Os Estados Unidos e a Inglaterra vistos pelo cinema soviético do stalinismo tardio (original) (raw)

Anglo-americanos no cinema do stalinismo tardio: os satélites europeus

Esboços: histórias em contextos globais

Durante o stalinismo tardio (1945-53), o cinema soviético, como o americano, produziu várias películas veiculando mensagens de interesse governamental. A propaganda soviética transparece em filmes como Zagovor obrechennyh, 1950, apesar (e talvez com maior maestria) do trabalho do diretor Mikhail Kalatozov. Por meio da sócio-história cinematográfica de Marc Ferro pode-se apreciar a construção de um discurso legitimador dos novos regimes socialistas locais, da condução da luta política contra o titoísmo e a passagem do Leste Europeu da influência ocidental (ora inglesa, ora alemã) para a soviética (cumprindo o papel do antigo pêndulo russo), e o fim da experiência democrática liberal, trocada pela da democracia popular, com a derrota do novo rival americano e de seu Plano Marshall na região, substituídos pelo COMECOM.

ANGLO-AMERICANOS NO CINEMA DO STALINISMO TARDIO: OS SATÉLITES EUROPEUS/Anglo-Americans in The Cinema of Late Stalinism: The European Satellites

Esboços, 2022

Durante o stalinismo tardio (1945-53), o cinema soviético, como o americano, produziu várias películas veiculando mensagens de interesse governamental. A propaganda soviética transparece em filmes como Zagovor obrechonnykh, 1950, apesar do trabalho artístico do diretor Mikhail Kalatozov. Por meio da sócio-história cinematográfica de Marc Ferro pode-se apreciar a construção de um discurso legitimador dos novos regimes socialistas locais, da condução da luta política contra o titoísmo (acusado de se aliar e se subordinar ao imperialismo anglo-americano) e a passagem do Leste Europeu da influência ocidental (ora inglesa, ora alemã) para a soviética (cumprindo o papel do antigo pêndulo russo), e o fim da experiência democrática liberal, trocada pela da democracia popular, com a derrota do novo rival americano e de seu Plano Marshall na região, substituídos pelo COMECOM. During late Stalinism (1945-53), Soviet cinema, like the American one, produced several films conveying messages of governmental interest. Soviet propaganda appears in films such as Zagovor obrechonnykh, 1950, despite the artistic work of director Mikhail Kalatozov. Through Marc Ferro's cinematographic socio-history, one can appreciate the construction of a discourse that legitimizes the new local socialist regimes, the conduct of the political struggle against Titoism (accused of allying and subordinating to Anglo-American imperialism) and the passage from Eastern Europe to Western influence (now English, now German) for the Soviet (fulfilling the role of the old Russian pendulum), and the end of the liberal democratic experience, exchanged for that of popular democracy, with the defeat of the new American rival and his Marshall Plan in the region, replaced by COMECOM.

OS AMERICANOS NO CINEMA SOVIÉTICO DO STALINISMO TARDIO: O DIDATISMO PARA A GUERRA FRIA

Revista de História Comparada, 2021

Resumo: No cenário da nascente Guerra Fria e do mundo bipolar travou-se uma guerra cultural na qual o cinema foi uma das arenas principais. A URSS rodou filmes de intenso teor antiamericano nos anos finais de Stalin, após a Segunda Guerra, o stalinismo tardio (1945-53). A teoria sócio-cinematográfica de Marc Ferro permite apreender como o Estado se relacionou com a indústria cinematográfica e com os expectadores soviéticos. Num momento de maior controle e maiores exigências políticas sobre o cinema, o nível técnico e a qualidade artística caíram, simplificados, permitindo mensagens mais claras, objetivas e menor tensão com as agências governamentais. Estas demarcavam a ameaça estadunidense à URSS e invertiam a propaganda americana antissoviética. Palavras-chave: Cinema; Guerra Fria; URSS.

ANGLO-AMERICANOS NO CINEMA DO STALINISMO TARDIO: SEGREGAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS E O TERCEIRO MUNDO ANGLO-AMERICANS IN THE CINEMA OF LATE STALINISM: SEGREGATION IN THE UNITED STATES AND THE THIRD WORLD

2020

RESUMO Durante o Stalinismo tardio (1945-53), o cinema soviético produziu várias películas antiamericanas que abordavam a situação de sua população negra: racismo, apartheid, exploração, miséria, linchamentos, pogroms. Ao fazer isso, o público soviético e o de sua esfera de influência (e mundial, nos festivais de cinema) eram distraídos de eventos recentes de fixação de fronteiras étnicas no Leste Europeu, da disparidade social regional-étnica, e motivados para a reorientação das atenções para o Terceiro Mundo e as lutas de descolonização. Ao mesmo tempo, o arqui-inimigo era exposto em suas contradições ideológicas e concretas. 22 filmes soviéticos produzidos no período, analisados pelo método da história sócio-cinematográfica de Marc Ferro, permitem identificar a construção dessa disputa cultural e ideológica por meio das telas de cinema. ABSTRACT During late Stalinism (1945-53), Soviet cinema produced several anti-American films that addressed a situation of its black population: racism, apartheid, exploitation, misery, lynching, pogroms. In doing so, the Soviet public and its sphere of influence (and worldwide, at film festivals) were distracted from recent events of fixing ethnic boundaries in Eastern Europe, from regional-ethnic social disparity, and motivated to reorient attention towards the Third World and the struggles of decolonization. At the same time, the archenemy was exposed to its ideological and concrete contradictions. 22 Soviet films available in the period, under the method of Marc Ferro's socio-cinematic history, allow us to identify a construction of this cultural and ideological dispute through cinema screens.

O cinema americano pró-soviético (1943-1945): o controle da História ou o totalitarismo de ponta-cabeça

O cinema soviético tende a ser visto e analisado pela ótica da teoria do totalitarismo, segundo a qual, seria apenas propaganda ideológica do regime. Um instrumento dos mais importantes para o funcionamento da moderna máquina do Estado totalitário durante o século XX. Um de seus atributos, uma vez que não passaria de um meio de se controlar a consciência da massa, seria o de manipular a História constantemente e em sentidos opostos, segundo os interesses políticos do momento. Entretanto, essa teoria demonstra ser falha. Essa mesma prática pode ser facilmente encontrada no cinema que deveria ser tão autônomo quanto o livre mercado. O cinema americano tentou remodelar a imagem da URSS durante a Segunda Guerra. A sócio-história do cinema, de Marc Ferro, pode demonstrar essa similaridade, concedendo ao cinema soviético uma nova compreensão.

Tio Joe Stalin vai à Hollywood: o cinema americano pró-soviético (1941-45)

O cinema soviético tende a ser visto e analisado pela ótica da teoria do totalitarismo, segundo a qual, seria apenas propaganda ideológica do regime. Um instrumento dos mais importantes para o funcionamento da moderna máquina do Estado totalitário durante o século XX. Um de seus atributos, uma vez que não passaria de um meio de se controlar a consciência da massa, seria o de manipular a História constantemente e em sentidos opostos, segundo os interesses políticos do momento. Entretanto, essa teoria demonstra ser falha. Essa mesma prática pode ser facilmente encontrada no cinema que deveria ser tão autônomo quanto o livre mercado. O cinema americano tentou remodelar a imagem da URSS durante a Segunda Guerra. A sócio-história do cinema, de Marc Ferro, pode demonstrar essa similaridade, concedendo ao cinema soviético uma nova compreensão.

O cinema soviético do stalinismo tardio: entre a propaganda e a anfibologia

Revista NUPEM, 2022

O stalinismo tardio, que se estendeu de 1945 a 1953, censurou e coagiu o cinema com uma eficácia desconhecida na URSS, direcionando-o para o confronto cultural com o arquirrival americano na nascente Guerra Fria. Enquanto o regime exigia filmes políticos que exibissem os problemas e crimes cometidos pelo inimigo e fomentassem a união interna, os cineastas procuravam burlar as diretrizes para inserir críticas sutilmente, ou o assunto abordado, centralizado na inversão da propaganda antissoviética em antiamericana, produzia ambiguidade por si mesmo. A cine-história cinematográfica de Marc Ferro, aplicada a 22 filmes do período, permite captar o jogo de interesses opostos por meio da análise de mensagens latentes, conscientes ou não.

O novo modelo de repressão do stalinismo tardio, pseudociência e Cinema

Fronteiras, 2023

https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/FRCH/index O novo modelo de repressão do stalinismo tardio, pseudociência e Cinema The new model of repression of late Stalinism, pseudoscience and cinema Moisés Wagner Franciscon 1 Resumo Se a URSS da década de 1930 foi dominada por modelos de repressão por cota, massivos, o pósguerra, com maiores dificuldades de controle, conheceu uma máquina profissional e acurada para identificação e coação de dissidentes. Charlatães das pseudociências utilizaram a cultura política e os novos instrumentos de repressão para se impor diante de seus pares cientistas, como demonstra Kojevnikov. A sócio-história cinematográfica de Marc Ferro permite entender como o cinema fez parte da guerra cultural do regime para disseminar tais práticas e tentar unificar o país diante de inimigos internos e externos. Para isso, foram selecionados os filmes Sud chesti, e Velikaya sila, pela temática comum do Tribunal de Honra.

ANÁLISE FILMOGRÁFICA DA SAGA "OS VINGADORES" E A POLÍTICA EXTERNA DOS ESTADOS UNIDOS POR UMA ÓTICA DO PODER Eixo: A Guerra Fria e a Sociedade Internacional Contemporânea

SA, Kariny, 2019

Resumo: O discurso político e pragmático sobre o uso e a presença de poder no Sistema Internacional foi a propulsão para o engajamento na produção desta análise filmográfica da saga "Os Vingadores" e a Política Externa dos Estados Unidos. A pesquisa busca demonstrar, a partir dos estudos de Nye (2011) e dos filmes da saga "Os Vingadores", a complexidade da cultura como parte fundamental da identidade expressa de um povo, e a sua influência no globo por uma ótica de poder. A franquia "Os Vingadores" representa uma articulação prática das demandas da Política Externa estadunidense considerando a sua compreensão do uso do smart power após os embates advindo da Segunda Guerra Mundial. A discussão ao longo do texto propõe um vislumbre inicial em torno da posição em relação aos objetivos e a lógica de herói dos EUA, que está presente na saga de filmes mais bem vistos na história do cinema. A indústria cinematográfica simbolizando um marco de influência do smart power norte-americano no Sistema Internacional. Palavras chaves: Smart power. Política Externa dos EUA. "Os Vingadores". Sistema Internacional. Abstract: The political and pragmatic discourse on the use and the presence of the power in the International System was the propulsion for the engagement in the production of this filmographic analysis of the legend films "The Avengers" and the Politics of the United States. The research tries to demonstrate, from the studies of Nye (2011) and the movies of the "The Avengers", that the complexity of the culture is as well a fundamental part of the expressed identity of a nation, as in its influence in the globe by an optic of power. In that, the "The Avengers" franchise represents a practical articulation of the demands of the US Foreign Policy considering its understanding of the use of their smart power after the conflict of the II Great War. The discussion throughout the text proposes an initial glimpse into the position at the relation to the objectives and the logic of hero of the USA, that is present in the saga of movies more well seen in the history of the cinema. Which, also, the film industry has been symbolizes a milestone of influence of the American smart power in the International System.