 1960 foram um tempo propício para o surgimento discursivo das HQs autorais, afinal, a autoria ocupava um lugar privilegiado nas disputas da teoria literária e cinematográfica. Porém, desde os anos 1950, o mundo dos quadrinhos já assistia a mudanças significativas, fosse pelas editoras atribuindo um valor autoral por vezes hiperbolizado às revistas em quadrinhos, fosse o público leitor por meio de fanzines produzindo um " reconhecimento " , fosse os próprios quadrinistas de grandes jornais em busca de um traço caligráfico. Esse percurso faria os quadrinhos autorais cindirem em três frentes na segunda metade do século, a saber, uma frente transgressiva que repudia a aceitação cultural, mas por ela se valida, uma frente aristocrática que afirma sua artisticidade sem fazer qualquer demanda, e uma frente literária que exige das histórias em quadrinhos a qualidade quase substitutiva de literatura. Não por acaso esse processo chegará, ao fim do século, articulado na substancial produção de autobiografias em quadrinhos, reagrupando essas três frentes e fazendo dos quadrinhos autorais o que deles hoje entendemos.
Uma teoria dos afetos à sarjeta. No intuito de apreender com algum rigor a qualidade-potência do ... more Uma teoria dos afetos à sarjeta. No intuito de apreender com algum rigor a qualidade-potência do afeto, este artigo propõe o estudo de caso da relação entre texto e imagem, sobretudo nas histórias em quadrinhos. Deste modo, procura-se dar suporte para as questões de identificação, saberes e lugares de acontecimento dos afetos no entremeio da palavra escrita e da imagem figurativa. Por essa razão será oferecida a noção de sarjeta, lugar de passagem de alguma coisa a outra, intervalo onde um acontecimento invisível pode ser visualizado. É pelo rosto do afeto impresso à sarjeta da relação texto-imagem que essa investigação partirá.
Pode-se facilmente constatar que nesta ainda juvenil área chamada de “teoria dos quadrinhos” é co... more Pode-se facilmente constatar que nesta ainda juvenil área chamada de “teoria dos quadrinhos” é comum toda sorte de esforços por uma definição do que, afinal, são as histórias em quadrinhos (HQs). Porém, ao contrário do que possa parecer, isso não foi um assunto restrito ao âmbito acadêmico. O esforço por uma essencialidade perpassa toda decisão editorial, desdobra-se na produção artística e ganha contornos na abordagem teórica. É possível identificar, de meados do século XIX ao início do XXI, ao menos três frentes de afirmação da suposta essência das HQs. São elas: 1) o conteúdo, definidor metonímico de toda arte; 2) a forma, materialidade observada capaz de expor um mecanismo essencial, e 3) a função, responsável por assegurar não só os espaços ocupados por um “ser dos quadrinhos”, como também delimitar sua significância possível. É em virtude de tais esforços que uma revisão crítica se faz necessária, de modo a analisar e desnaturalizar seus dispositivos, recolocando o problema da essência não por meio de uma busca ontológica, mas através de uma genealogia das vontades de definição. Essa investigação nos conduzirá, inevitavelmente, a um jogo entre memória e percepção, em que um saber sobre os quadrinhos digladia-se constantemente com suas próprias limitações. Por isso, uma essência traçada – traçada (seguida) em sua lógica, traçada (desenhada) nas suas intenções, traçada (rasurada) na sua verdade.
A invenção das histórias em quadrinhos é a história suja de sua categorização, daquilo que as lei... more A invenção das histórias em quadrinhos é a história suja de sua categorização, daquilo que as leituras procuraram descartar quando partiram para a definição do que são os quadrinhos. Por isso, será tarefa de uma teoria da sarjeta a investigação das estratégias por trás das supostas essências, formas e funções das HQs. Partindo da experiência na primeira metade do século XX, através da relação com a infância, o horror nas campanhas antiquadrinhos e o dispêndio nos postulados sobre a cultura de massa, deparamos-nos, a partir dos anos 1960, com as invenções de uma artisticidade dos quadrinhos através dos conflitos com o mundo da arte (na Pop Art, Lowbrow Art e exposições), do surgimento de uma disposição autoral, da quadrinhofilia institucionalizada (da vanguarda acadêmica ao culto da nostalgia) e do erotismo das publicações de luxo. Tal revisão histórica desencadeará uma necessária reconsideração teórica do que se traçou sobre os quadrinhos entre texto e imagem, sequencialidade e simultaneidade, figuração e narração, grade e quadrinho. Uma análise radical da montagem, enfim, das potencialidades desprezadas pelas invenções de uma categoria quadrinhos. Em resposta estão a teoria e a crítica da sarjeta: o estudo de uma percepção que legou às histórias em quadrinhos a sarjeta, uma crítica erigida sobre a ideia de que o que está na sarjeta é o sintoma de uma possibilidade, uma potência. Será, portanto, ao que está à sarjeta das invenções categorizantes das histórias em quadrinhos que esta tese se dedicará.
Anais eletrônicos - 3ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2015
Existe uma experiência de horror às histórias em quadrinhos. Uma experiência que não se resume a ... more Existe uma experiência de horror às histórias em quadrinhos. Uma experiência que não se resume a Fredric Wertham e as campanhas antiquadrinhos que tomaram boa parte do mundo nos anos 1950. Da mesma forma, o horror não é restrito a um problema do gênero, no caso, os quadrinhos de terror/horror. O que está em jogo numa experiência de horror é todo o peso de um platonismo das artes, de uma tradição que denuncia a traição das imagens e que encontra na polarização ocasionada pela guerra fria a razão de sua moral. Com isso, a hipérbole dos super- heróis, a metáfora da ficção científica, a cumplicidade do humor, o retrato do crime, a exuberância da guerra, o costume do amor romântico – tudo isto se torna o sintoma de uma indefinição, uma ameaça ao infante leitor de quadrinhos, aquele para quem as imagens do mundo precisam cumprir uma tarefa idealizadora. É preciso então recorrer a uma sintomatologia da experiência pelas histórias em quadrinhos, o estudo do horror naquilo em que ele é incapaz de se articular plenamente enquanto discurso. Uma história das sarjetas – do espaço de intervalo do meio-dizer, do nascimento das formas. É a uma investigação que recoloca o problema das campanhas antiquadrinhos que este artigo se dedicará.
Anais eletrônicos - 2ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2013
Em 1951, São Paulo, aconteceu a primeira exposição artística sobre quadrinhos que se tem registro... more Em 1951, São Paulo, aconteceu a primeira exposição artística sobre quadrinhos que se tem registro. Como bem se sabe, era um momento bastante impróprio pra admitir valor artístico nas HQs. Contudo, a exposição, aos olhares de hoje, aponta para problematizações da arte que tomariam uma forma mais apurada décadas depois. Jacques Rancière, através das suas conceituações do que ele denominará de regimes da arte – ético, mimético e estético –, e suas implicações que repensam as noções de modernismo e pós-modernismo, é de imensa valia para traçar a exposição de 1951. Movimentos nos anos 1960, como a banda desenhada europeia voltada ao formato álbum e ao erotismo, o interesse das escolas estruturalistas e pós-estruturalistas pelas HQs na Europa, o surgimento dos comix no cenário contracultural norte-americano, e a explosão vanguardista da Pop Art foram alguns do muitos fatores que elevaram as HQs ao estatuto de arte sob uma premissa fortemente enraizada no que viria ser o pós-modernismo. O que é preciso investigar com maior rigor é 1) como um regime pós-modernista deu visibilidade aos quadrinhos enquanto arte – e encontra choques curiosos, como em Eisner e McCloud por uma valorização modernista décadas depois –, 2) de que forma o ideário pós-modernista já estava presente na exposição de 1951, ou, antes mesmo, de que maneira o modernismo brasileiro e seu manifesto antropófago já não dava embasamento para que fosse justamente no Brasil algum pioneirismo no que associa quadrinhos e arte. Pensar o modernismo e pós-modernismo para além da cronologia norte-americana e europeia, evocar o anacronismo na arte em pensadores como Walter Benjamin, Aby Warburg e Georges Didi-Huberman, e com isso mapear um regime de visibilidade às HQs, ontem e hoje, aqui e lá fora, parece algo imprescindível para uma maior maturidade do que se tem por artístico nas histórias em quadrinhos.
Anais eletrônicos - 1ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2011
Este trabalho tem por pretensão ler um potencial espaço político e respectivo diâmetro, sob as no... more Este trabalho tem por pretensão ler um potencial espaço político e respectivo diâmetro, sob as noções políticas de Rancière e Sloterdijk, no personagem dos quadrinhos e cinema, Superman. Procurando identificar, assim, a fulguração de um messianismo latente e os caminhos de sua super-ação na política atual.
A condição transmidiática em que as relações de mercado e consumo na cultura cada vez mais se sis... more A condição transmidiática em que as relações de mercado e consumo na cultura cada vez mais se sistematizam lança respostas ímpares não só a questões mercadológicas, mas também a problemas estéticos. Pensar as recentes e rápidas transformações dos ditos objetos culturais e aquilo que neles se estagnam ou se aprofundam através das adaptações, montagens e animações é o principal objetivo deste escrito.
Das muitas rupturas atribuídas ao cinema experimental, e especificamente ao cinema de Julio Bress... more Das muitas rupturas atribuídas ao cinema experimental, e especificamente ao cinema de Julio Bressane, poucas se dedicam a uma problemática da imagem enquanto dissonância entre o que vemos e o que nos olha. Por isso proponho, na análise dos filmes Matou a Família e Foi ao Cinema e Dias de Nietzsche em Turim uma breve arqueologia da imagem.
Marv diante do espelho, Sin City: a cidade do pecado (MILLER: 2005, 151).
IdeAs, 2022
She leaves comics and comes in cartoon": traces of Mafalda's publication in Brazil through the al... more She leaves comics and comes in cartoon": traces of Mafalda's publication in Brazil through the alternative newspaper O Pasquim. "Deja la historieta y entra en el cartoon": rastros de la publicación de Mafalda en Brasil a través del periódico alternativo O Pasquim. « Elle sort de la bande dessinée et entre dans le cartoon » : traces de la publication de Mafalda au Brésil à travers le journal alternatif O Pasquim.
Memorare, 2021
O tempo da ficção científica não é o tempo crônico. Sua poética parece exigir um outro tempo, aiô... more O tempo da ficção científica não é o tempo crônico. Sua poética parece exigir um outro tempo, aiônico, estilhaçando o presente a partir de imagens do passado e do futuro técnico. Contudo, como é possível ainda existir ficção científica quando a perspectiva de futuro acaba? É a partir dessa questão que se investigará a produção de ficção científica em quadrinhos europeia pós-1977, marcada, na Itália, na França e no Reino Unido, por diferentes relações com o futuro. A história em quadrinhos franco-belga, com artistas como Yves Chaland, adota o retrofuturismo, resgatando o neofuturismo belga dos anos 1950. A italiana revista Cannibale, criada por Stefano Tamburini, traduz a estética antifuturista do Movimento de 77. E a criação da revista britânica 2000 AD, editada por Pat Mills, faz da narrativa distópica a imagem do pós-futuro. Trata-se de uma pesquisa exploratória nos marcos da estética e cultura, utilizando-se de referencial bibliográfico e documental em quadrinhos.
VEREDAS - Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, 2020
O presente artigo busca fazer uma genealogia irônica do quadrinho brasileiro a partir do question... more O presente artigo busca fazer uma genealogia irônica do quadrinho brasileiro a partir do questionamento de sua origem e da invenção do contramito Chiquinho, isto é, Buster Brown, personagem criado por Richard F. Outcault e predado pela revista brasileira O Tico-Tico. Diferentemente de um regime identitário, observar-se-á na experiência dos quadrinhos do Brasil uma subjetividade antropofágica (Oswald de Andrade), ou antes, uma grandeza intensiva protossubjetiva e pré-individual, corpo sem órgãos (Deleuze, Guattari). Procurando atestar a hipótese, a análise irá se deter no quadrinho brasileiro contemporâneo, mais especificamente em Burroughs, de João Pinheiro. Com isso, espera-se contribuir para uma historiografia contraidentitária das histórias em quadrinhos brasileiras.
Todas as Musas, 2020
A dada pesquisa consiste numa análise sobre a ausência da figura do diabo no filme Mãe! O filme t... more A dada pesquisa consiste numa análise sobre a ausência da figura do diabo no filme Mãe! O filme trabalha uma série de metáforas e figuras bíblicas, porém a figura do diabo por alguma razão não aparece. Para dar conta de entender essa questão será feita uma análise sobre os presentes no filme, fazendo uso de autores da filosofia, com o intuito de entender se o diabo está mesmo ausente, ou se sua presença se manifesta de alguma forma.
Memorare, 2019
Os quadrinhos italianos, a partir do movimento de 77, são marcados pelas experiências das revista... more Os quadrinhos italianos, a partir do movimento de 77, são marcados pelas experiências das revistas Cannibale e Frigidaire. Criadas por Stefano Tamburini, é nelas que histórias em quadrinhos como RanXerox, de Tamburini e Tanino Liberatore, e Squeak the Mouse, de Massimo Mattioli, são publicadas. Não só esteticamente ligadas às revoltas de 1977, assim como ao seu fracasso revolucionário, essas HQs problematizam o estatuto da modernidade dos quadrinhos, dialogando com as vanguardas artísticas e, ao mesmo passo, instaurando um tempo distinto aos regimes da arte. Busca-se, portanto, investigar estética e narrativamente nesses quadrinhos italianos pós-77 sua potência mítica, temporalidades heterogêneas e apelo a um povo porvir.
Revista Farol (UFES), 2019
Sejam raças fabulosas que vivem nos confins da terra, sejam seres individuais na fronteira entre ... more Sejam raças fabulosas que vivem nos confins da terra, sejam seres individuais na fronteira entre o animal e o divino, o monstro é o Outro. Porém, pela obra do quadrinista Charles Burns, sobretudo a trilogia Last look, e o rastro que nele advém, a experiência pelos quadrinhos do pós-guerra inscrevem na contemporaneidade uma outridade não exterior, não objetal, um monstro íntimo. Busca-se , então, a partir de autores como Julia Kristeva e Peter Sloterdijk, com os conceitos de abjeto e nobjeto, respectivamente, pensar o espaço íntimo de transmissão do sujeito, do vir-a-ser-sujeito monstruoso. Uma questão estética que, da psicanálise à esferologia, apontará ao interior ocupado pelo monstro no contemporâneo.
Na década de 1960, uma diferença se insiste no mundo dos quadrinhos. As tensões com o mundo da ar... more Na década de 1960, uma diferença se insiste no mundo dos quadrinhos. As tensões com o mundo da arte; a explosão dos quadrinhos undergrounds e dos mangás alternativos; a defesa da HQ autoral e voltada para o público adulto; a profusão das revistas satíricas e o surgimento dos álbuns eróticos e luxuosos; o encontro da intelectualidade com as histórias em quadrinhos etc. Esses acontecimentos parecem produzir um quadro histórico de contornos mais definidos em 1968, possibilitando à teoria dos quadrinhos contemporânea desenhar a linha de separação que origina a HQ moderna. Porém, cabe questionar radicalmente que diferença é essa que o moderno poderia enquadrar. Para tanto, calhará uma abordagem anacrônica da história, operando uma investigação conceitual a partir do próprio limite do conceito. Com ajuda de outros escritos oportunos do período por autores como Theodor Adorno e Jacques Derrida, espera-se tracejar como a diferença dos quadrinhos é cindida e decidida.
Existem dois modos relativos de pensar a literatura e a história em quadrinhos. No final dos 1970... more Existem dois modos relativos de pensar a literatura e a história em quadrinhos. No final dos 1970, na Argentina, nos EUA e na França, três episódios, sem conexão direta, redefinem a história dessa relação. Trata-se da suposta qualidade literária conquistada pelas HQs. Contudo, o que estes acontecimentos mostram é o jogo de forças por trás de uma aparente maturidade natural. Assim, cabe investigar, para além dos limites entre quadrinhos e literatura, a falta de vitalidade do próprio limite. Palavras-chave: história em quadrinhos, literatura, vida, qualidade literária.
A década de 1960 foi determinante para uma mudança paradigmática das histórias em quadrinhos. Hav... more A década de 1960 foi determinante para uma mudança paradigmática das histórias em quadrinhos. Havia um novo complicador ontológico: a artisticidade. Seriam os quadrinhos uma forma de arte? A pergunta não nasceu nos anos 60, mas foi quando a questão pôde ser sensivelmente formulada. Os quadrinhos de alguma forma se alinhavam à arte, todavia, de maneira alguma pacificamente. Pelo contrário, tratava-se de uma história de investimentos e contrainvestimentos num processo que ainda hoje se desdobra. Abarcar a totalidade desta narrativa não é a tarefa deste artigo. Contudo, é importante delimitar, brevemente, quais seriam os fatores sociológicos e estéticos para essa virada artística, de modo a concentrar a análise em um destes fatores, geralmente negligenciado pela academia: o erotismo.
Monster, mangá de Naoki Urasawa, retoma um personagem caro à modernidade: a criança má. Duas narr... more Monster, mangá de Naoki Urasawa, retoma um personagem caro à modernidade: a criança má. Duas narrativas foram popularizadas pela literatura, cinema e quadrinhos: (1) a criança pura que, corrompida pela sociedade, torna-se um monstro e (2) a criança que, apesar de todo investimento, é naturalmente monstruosa. A criança surge, portanto, como sintoma de uma indecisão sobre a origem do Mal. Diante de uma solução impossível, Monster procura adentrar o sintoma em sua radicalidade, e faz isso a partir do inominável da criança. Deste modo, é objetivo do seguinte artigo fazer uma investigação da criança como assunto, desenredar os caminhos de sua demonização e chegar até Monster no estudo da criança-sem-nome.
Palavras-chave: Criança, Monstro, Demônio, Mal, Nome.
É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada " hist... more É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada " história em quadrinhos autoral " , de modo a recuperar desta o traço de sua invenção, sua forja histórica. Costumeiramente é demarcada a invenção dos quadrinhos autorais nos anos 1960, sobretudo pela cultura dos comix. Contudo, o que este artigo se propõe é mostrar que havia um processo maior e mais complexo em curso. Sem dúvida, os anos 1960 foram um tempo propício para o surgimento discursivo das HQs autorais, afinal, a autoria ocupava um lugar privilegiado nas disputas da teoria literária e cinematográfica. Porém, desde os anos 1950, o mundo dos quadrinhos já assistia a mudanças significativas, fosse pelas editoras atribuindo um valor autoral por vezes hiperbolizado às revistas em quadrinhos, fosse o público leitor por meio de fanzines produzindo um " reconhecimento " , fosse os próprios quadrinistas de grandes jornais em busca de um traço caligráfico. Esse percurso faria os quadrinhos autorais cindirem em três frentes na segunda metade do século, a saber, uma frente transgressiva que repudia a aceitação cultural, mas por ela se valida, uma frente aristocrática que afirma sua artisticidade sem fazer qualquer demanda, e uma frente literária que exige das histórias em quadrinhos a qualidade quase substitutiva de literatura. Não por acaso esse processo chegará, ao fim do século, articulado na substancial produção de autobiografias em quadrinhos, reagrupando essas três frentes e fazendo dos quadrinhos autorais o que deles hoje entendemos.
Uma teoria dos afetos à sarjeta. No intuito de apreender com algum rigor a qualidade-potência do ... more Uma teoria dos afetos à sarjeta. No intuito de apreender com algum rigor a qualidade-potência do afeto, este artigo propõe o estudo de caso da relação entre texto e imagem, sobretudo nas histórias em quadrinhos. Deste modo, procura-se dar suporte para as questões de identificação, saberes e lugares de acontecimento dos afetos no entremeio da palavra escrita e da imagem figurativa. Por essa razão será oferecida a noção de sarjeta, lugar de passagem de alguma coisa a outra, intervalo onde um acontecimento invisível pode ser visualizado. É pelo rosto do afeto impresso à sarjeta da relação texto-imagem que essa investigação partirá.
Pode-se facilmente constatar que nesta ainda juvenil área chamada de “teoria dos quadrinhos” é co... more Pode-se facilmente constatar que nesta ainda juvenil área chamada de “teoria dos quadrinhos” é comum toda sorte de esforços por uma definição do que, afinal, são as histórias em quadrinhos (HQs). Porém, ao contrário do que possa parecer, isso não foi um assunto restrito ao âmbito acadêmico. O esforço por uma essencialidade perpassa toda decisão editorial, desdobra-se na produção artística e ganha contornos na abordagem teórica. É possível identificar, de meados do século XIX ao início do XXI, ao menos três frentes de afirmação da suposta essência das HQs. São elas: 1) o conteúdo, definidor metonímico de toda arte; 2) a forma, materialidade observada capaz de expor um mecanismo essencial, e 3) a função, responsável por assegurar não só os espaços ocupados por um “ser dos quadrinhos”, como também delimitar sua significância possível. É em virtude de tais esforços que uma revisão crítica se faz necessária, de modo a analisar e desnaturalizar seus dispositivos, recolocando o problema da essência não por meio de uma busca ontológica, mas através de uma genealogia das vontades de definição. Essa investigação nos conduzirá, inevitavelmente, a um jogo entre memória e percepção, em que um saber sobre os quadrinhos digladia-se constantemente com suas próprias limitações. Por isso, uma essência traçada – traçada (seguida) em sua lógica, traçada (desenhada) nas suas intenções, traçada (rasurada) na sua verdade.
A invenção das histórias em quadrinhos é a história suja de sua categorização, daquilo que as lei... more A invenção das histórias em quadrinhos é a história suja de sua categorização, daquilo que as leituras procuraram descartar quando partiram para a definição do que são os quadrinhos. Por isso, será tarefa de uma teoria da sarjeta a investigação das estratégias por trás das supostas essências, formas e funções das HQs. Partindo da experiência na primeira metade do século XX, através da relação com a infância, o horror nas campanhas antiquadrinhos e o dispêndio nos postulados sobre a cultura de massa, deparamos-nos, a partir dos anos 1960, com as invenções de uma artisticidade dos quadrinhos através dos conflitos com o mundo da arte (na Pop Art, Lowbrow Art e exposições), do surgimento de uma disposição autoral, da quadrinhofilia institucionalizada (da vanguarda acadêmica ao culto da nostalgia) e do erotismo das publicações de luxo. Tal revisão histórica desencadeará uma necessária reconsideração teórica do que se traçou sobre os quadrinhos entre texto e imagem, sequencialidade e simultaneidade, figuração e narração, grade e quadrinho. Uma análise radical da montagem, enfim, das potencialidades desprezadas pelas invenções de uma categoria quadrinhos. Em resposta estão a teoria e a crítica da sarjeta: o estudo de uma percepção que legou às histórias em quadrinhos a sarjeta, uma crítica erigida sobre a ideia de que o que está na sarjeta é o sintoma de uma possibilidade, uma potência. Será, portanto, ao que está à sarjeta das invenções categorizantes das histórias em quadrinhos que esta tese se dedicará.
Anais eletrônicos - 3ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2015
Existe uma experiência de horror às histórias em quadrinhos. Uma experiência que não se resume a ... more Existe uma experiência de horror às histórias em quadrinhos. Uma experiência que não se resume a Fredric Wertham e as campanhas antiquadrinhos que tomaram boa parte do mundo nos anos 1950. Da mesma forma, o horror não é restrito a um problema do gênero, no caso, os quadrinhos de terror/horror. O que está em jogo numa experiência de horror é todo o peso de um platonismo das artes, de uma tradição que denuncia a traição das imagens e que encontra na polarização ocasionada pela guerra fria a razão de sua moral. Com isso, a hipérbole dos super- heróis, a metáfora da ficção científica, a cumplicidade do humor, o retrato do crime, a exuberância da guerra, o costume do amor romântico – tudo isto se torna o sintoma de uma indefinição, uma ameaça ao infante leitor de quadrinhos, aquele para quem as imagens do mundo precisam cumprir uma tarefa idealizadora. É preciso então recorrer a uma sintomatologia da experiência pelas histórias em quadrinhos, o estudo do horror naquilo em que ele é incapaz de se articular plenamente enquanto discurso. Uma história das sarjetas – do espaço de intervalo do meio-dizer, do nascimento das formas. É a uma investigação que recoloca o problema das campanhas antiquadrinhos que este artigo se dedicará.
Anais eletrônicos - 2ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2013
Em 1951, São Paulo, aconteceu a primeira exposição artística sobre quadrinhos que se tem registro... more Em 1951, São Paulo, aconteceu a primeira exposição artística sobre quadrinhos que se tem registro. Como bem se sabe, era um momento bastante impróprio pra admitir valor artístico nas HQs. Contudo, a exposição, aos olhares de hoje, aponta para problematizações da arte que tomariam uma forma mais apurada décadas depois. Jacques Rancière, através das suas conceituações do que ele denominará de regimes da arte – ético, mimético e estético –, e suas implicações que repensam as noções de modernismo e pós-modernismo, é de imensa valia para traçar a exposição de 1951. Movimentos nos anos 1960, como a banda desenhada europeia voltada ao formato álbum e ao erotismo, o interesse das escolas estruturalistas e pós-estruturalistas pelas HQs na Europa, o surgimento dos comix no cenário contracultural norte-americano, e a explosão vanguardista da Pop Art foram alguns do muitos fatores que elevaram as HQs ao estatuto de arte sob uma premissa fortemente enraizada no que viria ser o pós-modernismo. O que é preciso investigar com maior rigor é 1) como um regime pós-modernista deu visibilidade aos quadrinhos enquanto arte – e encontra choques curiosos, como em Eisner e McCloud por uma valorização modernista décadas depois –, 2) de que forma o ideário pós-modernista já estava presente na exposição de 1951, ou, antes mesmo, de que maneira o modernismo brasileiro e seu manifesto antropófago já não dava embasamento para que fosse justamente no Brasil algum pioneirismo no que associa quadrinhos e arte. Pensar o modernismo e pós-modernismo para além da cronologia norte-americana e europeia, evocar o anacronismo na arte em pensadores como Walter Benjamin, Aby Warburg e Georges Didi-Huberman, e com isso mapear um regime de visibilidade às HQs, ontem e hoje, aqui e lá fora, parece algo imprescindível para uma maior maturidade do que se tem por artístico nas histórias em quadrinhos.
Anais eletrônicos - 1ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, 2011
Este trabalho tem por pretensão ler um potencial espaço político e respectivo diâmetro, sob as no... more Este trabalho tem por pretensão ler um potencial espaço político e respectivo diâmetro, sob as noções políticas de Rancière e Sloterdijk, no personagem dos quadrinhos e cinema, Superman. Procurando identificar, assim, a fulguração de um messianismo latente e os caminhos de sua super-ação na política atual.
A condição transmidiática em que as relações de mercado e consumo na cultura cada vez mais se sis... more A condição transmidiática em que as relações de mercado e consumo na cultura cada vez mais se sistematizam lança respostas ímpares não só a questões mercadológicas, mas também a problemas estéticos. Pensar as recentes e rápidas transformações dos ditos objetos culturais e aquilo que neles se estagnam ou se aprofundam através das adaptações, montagens e animações é o principal objetivo deste escrito.
Das muitas rupturas atribuídas ao cinema experimental, e especificamente ao cinema de Julio Bress... more Das muitas rupturas atribuídas ao cinema experimental, e especificamente ao cinema de Julio Bressane, poucas se dedicam a uma problemática da imagem enquanto dissonância entre o que vemos e o que nos olha. Por isso proponho, na análise dos filmes Matou a Família e Foi ao Cinema e Dias de Nietzsche em Turim uma breve arqueologia da imagem.
Marv diante do espelho, Sin City: a cidade do pecado (MILLER: 2005, 151).
Para além dos X-Men: embates e representações do universos mutante, 2018
O corpo do super-herói por princípio é antinatural. Ou melhor, sua natureza é cindida, é uma natu... more O corpo do super-herói por princípio é antinatural. Ou melhor, sua natureza é cindida, é uma natureza do-brada. O corpo do super-herói, por tradição, herda dos gregos a kháris. Pela graça concedida pelos deuses, aos heróis e aos atletas, a beleza escultural é a manifestação do próprio poder reluzente. Daí a herança do esculpido atleta nu na religiosa competição esportiva resultar no atlético super-herói semidivino que Usa uma roupa que, na maioria das vezes, mais se as-semelha a uma tintura sobre o corpo. Da mesma forma, a beleza escultural do super-herói é o superpoder manifesto. Superman é atlético, mesmo dificilmente existindo algum modo de ele colocar rotineiramente sua musculatura a teste; Homem-Aranha, que se tornou atlético após a picada da aranha radioativa, sob o traço de Steve Ditko, parece apenas ganhar musculatura quando veste o uniforme, sendo o Peter Parker ainda bastante franzino, a despeito de qualquer disfarce. Cabe notar essa semelhança entre os dois super-heróis mais historicamente populares da DC e da Marvel.
A proposta do volume é reunir textos de escrita mais reflexiva, de voz e linguagem pessoal, sem a... more A proposta do volume é reunir textos de escrita mais reflexiva, de voz e linguagem pessoal, sem a preocupação de fechar as pontas discursivas, tal como é de praxe nos formatos herméticos da academia. O livro foi pensado com foco em um público amplo de interessados em David Lynch - cinéfilos, cineclubistas, estudantes, fãs - mas temos certeza que scholars também encontrarão conteúdos significativos e um conjunto de informações relevantes.
Lynch foi aqui uma ponte, dobra ou contato entre os colaboradores, que possuem diferentes formações acadêmicas, interesses artísticos e atividades de pesquisa, razão para a multiplicidade e riqueza de abordagens.
Criado em 2012, o projeto de extensão Cinema Mundo opera aos moldes de um cineclube no espaço da ... more Criado em 2012, o projeto de extensão Cinema Mundo opera aos moldes de um
cineclube no espaço da Universidade Federal de Santa Catarina. A ação é uma
parceria firmada entre o curso de Cinema e a Biblioteca Universitária da
instituição.
O presente volume, Cinema de Culto, é resultante da curadoria do primeiro
semestre de 2016, e o conjunto de textos aqui reunidos procura entender certa
relação mantida entre religiosidade e cinema, tecendo explicações sobre o
porquê de determinados filmes organizarem em torno de si uma espécie de
culto e fetichismo.
"O Expectador como Cúmplice em Violência Gratuita" foi um capítulo que escrevi para a Coleção Cadernos de Crítica (Volume 2, "Cinema de Culto", do projeto de extensão Cinema Mundo, da Universidade Federal de Santa Catarina) a partir dos comentários feitos sobre o filme Violência Gratuita (Funny Games, 1997), exibido em 31 de março de 2016 (o áudio dos comentários sobre o filme pode ser acessado em <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/161290>). O volume conta com outros capítulos, com considerações acerca do conceito e categoria "cinema de culto" e análises sobre os filmes El Topo, Donnie Darko, Laranja Mecânica, e Akira.
As reflexões, as pesquisas e os ensaios aqui apresentados foram originalmente debatidos no II Col... more As reflexões, as pesquisas e os ensaios aqui apresentados foram originalmente debatidos no II Colóquio Regional Sul em Arte Sequencial, ocorrido no dia 15 de outubro de 2016. Os textos do II Colóquio Regional Sul em Arte Sequencial foram organizados em dois livros complementares: “Vamos falar sobre cultura pop?”, que concentra textos que versam sobre interfaces midiáticas, adaptações e possibilidades da cultura pop e da arte sequencial, e “Vamos falar sobre gibis?”, compreende textos que versam sobre interfaces hermenêuticas da arte sequencial. Os textos que compõe este livro, portanto, são reflexões de pessoas pesquisadoras de diversas áreas do saber, de distintas partes do país e etapas diferentes de investigação científica, o que dá a esta coletânea um caráter único, multifocal.